Imagem: Monumento Tortura Nunca Mais, Rua da Aurora. Escultura de: Demetrio Albuquerque.
(Créditos: Marcos Guimarães/Wikimedia Commons [adaptada])
CADERNO DE RESUMOS RECFIL 2023
1
Adrica Camila Viana de Amorim
Mestranda (Prof-Filo/UFPE)
E-mail: adrycacamyla@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Anastácio Borges (UFPE)
Reflexões acerca da composição de discursos em prol do ensino de filosofia em vista de uma pedagogia freireana
Resumo: A comunicação possui papel indiscutível em nossas atividades cotidianas, principalmente, no que diz respeito à educação. Pensando nisso, e em como os(as) educandos(as) devem ser incluídos(as) e terem à sua disposição um ambiente educativo em que formar-se-ão como indivíduos críticos e pensantes, mostra-se relevante refletirmos sobre como o modo através do qual professores e professoras de filosofia comunicam-se e expõem o conteúdo, quando participantes do processo de ensino-aprendizagem, podendo interferir positivamente ou negativamente no mesmo. Intentando refletir, também, sobre como professores e professoras de filosofia estão a realizar modificações para adaptar suas aulas em função da nova proposta de ensino disposta na Base Nacional Comum Curricular, se faz cabível pensarmos nas metodologias e abordagens através das quais, até agora, se mostrou preferível utilizar para a explanação do conteúdo nesta disciplina. Os novos cenários e perspectivas apresentam uma diversidade de abordagens e técnicas a serem adotadas para o aperfeiçoamento da prática pedagógica de professores e professoras de filosofia. Em voga, a compreensão e assimilação adequada das temáticas, teorias, ideias e conteúdos abundantes da filosofia curricular, que existe de maneira institucional, podemos pensar como as situações didáticas durante as aulas de filosofia possuem potencialidade dialógica como instrumento relevante no processo de ensinagem. Sendo assim, a temática desbravada nesta pesquisa, é de relevância à atuação docente, no que se refere a relação entre comunicação e, para tanto, propõe-se nesta comunicação a reflexão acerca da proposta pedagógica de educação dialógica em Paulo Freire - na Pedagogia da Autonomia, Pedagogia do Oprimido e Educação como Prática de Liberdade.
Palavras-Chave: Discursos. Paulo Freire. Pedagogia freireana.
2
Agnes Rafaela Moura de Oliveira
Mestranda em Filosofia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
E-mail: rafaela-agnes@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Sandro
Marcio Moura de Sena (UFPE).
Bolsista pela Capes.
O CORPO NA FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL DE HEIDEGGER
Resumo: Uma das marcas mais patentes da filosofia de Heidegger é sua crítica ferrenha à compreensão do homem como animal racional, composto de alma e corpo. Em contraste a esse paradigma tradicional, Heidegger propõe o projeto de compreensão do homem enquanto ente existente, ou Dasein. É na analítica existencial elaborada em Ser e Tempo que o conceito de Dasein encontra seu maior desdobramento. No entanto, salta aos olhos o fato de Heidegger não ter tratado nesta obra o tema da corporeidade - supostamente tão caro à reflexão fenomenológica do ser do ente humano. A falta de uma abordagem direta do tema na maioria dos escritos de Heidegger, e principalmente em Ser e Tempo, foi alvo de inúmeras críticas de filósofos, sobretudo dos franceses. Mas, é verdade também que Heidegger, já no final de sua vida, se volta ao tema da corporeidade, refletindo junto de médicos e psicoterapeutas o chamado Leibproblem (problema do corpo). O resultado de quase dez anos de encontros e discussões sobre temas afins à corporeidade resultou nos Seminários de Zollikon. Esse texto traz uma série de indicações não sistematizadas sobre o corpo que lança luz à nossa tentativa de localizar retroativamente a corporeidade no interior da analítica existencial. Dessa forma, o presente trabalho visa: 1) expor a controvérsia do tema da corporeidade no pensamento de Heidegger e na recepção de seus intérpretes; 2) propor uma leitura conciliatória das reflexões tardias acerca da corporeidade dos Seminários de Zollikon com a analítica existencial de Ser e Tempo.
Palavras-Chave: Heidegger. analítica existencial. corpo. corporeidade.
3
Albérico Araújo Sial Neto
Mestrando (PPGFIL/UFPE)
E-mail: alberico.sialneto@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Érico Andrade
Bolsista Capes
PODE A PRECARIEDADE SER O FUNDAMENTO DAS RELAÇÕES AGONÍSTICAS?
Resumo: A Democracia Radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal dilema consiste no entendimento da política democrática como locus de antagonismos. Isso quer dizer que o conflito e o dissenso são elementos fundamentais da democracia. Nesse sentido, os antagonismos podem ser caracterizados pela forte oposição conflitiva entre nós/eles. Entretanto, o antagonismo não precisa ser aniquilador. As relações agonísticas são relações que mantém em aberto o conflito antagônico sem necessariamente levar à aniquilação. Isso porque, as relações agonísticas transformam as relações de inimigos (antagonismos) em relações de adversários. Essa transformação adversarial ocorre necessariamente pelo reconhecimento de um fundamento comum a todos. Todavia, não é possível identificar dentro da Democracia Radical a constatação de qual seria esse fundamento comum. A hipótese defendida é que a noção de precariedade formulada por Judith Butler pode ser tida como o fundamento dessas relações. Isso porque, a precariedade é uma condição generalizada que releva a nossa necessidade de outras pessoas a fim de suprir uma determinada falta. Assim, a precariedade engloba as necessidades fisiológicas e afetivas que temos de outras pessoas. A precariedade, portanto, revela que somos faltantes e incompletos. Desse modo, a generalidade da precariedade estimula a oposição à violência dirigida a outros, mesmo quando esses outros estão longe de nós ou não parecem compartilhar nenhum dos nossos valores. Isso em vista, a precariedade pode ser entendida como o fundamento das relações agonísticas, haja vista que ela é a rubrica que possibilita a união das mais diversas posições políticas e identitárias. Por fim, vale ressaltar, a relação entre precariedade e relações agonísticas revela o projeto butleriano de teorizar a coalizão como uma alternativa possível e desejável na política democrática.
