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Inês Laia 

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Viriato, 


Andreia Lasca

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Viriato, 


em colaboração com a UCC Viseense



Internet: nova dependência na adolescência?!

 Nas últimas décadas assistimos a um enorme desenvolvimento tecnológico, em grande parte devido aos avanços da internet e das redes sociais, com impacto cultural, socioeconómico e na saúde da população. Em Portugal, estima-se que 88% da população tenha acesso à internet, incluindo crianças e jovens adolescentes.

Na Europa, cerca de 7% das crianças e adolescentes tem dependência de internet e redes sociais, e num estudo realizado em Portugal verificou-se que este tipo de dependência atinge os 16.5%. Embora estes números sejam já preocupantes, as tendências globais indicam um aumento destes valores no futuro.

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento da criança com características específicas, em que a relação com os pares, a família e o ambiente podem ter especial relevância para o seu futuro. Entre os fatores de risco para a dependência das novas tecnologias identificam-se a idade, insuficiente acompanhamento da criança/jovem pelos pais, baixo rendimento escolar, impulsividade, agressividade e baixa literacia em saúde.

Apesar da adolescência ser uma fase da vida com baixa incidência de doenças, os comportamentos de risco adotados neste período têm repercussão ao longo da vida. O uso abusivo da internet tem sido causa de aumento dos transtornos mentais e sofrimento em pessoas desta faixa etária.

Existem alguns sinais que podem alertar para a existência de transtorno mental, relacionado com o uso das redes sociais:

1.    Preocupação excessiva com a internet;

2. Necessidade de aumentar a quantidade de tempo gasto na internet para obter satisfação;

3. Falha em controlar ou interromper o uso da internet;

4. Sintomas de abstinência (ansiedade, irritabilidade) quando o acesso à internet é reduzido ou interrompido;

5. Uso da internet para escapar de problemas ou aliviar sentimentos negativos;

6. Prejuízos significativos na vida pessoal, social, educacional ou ocupacional;

7. Continuação do uso da internet apesar dos problemas que ela causa;

8. Mentir para ocultar o uso excessivo da internet.

O impacto desta dependência está associado a sintomas depressivos, ansiedade, baixa autoestima, isolamento social, menor satisfação com a vida, pior qualidade do sono e da alimentação, insatisfação com a imagem corporal e até automutilação.

No que diz respeito ao rendimento escolar, a dependência da internet e redes sociais está ainda associada a dificuldades na atenção, lentificação do raciocínio e absentismo escolar.

O tratamento para dependência de internet pode variar de acordo com a gravidade do problema e a necessidade individual de cada jovem/adolescente.

Algumas abordagens incluem terapia cognitivo-comportamental e, se necessário, medicação. Caso reconheçam alguns dos sinais aqui descritos devem contactar a vossa Equipa de Saúde Familiar, Psiquiatra ou Psicólogo/a, que vos poderão orientar e ajudar.

Reconhecer a existência de jovens em risco de dependência é o primeiro passo para o desenvolvimento de estratégias individuais e coletivas que reduzam esse risco de uso excessivo da internet, na prevenção da doença mental.

Publicado no Diário de Viseu a 28-08-2024.

António Dias Carneiro

Médico Interno de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar na USF Viriato, 


em colaboração com a UCC Viseense 

“Ressonar pode ser doença?”

 Já acordou a sentir que não tinha dormido nada? Adormece a ver televisão? O seu companheiro ou companheira diz que ressona e faz pausas na respiração enquanto dorme? Já ouviu falar de apneia do sono?

A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, ou simplesmente apneia do sono, é um distúrbio caracterizado por pausas respiratórias durante o sono. Essas pausas podem durar alguns segundos, resultando num sono fragmentado e de baixa qualidade.

Os sintomas mais frequentes incluem ressonar e pausas na respiração, despertares súbitos com engasgamentos ou sensação de sufocação, por vezes observados pelo companheiro de quarto. Outros sintomas são cansaço ou sonolência diurna excessiva, sensação de sono não reparador, dificuldades de concentração e dores de cabeça.

Alguns fatores aumentam a probabilidade de desenvolver apneia do sono, como o excesso de peso, ter o pescoço largo ou queixo encurtado. O consumo de tabaco e álcool também podem agravar as queixas. Em crianças, o volume aumentado das amígdalas pode desencadear a doença.

Condutores com apneia do sono têm 2 a 7 vezes maior risco de acidentes de viação, devido a sonolência diurna excessiva.  A apneia do sono também está associada a hipertensão arterial, diabetes e Acidentes Vascular Cerebral (AVC). Em alguns casos, o tratamento da apneia do sono pode, por si só, tratar a hipertensão.

Se apresenta alguns destes sintomas e suspeita sofrer desta doença, o primeiro passo é consultar o seu médico assistente para uma avaliação adequada. O diagnóstico é feito através de uma polissonografia, um exame que analisa a atividade elétrica cerebral, a respiração e a oxigenação sanguínea.

Nem todos os casos de apneia do sono podem ser prevenidos, mas um estilo de vida saudável reduz significativamente o risco.  O tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, sendo a mais fundamental a perda de peso, nos casos de excesso de peso ou obesidade. Uma rotina de sono saudável também auxilia neste processo. Em algumas situações, é necessário utilizar durante o sono um aparelho que auxilia a ventilação.

Felizmente, a apneia do sono é tratável. O tratamento adequado melhorará a qualidade do sono e, consequentemente, a qualidade de vida.

Cuide do seu sono, e ele cuidará de si!

Publicado no Jornal da Beira a 15-08-2024.

Carolina Sousa

Enfermeira e Estudante do Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica da ESSV ,

Luís Condeço 

Professor da ESSV, 


em colaboração com a UCC Viseense 


Evocando a Semana Mundial do Aleitamento Materno

 Desde o primeiro momento da gravidez surgem inevitavelmente muitos sentimentos, entre os quais dúvidas e receios sobre esta nova etapa da vida da mulher e do casal. As questões relacionadas com a amamentação surgem de forma instantânea, essencialmente pelo seu papel no crescimento e desenvolvimento da criança recém-nascida.

Estudos sobre os benefícios do leite materno são constantemente referenciados, na promoção deste ato tão nobre e vinculador, como é o de amamentar um novo ser.

É com o objetivo de encorajar esta prática e fomentar a saúde de bebés por todo o mundo, que mais de 170 países comemoram, anualmente, entre 1 e 7 de agosto, a Semana Mundial do Aleitamento Materno.

O aleitamento materno além de um extraordinário suporte nutricional, fundamental para o normal crescimento e desenvolvimento do bebé, permite estabelecer uma conexão única entre a mãe e filho/a. Durante a amamentação, mãe e bebé partilham um momento de intimidade física e emocional. Este contato fortalece o vínculo entre ambos, promovendo uma sensação de segurança e conforto para a criança, e além disso, tem o poder de estimular a libertação de hormonas (ocitocina e prolactina) ligadas ao vínculo afetivo e ao bem-estar tanto da mãe quanto do/a bebé.

Ao invés, uma mãe que por qualquer razão fisiológica ou por opção decida não amamentar, não significa que a relação e o vínculo mãe-filho, não se estabeleça. É importante reforçar que a dificuldade sentida no ato de amamentar, não diminui a mulher no seu papel de mãe. Muitas vezes, o insucesso na amamentação pode resultar da falta de informação, da baixa literacia, do fraco apoio familiar, da instabilidade emocional, das lesões corporais (feridas e gretas nos mamilos), das infeções (mastites), entre muitos outros fatores e podem facilitar o aparecimento de sentimentos de culpabilização, incompetência ou frustração. A maternidade reveste-se de especial particularidade, sendo por isso um período da vida da mulher e da família bastante desafiador pela necessária adaptação física, social e familiar.

Os profissionais de saúde desempenham um papel fulcral, enquanto veículos de informação (esclarecimento de dúvidas e mitos pré-concebidos) e suporte emocional para que esta adaptação a uma nova realidade decorra como desejado e idealizado. Muitas vezes, as espectativas criadas pelas mães e famílias, acabam por exercer uma pressão sobre a mulher que amamenta afetando negativamente o seu estado emocional. A “bola de neve” que se vai criando em torno dos sentimentos de frustração, tristeza e sensação de incompetência é inibidora do processo de aleitamento materno.

Na maioria dos casos, os obstáculos que se colocam à amamentação são facilmente derrubados com o acompanhamento de profissionais de saúde, como é o caso da preparação para o parto e parentalidade, onde o foco visa promover e apoiar a amamentação e ajudar na resolução de desafios que possam surgir.

Não poderíamos terminar, sem deixar umas palavras de amor, carinho e compaixão. Este período da vida do casal é efémero, rapidamente as crianças vão crescer, desenvolver-se e deixar a casa dos pais. É fundamental aproveitar cada momento, cada sorriso, cada choro que serão preservados em cada memória.

Investir na criança de hoje é investir na humanidade de amanhã!

Publicado no Diário de Viseu a 14-08-2024.

Cláudia Sofia Rodrigues

Médica IFE de Medicina Geral e Familiar na USF Grão Vasco, 


em colaboração com a UCC Viseense



Osteoporose, uma ameaça silenciosa!

 

A osteoporose é uma doença crónica progressiva caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea que é responsável pela resistência do osso, levando assim ao aumento do risco de fratura óssea.

A sua progressão é silenciosa, manifestando-se, muitas vezes, com a ocorrência de uma fratura por fragilidade, causando sintomas como dor na coluna, postura curvada e diminuição da altura. Pelo que se tornou numa das doenças mais comuns em todo o mundo e representa uma grande preocupação de saúde publica.

O pico de massa óssea é o principal determinante da densidade mineral óssea e da fragilidade óssea que pode aparecer depois. Este pico é alcançado entre os 18-25 anos de idade e é determinado por fatores genéticos, pela nutrição, atividade física, estado endócrino, estado de saúde e toma de certos medicamentos. A taxa de perda de massa óssea ocorre a partir do início da idade adulta e é mais acentuada após a menopausa, sendo influenciada por vários fatores relacionados com estado de saúde e estilo de vida.

Importa ressalvar que todos os homens e mulheres com mais de 50 anos devem submeter-se a uma avaliação de risco, a dez anos, de fratura osteoporótica, através de uma ferramenta própria e que é efetuada em consulta, sendo que a necessidade ou não de realização de um exame específico, chamado osteodensitometria, deve ser ponderada pelo/a médico/a.

Apesar da osteoporose não ter cura, quando se realiza esta avaliação pode ser necessário instituir tratamento que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e diminuir o risco de fraturas, podendo incluir exercício físico regular e o uso de suplementos e medicamentos que ajudam a melhorar a formação de massa óssea.

Importa também referir que há vários fatores de risco e, se muitos deles não dependem de si, há outros que pode melhorar, tais como:

Em relação à dieta, os produtos lácteos são a principal fonte de cálcio, sendo que três porções de laticínios por dia (leite, queijo ou iogurte) fornecem a maior parte da ingestão de cálcio recomendada para a população em geral.

Já em relação à vitamina D, esta é essencial para o desenvolvimento e manutenção dos ossos ao longo da vida, e também tem um papel importante no músculo, melhorando a sua força e função. Esta vitamina é obtida principalmente pela exposição solar, pois as fontes dietéticas relevantes são muito poucas, no entanto tenha sempre em atenção de adequar essa exposição, sendo somente necessário 15 a 30 minutos de exposição solar por dia. Em casos selecionados, pode ser necessário a suplementação, devendo tal ser discutido com a Equipa de Saúde Familiar.

A importância do exercício físico não reside apenas no potencial de reduzir a perda óssea e melhorar a força muscular, mas também em ajudar a prevenir quedas, melhorando a coordenação, o equilíbrio e a postura. O treino de resistência e os exercícios de levantamento de peso são os mais benéficos para a massa óssea.

Em pessoas mais debilitadas, outra forma de prevenir as quedas é manter a casa segura, sendo recomendado evitar tapetes na casa, colocar pisos antiderrapantes e barras de proteção.

Para terminar, lembre-se que esta doença é silenciosa e preveni-la está nas suas mãos!

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/osteoporose-uma-ameaca-silenciosa/

Fátima Agripina Martins

Médica Dentista na URAP ACeS Dão Lafões, 

em colaboração com a UCC Viseense



Falar de Cancro Oral

 O Dia Mundial do Cancro da Cabeça e Pescoço assinala-se a 27 de julho de cada ano, com o objetivo de chamar a atenção para a importância da prevenção, diagnóstico precoce e valorização dos sintomas destas doenças.

A designação de cancro da cabeça e pescoço engloba vários tumores, nomeadamente os localizados nas vias aéreas superiores (seios perinasais, fossas nasais, amígdalas, faringe, laringe), digestivas (cavidade oral, esófago), glândulas salivares, tireoide e os da pele da cabeça e pescoço.

Do total destes tumores malignos, 42% são cancro da cavidade oral.

Estudos efetuados permitem concluir que o consumo abusivo de álcool e tabaco podem potenciar-se e promover o aparecimento de cancro da boca, este consumo simultâneo pode aumentar o risco cerca de três a nove vezes mais.

Pode surgir em qualquer localização, sendo as mais frequentes: bordo lateral da língua, pavimento da boca (por baixo da língua), parte vermelha do lábio inferior, gengiva ou rebordo alveolar sem dentes, mucosa jugal (bochechas) e palato mole (região posterior do “céu da boca”).

É mais frequente em pessoas do sexo masculino, após os 40 anos de idade, mas tem vindo progressivamente a aumentar em jovens e, também, nas pessoas do sexo feminino.

Existem vários fatores predisponentes para o seu aparecimento entre os quais se salientam, a exposição solar exagerada, associada muitas vezes a um estilo de vida menos saudável, com uma alimentação pobre em agentes antioxidantes como a fruta e os legumes.

Por muitas destas lesões terem mau prognóstico e só causarem dor quando já estão em fase avançada, é muito importante que todas as pessoas conheçam os sinais de alerta e quando estes surgem, consultem um/a profissional de Medicina dentária.

Alguns dos sinais e sintomas de alerta que se devem ter em consideração são:

 

Apesar dos avanços da ciência para o tratamento deste tipo de doença, a sua taxa de sobrevivência, aos 5 anos, tem permanecido inalterada, mantendo-se em apenas 50 a 55%.

A consulta regular de Medicina Dentária, para além do diagnóstico e tratamento das doenças orais mais comuns como a cárie, gengivite ou periodontite, permitem diagnosticar, numa fase inicial, muitas das lesões cancerígenas, contribuindo para uma maior taxa de sobrevivência.

