"Marca d'água"
de Leandro Selister (RS)
"Marca d'água"
de Leandro Selister (RS)
"Marca d'água"
Uma das definições da expressão marca´água refere-se a uma imagem visualmente imperceptível, uma assinatura, um selo embutido em documentos para dificultar a falsificação de informações, atestar a autenticidade.
O mês de maio de 2024 vai ficar marcado para sempre na história do estado do Rio Grande do Sul. Oitenta e três anos após a enchente de 1941 em Porto Alegre, o estado foi atingido novamente por uma enchente sem precedentes, devastando cidades inteiras, fábricas, indústrias, levando pontes e estradas. Deixou marcas profundas e um cenário de destruição em 92% dos municípios, incluindo a capital do estado, Porto Alegre.
A série de fotos Marca d´água é uma tentativa de entender a dimensão dessa tragédia e os níveis absurdos de onde a água chegou. Não era suficiente o registro das águas cobrindo ruas e bairros inteiros. Quando as águas finalmente baixaram, um mês depois da chuva não dar trégua, retornei aos locais e comecei a registrar as cenas a partir da perspectiva do meu corpo. Foi dessa forma que pude compreender enfim a dimensão do que havia acontecido. Na grande parte dos locais, eu estaria totalmente submerso. Era uma prova incontestável da invasão das águas e sua destruição.
Quase um ano após a pior tragédia climática no estado, as marcas seguem pelas paredes da cidade bem como o cenário de abandono e destruição. Aliado a isso, o trauma e a sensação de que tudo pode se repetir.
Marca d´água é um alerta, um grito, um desabafo e um pedido para que as autoridades tomem providencias e evitem ou diminuam os impactos de um novo episódio climático. Ele pode vir a qualquer momento. As marcas seguirão profundas e definitivas no imaginário de cada um dos gaúchos. Não podemos esquecer!
Leandro Selister (RS)
Leandro Selister é bacharel em Fotografia pelo Instituto de Artes da UFRGS. Há duas décadas, dedica-se à criação de projetos através da fotografia, desenho, bordados, intervenções urbanas e design gráfico. Publicou dois livros de fotografia, “Há tempo atento ao tempo”/ 2010 e “Tique-taque, tremor das pequenas coisas” /2004 e um livro sobre o projeto de Intervenção Urbana “Cotidiano: Intervenções na Trensurb em Porto Alegre” / 2002. Lançou seu primeiro livro de crônicas, (des)amar, crônicas sobre o amor e o cuidar-se” em junho de 2025.
Em sua trajetória recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, realizou exposições individuais e participou de exposições coletivas. Vive e trabalha em Porto Alegre em escritório próprio.
Para conferir o vídeo do artista, clique aqui.
Instagram: @lselister
EXPOSIÇÃO TAMBÉM NO FORMATO PRESENCIAL
Essa exposição pode ser conferida, também, de maneira presencial no Largo Expositivo do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho do dia 01 de agosto até dia 07 de setembro