Palavras-Chave: Antagonismo. Judith Butler. Precariedade. Relações Agonísticas.
4
Alécio de Andrade Silva
Mestrando (PPGFIL/UFPE)
E-mail: alecio.menefi@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Thiago Aquino (UFPE)
Theatrum Mundi: uma ontologia do cotidiano
Resumo: A partir das obras A Visão Existenciadora (1978) e A Artisticidade do Ser (1987), do filósofo brasileiro Evaldo Coutinho, defenderemos uma concepção ontológica de teatro por meio da qual o mundo é um palco onde a peça da vida acontece. Quais são as consequências dessa concepção? O cotidiano das pessoas ganha importância filosófica porque todas as ações humanas são descritas por meio de um sistema filosófico único. Trata-se do solipsismo inclusivo que tem o eu criador como substância fundamental para existenciar ou criar o mundo fisionômico. Desse modo, a própria realidade é artística e a morte assume uma dimensão universal porque é a passagem do Ser para o Não-ser. A segunda consequência é que a peça da vida expressa um caráter trágico da existência. O eu criador sabe de sua condição, do desfecho da peça e de suas implicações, mesmo assim ele segue o roteiro. Ao defendermos essa concepção ontológica da tese da teatralidade, traremos para o debate filosófico uma parte central da obra de Evaldo Coutinho que diz respeito à relação entre ontologia e estética. Portanto, apresentaremos um pensamento original que contempla as experiências cotidianas sem perder o rigor de sistema filosófico.
Palavras-Chave: eu criador. mundo fisionômico. solipsismo inclusivo. teatralidade.
5
Ana Flávia Felix Costa
Mestranda (PPGFil/UFPE)
E-mail: anaflavia.rp05@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Filipe Campello (UFPE)
AS TECNOLOGIAS DIGITAIS COMO FERRAMENTAS PARA A PRODUÇÃO DE AFETOS
Resumo: A presente pesquisa se configura como uma tentativa de compreender a produção dos nossos afetos em meio as tecnologias digitais. Há um tempo a tecnologia vem atuando como um dos principais agentes de transformação da sociedade. A partir disso, mudanças vêm ocorrendo nos mais diversos âmbitos; temos novas formas de conhecer, pensar, afetar e sermos afetados. A relação entre sujeito e tecnologia acaba se estreitando a partir do momento que o uso da tecnologia interfere nas ações e no modo como os sujeitos são afetados perante ela. Nesse sentido, surge a seguinte questão: de que forma, em meio às transformações tecnológicas e da imersão humana no mundo digital, a tecnologia pode interferir e impactar na subjetivação dos sujeitos e na produção de afetos? A presente pesquisa tem como pretensão investigar como os avanços tecnológicos vêm impactando os nossos afetos, as relações humanas e o modo de agir em comunidade diante de um mundo digital, além de analisar como a tecnologia pode interferir no processo de produção de subjetividade. A pesquisa terá como ponto focal leitura, análise e interpretação bibliográfica de pensadores dedicados a refletir acerca da Filosofia da Tecnologia, como Andrew Feenberg. Dito isto, a investigação filosófica aqui proposta visa contribuir de forma efetiva para uma melhor interpretação e compreensão do mundo contemporâneo que vem sendo transformado pelos avanços tecnológicos, principalmente ao que se refere as tecnologias digitais.
Palavras-Chave: Afetos. Filosofia da tecnologia. Subjetividade. Sujeitos.
6
Bruna Campano
Estudante do PPGFIL UNICAP
E-mail: bruna.2022609088@unicap.br
Orientadora: Profa. Dra. Eleonoura Enoque da Silva (PPGFIL/UNICAP)
INTERPRETAÇÃO DE MUNDO A PARTIR DAS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS
Resumo: Neste trabalho, apresentaremos as interpretações de mundo a partir de duas revoluções científicas: a primeira ocorrida com Galileu Galilei, no século XVII, em defesa da teoria do heliocentrismo e da construção das leis fundamentais da mecânica clássica para explicar o mundo macroscópico, e a segunda com Heisenberg, no início do século XX, com a construção da teoria quântica para explicar o mundo microscópico. O objetivo principal da nossa pesquisa é investigar nas obras de Galileu: “Mensageiro das Estrelas”, “O Ensaiador”, “Os Dois Máximos Sistemas do Mundo” e na obra de Heisenberg: “Física e Filosofia”, os conceitos e argumentos que serviram de fundamentos para esses autores construírem as suas teorias. Galileu não foi o único, embora seja o mais famoso, nem foi o mais dramático, embora nem por isso deixe de ser impressionante a violência legal nele exercida; nesse sentido, enquanto expressão jurídica de uma política cultural, ele é um processo político, assim como foi política toda a perseguição e aniquilamento da intelectualidade renascentista italiana, em nome de uma fidelidade – de um consenso juridicamente imposto – ao catolicismo e sua visão tradicionalista da cultura, para a qual toda dissensão ou heterodoxia livre era suspeita e condenável. Werner Heisenberg também não foi o único físico utilizar a Filosofia em sua teoria, não foi o primeiro e nem o último, porém, foi quem revolucionou a ciência com sua teoria quântica e quem mostrou que a filosofia estava presente em cada passo da sua teoria, os pensadores clássicos foram estudados para que ele pudesse concluir e fundamentar suas pesquisas e teses. Mostrando que a ciência não evolui sozinha, pois ela se construiu com a Filosofia.