Evitar comportamentos de risco é a maior ajuda para a prevenção do Cancro da Cavidade Oral!!!

Publicado no Diário de Viseu a 31-07-2024.

Carolina Vaz Calado

Diogo Silva Lobo,

Médic@s, IFE Medicina Geral e Familiar, 

em colaboração com a UCC Viseense


 Diversificação alimentar no 1º ano de vida

 A alimentação de uma criança pode ser um verdadeiro desafio, especialmente durante o primeiro ano de vida.

A diversificação alimentar consiste na transição de uma dieta exclusivamente láctea para a introdução progressiva de novos alimentos. Aos 12 meses, espera-se que o bebé partilhe a dieta familiar na totalidade, mas deve manter-se o aleitamento materno, ou uma fórmula infantil de baixo teor proteico, como fonte láctea preferencial.

O processo de diversificação alimentar deve ser iniciado apenas depois dos 4 meses e o mais próximo possível dos 6 meses de vida, adequando o seu início ao crescimento, às necessidades nutricionais e à maturidade de cada bebé. É essencial que este já tenha capacidade para estar sentado em cadeira própria, segurar bem a cabeça e começar a demonstrar capacidade de “varrer” a colher, ou seja, quando perde o reflexo de empurrar os alimentos com a língua, diminuindo assim o risco de engasgamento.

Não existem regras em relação à sequência de introdução dos diferentes alimentos e a história familiar de atopia (hipersensibilidade / alergia a algum alimento) ou risco atópico não impedem a sua introdução. Esta fase deve ser encarada com flexibilidade e adaptar-se às crenças e às práticas familiares.

A diversificação alimentar pode seguir o método tradicional ou o “baby-led weaning,” um método mais recente e que consiste na diversificação alimentar guiada pelo bebé. Geralmente, recomenda-se iniciar com alimentos pastosos, na forma de sopa ou papa, oferecidos à colher e, posteriormente, avançar para um método misto com colher e autoalimentação, com alimentos progressivamente mais granulosos até à introdução do alimento sólido, que deve decorrer entre os 8 e os 9 meses para treino da mastigação. O atraso na introdução dos sólidos pode implicar atraso no desenvolvimento da linguagem.

Independentemente do método, as refeições devem ser vigiadas por pessoa adulta, de modo a assegurar as condições de higiene e segurança adequadas, assim como a capacidade de reconhecer sinais de fome ou saciedade da criança, aproveitando também para reforçar a vinculação com a criança

A alimentação deve incorporar apenas elementos da “roda dos alimentos”, com intervalo de 2/3 dias de inclusão entre si, de modo que a criança experiencie o máximo de sabores, aromas e texturas. Não deve ser usado sal, açúcar ou mel e devem ser evitados alimentos processados, doces ou salgados, assim como sumos ou chá.

Os alimentos com maior risco de alergia devem ser introduzidos depois dos que têm menor risco, mas uma introdução demasiado tardia também aumenta o risco de alergias ou intolerância. Por isso, até aos 12 meses, o bebé deve ser exposto a todo o tipo de alimentos, incluindo glúten, frutos secos em farinha, marisco, etc.

O segundo semestre de vida de um bebé ganha desta forma uma grande importância, uma vez que molda as suas preferências e permite que se estabeleçam hábitos alimentares saudáveis, que se devem manter na vida futura.

As famílias devem encarar este período com serenidade.

As consultas de vigilância de saúde infantil, disponibilizam informação sobre a diversificação alimentar no primeiro ano de vida, porém se ainda assim surgirem dúvidas, exponha-as à sua Equipa de Saúde Familiar!

Publicado no Jornal da Beira a 18-07-2024.

Carolina Morais

Médica IFE de Medicina Geral e Familiar na USF Grão Vasco,

Renata Ribeiro

Ana Teresa Pinho

Médicas IFE de Medicina Geral e Familiar na USF Viriato, 


em colaboração com a UCC Viseense


 Pele Atópica - Muito mais do que comichão!

A Dermatite Atópica, ou eczema atópico, é uma doença inflamatória crónica da pele, que se manifesta com comichão, pele vermelha e descamativa, por vezes com fissuras e exsudação. É uma doença comum, com início habitual na infância, com bom prognóstico, e melhoria até à adolescência. Quando persiste até à idade adulta ou surge pela primeira vez nesta faixa etária tende a ser mais grave, com pele seca e espessada.

Nos bebés as lesões afetam frequentemente a face, superfícies extensoras (cotovelos, joelhos). Nas crianças as lesões localizam-se, preferencialmente, nas dobras dos cotovelos, punhos e joelhos. Em adolescentes as lesões passam a afetar também o pescoço, mãos e podem atingir o tronco e os membros. A comichão é mais intensa de noite (interferindo com o sono), após o banho, contacto com agentes irritativos, durante ou após a prática de desporto e em situações de stress emocional.

A incidência desta doença tem aumentado e a sua causa está relacionada com vários fatores, resultando da interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. A exposição ambiental a produtos de limpeza, poluição ou a alimentação podem desencadear ou agravar a doença em pessoas com predisposição genética. Um dos fatores de risco mais forte para a dermatite atópica é a presença de história pessoal ou familiar de doenças atópicas, como a asma, rinite alérgica ou dermatite atópica.

O diagnóstico é clínico, ou seja, não são necessários exames complementares, este baseia-se na história da doença e tipo de lesões.

Apesar de não haver cura para a pele atópica, esta pode ser controlada. A nutrição e hidratação permanente da pele são a base para restaurar a barreira cutânea, minimizando o agravamento da doença, reduzindo a duração e prolongando a fase inativa da doença.

O que deve fazer?

•              Tomar banhos curtos com água tépida sem esfregar ao secar-se;

•              Usar sabonetes ácidos, de aveia, ou óleo de banho sem perfume;

•              Aplicar, de imediato, um creme hidratante que seja gordo e sem cheiro. Repetir a aplicação ao longo do dia;

•              Evitar loções com álcool porque secam a pele.

•              Lavar a roupa com detergentes que não irritem a pele e passe muito bem por água limpa. Não juntar lixívia nem amaciador;

•              Usar roupa interior de algodão. Evitar o contacto da pele com lã e fibras sintéticas;

•              Evitar roupa muito justa.

•              Se tem muita comichão, pode necessitar de um medicamento anti-histamínico;

•              Não coçar, nem esfregar os locais de lesão;

•              Evitar ambientes extremos em temperatura e humidade;

•              Evitar o contacto com tudo aquilo que lhe cause alergia;

•         Evitar o contacto com substâncias irritantes, como os produtos de limpeza. Proteger as mãos com luvas de algodão e por cima destas usar luvas de borracha ou plástico;

•       É provável piorar nas épocas de maior stress. Se assim for, procurar a melhor maneira de relaxar.

Quando consultar a Equipa de Saúde?

•              Quando as lesões piorarem e a comichão for mais intensa;

•              Se sinais de infeção: febre, pele mais vermelha, quente e/ou com pus.

Para ter menos recaídas, cuide da sua pele todos os dias do ano!

Publicado no Diário de Viseu a 17-07-2024.

Andreia Pereira

João Pedro Vieira 

Estudantes do CLE da Escola Superior de Saúde Jean Piaget - Viseu, 


em colaboração com a UCC Viseense



ULS: O Que Mudou?

A recente mudança para Unidade Local de Saúde (ULS) pode suscitar algumas dúvidas. Esta mudança consiste essencialmente na unificação dos centros hospitalares, hospitais, Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) e uniformização de procedimentos, agilizando processos de articulação entre instituições. No caso específico da ULS Viseu Dão-Lafões, trata-se da junção do Centro Hospitalar Tondela-Viseu com o ACeS Dão-Lafões.

De acordo com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, o novo modelo de rede de cuidados do Serviço Nacional Saúde (SNS) visa planear as respostas em saúde com base nas necessidades dos utentes. Simultaneamente, a nova imagem procura reforçar a identidade do SNS como um modelo organizacional que promove a gestão integrada de cuidados de saúde.

A criação de ULS não é recente, tendo a primeira surgido em 1999, em Matosinhos. Entre 2007 e 2012, foram estabelecidas outras sete ULS (duas no Norte, duas no Centro e três no Alentejo). As ULS são responsáveis pela organização dos recursos humanos, financeiros e materiais, com o objetivo principal de facilitar o acesso das pessoas aos cuidados necessários, promovendo a circulação eficiente entre centros de saúde e hospitais. A existência de um modelo comum, aliado à disponibilização e gestão centralizada, trará benefícios significativos para os utentes. Essa abordagem reforça a orientação, a transparência e a segurança no acesso à informação, melhorando o acesso a documentos e facilitando o percurso dos utentes pelo SNS. Espera-se, ainda, ganho económico ao evitar redundâncias em atos clínicos e proporcionar uma resposta mais adequada às necessidades da população.

Em termos de financiamento, a nova abordagem basear-se-á numa ferramenta de estratificação pelo risco, que incluirá um conjunto mais abrangente de variáveis em comparação ao modelo atual, o que permitirá identificar subgrupos de pessoas com necessidades semelhantes (como indivíduos saudáveis, doentes crónicos ou casos complexos) as ULS serão financiadas com base nesse modelo, em vez de pela quantidade de atos prestados, como acontece atualmente nos hospitais.

A generalização das ULS pode ser vista como uma das maiores reformas na organização do SNS. No entanto, algumas organizações têm-se manifestado críticas no que se refere a este processo, argumentando que pode retirar importância aos cuidados de saúde primários.

A transição para as ULS visa integrar e harmonizar os cuidados de saúde, potencializando a eficiência e a qualidade dos serviços prestados. Com a centralização dos recursos e a utilização de tecnologias de informação, as ULS propõem um modelo que coloca os utentes no centro, facilitando o acesso e a coordenação dos cuidados. No entanto, para alcançar o pleno sucesso, será essencial enfrentar os desafios de implementação e garantir que os profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, estejam preparados e envolvidos neste processo. À medida que este modelo é implementado, a monitorização contínua e o ajuste baseado na opinião dos utentes poderão ser cruciais para consolidar este modelo e responder efetivamente às necessidades da população.

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/uls-o-que-mudou/

Emília Esteves

Especialista em Enfermagem de Reabilitação,


UCC Viseense



"Todos pelas crianças… Ligue SNS24!"

 

As unidades prestadoras de cuidados de saúde têm como missão responder adequadamente às necessidades em saúde. Personalizar a prestação de cuidados de saúde é uma medida de melhoria da qualidade.

A utilização incorreta dos Serviços de Urgência continua a ser um problema e uma preocupação constantes, pois leva a um número exagerado de utilizadores destes serviços, por situações não urgentes, dificultando o acesso por quem realmente precisa.

O primeiro recurso para uma pessoa que julgue estar doente deverá ser a sua Equipa de Saúde Familiar, no centro de saúde, devendo contactar diretamente a sua unidade de saúde, ou médico/a assistente. A linha de SNS24 pode ser uma mais valia para obter recomendações ou até o encaminhamento para o serviço de saúde mais adequado.

Recorriam, diariamente, ao Serviço de Urgência Pediátrico da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULS VDL), um elevado número de crianças que eram triadas com prioridade verde e azul, isto é, situações não urgentes, com condições para a situação clínica ser resolvida no centro de saúde, correspondendo a cerca de 55%, um valor muito superior ao que acontece nos serviços de urgência de adultos.

No sentido de reverter este excesso de procura inadequada, reservando-o para as situações de maior gravidade e concomitantemente adequar o atendimento da criança com doença aguda de menor gravidade, surge a necessidade de reformular este serviço.

Assim foi criada uma nova consulta de Atendimento Complementar Infantil, que se destina exclusivamente a crianças e jovens até aos 18 anos com situações de doença aguda de menor gravidade, exclusivamente referenciadas pelo SNS24.

Esta consulta tem como objetivos:

A consulta está a decorrer no Centro de Saúde Viseu 3 – Jugueiros, na Travessa do Centro de Saúde, em Viseu, com Horário de Funcionamento nos dias úteis das 20H00 às 23H00 e aos fins de semana e feriados das 9H00 às 23H00.

Fora deste horário deve recorrer à sua Unidade de Saúde Familiar ou ligar SNS24 (808 24 24 24).

Publicado no Diário de Viseu a 03-07-2024.

Vitória Cardoso

Enfermeira e Estudante do Mestrado em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica da ESSV ,

Luís Condeço 

Professor da ESSV, 


em colaboração com a UCC Viseense 


Impacto do clima na saúde de crianças e jovens

 

As alterações climáticas tornaram-se uma realidade nos dias que correm, sendo o tema debatido entre a população em geral, e estudado de forma mais profunda pelos profissionais das diferentes áreas científicas.

A Saúde não é exceção, divulgando vários estudos sobre as relações entre as alterações climáticas e o estado de saúde das populações, em especial, das mais vulneráveis como pessoas idosas e crianças.

As crianças são bastantes influenciadas pelo ambiente que as circunda, de tal forma, que as alterações no clima podem provocar mudanças no seu estado de saúde. São exemplo disso, as doenças respiratórias, cardiovasculares, renais, mentais e até o desequilíbrio do sistema imunitário. O crescimento e desenvolvimento sustentado, requer uma adequada quantidade de alimentos (e água), que a sua falta ou escassez pode levar a alterações no metabolismo dos mais “pequenos”. A Organização Mundial de Saúde indica que a desidratação e a diarreia são responsáveis por 16% das mortes infantis a nível global, totalizando cerca de 600 a 700 mil crianças. Estes dados, que devem ser considerados alarmantes, reforçam a importância do acesso a água potável, principalmente na faixa etária pediátrica.

As oscilações da temperatura atmosférica, a poluição do ar, o aparecimento de agentes químicos e tóxicos, ou a ocorrência de fenómenos cataclísmicos (sismos, tempestades, cheias) são eventos que decorrem das alterações climáticas e que contribuem para o aparecimento de determinadas doenças nas crianças. Asma, cancro, doenças autoimunes, falência renal ou acidentes vasculares cerebrais são consideradas as principais doenças que podem surgir desta drástica mudança no ambiente, impedindo o seu normal crescimento e desenvolvimento.

Além das doenças físicas, o impacto das alterações climáticas também se faz sentir na saúde mental da população mais nova, podendo ser seriamente afetada, uma vez que o desenvolvimento cognitivo e sensitivo é diferente das pessoas adultas. Ambientes de escassez, a desorganização familiar, os eventos traumáticos, ou tragédias precipitadas por fenómenos climatéricos, podem precipitar o desenvolvimento de alterações psiquiátricas (stress, ansiedade, depressão e outros) ou o agravamento das já existentes.

