Será que ainda falta muito para a quarentena acabar?
Bom, enquanto esperamos, tivemos contato com o texto "Espera, Experiência e Palavra" da professora Luiza Cristóv, que nos presenteia com seu olhar sensível sobre descobertas feitas em momentos de espera na escola.
Encantad@s pelas narrativas da autora, decidimos partilhar nossas reflexões sobre a espera e a vida, nesse momento de grande espera que tem sido a quarentena.
(Reginaldo N. D. Santos)
Era mais um feriado aqui no Estado de São Paulo, mais um feriado que eu iria trabalhar, afinal, minha folga era apenas domingo, e eu estava animado para ir trabalhar e ganhar 100% do dia. Eu estava pensando em ir bem cedo e sair um pouco mais tarde. Assim, além de cumprir a minha carga horária, conseguiria também fazer um Banco de Horas e receber em dinheiro quando vencessem.
Sai de casa, fui para o ponto de ônibus, subi no ônibus e cheguei à estação. ô trenzinho que demora, viu! Em dia útil já é uma beleza, em feriado então...
O bom, é que comecei a refletir nas coisas que andam acontecendo. Comecei a mexer na galeria de fotos do meu celular e rever as imagens das pessoas que são próximas a mim. Meu coração chegou a apertar de tanta saudade. Meus olhos encheram de lágrimas.
O trem ter demorado, me fez ver que preciso valorizar as pessoas que estão comigo, preciso sentir; preciso demonstrar.
Pois assim aconteceu: um dia estávamos todos na faculdade, na igreja, no trabalho. No outro, estávamos em casa, sem poder ao menos dar um aperto de mão. Mostrando como a vida muda e passa em um piscar de olhos...E o trem chegou, ufa!!! Mandei mensagem a todos os meus amigos, demonstrando em palavras, o quanto sou grato pela existência deles.
(Andrea V. L. Cavalcanti)
“O que esperar quando está esperando”, é um livro guia para gestantes, de autoria de Arlene Eisenberg, Heidi Murkoff e Sandee Hathaway, publicado originalmente em 1984.
O mais profundo esperar que conheci foi este. Um esperar de Amor e de Luz.
Todo um contexto de esperança,por um mundo melhor e ter certeza que o amanhã será um lindo dia.
Lembro de cada instante lógicamente, alguns angústiantes, por não saber o que está por vir, qual será a proxima novidade, o berço, o carrinho, as roupinhas,tantas emoções positivas misturadas, com medo do desconhecido, do intruso que irá chegar em sua vida, enfim tantas emoções.
A minha melhor definição da palavra esperar é essa esperar para o amor em sua plenitude.
(Ingrid M. Madeira)
Em 2018, eu fui em uma apresentação escolar da minha prima que na época estava no sexto ano, naquele dia iria acontecer uma apresentação a respeito da Bolívia, características culturais, comidas típicas, geografia, história, enfim todo um contexto histórico do País.
Chegamos mais cedo para que ela pudesse repassar as falas com os colegas de sala, a sala foi dividida em grupos, para que cada grupo pudesse pesquisar e apresentar uma característica do país, sem deixar nenhuma informação de fora. Assim que chegamos percebi que as professoras estavam apreensivas por conta da decoração que ainda não estava pronta, me ofereci para ajudar enquanto a minha prima ensaiava, e rapidamente finalizamos a decoração; nesse meio tempo eu consegui conversar com as professoras e contar que eu cursava letras, e que pretendia trabalhar na área. Imediatamente elas me contaram relatos muito bons que vivenciaram com alguns alunos daquela escola, relatos em sua maioria muito positivos, o que foi fundamental para mim porque, quando se trata da docência nós vemos muitos comentários desanimadores, depois elas me mostraram outras produções das crianças, e eu achei muito bacana pois elas pareciam realmente empenhadas na construção do aprendizado, foi um dia riquíssimo para mim.
