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Lamentamos e repudiamos veementemente os casos de assédio e importunação sexual que ocorreram hoje e envolveram nosso evento na UFPE.

Hoje, dia 28 de Março de 2023, durante a realização do segundo dia da primeira edição do Encontro Recifense de Filosofia, RecFil 2023, tivemos que lidar com uma situação grave de assédios. Um homem branco, de idade média (por volta de 45-50 anos), apresentou-se ao nosso evento com a expectativa de prestigiar o evento como um ouvinte. Segundo ele, possuia interesses em filosofia e estava inserido em um grupo de estudos conhecido nacionalmente.

O que viemos saber posteriormente, somente após a sua entrada no auditório, é que o referido havia assediado uma mulher próximo ao Centro de Educação. Imediatamente, buscamos todas as soluções que estavam ao nosso alcance para melhor lidar com a situação, sem gerar maiores danos ou transtornos. Diante do fato procuramos resolver institucionalmente a situação, entretanto, mesmo diante da segurança institucional do prédio, o acusado se recusou a ser conduzido. 

Recusa que foi acatada pela segurança, que foi em busca de reforço e deixou sob a responsabilidade da comissão organizadora do evento o acusado e o controle dos ânimos dos envolvidos. A falha e falta de preparo do efetivo levou a outra situação de desconforto.

Ao retornar ao auditório, à espera de reforço na segurança para retirá-lo, outra situação de assédio foi relatada, onde o assediador discretamente buscava filmar uma mulher que amamentava uma criança.

A equipe do RecFil fica extremamente revoltada com os casos ocorridos hoje e se solidariza com todas as envolvidas.

Casos semelhantes têm sido constantes no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). A Coordenação da Pós-Graduação já solicitou reuniões de emergência com a diretoria do Centro e se coloca a disposição para construir medidas efetivas que possam coibir casos semelhantes.

Infelizmente, não possuíamos nem possuímos protocolos para lidar com esse tipo de situação. Esperávamos que não fosse o caso que assédios e importunações sexuais ocorressem em nosso evento ou em quaisquer outros lugares.

Registramos ainda o nosso desconforto com o efetivo da segurança institucional e segurança patrimonial lidou de maneira insatisfatória com a situação. O episódio de despreparo (no melhor dos casos) contrasta com um recente caso em que jovens negros, estudantes da UFPE, ficaram detidos, rodeados por 10 seguranças após uma denúncia infundada. Tememos que a prática da segurança da universidade esteja sendo guiada por fatores racistas, que penaliza jovens negros e trata como vítima homens brancos assediadores.

É sintomático que alguém se sinta a vontade para cometer crimes nos ambientes em que estamos inseridos. Nossa comunidade, em especial na UFPE, tem se movimentado para que medidas sejam tomadas e mudanças efetivas possam ocorrer. Estamos e continauremos pressionando para que ambientes em que se inserem a comunidade de filosofia não sejam ambientes confortáveis para assediadores ou para promoção de qualquer outro tipo de violência como racismo, machismo, LGBTfobia, etc. Um ambiente seguro é essencial para que possamos fazer filosofia.

Novamente, sentimos muito pelo ocorrido e nos solidarizamos com as vítimas.