As instituições com poder de decisão (nacionais e internacionais) têm a responsabilidade de combater rapidamente este fenómeno, assegurando um futuro sustentável para as gerações vindouras.

Os profissionais de saúde, que acompanham a pessoa ao longo do seu ciclo vital, principalmente na vigilância e promoção da saúde da criança e da família, são agentes centrais no desenvolvimento de comportamentos positivos e saudáveis, relativamente ao ambiente que os rodeia.

O impacto na saúde dos mais vulneráveis já é um dado adquirido, é urgente minimizá-lo!

Publicado na Revista AmoViseu: https://amoviseu.com/revista-24/

Joana Marques

Médica Especialista em Medicina Interna,

Luís Condeço 

Professor da ESSV, 


em colaboração com a UCC Viseense 


Mudança de Turno

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) português é universal abrangendo todos os residentes, financiado por impostos, suportado por prestadores públicos, e suplementado pelo setor privado. No Relatório sobre o Estado da Saúde da União Europeia (UE) de 2023, o SNS foi capaz de manter a esperança média de vida acima da média e a taxa de mortalidade evitável abaixo da média da UE, superar a maioria dos países na prevenção da hospitalização, manter baixas taxas de hospitalização evitável e taxas mais baixas de hospitalização para tratamento de doenças que carecem de cuidados de ambulatório. Tudo isto se deve a serviços de cuidados de saúde primários robustos e à gestão eficaz das doenças crónicas.

No entanto o SNS está frágil, carece de gestão estratégica, gestão de pessoas, liderança e motivação dos profissionais e subsiste graças à cultura organizacional das instituições, sacrifício dos colaboradores, compreensão e boa vontade de utentes.

Há diversas “maleitas” que potenciam este estado:

O Governo Constitucional apresenta uma mudança na visão estratégica, em que o acesso aos cuidados de saúde deve ser universal incluindo todos os meios públicos, privados e sociais existentes, que através de um sistema competitivo, premeia a eficiência e a qualidade da resposta de saúde aos cidadãos.

A aposta na medicina preventiva deve ser uma realidade, descentralizar as competências da área da saúde, criar parcerias com o setor social e privado, apoiar cuidados paliativos, saúde comunitária e medicina dentária, reduzir a despesa individual em saúde por habitante e implementar um plano de motivação dos profissionais de saúde, são os grandes objetivos do novo plano de gestão do SNS.

Publicado no Jornal da Beira a 20-06-2024

Vera Salvador

Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica,

UCC Viseense



ULS Viseu Dão-Lafões - Nova realidade do SNS

Uma Unidade Local de Saúde (ULS) é uma unidade do Serviço Nacional de Saúde que presta, de forma integrada, cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados à população residente na sua área de influência. Portugal está coberto por 39 ULS, sendo que a primeira ULS foi criada em 1999, em Matosinhos.

A Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões, E. P. E. (ULS VDL) foi criada no dia 1 de janeiro de 2024 pelo Decreto-Lei n.º 102/2023, de 7 de novembro, unindo o Agrupamento de Centros de Saúde de Dão-Lafões e o Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E.

A ULS VDL tem como missão garantir uma resposta integrada às necessidades em saúde da população da sua área geográfica, em todos os níveis de prevenção ao longo do ciclo de vida da pessoa, no sentido de aumentar os ganhos em saúde à população que serve, investindo na investigação, formação e ensino. Tem como visão ser uma ULS que assegura elevados níveis de saúde à sua população, com qualidade, sustentabilidade e valorização do capital humano, rege-se pelos valores da Centralidade no Cidadão; Humanismo; Equidade; Cooperação; Ética; Rigor e Inovação.

Atualmente, o Conselho de Administração é constituído pelo Presidente do Conselho de Administração, Diretor Clínico para a área dos Cuidados de Saúde Hospitalares, Diretora Clínica para a área dos Cuidados de Saúde Primários, Vogal Executivo e Enfermeiro Diretor.

O que mudou?!

Este novo modelo de organização pretende melhorar o acesso e diminuir a burocracia, uma vez que os cuidados prestados pelos hospitais e pelos centros de saúde nas ULS ficam integrados numa só instituição, facilitando o percurso de utentes pelos diferentes níveis de cuidados dentro do Serviço Nacional de Saúde, reforçando os cuidados primários na resposta de proximidade e a continuidade na assistência a nível hospitalar, ao mesmo tempo que se aposta na promoção da saúde e prevenção da doença. Também poderão contribuir para melhorar a eficiência dos serviços, evitando repetições de atos clínicos, por exemplo.

As ULS serão financiadas em função do grau de complexidade de utentes e doentes, em vez de serem financiadas apenas pela quantidade de atos que prestam.

O novo modelo poderá também trazer vantagens aos trabalhadores, uma vez que facilita a mobilidade dos profissionais.

No entanto, existem algumas opiniões discordantes quanto à criação deste novo modelo de organização do Serviço Nacional de Saúde, considerando que vai desvalorizar os cuidados de saúde primários, centrando a sua gestão nos hospitais.

Outro aspeto apontado é o esquecimento, comparativamente às Unidades de Saúde Familiar, de algumas áreas de saúde focadas na promoção e prevenção, nomeadamente, as Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC), onde a prestação de cuidados de saúde é realizada de forma personalizada, domiciliária e comunitária.

A ULS Viseu Dão Lafões é uma realidade, mas o seu sucesso depende do empenho tanto de cidadãos e cidadãs como dos/as profissionais que a constituem porque é prioritária a saúde e o bem-estar da nossa comunidade!

Publicado no Diário de Viseu a 19-06-2024.

Emilia Maria Cruz Costa Rodrigues

Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, 

Em colaboração com a UCC Viseense



SALVE VIDAS – Higienize as suas Mãos!

A 5 de maio, comemorou-se, como habitualmente, o Dia Mundial da Higiene das Mãos, que foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com o propósito de chamar a atenção da população em geral, sobre a importância da higienização das mãos. As nossas mãos são portadoras de diversos microrganismos, bactérias e vírus, causadores de doenças. Segundo a OMS, o ato de higienizar as mãos, reduz cerca de 40%, a incidência de novas infeções.

É por isso, tão importante a higienização das mãos!

As nossas mãos, são a ferramenta mais preciosa que temos para a realização de qualquer atividade, no dia-a-dia. Com elas, cuidamos da nossa higiene (e por vezes da de outros), preparamos os alimentos, conduzimos, escrevemos, acarinhamos, cumprimentamos…

Independentemente da idade ou da profissão, as mãos tocam numa grande diversidade de objetos, superfícies e pessoas, sem que tenhamos a real consciência, desse facto. No entanto, por vezes nem nos lembramos que, as mãos mesmo sem sujidade visível, transportam uma variedade de substâncias e micróbios, e que quando tocamos nos olhos, nariz, boca, ou num corte ou ferida aberta, o risco de provocar uma infeção, é muito grande.

Sendo evidente, a necessidade de ter a higiene adequada das mãos, nos cuidados de saúde é, também importante, que cada cidadão tenha consciência da necessidade dos cuidados que deve ter, com as suas mãos. Manter as mãos limpas, através de uma melhor higiene é, um dos passos mais importantes, para evitar ficar doente ou transmitir doenças a outras pessoas.

É fundamental, ter um cuidado especial com as crianças, pois elas são um grupo vulnerável pela sua natureza curiosa, que as leva a interagir e explorar constantemente tudo à sua volta, rodeando-se de outras crianças nas brincadeiras, sem qualquer preocupação. Por isso, deve ser-lhes explicado que, quando partilham brinquedos, canetas e lápis, abrem e fecham as portas, mexem no rato do computador, não sabem, se quem tocou nesses objetos antes delas, tinha as mãos limpas, daí a importância de lavar as mãos. É um dever dos adultos (pais, encarregados de educação, professores) ensiná-las a lavar as mãos corretamente, esfregando as palmas das mãos, as costas das mãos e entre os dedos, não esquecendo de as secar.

Para que as crianças apreendam estas regras, é fundamental que os adultos as sigam na sua rotina, ensinando-as pelo exemplo, para que se torne um hábito.

Então, quando é afinal, preciso lavar as mãos?

 

Não há limite de idade para a prevenção das doenças. Cada um de nós, independentemente da idade, pode ter mais saúde se seguir alguns princípios de higiene simples e fáceis.

Higiene das mãos: gestos simples que salvam vidas.

Lave as suas mãos com frequência, mesmo que não lhe pareçam sujas!

 

Publicado no Jornal da Beira a 16-05-2024.

Filipa Garcez Fernandes

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Cidade Jardim, 

em colaboração com a UCC Viseense



Tipologia de Consultas nas Unidades de Saúde Familiar (USF)

Os Cuidados de Saúde Primários, englobam diferentes unidades de saúde, ou Unidades Funcionais, entre as quais as Unidades de Saúde Familiar.

Cada USF possui uma carteira básica de serviços que são atividades comuns a todas as Unidades de Saúde Familiar, onde se incluem vários tipos de consulta médica e de enfermagem, podendo existir também, em algumas unidades, carteiras adicionais de serviço, por exemplo, consulta de cessação tabágica, consulta de pé diabético, entre outras.

Perante a multiplicidade de unidades e consultas existente nos cuidados de saúde primários, é importante que os cidadãos conheçam o que têm disponível para que, em caso de necessidade, possam recorrer.

Assim, uma Unidade de Saúde Familiar disponibiliza a seguinte carteira básica de serviços:

Consulta Médica Programada

destina-se a utentes com médico de família (MF), tendo como objetivo a promoção da saúde e avaliar situações de doença não aguda.

Consulta de Programas de Saúde

decorre em horário pré-estabelecido e são efetuadas por médico/a e enfermeiro/a de família, de forma articulada e complementar:


Consulta Aberta

destina-se a avaliar situações de doença aguda que necessitem de resposta no próprio dia e é da iniciativa do utente. Se o próprio MF não tiver disponibilidade para realizar esta consulta, o utente é encaminhado para a Consulta de Intersubstituição, sendo esta realizada por outro/a médico/ da mesma unidade. Nesta consulta é tratada apenas a situação aguda que a motivou.

Consulta no Domicílio

pode ser médica e/ou de enfermagem e é destinada a utentes com incapacidade temporária ou definitiva de se deslocarem à USF. Esta consulta permite melhorar a qualidade de vida destas pessoas e seus cuidadores, promover a sua reabilitação e apoiar a sua inserção sociofamiliar.

Atendimento Telefónico

cada médico/a tem horário dedicado ao atendimento telefónico. Esta tipologia de consulta dá resposta a questões/dúvidas de utentes que não necessitem de avaliação presencial.

Contacto Indireto

é uma consulta sem a presença da pessoa, onde se realizam procedimentos como a renovação da medicação crónica, avaliação de exames complementares de diagnóstico, entre outros.

Conheça os tipos de consultas que existem e quando recorrer a cada uma delas, para ter o melhor atendimento.

A utilização consciente dos serviços de saúde permite uma maior acessibilidade a todas as pessoas!

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/tipologia-de-consultas-nas-unidades-de-saude-familiar-usf/

Vera Abreu

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Cidade Jardim, 

em colaboração com a UCC Viseense



Escabiose, a famosa Sarna humana!

 

Já ouviu falar de sarna? Tem medo de contrair sarna com um simples abraço ou aperto de mão?

Nos próximos parágrafos vou tentar explicar-lhe em que consiste esta doença, quais os sintomas, o tratamento e que cuidados ter para a evitar.

A escabiose, ou sarna humana, é uma doença contagiosa da pele causada por um ácaro - Sarcoptes scabiei variante hominis.

Os sintomas da sarna são causados pelos ácaros fêmeas que, após serem fertilizados, penetram na pele e depositam os seus ovos. Cerca de 2 a 4 dias depois, as larvas eclodem. Ao longo de 1 a 2 semanas tornam-se ácaros adultos, que voltam à superfície da pele, acasalam e repetem o mesmo ciclo, depositando mais ovos. É assim que se originam as lesões inflamatórias típicas que vemos na pele de alguém com sarna.

A comichão é sem dúvida o sintoma mais comum, sendo normalmente intensa e agravando durante a noite.

A escabiose causa ainda lesões avermelhadas na pele, podendo, no entanto, ser muito pequenas e, portanto, difíceis de identificar. As lesões da sarna surgem mais frequentemente entre os dedos das mãos e dos pés, pulsos, pregas dos cotovelos e joelhos, axilas, rabo e região genital. Mas, teoricamente, os ácaros podem atingir qualquer parte do corpo.

Normalmente, os sintomas só aparecem 3-6 semanas após a infeção, mas esta já pode ser transmitida mesmo antes dos sintomas aparecerem.

A transmissão faz-se por contato direto com a pele de uma pessoa infetada. Mas não se alarme, porque geralmente só acontece quando esse contacto é prolongado (normalmente, mais de 20 minutos de contato pele com pele). Os ácaros também podem transmitir-se indiretamente através de roupa, lençóis ou outros objetos, como peluches, mas é menos comum, pois só sobrevivem cerca de 24 a 36 horas fora da pele humana. No entanto, acredita-se que possam sobreviver um pouco mais de tempo em temperaturas mais baixas, explicando assim o facto surgirem mais situações de escabiose no inverno do que no verão.

Portanto, a sarna transmite-se facilmente?

Sim, entre pessoas que estão em contacto próximo, como por exemplo entre pais e filhos ou durante a atividade sexual.

A escabiose não é habitualmente transmitida se o contacto for curto, como um abraço ou um aperto de mão.

Ao contrário do que costuma ser dito, a doença raramente está associada a falta de higiene e pode afetar pessoas de todos os estratos socioeconómicos. Maiores taxas de transmissão estão normalmente associadas a ambientes mais húmidos, locais de elevada densidade populacional (como creches, escolas ou residências para idosos), contato muito próximo com outras pessoas no local de trabalho (hospitais, lares) e sistema imunitário debilitado. Mas saiba que a estadia em alojamentos locais/hotéis durante as suas viagens também pode aumentar o risco de contrair sarna.

O tratamento é eficaz na esmagadora maioria dos casos de sarna. Este pode ser tópico (aplicado na pele, com recurso a cremes) ou oral.