(Luciana Lopes Costa)
Nunca pensei que o ato de esperar fosse tão produtivo e enriquecedor como relatado no texto de Luíza Helena da Silva Christov. Pra mim, esperar sempre foi aquele momento de ocupar o tempo com outras coisas – ler um livro, jogar um joguinho no celular ou estudar para uma prova – ou de pensar que poderia estar em outro lugar, fazendo coisas mais importantes do que ficar esperando algo acontecer, ser atendido em uma consulta ou chegar minha vez em uma fila de banco, por exemplo.
Mas confesso que já vivenciei, de outras maneiras é claro, muitas das experiências vividas pela professora Luíza Helena... Quem nunca sentiu o olhar orgulhoso dos pais ou professores ao ir bem a uma prova; ou se sentiu impotente e até incapaz de ajudar alguém que precisava; ou riu de um nome, aparentemente estranho, mas sem saber o motivo de tal escolha; julgar alguém, nossa, é mais comum do que imaginamos, mas só nos causa estranhamento quando somos julgados; e sempre dá aquela vontade de passar do ponto, só para ouvir o final da história... Quem nunca?
Tudo isso é muito enriquecedor e não nos damos conta que passamos parte de nossas vidas esperando...
(...) esperando alguém chegar;
(...) esperando por telefonema;
(...) esperando o resultado de uma prova;
(...) esperando um atendimento;
(...) esperando um sinal de aprovação;
(...) esperando o café da manhã, o almoço, o jantar;
(...) esperando o tempo passar;
São muitas, as esperas, mas somente um ouvindo atento sabe transformar a “espera em experiência e a experiência em palavra”.
(Maria Victória F. de Araújo)
A inúmeras situações que podemos escrever, que podemos compartilhar histórias, ideias e opiniões sobre assuntos demonstrados e citados.
As coisas estão diferentes.
Num acontecimento, estava eu no meu primeiro dia de residência, esperando o vice – diretor de nos adiantar, e marcar as salas que iriamos ficar, pois tem todo aquele processo, e também não era só eu de residente.
Era intervalo, pois fui vendo as crianças dos sexto ano, quinto ano, com celulares de alta tecnologia, e tipo não brincando de correr, ou eu não escutava crianças correndo e chorando por que caiu, coisas que quando eu estudava era normal. Quando fui conhecendo a escola enquanto me direcionava a sala que ficaria, vi que muitas crianças pequenas estavam usando a sala de informática, mas eram crianças super pequenas, tipo primeira série, então fiquei a me questionar, pois crianças daquele tamanho usavam apenas um dia a informática, e se usavam!.
Fiquei na intriga de que eu esteja ficando para trás e se os recursos que eu gostaria de usar como professora seria valido, e isso mexe comigo, e fico pensando se serei ou não uma boa professora.
De todas as formas possíveis o ensino médio é uma batalha, pelos adolescentes se acharem sempre os donos da razão, de muitas brigas entre professor e aluno, então irei contar um relato a vocês.
No meu terceiro dia de residência, eu fiquei com o primeiro ano do ensino médio.
(Natália C. Veiga)
Esse texto me fez relembrar que, em alguns momentos e lugares, também tenho o costume de observar alguma cena ou situação que está acontecendo ao meu redor. Neste momento de reclusão em casa, lembro-me de momentos que observei pessoas andando na rua, como na avenida Paulista, por exemplo, nos metrôs, em cafés, etc.
Não era um hábito comum, porém, alguns dias eu me sentia mais propensa a sentir o mundo ao redor de mim. Se me concentro agora, consigo lembrar o momento, o local, mas não consigo lembrar as palavras que eram ditas. Isso me fez refletir sobre a importância da palavra, da comunicação e, principalmente agora em que estamos impedidos de viver experiências como essas por um período, em como deveríamos fazer mais isso.
São através de situações assim que podemos nos tornar pessoas mais reflexivas, reconhecer mais o que as pessoas estão vivendo e, quem sabe, até conhecer grandes histórias de vidas.
Acredito que todas as oportunidades que estamos tendo neste período tão novo que estamos vivendo (como a oportunidade de conhecer esse belíssimo relato), serão oportunidades para mudarmos a forma de enxergarmos o mundo e a nós mesmos quando estivermos com as portas novamente abertas para sair.