Palavras-Chave: Filosofia. Linguagem. Revoluções. Ciência.
7
Bruno Henrique Lyra Lopes Barros
Graduando do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais. Departamento de Ciências Sociais – UFRPE
E-mail: brunohllb@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Farias de Souza Filho
SERIAM AS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS COMPATÍVEIS COM O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE JUSTA DE JOHN RAWLS?
Resumo: Em sua icônica obra, Uma Teoria da Justiça, John Rawls apresenta um método para determinar como uma sociedade justa alocaria seus bens primários, que por definição seria aquilo que todo indivíduo razoável desejaria minimamente possuir. A estratégia da posição original de Rawls supostamente levaria a uma maneira justa de distribuir esses bens, porém, uma sociedade justa também precisa determinar como as vítimas de injustiça histórica devem ser recompensadas. Parece muito intuitivo, aos que já conhecem o trabalho de Rawls, que sua teoria forneça o fundamento para políticas de ações afirmativas. Contudo, políticas de ações afirmativas podem parecer incompatíveis com o princípio da oportunidade justa de Rawls, segundo o qual desigualdades sociais e econômicas devem ser distribuídas de tal modo que postos e posições na sociedade sejam acessíveis a todos, sob condições de igualdade e oportunidades justas. O objetivo desta apresentação é analisar a teoria da justiça de Rawls à luz das políticas de ações afirmativas, de modo a demonstrar a plena compatibilidade do princípio da oportunidade justa com as políticas de ações afirmativas, em especial com as cotas para ingresso em cursos superiores. Por fim, será demonstrado que políticas de ações afirmativas, como as cotas públicas, não levariam a membros da sociedade a serem privados de bens primários, aos quais tem direito, conforme a teoria de Rawls.
Palavras-Chave: John Rawls. Teoria da Justiça. Ações Afirmativas. Princípio da Oportunidade Justa. Bens Primários.
8
Bruno Lemos Hinrichsen
Doutorando em Filosofia pela Universidade de Coimbra.
E-mail: brunohin@gmail.com
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco, Especialista em Ensino de Filosofia pela UNIVISA, bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco, com período de mobilidade na Eberhard Karls Universität Tübingen (WS 2012/13), e bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco. Investigador colaborador no Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra e pesquisador no grupo de pesquisa Normas, Máximas e Ação da Universidade Católica de Pernambuco.
A noção fenomenológica de ‘gesto’ a partir do conceito de ‘Gebärde’ no pensamento de Martin Heidegger
Resumo: A palavra ‘gesto’ é de pronto compreendida e um gesto é facilmente identificado como um movimento corporal que expressa algo, sinaliza e deixa ler e colher o significado gestual gestado enquanto gesto. O gesto é algo de acordo com o que se abre um horizonte significativo e no qual ele é sinalizado. Não obstante, em seu texto de 1953/54, De um diálogo sobre a linguagem (Aus einem Gespräch von der Sprache), Heidegger alerta sobre a dificuldade de se dizer o que se expressa em um gesto, a partir das diferenças contextuais gesticuladas. Parece interessante que Heidegger, apesar de reconhecer a corporalidade do gesto, discuta-os, ao menos de modo fulcral, em obras dedicadas à linguagem, como é o caso, por exemplo, de A linguagem (Die Sprache) e A essência da linguagem (Das Wesen der Sprache). Já sobre a corporalidade do gesto, Heidegger tematiza-a de forma direta no Seminário de 14 de maio de 1965, apresentado na casa de Medard Boss. Apesar de tematizada tão somente em 1965, os textos anteriores já abordam, ainda que não diretamente, a corporalidade gestual. Ela está presente, por exemplo, no texto de 1953/54, conquanto o que incita o diálogo é a diferença dos gestos entre os dialogantes (o japonês e o europeu inquisidor), a partir do exemplo do filme Rashomon, de Kurosawa. Vale notar que o termo alemão utilizado por Heidegger para falar dos gestos é ‘Gebärde’ e não o correlato latino ‘Gestus’. Do mesmo modo, utiliza-o em sentido verbal, nas formas ‘gebärden’ (gesticular) e ‘gebären’ (gestar). A questão passa a ser, então, o que está a se gestar no gesto? Diante desse problema questiona-se quais as implicações da compreensão de gesto enquanto Gebärde no pensamento heideggeriano.
Palavras-Chave: Linguagem. Movimento. Corporalidade. Mundo. Habitação.