De qualquer forma, a primeira coisa a fazer se suspeitar ter contraído sarna é solicitar observação médica. O tratamento vai muito provavelmente ser recomendado a toda a família (com quem coabita) e deve ser feito ao mesmo tempo, de forma a prevenir reinfestações.

Para além disso, a roupa utilizada na semana anterior ao início dos sintomas (incluindo lençóis e toalhas) até que termine o tratamento, deve ser lavada em alta temperatura (idealmente acima de 60ºC) e seca ao sol ou em máquina de secar. Todas as peças que não possam ser lavadas devem ser colocadas num saco bem fechado e deixado em local quente e seco durante, pelo menos, uma semana.

A escabiose não é uma doença de evicção escolar. Na prática, todas as pessoas infetadas devem ser tratadas, podendo regressar à escola ou ao trabalho no dia seguinte a ter realizado o tratamento prescrito. No caso das escolas, colegas de turma e professores/as não precisam de realizar tratamento, a não ser que apresentem sinais ou sintomas sugestivos de escabiose.

Resumindo, a sarna/escabiose é uma doença que pode afetar qualquer pessoa, independentemente do seu género, idade, profissão ou estrato socioeconómico. Felizmente, como referimos, não é uma doença de contágio fácil e a maioria das situações são ligeiras e facilmente tratáveis, ainda que os sintomas sejam desagradáveis.

Publicado no Diário de Viseu a 05-06-2024.

Inês Laia 

Médico, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Viriato, 


Andreia Lasca

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Viriato, 


em colaboração com a UCC Viseense



Tabagismo na adolescência: impacto e novas formas de consumo

Ao longo dos últimos 30 anos, registaram-se mais de 200 milhões de mortes em todo o mundo causadas por tabagismo. A exposição aos meios de comunicação social por adolescentes pode encorajar o início do hábito, pelo que são necessários programas de intervenção preventivos que contrariem esta influência negativa, nomeadamente através do investimento em literacia na saúde. Neste artigo pretende-se desvendar alguns mitos sobre este tema, incidindo sobretudo nas novas formas de consumo, a leitores nomeadamente adolescentes.

1.   Atualmente, existem cigarros eletrónicos seguros para adolescentes? Os cigarros eletrónicos criam vapor de água inofensivo?

Não. Os cigarros eletrónicos são dispositivos que aquecem um líquido que contem químicos potencialmente nocivos transformando-o em aerossol, que é inalado por quem o utiliza.

Para além de nicotina, estes dispositivos são compostos por metais pesados como o chumbo, adoçantes, partículas ultrafinas e químicos potencialmente cancerígenos.

2.   A maioria dos cigarros eletrónicos são constituídos por nicotina?

Sim. Um cigarro eletrónico pode conter a quantidade de nicotina de 20 cigarros.

3.   A nicotina pode afetar o desenvolvimento cerebral do adolescente?

Sim. A nicotina pode provocar lesões nas áreas do cérebro responsáveis pela atenção, humor, aprendizagem e impulsividade, bem como associar-se a dependência, tanto química e psicológica como comportamental. Os novos dispositivos parecem estar associados a uma maior dependência dada a sua composição.

4.   Quais são os riscos para a saúde?

São vários os riscos do tabagismo, independentemente do tipo de utilização. Estima-se que 87% dos casos de cancro do pulmão ocorrem em fumadores. O tabagismo encontra-se não só associado ao cancro do pulmão, mas também da laringe, estômago, boca, bexiga, pâncreas e esófago. A este risco, acrescenta-se o maior risco de AVC e enfarte, sendo o tabagismo uma das maiores causas de doença cardiovascular evitável, responsável por cerca de 17,3 a 17,5 milhões de mortes/ano. No âmbito da saúde sexual, os fumadores têm 60% maior risco de disfunção erétil, comparativamente com não fumadores. Em relação a doença pulmonar, o tabagismo também aumenta o risco de infeções respiratórias como a gripe ou a tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crónica e enfisema.

5.   A cessação tabágica está associada diretamente a aumento de peso?

Não diretamente. A exposição prolongada do nosso organismo à nicotina pode causar uma alteração basal do metabolismo, potenciar a utilização da gordura como fonte de energia e inibir o apetite. Com a cessação tabágica, a resposta do organismo à ausência de nicotina é variável. Parece existir um maior risco de aumento de peso na presença de alguns fatores como alta carga tabágica prévia, sexo feminino, idade inferior a 55 anos, sedentarismo e antecedentes de alterações do comportamento alimentar. Contudo, uma cessação tabágica com a adoção de hábitos de estilo de vida saudáveis como atividade física regular, optar por alimentos saudáveis, técnicas de relaxamento, motivação e apoio pode fazer prevalecer o peso saudável.

6.   A cessação tabágica pode causar tristeza?

Sim. A cessação tabágica pode estar associada a tristeza, insónia e/ou ansiedade durante o processo de desabituação, constituindo manifestações do organismo designadas no seu conjunto por síndrome de abstinência da nicotina. Habitualmente, estes sintomas são transitórios e autolimitados. Em alguns casos, para o controlo da sintomatologia a psicoterapia, a terapia de substituição de nicotina ou a terapêutica farmacológica podem ser alicerces fundamentais. Por vezes, uma consulta especializada de cessação tabágica poderá ser essencial ao sucesso da mesma. Neste sentido, às pessoas fumadoras motivados em deixar de fumar e a necessitar de auxílio, inclusivamente adolescentes, recomenda-se abordar este problema em consulta com a sua Equipa de Saúde Familiar, que para além de tratar o problema, pretende a prevenção de complicações.

O falso sentimento de segurança associado ao consumo das novas formas de tabaco está na origem do maior consumo destes produtos, nomeadamente entre adolescentes. É essencial desmistificar estas noções para reduzir o consumo e, consequentemente, os riscos associados a curto, médio e longo prazo.

Publicado no Diário de Viseu a 22-05-2024.

Iines Valsi

Estudante da Licenciatura em Enfermagem da Turku University of Applied Sciences, Finland

Programa “ERASMUS +” na ESSViseu,


Em colaboração com a UCC Viseense

Higiene das Mãos - É assim que você se protege a si mesmo e aos outros!

O dia 5 de maio é o Dia Mundial da Higiene das Mãos. O objetivo deste dia é recordar a importância desta temática e dos seus benefícios. Na verdade, normalmente encontram-se nas nossas mãos cerca de 150 espécies diferentes de microrganismos, e todas estas em conjunto podem chegar a um número de 10.000 a 10 milhões de microrganismos. Segundo os mais diversos estudos, as mãos são o lugar mais sujo de uma pessoa.

Quando se pensa nas diversas formas como as doenças são transmitidas e disseminadas, as mãos desempenham um papel central neste processo, porque a infeção por contacto é a forma mais comum de propagação de infeções nos cuidados de saúde. É consensual que a transmissão de microrganismos entre os profissionais e os doentes e entre doentes, através das mãos, é uma realidade incontornável, daí a relevante importância da sua lavagem. Uma boa higiene das mãos é uma das medidas mais simples e mais efetivas na redução da infeção.

Mas o que significa uma boa higiene das mãos?

A higiene das mãos significa lavar as mãos com água e sabão ou desinfetá-las. Numa boa higiene das mãos é importante ter em conta a técnica correta de lavagem das mãos, o tempo despendido na mesma, a lavagem das mãos nos momentos necessários e o estado da pele. Embora o assunto pareça óbvio para alguns, muitos não o implementam efetivamente. Ao melhorar a higiene das mãos, protegemos a nós mesmos e aos outros, quebrando a cadeia de transmissão de microrganismos. Algo tão simples como lavar as mãos é a forma rápida e barata de proteger a sua saúde e a dos outros.

Lavar as mãos com sabão é significativamente mais eficaz do que sem sabão. O sabão ajuda a remover a sujidade e os micróbios da pele melhor do que apenas com a água. Com o sabão, as pessoas também costumam esfregar as mãos de maneira mais eficaz e completa, o que ajuda a remover os microrganismos. De acordo com um estudo publicado, através do uso de sabão 92% das bactérias são removidas, enquanto sem sabão apenas 77% das bactérias são removidas. Ao lavar as mãos é importante não esquecer dos espaços entre as pontas dos dedos, polegares, dedos e palmas das mãos, para que as mãos fiquem  efetivamente bem limpas. Após a lavagem, é importante lembrar-se de secar as mãos cuidadosamente, ou seja, as mãos húmidas têm maior probabilidade de promover a propagação de infecções, porque as bactérias prosperam num ambiente húmido.

Uma boa higiene das mãos inclui lavar as mãos por pelo menos 60 segundos, que corresponde ao mesmo tempo que levamos a cantar “Parabéns a você” duas vezes seguidas.

 Então, quando devemos lavar as mãos?

A lavagem das mãos deve fazer parte das nossas rotinas, logicamente quando as mãos estiverem visivelmente sujas e também especialmente nestes momentos:

É também importante perceber que se deve lavar as mãos quando necessário, porque a lavagem constante das mãos também não faz bem às mesmas. Se lavar as mãos com frequência, a ação pode fazer com que se degrade o estado da pele – fique seca e com surgimento de feridas. Os microrganismos podem-se espalhar mais facilmente a partir da pele ferida. A pele saudável deve estar intacta, hidratada e elástica.

Se interiorizar e realizar o que foi descrito, num gesto simples e eficaz, consegue ajudar-se a si mesmo e aos outros de forma muito fácil.

Feliz Dia Mundial da Higiene das Mãos!

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/higiene-das-maos-e-assim-que-voce-se-protege-a-si-mesmo-e-aos-outros/

Diana Fernandes

Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

Unidade de Cuidados na Comunidade Viseense 


Asma: Liberte-se da doença, viva sem limitações!

 

Na primeira terça-feira do mês de maio celebra-se o Dia Mundial da Asma, que este ano acontece no dia 7 de maio. Neste dia realizam-se diversas campanhas informativas sobre a doença e é lançado um relatório anual com dados importantes pela Global Iniciative for Asthma (GINA) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Todas estas iniciativas têm como objetivo melhorar a prevenção da doença e o nível de consciencialização da população.

A nível Mundial, segundo a OMS, existem cerca de 339 milhões de asmáticos e, em Portugal, cerca de 700 mil pessoas (6,8% da população) e destas, 175 mil são crianças e adolescentes (8,4% das crianças).

A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas, que acontece pela resposta exagerada a agressões externas a agentes irritantes como bactérias, vírus, poeiras, poluição, pólenes. A inflamação leva a que se forme um edema da mucosa que cobre a árvore brônquica, ao aumento da secreção de muco e ao aperto do musculo liso dos brônquios. Em consequência ocorre uma diminuição do tamanho dos brônquios, particularmente quando o doente expira e tenta libertar o ar dos pulmões, dificultando a respiração.

Apesar de existir uma elevada prevalência, os dados dizem-nos que cerca de metade dos doentes com asma não tem a sua asma controlada o que leva a idas frequentes ao Serviço de Urgência, a internamentos hospitalares e à deterioração da função pulmonar, que por sua vez poderá levar à insuficiência respiratória com incapacidade ou dificuldade para realizar tarefas simples do dia-a-dia como subir degraus, tomar banho sozinho, preparar refeições, etc. Importa, portanto, identificar quais os fatores que podem levar o mau controlo da asma, sendo que vários são os estudos que identificam que a base está numa má gestão do regime medicamentoso. A maior dificuldade parece estar na utilização correta dos dispositivos inalatórios e na sua utilização diária e prolongada. É, portanto, essencial garantir uma boa e correta adesão ao regime terapêutico instituído. Para isso é necessário que doentes e profissionais de saúde trabalhem em conjunto. É fundamental ensinar a correta utilização dos dispositivos inalatórios, bem como a verificação regular dos mesmos pela equipa de saúde assistente. Mas é também crucial que o utente exponha à equipa as suas limitações e dúvidas, para que, em conjunto, se encontrem estratégias facilitadoras do cumprimento correto do tratamento. Estas estratégias passam muitas vezes por recurso a familiares e ao encaminhamento para Equipas de Cuidados Continuados Integradas (ECCI), que prestam cuidados em contexto domiciliário, local onde surgem a maioria das dúvidas e dificuldades.

Se este é o seu caso, procure ajuda e saiba que a sua equipa de saúde estará cá para o auxiliar. O primeiro passo é seu, mas os restantes serão em conjunto, tornando a caminhada mais fácil e profícua.

Publicado no Diário de Viseu a 08-05-2024.

Carla Pereira Gomes

Inês Cunha

Médicas IFE em Medicina Geral e Familiar, 


Em colaboração com a UCC Viseense


Cancro colorretal: rastreio e sinais de alarme

O rastreio do cancro colorretal desempenha um papel crucial na deteção precoce e no tratamento eficaz desta doença oncológica, que é uma das principais causas de mortalidade por cancro em todo o mundo.

Quando detetado numa fase inicial, as possibilidades de tratamento bem-sucedido aumentam substancialmente. Assim, o rastreio é essencial para identificar precocemente alterações no cólon ou reto, nomeadamente pólipos ou lesões pré-malignas, bem como lesões malignas em estadios iniciais, mesmo em utentes assintomáticos.

Alguns dos principais sinais de alarme que deverão levar as pessoas a procurar assistência médica são:

Um dos exames de rastreio mais comuns e menos invasivos é o Teste de Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes – PSOF, que procura vestígios de sangue, muitas vezes impercetíveis a olho nu. Pode solicitar este teste junto da sua Equipa de Saúde Familiar. Deverá ser realizado por pessoas sem sintomas ou fatores de risco adicionais, entre os 50 e os 74 anos de idade, e, se negativo, repetido de 2 em 2 anos.

Como alternativa, embora mais invasivo, é possível realizar a colonoscopia, com uma periodicidade de 10 em 10 anos quando há ausência de alterações. É importante destacar que nenhum teste de rastreio é 100% preciso e os resultados positivos podem exigir exames adicionais para confirmação do diagnóstico, assim como resultados negativos não garantem a 100% a inexistência de doença, o que obriga à realização periódica dos mesmos.

Geralmente, recomenda-se iniciar o rastreio aos 50 anos de idade, mas pode estar indicado iniciar mais cedo para pessoas com fatores de risco adicionais. Relativamente à idade, a probabilidade de ter cancro colorretal aumenta com o seu avançar, sendo que mais de 90% dos diagnósticos são efetuados em pessoas com mais de 50 anos.

Para além da idade existem outros fatores de risco, entre os principais destacam-se:

Em última análise, o rastreio do cancro colorretal desempenha um papel vital na prevenção e no tratamento precoce desta doença potencialmente fatal. Ao participar ativamente de programas de rastreio e estar ciente dos sinais de alerta, é possível reduzir o impacto do cancro colorretal.

