Faremos uma breve abordagem histórica da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil. Sob essa perspectiva, o primeiro marco temporal relevante o Decreto 7.566 de 1909 concebeu as primeiras escolas técnicas no Brasil espalhadas pelas capitais dos Estados: as Escolas de Aprendizes Artífices. Essas escolas tinham um marcante caráter assistencialista, destinavam-se, pois, aos pobres e visavam atender os crescentes processos de desenvolvimento industrial e urbanização, formando operários, artífices e contramestres através do ensino prático e de conhecimentos técnicos..

Após esse marco inicial, houve uma nítida expansão da educação profissional, ampliando o escopo do público para crianças, jovens e adultos da classe operária, construída, assim, a base de um sistema educacional dualista fundada no controle socioeducativo daqueles indivíduos incumbidos de serem qualificados exclusivamente para o mercado de trabalho. Sob essa perspectiva, a educação dos trabalhadores deveria ocorrer de forma a habilitá-los, técnica, social e ideologicamente para o trabalho.

De fato, tem-se neste momento, isto é, no alvorecer do século XX, o nascedouro da dualidade educacional. Enquanto à classe dominante era assegurada uma formação científica em diferentes saberes e artes, aos filhos da classe operária era esperado uma formação profissional com vistas a atender rapidamente à demanda do mercado de trabalho. Mantinha-os dessa forma, ocupados através da educação voltada para o trabalho manual, não possibilitando, assim, o contato com um ensino mais abrangente que, porventura, ameaçasse o status quo estabelecido desde a fundação colonial do Brasil.

Desta forma, o sistema dual de educação que se estabeleceu no Brasil separou o ensino em classes sociais: aos trabalhadores, a educação profissional; à elite, a formação acadêmica. Nesta estrutura, a educação profissional era destinada aos filhos dos trabalhadores, subordinando-os às necessidades e às demandas do processo de acumulação do capital (Frigotto, 2003). Não obstante, a educação contribuiu com a divisão social e técnica do trabalho por meio de currículos escolares diferenciados, distinguindo a formação intelectual da formação prática, um currículo voltado para o exercício intelectual (ensino propedêutico) e outro para o exercício que demandava esforço físico ou manual (ensino técnico).