9
Cecília Barbosa da Silva
Estudante de Filosofia (UNICAP) em PIBIC-UNICAP
E-mail: cecilia.00000829518@unicap.br
Orientadora: Profa. Dra. Eleonoura Enoque da Silva (Professora dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Filosofia da UNICAP)
O PROGRAMA EPISTEMOLÓGICO DE HEISENBERG
Resumo: O trabalho discute a obra "Física e Filosofia" de Werner Karl Heisenberg, físico teórico alemão responsável pela criação da Mecânica Quântica, que teve grande impacto não só na física, mas também na filosofia da ciência. A pesquisa pretende examinar os embates e diálogos de Heisenberg com outros físicos e filósofos da época, bem como os problemas e interpretações colocados por ele na obra, como os problemas teóricos, conceituais e da linguagem na física moderna. Os capítulos 3, 8 e 9 do livro são examinados em detalhe, pois tratam, respectivamente, da interpretação de Copenhague da Teoria Quântica, das críticas e contrapostas a essa interpretação e da relação da teoria quântica com a estrutura da matéria. Esses capítulos são relevantes para entender o desenvolvimento e as discussões das ideias filosóficas e físicas que sustentaram a descoberta da teoria quântica. Heisenberg destaca a importância da dissolução de problemas conceituais em relação às teorias ondulatórias e corpusculares da luz na física moderna e faz uma reflexão sobre a linguagem utilizada pelos físicos e filósofos da época, que gerou mal-entendidos na busca por uma linguagem geral e axiomática para a teoria quântica. A pesquisa também argumenta que as reflexões de Heisenberg são profundamente filosóficas e contribuem para compreender o desenvolvimento da teoria quântica que revolucionou os alicerces da ciência no início do século XX.
Palavras-Chave: Filosofia. Física. Linguagem.
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Cicero da Silva Lima Sobrinho
Graduando em filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
E-mail: cicero.limasobrinho@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Érico Andrade (UFPE)
Èsù e o discurso: por uma epistemologia èsùistica
Resumo: Esta pesquisa tem um caráter de retorno, tem o papel de colocar a perspectiva Yorùbá, especificamente dos seus descendentes em diáspora no Brasil, o que se entende por conhecimento. Se partirmos dos axiomas da cultura Yorùbá, podemos perceber que o conhecimento é construído de uma forma coletiva e sem hierarquização dos saberes, através dos encontros interpessoais/intrapessoal. A nossa proposta é trazer para o bojo da discussão da teoria do conhecimento outra perspectiva. Iremos usar o símbolo de Èsù como pedra fundamental da epistemologia, e o seu papel comunicacional no mundo. Iremos ampliar a discussão da filosofia e trazer uma visão pluriversal do que é conhecer, indo de encontro ao “milagre grego” e negando toda e qualquer possibilidade de universalização, por entendermos que dessa maneira estaremos negando também outros ser/estar no mundo; chegamos para adicionar mais um entendimento do que seja conhecer. Usando a encruzilhada como alegoria para as relações que se estabelecem no àiyé. Sendo ela, a encruzilhada, propriedade de Èsù, o lugar de encontros e desencontros, conflitos e construções. O lugar de trocas. Laroye!
Palavras-Chave: Encruzilhada. Epistemologia. Teoria do conhecimento. Yorùbá.
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Edson Gonçalves da Silva
Mestre em Filosofia pela UFPE
E-mail: edsonsilva.filo@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Marcos Roberto N. Costa (UFPE)
A EPISTEME DA ALMA APÓS A CORRUPÇÃO DO CORPO SEGUNDO TOMÁS DE AQUINO
Resumo: A pesquisa procura demonstrar a condição natural do intelecto após a corrupção do corpo físico de conhecer e elaborar saberes novos. Visto que importantes estudiosos trataram direta ou indiretamente a respeito do assunto pretendemos apresentar que não obstante ao corpo cumprir seu telos em vida, ou seja, nascer, se desenvolver e morrer, a alma intelectiva que parece lhe dar sentido, não lhe é solidária quando se trata de beber do líquido da morte. Enquanto isto, Tomás de Aquino faz uma relação entre a morte e a vida na qual aquela está para a vida e esta está para à existência. Estão abordadas no texto questões como a origem, formação, união com o corpo físico, conhecimento e imortalidade da alma. Para além disso, ressaltamos os pontos principais referentes a autoconsciência e ao conhecimento inteligível. Reflexões de como fica o conhecimento adquirido depois que o intelecto perde os sentidos do corpo ou como é possível o intelecto permanecer em operação sem a intervenção do mundo físico, são explanadas. No entanto, sem a pretensão de afirmar ou negar categoricamente as questões citadas, tomamos o cuidado de manter à parte qualquer sentimento que porventura venha se apresentar como um viés religioso. Assim, mostramos as convergências e divergências das antropologias tomista e aristotélica. Procuramos explicar o processo de conhecimento do homem em Tomás de Aquino e qual a importância da alma neste ponto. Por fim, enfatizamos a subsistência da alma e sua progressão após a corrupção do corpo. Optamos como ponto de partida os filósofos que definiram a “Alma” a partir das próprias observações naturais. Em seguida os que ampliaram os estudos e as definições mais contemporâneas.
Palavras-Chave: Tomás de Aquino. Alma. Corpo. Conhecimento.
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Ênio Roberto Bezerra Soares
Mestrando em Filosofia pela UFPE
E-mail: enio.soares@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Richard Romeiro (professor adjunto da UFSJ e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFPE)
LÓGOS E MITO: O PARALELISMO ENTRE SÓCRATES E ER NA REPÚBLICA
Resumo: O mito é uma ferramenta de memória social, de conservação e transmissão dos traços de uma coletividade. Esse tipo de discurso se revela nuclear na estrutura dos diálogos de Platão. A narrativa mítica platônica atua em sinergia com o lógos, auxiliando-o. Analisando esse trabalho cooperativo entre lógos e mito na filosofia platônica, defendemos um paralelo entre dois personagens da República: Sócrates, principal personagem e expositor das teses platônicas no diálogo, representante do discurso filosófico, do lógos; e Er, personagem do relato final que encerra a obra, representante do mito filosófico, discurso narrativo verossímil fundado em imagens e representações. Esse paralelismo é fundado em três conexões textuais. A primeira, em função da linha de significado da descida (katábasis) e subida (anábasis) percorrida pelos personagens. Essa linha representa o próprio movimento ou modo de proceder do filósofo. A segunda, da eleição de Sócrates e Er como novos mensageiros do discurso verdadeiro. A terceira, do retrato feito por Platão dos dois personagens como auxiliadores da comunidade. Demonstraremos que essas conexões são verdadeiras, concluindo-se pelo espelhamento entre Sócrates e Er. Esse paralelismo permite uma interpretação unitária do diálogo A República que se contrapõe às visões que consideram os Livros I e X como independentes e em separado. Ele também possibilita esclarecer as razões que levaram Platão a utilizar o discurso mítico como ferramenta filosófica. Desse modo, defendemos que o mito platônico não pode ser remetido a uma categoria epistemológica inferior e privada de qualquer racionalidade.