Publicado no Diário de Viseu a 24-04-2024.

Carolina Morais

Médica IFE de Medicina Geral e Familiar na USF Grão Vasco,

Renata Ribeiro

Ana Teresa Pinho

Médicas IFE de Medicina Geral e Familiar na USF Viriato, 


em colaboração com a UCC Viseense


Deitar cedo e cedo erguer…

 A Insónia é uma perturbação do sono que se caracteriza por dificuldade em adormecer, manter o sono ou acordar demasiado cedo e não conseguir voltar a dormir. Estima-se que 28% da população adulta portuguesa sofre de insónia, pelo menos 3 noites por semana.

Como consequências temos a sonolência diurna, cansaço, fadiga, dificuldades de concentração e retenção de memórias, falta de energia, irritabilidade, aumento do risco de doenças cardiovasculares, psiquiátricas, bem como a ocorrência de acidentes. É um problema de saúde de elevada importância pois a, nível individual interfere com a qualidade de vida e a nível profissional com o absentismo laboral e menor produtividade.

O sono apresenta um papel fundamental na vida de cada pessoa, quer durante o crescimento e desenvolvimento na infância e adolescência, quer no bem-estar físico e emocional quando adulta.

As necessidades de sono variam ao longo das diferentes faixas etárias e, apesar das queixas de insónia se desenvolverem em qualquer idade, tornam-se mais comuns com o envelhecimento.

Na infância, o sono é fundamental para o desenvolvimento cerebral e consolidação da memória. Na adolescência, a prevalência de insónia aumenta devido a alterações hormonais, fatores ansiogénicos e o uso excessivo de tecnologia antes de dormir. Durante a fase adulta, as preocupações no trabalho, relacionamentos e as responsabilidades familiares podem contribuir para a insónia. A pessoa idosa tem tendência a dormir menos, tendo um sono mais fragmentado e com mais despertares noturnos, muitas vezes associados a doenças crónicas.

O que pode fazer? Podem tomar-se algumas medidas para melhorar a qualidade do sono, promovendo a higiene do sono através do ajuste do horário de sono e técnicas de controlo de estímulos e de relaxamento.

Eis alguns exemplos de mudanças no ambiente e estilo de vida que podem melhorar a higiene do sono:

●      Acordar e deitar todos os dias à mesma hora;

●      Certificar-se de que o quarto é confortável, familiar, silencioso, sem luz e a uma temperatura adequada;

●      Manter exercício físico regularmente;

●      Fazer refeições nos horários previstos e não ir dormir com fome;

●   Evitar respostas emocionais negativas relacionadas com o ato de dormir - guardar cerca de 1-2 horas antes de deitar para fazer atividades prazerosas, pondo de lado atividades causadoras de ansiedade.

●      À noite, evitar exercício físico, refeições tardias pesadas, líquidos excessivos, consumo de bebidas com cafeína, álcool e tabaco.

●      Não verificar o relógio quando se está a tentar adormecer, nem permanecer na cama, à espera do sono (regra dos 15 minutos - se está há mais de 15 minutos acordado/a, levantar-se, sair do quarto e ir fazer atividades relaxantes até voltar a ter sono);

●      Durante o dia, evitar sestas.

E se estas medidas não resultarem? A 2ª linha de tratamento pode passar por combinar estas mesmas medidas com tratamento farmacológico (medicamentos), sempre após avaliação por médico/a de família ou por especialista em Patologia do Sono.

Durma bem para se manter saudável!

Publicado no Jornal da Beira a 18-04-2024.

António Dias Carneiro

Médico Interno de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar na USF Viriato, 

em colaboração com a UCC Viseense 

“Qual o preço de uma raspadinha?”

 

Em Portugal, estima-se que mais de 60 mil pessoas joguem à “raspadinha” diariamente. São inúmeras as opções que o cidadão tem caso deseje gastar o seu dinheiro numa lotaria instantânea. A promessa de um ganho imediato, publicitada nos meios de comunicação social, com baixo custo de investimento e fácil acesso, ilude uma percentagem significativa de cidadãos.

De acordo com um estudo realizado por um grupo de psiquiatras da Universidade do Minho em parceria com o Conselho Económico Social, o jogo constitui um problema crescente de saúde pública. Afigura-se o perfil de jogador comum de “raspadinha” como uma pessoa com baixos rendimentos, escolaridade baixa e na terceira idade. Existe também uma associação entre o consumo de substâncias, como o tabaco, álcool e café, com a frequência de jogo. A depressão e ansiedade também parecem estar relacionadas com o jogo da “raspadinha”.

Habitualmente, o comportamento individual e a sua relação com o jogo, quando patológicas, demonstram-se através de uma preocupação excessiva com o jogo ou com a necessidade de obter meios económicos para jogar. De forma progressiva, o jogo passa a envolver quantidades cada vez maiores de dinheiro, ou a pessoa passa a despender cada vez mais tempo com esta atividade, mostrando maior inquietude e irritabilidade se não o puder fazer. Quando perde, regressa nos dias seguintes com a justificação de recuperar o investimento, sacrificando montantes cada vez maiores, e por vezes a sua atividade profissional e vida pessoal. Em situações mais graves, esta pessoa afunda-se em dívidas e em problemas legais, sociais e familiares, podendo apesar de todas estas ocorrências, continuar a jogar. Daqui, é fácil depreender, que tudo se assemelha a um vício como outro qualquer, só que não existe uma “substância” propriamente dita, que seja consumida.

O jogo constitui uma importante fonte de receita económica para o Estado. É regulamentado por leis específicas e explorado por uma entidade que visa o bem-estar social, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, tendo esta a exclusividade de o fazer em nome e por conta do Estado, em todo o país. Espera-se que esta entidade, através do seu Departamento de Jogos, promova uma utilização e um consumo responsáveis destes produtos, algo que acontece ainda de forma insuficiente. A tendência será, não se intensificando a intervenção neste âmbito, que este tipo de comportamentos se estenda a faixas etárias cada vez mais jovens, mais frágeis e menos preparadas psicologicamente, pois ainda não atingiram a maturidade cerebral que lhes permita ter o autocontrolo necessário para lidar devidamente com estes estímulos.

Portanto, é de extrema importância compreender esta problemática do jogo em Portugal e promover atividades em contexto lúdico-educativo e comunitário que possibilitem o aumento da literacia nos grupos considerados de risco, assim como uma regulamentação de práticas de jogo restritas e uma política de redução de riscos adequada.

Para aqueles/as que sofrem desta problemática, familiares e amigos/as, é fundamental que saibam que a Equipa de Saúde Familiar é de confiança, e a quem podem recorrer quando necessitarem de ajuda para lidar com um problema de adição, podendo encaminhar para consultas especializadas e pluriprofissionais.

O Centro de Respostas Integradas (CRI) Viseu, possui uma equipa dedicada a esta problemática podendo a consulta neste centro ser solicitada por médico/a de família e até pela própria pessoa, presencial ou telefonicamente.

Parar com os comportamentos aditivos começa e finaliza na sua vontade!

Mas pode contar com a ajuda de profissionais de saúde com qualificação para o efeito.

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/qual-o-preco-de-uma-raspadinha/

Cláudia Rodrigues

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, Grão Vasco  


em colaboração com a UCC Viseense



Cuidados a ter no primeiro ano de vida

 O primeiro ano de vida, e particularmente o primeiro semestre, é caracterizado por uma elevada velocidade de crescimento e de desenvolvimento - a maior que ocorre em toda a vida do ser humano, ocorrendo também grandes transformações neurológicas motoras e cognitivas. Pelo que facilmente se depreende que esta é uma etapa cheia de desafios tanto para os recém-nascidos como para as suas famílias.

No sentido de promover um bom desenvolvimento psicomotor e a deteção precoce de algum desvio da normalidade é importante que o recém-nascido seja acompanhado regularmente por uma equipa de saúde, nas Consultas de Saúde Infantil e Juvenil.

Nestas consultas procura-se atingir vários objetivos, tais como:

Em relação à alimentação, o lactente pode ser exclusivamente amamentado durante os primeiros 6 meses de idade, devendo a amamentação manter-se a par da diversificação alimentar e durante a introdução na dieta familiar, ou seja, até aos 12-24 meses. De salientar que, o ato de amamentar e o leite materno per si têm vantagens que ultrapassam a mera alimentação/nutrição, tanto para o bebé como para a mãe.

Apesar do leite materno, ser o alimento ideal nos primeiros 6 meses de vida, a partir daí é essencial a introdução progressiva de outros alimentos além do leite materno. A diversificação alimentar deve ser instituída progressivamente (introdução sequencial de cada grupo de alimentos, com intervalos de 2-3 dias), estando a adição de açúcar e sal contraindicada no 1º ano de vida.

Mais recentemente, têm surgido outras formas de diversificação alimentar, como o Baby Led Weaning - diversificação alimentar que ocorre de forma mais natural: o próprio bebé vai gerir o processo desde o início, em autorregulação e de forma autónoma, respeitando o seu ritmo e as suas escolhas no momento da refeição.

Ainda em relação à nutrição, importa ressalvar que deve ser feita a suplementação com vitamina D pelo menos durante o 1 º ano de vida.

Já em relação à atividade física, esta é essencial durante toda a vida, não sendo exceção o primeiro ano, pelo que é importante promover o movimento livre, em espaços seguros desde o nascimento, limitando o uso prolongado de espreguiçadeiras e cadeirinhas. O tempo parado/sentado dever ser reduzido a menos de 30 minutos a 1 hora consecutiva (sem considerar o tempo de sono).

Quanto à higiene oral, esta deve ser iniciada após o nascimento (gaze ou dedeira para higienização das mucosas) e após erupção do primeiro dente decíduo deve proceder-se à escovagem com um dentífrico fluoretado.

Em relação ao sono este é essencial em todas as fases da vida e deve ser ajustado às mesmas, assim, lactentes dos:

·         0 aos 3 meses devem ter 14-17 horas de sono diárias;

·         4 aos 12 meses devem ter 12-16 horas de sono diárias (incluindo sestas).

Sendo responsabilidade das famílias cumprir regras essenciais para a higiene do sono, devendo ainda ter certos cuidados no sentido de prevenir a Síndrome de Morte Súbita do Lactente, tais como, colocação do lactente em decúbito dorsal durante o sono sobre um colchão firme e de forma a que o cobertor não ultrapasse os ombros e sem colocação de objetos na cama, evitando o sobreaquecimento do ambiente (quarto idealmente a uma temperatura de 21ºC).

Ainda no sentido de promover a segurança do bebé, é essencial a utilização de sistemas de retenção no transporte no automóvel, evitar ativamente a exposição a fumo de tabaco e prevenir quedas e queimaduras, entre outros acidentes.

Para além de todos estes cuidados com o bebé é essencial que haja promoção do bem-estar familiar e que não se descure os cuidados com os próprios face aos exigentes cuidados necessários ao novo elemento.

Procure acompanhamento médico nesta etapa tão especial da vida!

Publicado no Diário de Viseu a 27-03-2024.

Catarina Reis

Rui Gonçalves

Vanessa Rodrigues

Médic@s, IFE Medicina Geral e Familiar, na USF Grão Vasco, 

em colaboração com a UCC Viseense


 Litíase Renal – “Pedras” que se podem evitar!

 

No passado dia 14 de março comemorou-se o Dia Mundial do Rim e, por isso, hoje trazemos informação sobre uma das doenças mais comuns que afetam este órgão tão importante no nosso corpo: a litíase renal.

A litíase renal, popularmente conhecida como “pedras nos rins”, é uma situação clínica provocada pela formação de cálculos (as referidas pedras) no trato urinário levando à obstrução da passagem da urina e com diversas consequências possíveis, sejam elas a cólica renal, infeção do rim (designada por pielonefrite) ou a presença isolada de sangue na urina, bem como a diminuição da função renal caso não seja tratado.

Mas afinal por que razão se formam estes cálculos? Em muitas situações não é possível identificar o fator causal, contudo são conhecidas algumas causas plausíveis. A urina tem na sua composição alguns sais minerais que se encontram dissolvidos, que podem precipitar (pousar nas cavidades do sistema excretor), quer devido à diminuição de água excretada, quer devido ao aumento da concentração dos próprios sais minerais. Uma das causas mais comuns é a reduzida ingestão de líquidos, nomeadamente água, admitindo-se outras causas como dieta rica em proteínas e/ou cálcio, algumas doenças intestinais, alterações no metabolismo que promovam a saturação dos sais minerais, alterações da anatomia que levam à estase urinária (acumulação de urina) ou a infeção por bactérias que promovam a produção de certos sais minerais. A maioria dos cálculos é composta por sais de cálcio, podendo haver também cálculos de ácido úrico, estruvite ou cistina.

Habitualmente, as pedras nos rins começam a provocar sintomas apenas quando existe movimentos destas nas vias urinárias, contudo podem não provocar sintomatologia caso não tenham tamanho suficiente para obstruir a passagem da urina. Quando isto ocorre, pode desenvolver-se a chamada cólica renal, que se caracteriza por dor lombar aguda muito intensa sem alívio, descrita por muitos doentes como a dor mais difícil de suportar, com irradiação para diferentes locais de acordo com a localização do cálculo. Muitas vezes acompanham-se de náuseas e vómitos, sendo que quando existe febre são necessários exames para excluir a presença de infeção do rim.

O diagnóstico de litíase renal deve ser realizado através de observação médica, frequentemente com necessidade de realizar exames complementares como a ecografia do rim e bexiga e a radiografia abdominal, sendo em certos casos necessária a realização de tomografia computorizada abdominal. Por vezes, algumas pessoas poderão ter maior tendência para a formação de cálculos, aspeto este que deve ser estudado em consulta, de modo a adotar medidas específicas de prevenção.

Neste momento, estão disponíveis várias medidas terapêuticas que podem ser selecionadas de acordo com vários fatores, entre as quais o tamanho e o grau de obstrução do fluxo urinário, a localização e a composição química do cálculo, a sintomatologia associada e a urgência de início de tratamento. Em cálculos mais pequenos e pouco sintomáticos, pode ser possível a sua eliminação espontânea recorrendo a reforço da hidratação e a analgesia para alívio das dores. Um aspeto importante a realçar é que durante uma crise de cólica renal não se aconselha o reforço hídrico, uma vez que irá promover a dilatação de todo o sistema excretor acima do cálculo e por isso aumentar a dor associada (trata-se de uma medida importante a longo prazo, fora de crises). Em situações mais graves poderá ser necessário recorrer a outras medidas terapêuticas mais invasivas.

