Um projeto CAPES PROCAD Amazônia 2018 para consolidar o PPG-GEO (Ufam), com o apoio dos PPGs: Cliamb(INPA/UEA) e GEO-Geoq.(UFF), direcionando ações que buscam responder:
Como, ao longo do tempo geológico, água e rocha vêm interagindo no processo de formação e funcionamento da bacia hidrográfica do Rio Negro?
A relevância da proposta
Grandes rios tropicais aportam aos oceanos 57% do volume de água doce, 50% dos aportes sólidos, 38% dos aportes em solução e 45% do carbono orgânico do planeta, fazendo desses cursos d’água grandes contribuintes do funcionamento global. A região Amazônica possui, além do rio principal, pelo menos 5 dos grandes rios do planeta na faixa tropical. A grande extensão das bacias desses rios as torna sensíveis às variações climáticas globais. Efeitos conjugados da variação climática e da alteração da cobertura do solo influem no processo de transferência de matéria no interior dessas bacias.
Mesmo não aportando suas águas diretamente ao oceano, o Rio Negro, com suas águas pretas e uma bacia de mais de 700.000 km2 (14% da bacia Amazônica), aporta ao rio principal cerca de 15% dos 209.000 m3/s da vazão e cerca de 1% da carga sedimentar que este leva ao Oceano. Esta carga sedimentar contrasta fortemente com a dos rios de águas brancas – Madeira, Solimões, etc. Dai surgem questões sobre processos que teriam formado os dois maiores arquipélagos fluviais do planeta- Mariuá e Anavilhanas.
Estudos das condições paleoambientais indicaram flutuações do nível d’água em bacias como as dos rios Negro e Púrus. Amostras de sedimentos, a partir de análise de pólen e datação de C14 mostraram presença de vegetação esparsa, indicando fase seca na região, causada pela redução da precipitação. Dados do Lago do Caju indicaram período de inundação de menor amplitude no Rio Negro, com o estabelecimento de vegetação aberta em bancos de areia formados pela atividade fluvial. Ademais, dados filogenéticos sugerem que o processo de implantação deste rio atuou como barreira geográfica na diversificação de espécies desde o Plio-Pleistoceno.
Permanecem questões sobre condições hidroclimáticas e interações com o ambiente geológico. Respostas, podem estar registradas em depósitos sedimentares locais assentados sob o substrato composto por unidades proterozóicas–neógenas. O estudo de áreas fontes relacionadas a processos erosivos atuantes na bacia, além da neotectônica também têm papel importante. Parte da história pode estar associada aos terraços fluviais preservados e presentes nos arquipélagos fluviais, característica singular do Rio Negro. Por fim, com elementos pretéritos e a caracterização atual deste sistema fluvial tropical se pretende realçar a importância da interação Tempo-Água-Rocha na bacia hidrográfica do Rio Negro, objeto maior da presente proposta de estudo.
Projeto em rede : PPGGEO/UFAM, PPGCLIAMB/INPA-UEA e PPGGEOq/UFF. Apoio : IRD - França, Programa HYBAM, ICMBio (Anavilhanas), ANA, CPRM (Manaus), Marinha do Brasil (CHN9), Projeto Rios OnLine. Financiamento: CAPES, Edital PROCAD Amazônia (02/2018). Foto: N.Filizola