Palavras-Chave: Lógos. Mito. República. Paralelismo.
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Fábio Gabriel Tavares Praxedes
Graduando em Filosofia pela UFPE. Bolsista PIBIC/Propesqi/UFPE)
E-mail: fabio.gabriel@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Marcos Silva (UFPE)
Por um niilismo de gênero: uma leitura pragmatista sobre o uso de categorias identidade de gênero
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo defender que apesar de não ser suficiente, abolir o uso de categorias de identidade de gênero é condição necessário rumo ao fim da discriminação de gênero. A partir de uma abordagem inferencialista conceitual brandomniana, para que se aprenda um conceito, é preciso dominar o seu uso. Além disso, ao usarmos dado conceito estamos nos comprometendo implicitamente com uma série de inferências relacionadas a este conceito, uma vez que conceitos não são aprendidos isoladamente. Dessa forma, ao utilizarmos termos de identidade de gênero, como "mulher", estamos nos comprometendo com uma série de inferências relacionadas, tais como o que significa ser mulher e o que significa não ser mulher. Contudo, algo como a fixação de um significado do que significa ou não ser mulher acarreta uma série de consequências nocivas. De maneira que, caso seja articulada uma tentativa de definir o que ser mulher significa, muito dificilmente tais critérios não poderiam ser usados para validar transfobia. E caso seja defendido uma ampliação dos critérios de adequação de indivíduos ao conceito de mulher ao ponto que basicamente qualquer indivíduo possa ser abrangido pelo termo, as categorias de identidade de gênero perdem seu significado. Assim, ao conceber que tanto o significado de conceitos, quanto a necessidade de uso dos mesmos não está dada, propomos que a perpetuação e manutenção do uso de categorias de identidade gênero é ela mesma nociva, sustentando-se em grande medida na perpetuação da discriminação de gênero.
Palavras-Chave: Epistemologia. inferencialismo semântico. niilismo de gênero. pragmatismo.
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Felipe Vasconcelos De Sousa
Graduando em Filosofia na UFPE.
E-mail: felipe.vsousa@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Thiago André de Moura Aquino (UFPE)
A questão do Homem em Confúcio e Mozi (Mestre Mo)
Resumo: O presente trabalho pretende abordar a questão do Homem, Ser Humano, nos pensadores chineses Confúcio e Mozi, pensadores que datam do século 6 e 5 A.C., numa época chamada de Primaveras e Outonos, na qual ocorriam diversas mudanças e conflitos, que influenciaram seus pensamentos. Com isso busca-se entender como esses pensadores, entendiam o Ser Humano, através de uma análise comparativa, e que implicações essa perspectiva acerca do Ser Humano pode contribuir para a filosofia contemporânea, talvez possibilitando um novo entendimento possível para o Ser Homem. Confúcio e Mozi possuem ideias próximas e ao mesmo tempo discordantes, tendo buscado apresentar acerca de uma formação humana, que pode ser compreendida nos autores como uma atividade ética, mas que acabaram também desenvolvendo um caráter ontológico em suas buscas, pois terminam por atribuir características ao Ser Humano. Os dois pensadores mantêm aspectos míticos em suas analises, porém diferem no uso e na aceitação desses aspectos, pois enquanto Confúcio era herdeiro de uma nobreza em decadência, Mozi era um camponês que pode estudar, levando assim eles a diferentes formas de se relacionarem com a questão do Ser Humano. Suas vidas fazem-se reflexo de suas ideias, por isso não é possível analisar suas filosofias sem que se entenda suas histórias.
Palavras-Chave: Confúcio. Ética. Filosofia chinesa. Mozi. Ontologia.
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Flávio Aires Câmara
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
E-mail: flavioacamara79@gmail.com
Orientação: Prof. Dr. Thiago André de Moura Aquino (PPGFil-UFPE.)
O conceito de razão em Theodor W. Adorno: sua liberação pelo afeto do amor
Resumo: Depois de elaborar uma crítica à razão ocidental, esboçada na Dialética do Esclarecimento (DE), Theodor W. Adorno teria invalidado qualquer formulação elaborada por ela, consolidando, por conseguinte, uma reputação de pessimista. Quando a razão esclarecida consolidou-se assumindo o lugar do mito, ela acentuou o medo na modernidade, num período de ampla promessa de emancipação humana. Virgínia Helena, aliás, enfatiza que a DE é povoada por aquele sentimento e suas derivações regressivas (pavor, ódio, terror etc.). Por outro lado, quem localizou Adorno numa posição niilista, deixou de acompanhar as tentativas dele de encontrar uma alternativa à razão esclarecida. Adorno propõe, não obstante, um tipo de racionalidade marcada ainda pela lógica hegeliana, embora acentue a contradição dialética, mas sem localizar qual o tipo de afeto predomina no seu modelo, como fica indicado na DE. Jean-Marie Gagnebin afirma, entretanto, haver uma relação menos repressiva, bem mais amistosa, entre sujeito e objeto, atraídos um pelo outro, assim como um amante é atraído pelo amado e vice-versa. Ela situa suas afirmações na Teoria Estética, encontrando no sentimento do amor a capacidade de fornecer a razão uma aproximação com o mundo orientada pela empatia e generosidade. A pesquisa aponta, portanto, que o afeto do amor aparece na obra de Adorno selecionada, desde sua tese de habilitação na juventude sobre Kierkegaard, até seus estudos mais maduros, saber: é um tema bastante frequente na sua carreira filosófica e que posiciona, por sua vez, seu modelo de racionalidade acomodado ao amor. Outrossim, a pesquisa desloca o pensamento de Adorno para um lugar mais preocupado com a liberação da sensibilidade, engajado na busca por liberdade, após a atuação das inclinações afetivas no íntimo da razão, capaz de assumir uma práxis mais solidária na organização da vida humana.
