Escabiose, a famosa Sarna humana!
Já ouviu falar de sarna? Tem medo de contrair sarna com um simples abraço ou aperto de mão?
Nos próximos parágrafos vou tentar explicar-lhe em que consiste esta doença, quais os sintomas, o tratamento e que cuidados ter para a evitar.
A escabiose, ou sarna humana, é uma doença contagiosa da pele causada por um ácaro - Sarcoptes scabiei variante hominis.
Os sintomas da sarna são causados pelos ácaros fêmeas que, após serem fertilizados, penetram na pele e depositam os seus ovos. Cerca de 2 a 4 dias depois, as larvas eclodem. Ao longo de 1 a 2 semanas tornam-se ácaros adultos, que voltam à superfície da pele, acasalam e repetem o mesmo ciclo, depositando mais ovos. É assim que se originam as lesões inflamatórias típicas que vemos na pele de alguém com sarna.
A comichão é sem dúvida o sintoma mais comum, sendo normalmente intensa e agravando durante a noite.
A escabiose causa ainda lesões avermelhadas na pele, podendo, no entanto, ser muito pequenas e, portanto, difíceis de identificar. As lesões da sarna surgem mais frequentemente entre os dedos das mãos e dos pés, pulsos, pregas dos cotovelos e joelhos, axilas, rabo e região genital. Mas, teoricamente, os ácaros podem atingir qualquer parte do corpo.
Normalmente, os sintomas só aparecem 3-6 semanas após a infeção, mas esta já pode ser transmitida mesmo antes dos sintomas aparecerem.
A transmissão faz-se por contato direto com a pele de uma pessoa infetada. Mas não se alarme, porque geralmente só acontece quando esse contacto é prolongado (normalmente, mais de 20 minutos de contato pele com pele). Os ácaros também podem transmitir-se indiretamente através de roupa, lençóis ou outros objetos, como peluches, mas é menos comum, pois só sobrevivem cerca de 24 a 36 horas fora da pele humana. No entanto, acredita-se que possam sobreviver um pouco mais de tempo em temperaturas mais baixas, explicando assim o facto surgirem mais situações de escabiose no inverno do que no verão.
Portanto, a sarna transmite-se facilmente?
Sim, entre pessoas que estão em contacto próximo, como por exemplo entre pais e filhos ou durante a atividade sexual.
A escabiose não é habitualmente transmitida se o contacto for curto, como um abraço ou um aperto de mão.
Ao contrário do que costuma ser dito, a doença raramente está associada a falta de higiene e pode afetar pessoas de todos os estratos socioeconómicos. Maiores taxas de transmissão estão normalmente associadas a ambientes mais húmidos, locais de elevada densidade populacional (como creches, escolas ou residências para idosos), contato muito próximo com outras pessoas no local de trabalho (hospitais, lares) e sistema imunitário debilitado. Mas saiba que a estadia em alojamentos locais/hotéis durante as suas viagens também pode aumentar o risco de contrair sarna.
O tratamento é eficaz na esmagadora maioria dos casos de sarna. Este pode ser tópico (aplicado na pele, com recurso a cremes) ou oral.
De qualquer forma, a primeira coisa a fazer se suspeitar ter contraído sarna é solicitar observação médica. O tratamento vai muito provavelmente ser recomendado a toda a família (com quem coabita) e deve ser feito ao mesmo tempo, de forma a prevenir reinfestações.
Para além disso, a roupa utilizada na semana anterior ao início dos sintomas (incluindo lençóis e toalhas) até que termine o tratamento, deve ser lavada em alta temperatura (idealmente acima de 60ºC) e seca ao sol ou em máquina de secar. Todas as peças que não possam ser lavadas devem ser colocadas num saco bem fechado e deixado em local quente e seco durante, pelo menos, uma semana.
A escabiose não é uma doença de evicção escolar. Na prática, todas as pessoas infetadas devem ser tratadas, podendo regressar à escola ou ao trabalho no dia seguinte a ter realizado o tratamento prescrito. No caso das escolas, colegas de turma e professores/as não precisam de realizar tratamento, a não ser que apresentem sinais ou sintomas sugestivos de escabiose.
Resumindo, a sarna/escabiose é uma doença que pode afetar qualquer pessoa, independentemente do seu género, idade, profissão ou estrato socioeconómico. Felizmente, como referimos, não é uma doença de contágio fácil e a maioria das situações são ligeiras e facilmente tratáveis, ainda que os sintomas sejam desagradáveis.