Importa reforçar que a maioria dos cálculos são eliminados sem um tratamento específico e sem causar sintomas, pelo que a identificação de cálculos renais em exames de rotina não é só por si sinal de alarme. Sempre que tal ocorra, deve consultar a sua Equipa de Saúde Familiar.

A prevenção da formação dos cálculos renais é possível, adotando medidas simples como o reforço da hidratação e evitar períodos longos sem beber água, uma dieta moderada em cálcio, sódio e proteínas, e refeições ligeiras e frequentes.

Por fim, quando são detetados cálculos renais, é importante consultar o/a médico/a de família para que faça uma avaliação da sua medicação crónica e faça também os ajustes necessários.

Cuide dos seus rins!

Publicado no Diário de Viseu a 27-03-2024.

Fátima Agripina Martins

Médica Dentista na URAP ACeS Dão Lafões, 

em colaboração com a UCC Viseense



A importância da Saúde Oral

Comemora-se a 20 de março, anualmente, o Dia Mundial da Saúde Oral. Esta data procura assinalar a importância que deve ser dada à Saúde Oral e o impacto que ela tem na saúde das populações.

Porque é importante ter uma boa Saúde Oral?

Sem saúde Oral, grande parte das vezes, é afetada a correta alimentação e fica comprometido o relacionamento interpessoal, a autoconfiança na escola e no trabalho, levando ao isolamento social, uma vez que interfere com o rir e com a fala.

Uma boca com presença de doenças, como a periodontite, pode causar um aumento do risco de diabetes, doença cardíaca, cancro do pâncreas e pneumonia.

Assim, ter uma boca saudável é crucial para a manutenção de uma boa saúde geral.

A importância da mudança de hábitos de vida:

Como se consegue ter uma boca saudável ao longo da vida??? É necessário dar atenção à higiene oral, à alimentação e aos estilos de vida:

A sua equipa de saúde familiar pode ajudar na manutenção de hábitos de vida saudáveis e no encaminhamento para profissional de saúde oral!

Publicado no Jornal da Beira a 21-03-2024.

Cátia Lopes

Pedro Pinho

Rúben Fernandes

Estudantes da ESSV,

Luís Condeço 

Professor da ESSV, 


em colaboração com a UCC Viseense 


“Quem muito dorme, pouco ganha?!”

Perante o conhecimento científico atual devemos colocar em causa este provérbio popular!

A importância e impacto do sono na saúde em geral tem merecido, nas últimas décadas, uma atenção especial denotando-se uma crescente preocupação de pais, mães e profissionais de saúde com os problemas associados aos hábitos de sono. O papel que este desempenha sob o ponto de vista biológico, emocional e social, é inquestionável, assim como o possível impacto negativo na criança e família, ao longo do tempo.

O sono é um processo fisiológico natural, imprescindível a um desenvolvimento físico, mental e intelectual saudável, e corresponde a um período de diminuição do estado de consciência, da atividade física motora e do metabolismo. Durante o sono o organismo realiza processos de reparação celular e consolidação da memória, essenciais para o desenvolvimento cognitivo das criança e jovens.

Para um “sono reparador” são necessárias estratégias e intervenções como criar hábitos de sono saudáveis, entre eles a redução da utilização dos dispositivos eletrónicos e de ecrãs, pelas crianças, antes de dormir.

A falta de atividade física, os horários irregulares de sono e o stress podem contribuir para distúrbios do sono, como as insónias durante a noite ou a dificuldade em adormecer.

Preocupados com a muito provável relação entre os hábitos de sono e a utilização de dispositivos eletrónicos, desenvolveu-se nos últimos meses um estudo com crianças a frequentar o 1º ciclo do ensino básico no concelho de Viseu, e pelos dados preliminares já recolhidos, verificamos que cerca de 11% das crianças estudadas não adormecem à mesma hora em pelo menos 5 dias da semana, facto que implica uma necessária mudança nas rotinas de adormecer. Constatamos também, que cerca de 33% das crianças nunca ou raramente adormecem no período temporal considerado normal e saudável, isto é, nos 20 a 30 minutos seguintes ao deitar.

A privação crónica do sono tem efeitos notórios no contexto e rendimento escolar das crianças, de onde se destacam as dificuldades na concentração, a falta de motivação e até mesmo comportamentos disruptivos na sala de aula. Desta forma, é inquestionável o efeito negativo da privação do sono no processo de aprendizagem e no desenvolvimento social e emocional das crianças.

Apesar da informação disponibilizada e emanada pelas organizações governamentais responsáveis pela promoção da saúde, qualidade de vida e estilos de vida salutogénicos, consideramos que os conhecimentos de pais, mães e educadores/as relativamente à importância do sono são deficitários. Assim, é fundamental trabalhar em conjunto para promover hábitos de sono saudáveis.

Conseguimos identificar algumas das medidas que são facilmente implementáveis e que possibilitam uma boa higiene do sono nas crianças:

●        Criar rotinas (hábitos) relativamente à hora de deitar e de acordar: aconselha-se a não haver mais de 1 hora de intervalo entre os dias de escola e fim-de-semana;

●        Evitar atividades vigorosas antes de deitar, como brincadeiras agitadas ou prática de exercício físico;

●        Ganhar autonomia que permita à criança aprender a adormecer sozinha;

●        Possuir um ambiente sereno e escuro no quarto (aceitável haver luz muito suave para crianças com medo do escuro), e com uma temperatura amena;

●        Evitar a utilização de equipamentos eletrónicos pelo menos 30 a 60 minutos antes de deitar e estes não permanecerem no quarto;

●        Não utilizar o quarto para infligir um castigo ou punição;

●        A criança não se deve deitar com fome, embora as refeições “pesadas” não sejam aconselhadas 1 a 2 horas antes de ir dormir;

●        Utilizar um objeto de transição (adequado à idade da criança), caso seja útil (boneco, chupeta ou manta) para promover o sentimento de segurança quando o pai ou a mãe se ausentam.

São inegáveis os ganhos em saúde para as crianças e jovens que “muito dormem” ou têm hábitos de sono saudáveis. E caso sinta necessidade de obter mais informação, pode sempre contatar a equipa de saúde familiar.

Publicado no Diário de Viseu a 13-03-2024.

Mariana Fernandes

Enfermeira Pós-Graduada em Enfermagem de Nefrologia,


em colaboração com a UCC Viseense



Filtrar o futuro: desafiar a Doença Renal Crónica

Os rins são os órgãos do sistema urinário responsáveis pelo equilíbrio e regulação de fluídos e eletrólitos, por filtrar toxinas no sangue, por produzir certas hormonas (como por exemplo a eritropoietina, importante para a formação dos glóbulos vermelhos), regular a tensão arterial e o pH do sangue.

O dia mundial do rim está aí à porta, é celebrado no dia 14 de março e tem como objetivo promover a consciencialização sobre a saúde renal e a prevenção da Doença Renal Crónica (DRC).

A DRC é a perda progressiva e irreversível das funções dos rins. No mundo são mais de 850 milhões de pessoas afetadas, e só em 2019 três milhões faleceram em resultado da doença. Esta é a oitava causa de morte entre as doenças que mais matam.

Três dos principais fatores de risco da DRC são a hipertensão arterial, a diabetes e a obesidade. Existem ainda outras causas como: rins poliquísticos, lúpus eritematoso, glomerulonefrite, obstruções urinárias crónicas ou infeções renais recorrentes.

Esta patologia subdivide-se em cinco estadios, sendo que quando se alcança o último, o estadio V) será necessário adotar uma terapêutica de substituição renal, ou seja, os rins como funcionam mal ou não funcionam de todo, necessitam de um tratamento que permita substituir as suas funções para que o portador da doença continue a viver. Essas técnicas de substituição da função renal são: a diálise peritoneal, a hemodiálise, o transplante renal ou o tratamento médico conservador.

O diagnóstico precoce da doença faz a diferença no seu desenvolvimento e permite retardar a progressão para os últimos estadios, porém se não for tratada adequadamente poderá levar a complicações graves.

Para prevenir a DRC existem oito comportamentos chave que devemos implementar no nosso dia-a-dia e que poderão fazer a diferença:

1. Manter-se ativo e em forma;

2.    Ter uma alimentação saudável e evitar sal e açúcar em excesso;

3.    Verificar e controlar os níveis de açúcar no sangue (glicemia);

4.    Verificar e controlar a tensão arterial;

5.    Ingerir água em quantidade adequada;

6.    Não fumar;

7.    Não tomar medicação sem ser prescrita;

8. Se tiver um ou mais fatores de risco consulte a sua equipa de saúde familiar para avaliar a sua função renal e não negligencie os seus exames de rotina.

As equipas de profissionais de saúde são cruciais na educação para a saúde e prevenção da doença, na promoção do diagnóstico precoce, na gestão da doença quando esta se instala e, muitas vezes, são também um apoio emocional de proximidade. A sua intervenção permite melhorar a qualidade de vida da população e reduzir os impactos negativos na saúde pública.

Em caso de dúvidas, deverá contatar a sua equipa de saúde familiar ou médico/a assistente.

Para obter informação atualizada sobre o tema pode também recorrer a páginas da internet fidedignas como a da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, da Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação, da Associação Portuguesa de Doentes Renais e ainda do World Kidney Day.

No dia 14 de março venha dizer ao mundo que aqueles órgãos tão pequenos, com a forma de feijões catarinos, são fundamentais para que mantenhamos uma vida sã!

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/filtrar-o-futuro-desafiar-a-doenca-renal-cronica/

Enfermeiro Diogo Carvalhais

Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica,

UCC Viseense

Alergias na Primavera – o que fazer?

A chegada da Primavera significa uma beleza e uma multiplicidade de cores completamente inigualável, comparativamente a outras estações do ano. Agregado a este festival de cores surge o desabrochar das típicas flores ou as próprias árvores a florescer.

Como diz a sabedoria popular “não há bela sem senão”, e concomitantemente surgem as alergias sazonais derivadas dos pólens (cujas concentrações no ar aumentam na primavera) e incomodam milhões de pessoas, seja através dos espirros, da congestão nasal, do prurido (comichão), do pingo no nariz ou qualquer outro sintoma desconfortável.

Porém, não se pode pensar que quem sofre deste tipo de alergias deve viver rodeado de árvores, flores e plantas artificiais, pois há efetivamente diversas estratégias simples para conseguir manter as alergias sazonais sob controle.

Reduzir a exposição ao foco da alergia – As alergias são causadas por alergénios tais como o pólen, poeiras, ácaros, pelos dos animais, fungos, entre outros. A redução da exposição reduz efetivamente os sintomas e pode ser feita das seguintes maneiras:

Adotar medidas extra quando os níveis de pólen ou outros alergénios estiverem altos – dado que os sinais e sintomas de alergia sazonal podem surgir ou agravar quando há muito pólen no ar, estas medidas podem ajudar a reduzir exposição:

Manter o ar interno limpo – Não existe nenhum produto milagroso que consiga eliminar todos os alergénios do ar da casa, mas estas sugestões podem ajudar, pois permitem a retenção destas partículas em filtros:

Lavar o Nariz – A utilização de uma solução salina, através da irrigação nasal, revela-se como uma maneira rápida, barata e eficaz de aliviar a congestão nasal e de remover diretamente as secreções nasais, bem como os alergénios alojados no nariz.

Tratamentos alternativos – diversos remédios / tratamentos naturais usados para tratar as alergias. Todavia, tendo por base o número limitado de ensaios clínicos realizados até ao momento, não há provas suficientes para demonstrar a segurança e eficácia dos mesmos.

Quando estas soluções não são suficientes – Para muitas pessoas, o evitar os alergénios e seguir os conselhos aqui disponibilizados, é suficiente para aliviar os sintomas das alergias sazonais. Todavia, se no seu caso ainda continuarem a persistir, não desespere!

Caso tenha alergias sazonais graves, a sua equipa de saúde familiar, em concreto o/a médico/a de família pode recomendar a realização de exames cutâneos ou sanguíneos para identificar inequivocamente quais os alérgenos que desencadeiam os seus sintomas. Os testes podem ajudar a determinar quais estratégias serão necessárias adotar para conseguir reduzir ao máximo o contacto com os alergénios específicos, bem como identificar quais os tratamentos que serão mais adequados e mais eficientes na sua situação.

Existem ainda pessoas que, como tratamento, necessitam da realização de vacinas antialérgicas / imunoterapia com alérgenos, ou seja, injeções contra alergia (há também em forma de comprimidos ou gotas). Estas injeções consistem na administração de alergénios em doses crescentes, de forma a reduzir a sensibilidade da pessoa alérgica a esses alergénios, pois sendo a alergia uma reação exagerada do sistema imunológico quando o corpo é exposto a uma substância que ele entende como agente nocivo, este tratamento consiste em “ensinar” o nosso corpo de que não o é.

Caso sofra com as alergias sazonais e sinta que os sintomas da mesma se começam a tornar graves ou incontroláveis, consulte os cuidados de saúde, através da sua Equipa de Saúde Familiar, na Sua Unidade de Saúde Familiar!

Publicado na Revista AmoViseu: https://amoviseu.com/revista-23/

Teresa Gomes

Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica,

UCC Viseense


Dia Mundial das Doenças Raras

 Anualmente, no último dia de fevereiro comemora-se o Dia Mundial das Doenças Raras. Neste ano será no dia 29 fevereiro. Esta comemoração tem como propósito alertar todas as comunidades para a existência destas doenças e de como elas, diariamente, afetam as pessoas portadoras de doenças raras e a sua família quer nuclear quer alargada, amigos, colegas.

Alerta-nos para as dificuldades quotidianas, impele-nos a despertar a pessoa mais próxima bem como dirigentes mundiais, para a equidade nos Direitos Fundamentais dos Humanos, igualdade de oportunidades sociais, acesso aos cuidados de saúde, ao diagnóstico e às terapêuticas para as todas as pessoas portadoras de doenças raras.

Os Direitos Fundamentais dos Humanos, consagrados na Carta Internacional dos Direitos Humanos, são os direitos básicos que assistem todas as pessoas, não mudam consoante a origem, as crenças, o estilo de vida e muito menos se somos portadores de qualquer tipo de doença, rara ou não. Estes direitos justapõem princípios importantes como a dignidade, a equidade, o respeito e a igualdade e, estabelecem normas sobre a forma como vivemos e trabalhamos.