Palavras-Chave: Adorno. amor. razão. liberdade. medo.
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Francisco Santana de Lima
Mestre em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP; Bacharel em Direito pela mesma instituição.
E-mail: franciscosantana15@hotmail.com
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E O DEVER DE CUIDAR EM MICHEL FOUCAULT
Resumo: Este escrito acadêmico tem por finalidade abordar o tema referente à dignidade da pessoa humana e o dever de cuidar em Foucault, destacando os principais conteúdos históricos, filosóficos e jurídicos. Para tanto, sabe-se que a dignidade humana está diretamente ligada à valores absolutos e inegociáveis pertencentes a todos os homens, independente da situação que este se encontre. A tese em comento, está dividida em três capítulos. O primeiro, menciona o conceito de dignidade humana sob o ponto de vista jurídico e filosófico, tratando-se de um conjunto de normas e valores, éticos e morais, que visam garantir aos homens direitos mínimos, tais como à vida, à liberdade, à segurança, aos valores sociais do trabalho, à propriedade e à igualdade, objetivando uma existência digna e honrada em determinada sociedade. Ato contínuo, é de suma importância destacar a evolução histórica do conceito de dignidade humana e os principais diplomas jurídicos que protegem os direitos inerentes à dignidade humana. O segundo capítulo tem como título o corpo como objeto da pena, trazendo à luz, práticas vexatórias conhecidas como suplícios, que aconteciam nas principais praças públicas europeias do século XVIII. Por derradeiro, o terceiro capítulo menciona acerca da disciplina e o dever de cuidar. Com base nos escritos, conclui-se que, em linhas gerais, todos os homens são detentores de dignidade e merecem ter resguardados os seus direitos, principalmente quando forem achados em falta perante a lei, ainda que a sociedade os tratem de forma vil e cruel, caberá ao Estado garantir a dignidade de cada indivíduo, gerando assim a obrigação referente ao dever de cuidado.
Palavras-Chave: Foucault. dignidade. pessoa. cuidado.
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Gildemarks Costa e Silva
Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UNICAP
E-mail: gildemark@yahoo.com.br
Orientador: Prof. Dr. Delmar Cardoso (UNICAP)
TECNOLOGIA E RESPONSABILIDADE NO PENSAMENTO DE ANTÔNIO PEDRO DE FIGUEIREDO
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a conexão tecnologia e responsabilidade no pensamento de Antônio Pedro de Figueiredo. O problema envolve a emergência da tecnologia enquanto sistema e a consequente dissolução da responsabilidade. A dimensão filosófica remete à possibilidade da existência de critérios éticos para o desenvolvimento tecnológico a partir da dimensão da responsabilidade humana em relação à tecnologia. As questões da pesquisa são: a) qual a compreensão da tecnologia no pensamento de Figueiredo? b) qual a noção de responsabilidade no pensamento do autor? Em síntese: qual a conexão que Figueiredo estabelece entre tecnologia e responsabilidade? O trabalho articula as dimensões lógica e histórica da análise filosófica e se inspira, do ponto de vista teórico-metodológico, na hermenêutica pluritópica. As fontes se concentram nos textos da revista O Progresso e do folhetim A Carteira de autoria do filósofo pernambucano Antônio Pedro de Figueiredo. A hipótese é de que há no pensamento de Figueiredo uma crítica filosófica da tecnologia e, da mesma forma, uma relevante contribuição teórica para pensar o conceito de responsabilidade e sua relação com a tecnologia.
Palavras-Chave: Tecnologia. Responsabilidade. Antônio Pedro de Figueiredo. Filosofia.
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Gilvan José Silva do Nascimento
Mestrando em Filosofia (PPGFil/UFPE)
E-mail: nascimentogilvan1974@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Sandro Cozza Sayão (UFPE)
O MÉTODO INTUITIVO COMO JUSTIFICATIVA PARA UMA EPISTEMOLOGIA LEVINASIANA
Resumo: Na tradição filosófica ocidental há uma aproximação entre a ontologia e epistemologia de modo que os limites que as separam são difíceis de reconhecer. O reconhecimento dessa relação próxima entre ontologia e epistemologia, característica do pensamento occidental, é crucial para a pesquisa cujo objetivo é responder a seguinte pergunta: É possível admitir uma epistemologia Levinasiana? O questionamento proposto atrela o elemento ético ao conhecimento, e em decorrência à ontologia. A principal tese de Levinas apresenta a ética como fundamental, enquanto a ontologia é uma violência. Pois, entre outros movimentos, o ato de dizer o Ser, é uma ação que pretende calar o Outro, criando-se assim uma relação de dominação. Porém, na obra Totalidade e Infinito, Ensaio sobre a exterioridade, o autor dedica um capítulo à Verdade e Justiça, relaionando assim ética e conhecimento. Significativa parcela dos comentadores de Levinas, defendem a impossibilidade de justificar uma epistemologia de fundamento ético. Assumir esta posição, significaria admitir a tese da violência ontológica. Mas, no capítulo Verdade e Justiça, Levinas apresenta um rascunho de uma epistemologia. Então, a possibilidade de conhecer através da ética já está presente, de modo periférico, no pensamento de Levinas. Com base nisto, a hipótese que apresentamos é que a aporia defendidada pelos comentadores resulta de um problema de método. A partir desse ponto, é preciso propor uma solução à relação sujeito x objeto, denunciado por Levinas. Acredito que a solução ao problema identificado seria abandonar o Método Cartesiano como base do conhecimento e fundar uma epistemologia da ética, a partir do Método Intuitivo proposto por Henri Bergson. Neste caso, ao sugerir que o problema da pesquisa é de ordem metodológica, e indicar como solução a intuição bergsoniana; é preciso identificar os pontos de contato entre os principais conceitos relacionados à teoria do conhecimento dos dois filósofos.
