"Florestas: do real ao imaginário"
de Andréa Brächer (RS)
"Florestas: do real ao imaginário"
de Andréa Brächer (RS)
"Florestas: do real ao imaginário"
“Precisamos contar outras histórias para viver. E contar histórias com outros seres.”
— Donna Haraway
A exposição "Florestas: do real ao imaginário" propõe uma travessia poética e visual pelos modos de imaginar, habitar e representar a floresta. Partindo da produção da artista Andréa Brächer entre 2006 e os dias atuais, o conjunto de obras apresentado lança luz sobre fragmentos de florestas — sejam elas de terra ou de água — e sobre os pequenos seres que as habitam, como fadas, borboletas, cogumelos e sombras vegetais.
Inspirada por histórias infantis e e contos de fadas, em que a floresta é frequentemente cenário de encantamento, medo, transformação e travessia, a artista resgata esse universo simbólico e o articula a uma pesquisa aprofundada sobre os processos históricos da fotografia. Entre as técnicas exploradas estão a cianotipia, a cianotipia pigmentada com erva-mate e o desenho fotogênico — processos que, além de reforçar o vínculo da imagem com a natureza, resgatam a dimensão sensível e artesanal da fotografia.
Contudo, mais do que cenário, a floresta é compreendida aqui como sujeito. Em sintonia com os pensamentos de Donna Haraway, que propõe fabulações especulativas como ferramenta para repensar o futuro em tempos de colapso ambiental, a mostra entende a floresta como um lugar de coexistência multiespécie. É onde mitos, saberes científicos e memórias ancestrais se entrelaçam, convidando à escuta e à coabitação com humanos e não humanos.
Na cosmologia indígena, por exemplo, a floresta não é um espaço externo, mas casa e entidade viva, habitada por seres visíveis e invisíveis. Essa perspectiva ressoa na obra de Brächer, que constrói imagens como se fossem portais: são territórios de fabulação e reflexão, nos quais a natureza é evocada não apenas como tema, mas como linguagem e presença.
Entre igapós amazônicos e bosques subtropicais, folhas, flores, ramos e luz formam uma cartografia sensível do tempo e do espaço. Ao unir o gesto artístico à potência das técnicas fotográficas ancestrais, a artista nos convida a imaginar outros mundos possíveis — mundos nos quais a relação entre humanos e florestas seja pautada pelo cuidado, pela escuta e pela imaginação.
Mais do que uma exposição sobre florestas, esta é uma exposição com as florestas — suas imagens, seus signos e seus mistérios.
Letícia Lau
Curadora, produtora e gestora cultural
Andréa Brächer (RS)
É artista, pesquisadora e docente no Instituto de Artes/UFRGS, desde 2011, especializou-se na área dos Processos Fotográficos Históricos e práticas híbridas digitais. Sua proposta de base fotográfica busca refletir sobre o universo onírico, por vezes, fantasmático, de fabulações, invenções e de sonhos. Nas últimas produções as florestas ganham destaque e assumem o protagonismo. Foi indicada três vezes ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, premiada para o Salão de Arte Latino-americana do Museu de Arte de Santa Maria e selecionada para o 23° Salão de Artes Plásticas da Câmara Municipal de Porto Alegre (2022) e para o Prêmio Porto Seguro de Fotografia (2004). Fundadora e coordenadora do Grupo Lumen/UFRGS (desde 2016). Participou de exposições individuais, destaque para Ygapó - Floresta de Águas (CAIXA Cultural SP, Espaço Cultural do Banco da Amazônia, UFCSPA, Centro Cultural Ordovás, 2023), Aragem Ramagem (Espaço Cultural Correios SP e RJ, 2023), Querida Erna (MAB 2022),Ficções de um jardim: fotografia e literatura (MARGS, MAB e MARCO, 2019); e de exposições coletivas em galerias e museus brasileiros e estrangeiros. Têm obras em acervos públicos e privados.
EXPOSIÇÃO TAMBÉM NO FORMATO PRESENCIAL
Créditos Mauro Verza
Essa exposição pode ser conferida, também, de maneira presencial na Galeria de Arte no bloco J - UCS - Sede do dia 08 de agosto até dia 29 de agosto