São consideradas raras, as doenças crónicas, graves e degenerativas que colocam em risco a vida dos/as doentes e que têm uma prevalência inferior a cinco casos por cada 10.000 pessoas. Existem atualmente cerca de 8.000 doenças raras sendo a maioria de origem genética, diagnosticadas maioritariamente em crianças. A doença rara é uma doença crónica tendencialmente debilitante e muitas vezes fatal precocemente, que requer esforços combinados especiais de várias áreas de intervenção, onde têm grande papel a investigação em saúde, os produtos de apoio, as respostas sociais, a satisfação de necessidades educativas especiais bem como a inclusão escolar a todas as crianças e jovens com necessidades de saúde especiais, a fim de permitir que estas pessoas sejam tratadas, reabilitadas e integradas na sociedade de forma mais eficiente. A variabilidade dos procedimentos clínicos e o desconhecimento por parte dos profissionais de saúde destas doenças raras e das pessoas portadoras das mesmas, conduziu a Direção Geral de Saúde a criar o Cartão da Pessoa com Doença Rara. O objetivo é assegurar que em situações de urgência e emergência estas pessoas tenham os melhores e mais seguros cuidados, sejam corretamente encaminhadas e evitadas intervenções que possam prejudicar o seu estado de saúde ou causar risco para a sua vida.

Todas as crianças e jovens com necessidades de saúde especiais devem estar totalmente incluídas em todas as áreas do seu percurso escolar, “As escolas devem acolher todas as crianças independentemente das suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou outras”. As Equipas de Saúde Escolar devem, conjuntamente com a criança ou jovem e restante comunidade educativa, reunir e, em CONJUNTO, PROMOVER A INCLUSÃO ESCOLAR com a elaboração de planos de saúde individualizados, onde as intervenções têm como principal objetivo avaliar o impacto das condições de saúde na funcionalidade e identificar as medidas de saúde a implementar para melhorar o seu desempenho escolar, tendo em conta os fatores ambientais, facilitadores ou barreira, do contexto escolar (PNSE 2015-2020). É preciso desmistificar crenças e mitos junto dos pares da turma, bem como da restante comunidade educativa onde estas crianças ou jovens se encontram inseridas. Urge a necessidade de ver a pessoa portadora de uma doença rara (ou não) como um ser individual, participativo, com competência para se autonomizar na realização de diferentes atividades de vida diárias (essenciais e instrumentais) e, não nos focarmos na doença. Ambientes adequados para as crianças e jovens com necessidades de saúde especiais, permitem-lhes desenvolver e adquirir competências para a vida, competências sócio-emocionais e de interação social.

Existem em Portugal, organizações de apoio às pessoas portadoras de doenças raras e conviventes que podem ajudar, não só no aspeto físico, mas acima de tudo, no aspeto emocional e mental. Pode também solicitar informação junto da sua Equipa de Saúde Familiar ou Equipa de Saúde Escolar.

Lembre-se, NÃO ESTÁ SÓ!

Publicado no Diário de Viseu a 28-02-2024.

Ana Carolina Silva

Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Grão Vasco,


em colaboração com a UCC Viseense



Fevereiro, mês dos namorados!

A cada 14 de fevereiro é celebrado o dia de São Valentim. Habitualmente, neste dia   as floristas não têm mãos a medir, os restaurantes estão cheios e os casais esforçam-se por agradar a cara-metade. Mas, o ano tem 365 ou 366 dias, como este ano, e é importante relembrar que as relações saudáveis se constroem diariamente.

A adolescência é uma das fases da vida em que é difícil gerir as emoções. O início de uma relação pode ser um acontecimento, simultaneamente, excitante e assustador. É habitual surgirem dúvidas e preocupações, sendo que por esse motivo é particularmente importante fomentar nos jovens, desde cedo, os alicerces para a criação e manutenção de uma relação positiva e saudável.

Numa relação saudável não devem existir insultos, humilhações, ameaças, manipulação, intimidação, stalking (perseguição), pressão para beijar ou ter relações sexuais, nem outras formas de violência física ou psicológica. Não se pode proibir o namorado ou namorada de vestir uma determinada peça de roupa, estar/falar com pessoa amiga, colega ou familiar e usar o telemóvel do/a outro/a para ler as mensagens e entrar nas redes sociais sem autorização. Estes comportamentos são abusivos e não devem ser tolerados, em qualquer idade e em qualquer relação, seja ela já longa ou esteja a começar. Contudo, os/as adolescentes, fruto da sua inexperiência, vulnerabilidade, medo de perder a pessoa amada e dificuldade no controlo das emoções, como o ciúme, tendem a aceitar mais facilmente estas formas de abuso como normais. E as vítimas, por outro lado, não têm consciência de que estão a viver uma relação abusiva.

Em 2023, a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) realizou um estudo em que concluiu que cerca de 7 em cada 10 jovens legitima estas formas de agressão. Cerca de 5 em cada 10 diz já ter sofrido de violência psicológica e 1 em cada 10 violência física. A prevalência destas formas de violência, bem como a sua legitimação  entre jovens é preocupante.

Numa relação saudável deve existir apoio, cada elemento do casal deve sentir- se bem consigo mesmo e não ter necessidade de ser diferente para agradar o parceiro ou parceira. Deve existir respeito mútuo, confiança, segurança, honestidade, igualdade e liberdade. Quando se está numa relação não se deve viver exclusivamente para a outra pessoa. É fundamental manter as relações de amizade e passar tempo com outras pessoas de quem se gosta. Os conflitos e desentendimentos que possam vir a existir, devem contribuir para uma evolução positiva da relação. E devem ser sempre resolvidos por via do diálogo. É importante não ter medo de dizer “não” e impor os nossos limites. Caso esses limites sejam ultrapassados, deve-se pedir ajuda (falar com pessoa adulta, equipa de saúde familiar, APAV, forças de segurança).

A violência no namoro não pode ser encarada com leviandade. É imperativo apostar na prevenção junto dos/as jovens para o reconhecimento e não aceitação de comportamentos abusivos, com vista à promoção de relações saudáveis.

Os/as jovens de hoje são os/as adultos/as de amanhã!

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/fevereiro-mes-dos-namorados/

Emília Esteves

Especialista em Enfermagem de Reabilitação

Vera Salvador

Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica,

UCC Viseense



Gostar de alguém é ser feliz!

Hoje, 14 de fevereiro celebra-se o Dia dos Namorados. É o dia perfeito para comemorar o namoro, com um jantar romântico, com troca de prendas fofinhas, com muitos beijinhos e abraços (dito por crianças de 7 anos). Esta é a visão perfeita quando falamos em namoro. Mas… infelizmente também existe “um lado muitas vezes violento e perigoso”: a violência no namoro.

A violência no namoro acontece quando, no contexto das relações de namoro, um dos parceiros, ou até mesmo os dois, recorrem a atitudes de violência com o objetivo de marcar a sua posição de domínio, poder e controlo. Não escolhe idade, sexo ou estatuto socioeconómico e cultural, e o objetivo da pessoa que agride é sempre o de controlar, isolar, tornar a outra pessoa frágil e insegura.

A violência no namoro pode ser considerada também violência de género e enquadra-se no crime de Violência Doméstica, de acordo com o artigo 152º do Código Penal. As formas de violência utilizadas podem incluir:

●  Violência verbal: insultar; difamar; humilhar; gritar;

●  Violência psicológica: partir ou danificar objetos com a intenção de causar medo;

●  Violência relacional: controlar o que a outra pessoa faz nos tempos livres e ao longo do dia; proibir o contacto com familiares e pessoas amigas;

●  Violência física: empurrões; pontapés; bofetadas;

●  Violência sexual: forçar à prática de relações sexuais; acariciar sem o consentimento da outra pessoa.

As consequências da violência no namoro são gravíssimas e existe uma forte probabilidade das vítimas de violência no namoro se tornarem, em idade adulta, vítimas de violência doméstica.

Os números da violência no namoro têm vindo a aumentar nos últimos anos, e a partir de 1990, Portugal começou a ter uma maior consciência da gravidade desta problemática, tendo sido publicados alguns estudos que têm contribuído para a importância e discussão do problema. Segundo o Estudo Nacional sobre Violência no Namoro em 2023, da responsabilidade da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), em que participaram cerca de 6000 estudantes do 7º ao 12º ano, demonstra que existem jovens que ainda aceitam situações de violência, constatando-se que 67,5% não perceciona como violência no namoro, pelo menos, um dos seguintes comportamentos: controlo, violência psicológica, violência sexual, perseguição, violência através das redes sociais e violência física.

Segundo Marta Crawford (Psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar), “Perceber as fronteiras daquilo que é e daquilo que não é violência” é uma das soluções para a resolução do problema. A psicóloga, aponta a necessidade de começar essa educação e prevenção na primeira infância, dando ferramentas às crianças para perceberem os limites daquilo que são os comportamentos aceitáveis e não aceitáveis.

Na violência no namoro, pais e mães desempenham um papel fundamental. É importante estar disponível para conversar abertamente sobre as relações dos/as filhos/as. O desconhecimento dos seus relacionamentos é um grande fator de desproteção.

Deve ser dada atenção aos sinais de alarme, e devem conversar sobre as relações amorosas e tudo o que faz parte delas, sem utilizar um discurso alarmista. “Ao não falar sobre as coisas, não quer dizer que vamos proteger os nossos filhos. Antes pelo contrário,” explica Margarida Teixeira (UMAR), que, na sua crítica refere, “O que está a falhar é a prevenção, existem campanhas e ações de sensibilização em algumas escolas, mas não é em todas e não atinge todas as idades”, e defende que a “prevenção tem de ser contínua e começar no jardim-de-infância". Pais e mães devem fazer a ponte com a escola, garantindo que, também professores/as e amigos/as prestem atenção.

A pais e mães: evitem a crítica depreciativa e o autoritarismo, pois só irão promover o distanciamento da família e a dependência face à pessoa agressora.

Os amigos também devem estar alerta e se reconhecerem que um/a amigo/a mudou as atitudes ou o comportamento, devem agir falando com a/o própria/o, oferecendo ajuda.

Autoridades policiais, escolas, centros de saúde e/ou hospitais e entidades como a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) que está disponível para apoiar através da Linha de Apoio à Vítima - 116006, podem informar e ajudar as vítimas, familiares e amigos/as. Em situações de emergência, deverá ser contactado o 112 - Número Nacional de Emergência, que desencadeará os meios de auxílio mais adequados à situação exposta.

Quem ama diz, Não!... a todas as formas de violência.

Publicado no Diário de Viseu a 14-02-2024.

Cátia Lopes

Pedro Pinho

Rúben Fernandes

Estudantes da ESSV,

Luís Condeço 

Professor da ESSV, 


em colaboração com a UCC Viseense 


Dispositivos Eletrónicos na Infância: Descanso ou Preocupação?

Vivemos na era digital!

Esta afirmação remete-nos para a habitual presença de dispositivos eletrónicos nas nossas casas e escolas, assim como, pela massiva utilização de jovens e crianças, alguns com pouca ou nenhuma instrução literária (por exemplo a frequentar o 1º ciclo do ensino básico). Esta utilização por crianças em estádios de desenvolvimento precoces (como o estádio de desenvolvimento pré-operatório), levanta questões pertinentes sobre os impactos da exposição à tecnologia, dispositivos eletrónicos e ecrãs, e quais as suas consequências futuras nesta população.

Os dispositivos eletrónicos tornaram-se quase como os “melhores amigos” das crianças, proporcionando acesso a um universo de informação e entretenimento, muitas vezes sem controlo ou supervisão de um adulto responsável. Neste sentido, é fundamental perceber que esta prática excessiva tem repercussões na cognição e no comportamento das crianças durante esta fase crucial da vida.

A utilização exagerada pode ter como consequências diminuição acentuada das competências motoras, aumento da ansiedade, sedentarismo com consequente obesidade e perturbações da capacidade de aprendizagem, nomeadamente, impacto na leitura e na escrita.

Algumas crianças sentem-se desconfortáveis quando solicitadas a brincar em espaços exteriores e ao ar livre, e mesmo quando o fazem, o cansaço apodera-se delas ao fim de 10 minutos de atividade física. Outras, de 10-11 meses, não conseguem realizar uma refeição sem visualizar um vídeo ou participar num jogo online, atividade promovida por pais e mães. Recordemos que, a Organização Mundial de Saúde recomenda a ausência de exposição a qualquer tipo de ecrã para crianças até aos 2 anos de idade, e um máximo de 1 hora por dia para as crianças entre os 2 a 4 anos.

No contexto educacional, o desafio é integrar de forma equilibrada a tecnologia no processo de aprendizagem. Alguns dos pontos positivos passam por tornar a aprendizagem numa atividade que se pratica com menos esforço, permitindo que seja mais fluida, gerindo mais facilmente o fator motivacional e realizada ao ritmo de cada criança. É essencial encontrar estratégias que permitam conciliar e utilizar métodos de ensino tradicionais, em parceria com métodos tecnológicos, estabelecendo um equilíbrio fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças.

Por outro lado, o período temporal que as crianças gastam em frente aos ecrãs deve ser monitorizado e o conteúdo acedido supervisionado. Os relatos de jovens com dependência digital superior a 6-8 horas diárias começam a ser frequentes, manifestando o descuido pela sua higiene corporal e alimentação. Importa também referir que, jovens na fase inicial da adolescência são facilmente manipulados por utilizadores digitais à partilha de informações pessoais confidenciais e/ou fotografias, apesar da Meta e Bytdance, entidades proprietárias de redes sociais conhecidas, exigirem uma idade mínima (13 anos de idade) para registo e criação de conta nas suas plataformas.

Não há vantagem na exposição digital em idades precoces! Contudo, a sociedade deve perceber que é impossível não haver nenhuma exposição, devendo esta ser reduzida ao máximo e quando ocorrer, a supervisão de conteúdos tem de ser mediada por adultos.

Em vez de proibir o acesso aos dispositivos eletrónicos, o importante é orientar as crianças sobre a utilização responsável dessas ferramentas. Estabelecer limites de tempo, promover atividades físicas, momentos de reuniões familiares e jogos interativos, educar sempre sobre a importância do equilíbrio entre o mundo digital e o mundo real.