Palavras-Chave: Ética. Epistemologia. Levinas. Bergson.
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Guilbert Kallyan da Silva Araújo
Psicólogo clínico (CRP 02/27050) e estudante do programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil) da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
E-mail: guilbertkallyan@gmail.com
Orientador: Professor associado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e presidente da Associação
Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF)
Profilaxia da Alienação Colonial: implicações do pensamento filosófico de Frantz Fanon para a psicanálise
Resumo: A Psicanálise, enquanto arcabouço teórico, clínico, metodológico, técnico e ético, abriu portas para compreensão dos fenômenos da ordem do inconsciente humano. Entretanto, esta se consolidou obstante uma compreensão dos processos de diferenciação que foram engendrados mediante consolidação da sociedade capitalista através do colonialismo, de modo que sua apreensão acerca dos processos de racialização se acentuam enquanto uma lacuna, visto que está alicerçada em uma compreensão de humano europeizado, negligenciando a questão colonial como uma determinante de subjetivação. Este trabalho se dispõe a descrever o processo de subjetivação da pessoa negra através dos escritos de Frantz Fanon, visando preencher as históricas lacunas psicanalíticas através da conceituação de processos centrais que são consequências diretas do processo de outrificação sob o qual a pessoa negra está circunscrita. Objetivando compreender a dimensão dos processos de subjetivação que são mediados pelo colonialismo, utilizando a abordagem sociogênica proposta por Fanon, buscou-se apreender o papel do colonialismo enquanto condição histórica determinante dos processos de desenvolvimento subjetivo e das formas de sofrimento da população negra, traçando uma genealogia conceitual dos conceitos chaves de sua obra, sendo: outrificação, alienação, inferiorização, epidermização e sociogênese. Permitindo compreender o processo de alienação do negro enquanto um determinante que imputa neste um caráter de sofrimento específico, de ordem racial e que se perpetua nas mais diversas ordens: objetivas e concretas (estado, desigualdade social, etc) e subjetivas (sofrimento racial mediante neurose colonial, configuração da negrura mediante interdição da branquitude na construção fantasmagórica do Eu-Negro interditado pela referenciação de si à brancura), de modo que a descrição da sociogênese enquanto ponto de ruptura da compreensão do sujeito abriria novas possibilidades de compreensão do ente humano no campo psicanalítico.
Palavras-Chave: psicanálise. colonialismo. Frantz Fanon. sociogênese.
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Gustavo Fontes
Doutor em Filosofia pela UFPR. Graduado pela UFPE.
E-mail: fontesholanda@gmail.com
Tese financiada pela CAPES.
Pensamento ameríndio como práxis dialética
Resumo: Nesta apresentação se propõe uma discussão sobre o pensamento e as ações dos povos indígenas brasileiros pela garantia de seus direitos: à vida, à autonomia, ao usufruto exclusivo de seus territórios ancestrais; enquanto uma dimensão do debate filosófico alijada dos debates acadêmicos. Tendo em mente que aí estão colocadas questões relacionadas a filosofia política, metafísica e epistemologia, cruciais para o futuro do planeta e da humanidade. Neste sentido, pretendemos trazer conceitos como o da “proposta cosmopolítica” de Isabelle Stengers (2014); da “guerra de mundos” de Bruno Latour (2015), em diálogo com as colocações de dois dos maiores pensadores indígenas da atualidade: Ailton Krenak (o eterno retorno do encontro, 1999; Ideias para adiar o fim do mundo, 2019) e Davi Kopenawa (A queda do Céu, 2015). Entendendo que esses pensadores trazem questões fundamentalmente filosóficas para o debate contemporâneo, tendo em vista particularmente o fenômeno mundial hoje amplamente reconhecido pelo meio científico através do conceito de Antropoceno (Crutzen, 2000). Propomos assim uma entrada na questão do pensamento indígena no debate filosófico contemporâneo, tendo em vista suas contribuições históricas – como na estruturação da pauta dos direitos humanos; de maneira a fomentar novas pesquisas e investigações sobre o tema.
Palavras-Chave: Pensamento indígena. Cosmopolítica. Antropoceno.
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Hemerson Luan Farias de Barros
Graduado e mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
E-mail: hemersonluanbarros@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Marcos Roberto Nunes Costa (UFPE)
Bolsista CAPES.