A tecnologia é parte integrante do nosso quotidiano, e cabe a todos nós desequilibrar a balança entre benefício e malefício, ou descanso e preocupação, para que as crianças possam utilizar os dispositivos eletrónicos em prol da consecução dos seus objetivos e desafios pedagógicos. Ao promovermos uma abordagem consciente e orientada, podemos assegurar que estas ferramentas se tornem aliadas no desenvolvimento educacional e social, contribuindo para uma infância equilibrada e preparada para os desafios do século XXI. Compete-nos, enquanto sociedade, guiar estas jovens mentes digitais para um uso responsável e benéfico da tecnologia.

A supervisão parental é crucial, e para isso contamos hoje com aplicações, que podem contribuir para a monitorização dos conteúdos visualizados pelas crianças, permitindo de uma forma facilitadora, uma utilização mais segura por parte dos seus filhos.

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/dispositivos-eletronicos-na-infancia-descanso-ou-preocupacao/

Filipe Carreira

Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica,

UCC Viseense


Vencer o cancro: uma jornada conjunta

Ao longo dos anos, a humanidade tem enfrentado desafios significativos, e entre eles, um dos mais complexos e implacáveis é o cancro. Cada pessoa afetada por esta doença é uma história de coragem, resiliência e esperança, sendo a união de esforços uma ferramenta fundamental para enfrentar este adversário, muitas vezes, silencioso.

Os avanços nos cuidados de saúde são uma esperança na luta contra o cancro. Existem equipas médicas em todo o mundo dedicadas a oferecer tratamentos inovadores e personalizados, sendo que a investigação contínua leva a descobertas que abrem novas portas na compreensão e tratamento desta doença complexa.

A vigilância em saúde e a deteção precoce são vitais. Existem programas de rastreio que têm sido fundamentais para identificar sinais de alerta em estágios iniciais, aumentando significativamente as taxas de sucesso no tratamento a realizar. Todos os cidadãos devem participar nestes programas, de forma a garantir a deteção precoce.

A vigilância em saúde, fundamental na promoção de uma vida saudável, contribui assim para prevenir as doenças, mas tem também um papel vital no acompanhamento dos sobreviventes de cancro. A monitorização constante não garante apenas que o tratamento seja eficaz, mas também ajuda na identificação precoce de possíveis recorrências, para que se possa intervir atempadamente.

A luta contra o cancro estende-se para além das consultas médicas e de enfermagem. A educação e consciencialização são armas poderosas, devendo cada um de nós compreender os fatores de risco, evitando-os, sempre que possível. O desenvolvimento do cancro é um processo complexo e multifatorial, influenciado por uma variedade de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. É importante compreender esses fatores de risco para implementar estratégias preventivas e realizar os rastreios adequados:

A luta contra o cancro não é uma jornada solitária, mas sim uma jornada que enfrentamos em conjunto. Neste sentido, surgem algumas organizações, como a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), uma entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública, que desempenha um papel crucial na prevenção, no apoio e na investigação relacionados com o cancro em Portugal.

A LPCC dedica-se a sensibilizar a população para a importância da prevenção e deteção precoce do cancro, através de campanhas educativas, programas de rastreio e eventos de consciencialização, disponibiliza serviços de apoio psicológico, social e económico, de forma a ajudar a enfrentar os desafios associados ao diagnóstico e tratamento do cancro. Através de financiamento e colaboração com instituições de investigação, a LPCC contribui para o avanço do conhecimento sobre a doença e o desenvolvimento de novas terapias, promove ainda a formação e educação contínuas no campo da oncologia e atua como defensora dos direitos dos doentes oncológicos, procurando assegurar que tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade.

Em Portugal existem vários programas de rastreio organizados para deteção precoce de diferentes tipos de cancro, tais como cancro da mama, colo do útero e cólon e reto. Alguns destes rastreios têm o apoio da LPCC. Estes programas são fundamentais para o diagnóstico precoce, contribuindo para a melhoria dos resultados no tratamento do cancro. Estes rastreios são dirigidos a população em idades especificas, consoante o risco, pelo que deve informar-se junto da sua equipa de saúde familiar para que possa, em conjunto, promover a sua vigilância de saúde. A participação nestes rastreios é voluntária, mas é fortemente encorajada, uma vez que a deteção precoce aumenta significativamente as hipóteses de sucesso no tratamento do cancro.

Os desafios na luta contra o cancro são reais, mas a esperança é uma luz constante. Com a pesquisa, cuidados de saúde avançados, rastreios regulares e ações comunitárias, estamos a construir um futuro onde o cancro seja não mais uma sentença, mas sim um desafio que podemos superar.

À medida que olhamos para o horizonte da saúde, é imperativo lembrar que cada um de nós desempenha um papel fundamental nesta jornada. Seja ao apoiar um amigo, participar em iniciativas de rastreio ou promover a consciencialização, juntos, podemos fazer a diferença. Unidos, somos mais fortes na luta contra o cancro e na construção de um futuro mais saudável para todos.

Publicado no Diário de Viseu a 31-01-2024.

Vera Salvador

Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica,

UCC Viseense



Religiosidade, Espiritualidade e Saúde

Para falar da relação e impacto que a religiosidade e a espiritualidade têm na saúde, é essencial entender a diferença entre estes conceitos. A religião refere-se a um conjunto de crenças, que estabelece as relações dos grupos sociais com um ser transcendente. As religiões são compostas por narrativas históricas, símbolos e tradições que se destinam a dar sentido à vida, a explicar a sua origem e a do universo. Cada religião expressa uma visão particular do mundo e da vida do ser humano em relação com o seu criador através de uma série de rituais, filiações e normas éticas num marco de acontecimentos de referência. Religiosidade e crença não são fórmulas mágicas para solucionar os nossos problemas, mas podem ajudar-nos a gerir as causas, sintomas e consequências de uma doença.

Quanto à espiritualidade entende-se como uma experiência muito mais pessoal e íntima que pode ou não ser expressa dentro de uma religiosidade. O conceito de espiritualidade é complexo, subjetivo e multidimensional não sendo por isso fácil de encontrar uma definição consensual. A espiritualidade é entendida como uma dimensão mais ampla do que as crenças ou filiação religiosa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) inclui a dimensão espiritual no seu conceito de saúde, apresentando-a como “o estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Reconhece a importância da espiritualidade para a qualidade de vida das pessoas, aceitando-a como uma contribuição a ser considerada, tendo em vista que os resultados observados parecem favorecer a saúde psíquica, social e biológica e o bem-estar individual.

A referência à espiritualidade e à religiosidade como estratégias que utilizamos para fazer face à doença (estratégias de coping) não é algo que possamos considerar como novidade. Segundo o neurocientista Miguel Castelo-Branco, da Universidade de Coimbra, a medicina baseada na evidência tem sugerido que a religiosidade e a espiritualidade influenciam de forma efetiva o desenrolar de muitas condições clínicas. Profissionais da saúde altamente qualificados/as, tanto na área da medicina, como noutras profissões reconhecem os benefícios da fé, crença, religiosidade e espiritualidade para o bem-estar físico/mental das pessoas doentes. Hoje sabe-se que a prática de princípios religiosos como o perdão, a compaixão, a fé, a esperança, entre outros, libertam hormonas como a acetilcolina, endorfina, serotonina, produzindo um relaxamento muscular, serenidade, melhorando a digestão e absorção de nutrientes, facilitando o sono reparador, aliviando dores físicas, corrigindo a hipertensão arterial e diminuindo a ansiedade. A ciência, em geral e a medicina, em particular não são inimigas da fé e, ao levar em consideração os sentimentos e as crenças de cada pessoa, num clima de respeito e compreensão, podem construir bons resultados para a Saúde.

Publicado no Jornal do Centro:

https://www.jornaldocentro.pt/religiosidade-espiritualidade-e-saude/

Teresa Gomes

Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica,

UCC Viseense


Ria, ria muito, até não poder mais!

No dia 18 de janeiro celebra-se o Dia Internacional do Riso, para nos lembrar da sua importância na saúde e no bem-estar de cada um/a de nós. O ato de rir traz-nos, entre outras, as seguintes vantagens: reduz o stress e melhora a qualidade do sono, aliviando os sintomas de stress, desgaste, ansiedade e ataques de pânico, bem como previne os estados ansiosos e depressivos; ajuda a queimar calorias permitindo a diminuição do peso, melhora a circulação sanguínea contribuindo para uma diminuição de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; fortalece os músculos abdominais; melhora a respiração; fortalece o sistema imunológico; estimula a criatividade; cria laços com outras pessoas; proporciona relaxamento físico e mental; renova a motivação e o estado de espírito; aumenta a capacidade da memória a curto prazo contribuindo para a melhoria do desempenho profissional e pessoal; desenvolve a autoconfiança e as qualidades de liderança, ajuda a ultrapassar os constrangimentos; facilita a transformação de emoções negativas como a raiva, o medo, os ciúmes ou a tristeza em emoções positivas como a resiliência, a empatia (capacidade de nos colocarmos no lugar do outro), a amizade e o amor, o perdão e a compaixão.

Mais do que tudo, conecta o corpo, a mente e a alma, ligando-nos com outros seres humanos!

Respeitando os Direitos Fundamentais das Pessoas, rir ou sorrir deve estar presente no nosso quotidiano pessoal, social, profissional. Deve rir o mais que puder, quer seja só quer seja na companhia de familiares, amigos/as e/ou colegas. Se pensar bem, vai identificar momentos, atos, ditos e afins que nos acometem a sorrir ou rir, melhorando a nossa energia e força positiva.

Na Saúde, em algumas unidades de saúde, já se utiliza uma técnica psicoterapêutica, alternativa complementar ao tratamento farmacológico, chamada Risoterapia, que tem como objetivo promover o bem-estar mental e emocional através do Riso.. Esta terapia pode ser praticada individualmente ou em grupo, com familiares e amigos, sorrindo/rindo de forma autentica e libertadora, vivendo uma vida mais sensível e completa com predomínio de emoções positivas. Através do riso a nossa mente tende a desfocar-se de uma situação que nos causa mal-estar, clarificando-a e permitindo, posteriormente, uma nova abordagem da situação negativa.

É importante aprendermos a rir sozinhos/as, de nós próprios/as e das nossas capacidades limitadas como Ser Humano.

Rir é um ato social e uma partilha de sentimentos positivos, alegria e felicidade!

Publicado no Diário de Viseu a 17-01-2024.

Rafaela Gomes

Estudante do 4º ano do CLE da ESSV em Ensino Clínico na UCC Viseense

em colaboração com a UCC Viseense


Motivação para Hábitos Saudáveis de Vida: 

um caminho para o bem-estar!

Hábitos saudáveis de vida consistem em rotinas que incluem tempo e compromisso com uma tarefa ou estilo de vida benéficos para a saúde. Para falarmos de hábitos saudáveis temos que ter em conta dois conceitos: hábitos e saúde. Hábitos definem-se por comportamentos repetitivos de certas rotinas e saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é “o bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera ausência de doença”.

Ao adotar um estilo saudável, estamos a promover a sensação de bem-estar físico e mental, ajudar a manter um peso adequado e controlado e a reduzir o risco de doenças como por exemplo, as cardiovasculares e diabetes. Além disso, promove autodisciplina e contribui para uma vida mais equilibrada e produtiva.

Recomenda-se incluir no dia a dia a prática de atividade física de forma a evitar o sedentarismo, adotar uma alimentação equilibrada, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e drogas, privilegiar uma boa higiene pessoal e do sono, evitar o stress e realizar vigilância médica regular.

Manter hábitos saudáveis a longo prazo requer motivação continua. Para isto devemos:

Em suma, a motivação desempenha um papel central na construção e sustentação de hábitos saudáveis de vida. Ao cultivar uma mentalidade motivacional, as pessoas têm mais probabilidade de enfrentar desafios, superar obstáculos e desfrutar de uma vida mais plena e saudável.

Ana Gueiral

Estudante do 4º ano do CLE da ESSV em Ensino Clínico na UCC Viseense

em colaboração com a UCC Viseense


Fora de validade, Fora de casa!


Quando foi a última vez que conferiu a validade da sua medicação lá de casa?

A gestão responsável dos medicamentos em “nossa” casa é um tema de grande importância, muitas vezes negligenciado, mas essencial para a segurança e saúde de toda a comunidade. Escondido numa gaveta ou armário lá de casa, surge uma questão crucial para a saúde e o ambiente: como lidamos com o lixo médico em nossa casa?

Na correria do dia a dia muitas vezes esquecemo-nos de conferir a validade da medicação que habitualmente temos em casa, mas não deixa de ser uma prática inadequada e que devemos mudar! Quando os medicamentos passam do prazo de validade indicado na respetiva caixa, a sua eficácia pode ser comprometida, correndo o risco de nem produzirem o efeito pretendido! O descarte correto destes medicamentos é crucial para evitar o seu uso indevido, prevenindo potenciais riscos para a saúde pública.

Então e como podemos fazer esse descarte? Existem diversos pontos de recolha em farmácias ou unidades de saúde próximas, onde pode entregar / depositar os medicamentos de uma forma segura e responsável, evitando a contaminação do meio ambiente.

Além do descarte de medicamentos, o uso e descarte correto de materiais médicos descartáveis, tais como agulhas e seringas, é igualmente importante. Utilizar recipientes adequados para a sua colocação após o uso minimiza risco de acidentes e propagação de doenças, garantindo um ambiente doméstico mais limpo e seguro. No que se refere a agulhas, estas requerem determinados cuidados:

·         Use sempre recipientes (caseiros) resistentes e fechados e identifique-os como material cortante;

·         Não encha o recipiente acima da lotação indicada (quando são recipientes indicados para o efeito), fechando-o firmemente e seguindo as instruções locais para descarte;

·         Procure pontos de recolha específicos, como farmácias, centros de saúde, hospitais ou locais para o devido efeito, para quando o recipiente estiver cheio, sem esquecer de manipular as agulhas com cautela.

Estas práticas garantem um descarte seguro, protegendo a comunidade e o meio ambiente.

Organizar e verificar regularmente os medicamentos em casa são coisas fundamentais para a saúde do seu lar, pois evita o uso inadvertido de medicamentos fora da validade, contribuindo para a segurança de toda a família. Lembre-se de os guardar sempre na embalagem original (incluindo o folheto informativo), pois desta forma conseguirá identificá-los correta e rapidamente, bem como protegê-los.

A gestão responsável de medicamentos e resíduos médicos é uma responsabilidade coletiva. Ao adotarmos práticas conscientes e informadas, não protegemos apenas a nossa saúde e a dos nossos entes queridos, mas também contribuímos para um ambiente mais saudável e sustentável para as gerações futuras.

Publicado no Diário de Viseu a 03-01-2024.

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