A PARVA LOGICALIA EM PEDRO HISPANO E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA UMA LÓGICA MEDIEVAL
Resumo: A partir da segunda metade do século XII, algumas novas temáticas surgiram nos manuais escolásticos de lógica, como a doutrina das propriedades dos termos, que formam um conjunto de tratados chamados de parva logicalia. Uma das preocupações concernentes aos tratados da parva logicalia giram em torno das propriedades semântico-referenciais dos termos, ou seja, o exame de como os termos das proposições funcionam para determinar a verdade ou a falsidade das proposições nas quais eles estão contidos. Na obra Summule logicales, o filósofo Pedro Hispano apresenta seis tratados referentes a parva logicalia, os tratados sobre a suposição, relação, ampliação, apelação, restrição e distribuição, que visam capturar o fenômeno da variação semântica solicitado por diferentes contextos proposicionais. Esta comunicação pretende discutir como estes tratados marcam uma contribuição medieval ao pensamento lógico aristotélico.
Palavras-Chave: história da lógica. filosofia da linguagem. Pedro Hispano
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Itaiara Iza Simplício da Silva
Mestranda de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
E-mail: itaiara.iza@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Federico Sanguinetti (UFRN)
Bolsista da CAPES
LÉLIA GONZALEZ: O CONFRONTO AO MITO DA DEMOCRACIA RACIAL
Resumo: Uma das estratégias utilizadas para mascarar a subalternização de determinados corpos no Brasil, principalmente a partir da década de 1930, foi a propagação da imagem de uma “democracia racial”, isto é, a concepção de que existia harmonia nas relações raciais, devido à miscigenação dos povos. Na prática estavam explorando ou exterminando negros e indígenas, enquanto na teoria falavam em paraíso racial. Lélia Gonzalez, filósofa brasileira, refuta isso ao afirmar que, na verdade, se trata do mito da democracia racial, tendo em vista que a miscigenação é consequência da violentação dos corpos das mulheres negras e indígenas. Com intuito de analisar as consequências do mito da democracia racial, este trabalho pretende apresentar as críticas feitas por Gonzalez, presentes no livro Primavera para as rosas negras, tanto ao Gilberto Freyre e a sua perspectiva do lusotropicalismo, como aos interesses políticos e econômico vigentes. Para tanto, se faz necessário dialogar com Abdias Nascimento e Florestan Fernandes, pelas suas contribuições intelectuais sobre a temática. Gonzalez, Nascimento e Fernandes mostram as falhas no pensamento de Freyre, ao defender a existência de boas relações entre portugueses e povos colonizados, inclusive omitindo os estupros no processo de formação nacional. Florestan Fernandes alerta que a miscigenação, propagada como mecanismo que possibilitou a integração social no Brasil, é uma farsa. E, conforme Abdias Nascimento, o que foi vendido como “democracia racial”, era um assunto a ser evitado para a realidade social permanecer ocultada, ou seja, uma estratégia para a classe dominante mascarar a opressão racial. Por fim, apresentamos as críticas de Gonzalez sobre as propostas de redemocratização, quando nem sequer houve uma democratização brasileira, considerando que negros, indígenas e mulheres, foram colocados às margens da sociedade.
Palavras-Chave: Mito da democracia racial. Miscigenação. Democratização.
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Jefferson Silva de Santana
Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
E-mail: jefferson5684@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. João Evangelista Tude de Melo Neto (UFRPE/UFPE)
NIETZSCHE E DOSTOIÉVSKI: UMA ANÁLISE HERMENÊUTICA ACERCA DO NIILISMO EM OS IRMÃOS KARAMÁZOV
Resumo: Tomando por base a incursão genealógica feita pelo filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) à metafísica ocidental, analisaremos o conceito de niilismo dentro da obra Os Irmãos Karamázov do escritor russo, Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821 –1881). A partir de um aprofundamento hermenêutico, no centro da questão está a ponte entre o indivíduo niilista exposto por Dostoiévski, analisado por Nietzsche e suas respectivas aproximações e distanciamentos. Tomaremos como ponto de partida o antagonismo entre o ateísmo de Ivan Karamázov e a fé constantemente renovada através da provação de Aliócha Karamázov. Teremos como base dois capítulos centrais na obra do escritor russo: A Revolta e O Grande Inquisidor. Em A Revolta, o fio condutor do raciocínio é o dilema inevitável, aquilo que o filósofo italiano Luigi Pareyson chamou de “o sofrimento inútil e o fracasso da criação”. Como analogia para fundamentar essa colocação de Pareyson dentro do texto, Dostoiévski nos apresenta através de Ivan um exemplo que remonta a teologia cristã desde os seus primeiros dias: o pecado como uma forma inútil de punição futura. No capítulo seguinte intitulado O Grande Inquisidor, Ivan faz uma nítida denúncia acerca daquilo que podemos chamar de fracasso da redenção, ora, se Deus não é eficiente na criação, logo, Ele não poderia ser no que diz respeito à redenção, já que todo sofrimento ao invés de dar ao homem uma recompensa divina, apenas serviria para intensificar uma dor inútil que o colocaria sobre os ombros da liberdade. A questão é: mostrar a partir de uma análise hermenêutica dos escritos que aquilo que um escreveu repercutiu no pensamento do outro de alguma forma trazendo sintomas profundos aos nossos dias. Dostoiévski desempenha papel preponderante dentro da filosofia de Nietzsche em concordâncias e discordâncias, mesmo nunca tendo encontrado o romancista russo pessoalmente.
Palavras-Chave: Nietzsche. Dostoiévski. Niilismo.
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João Jânio da Silva Lira
Mestrando do PPGFIL/UFPE. Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (SEDUC-AL). Programa VIRTUS.
E-mail: joao.janio2016@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Sandro Cozza Sayão (UFPE)
História da loucura como um “tratado policial” em Michel Foucault
Resumo: Muito se tem estudado a obra História da loucura (1961) do filósofo Michel Foucault dada sua contribuição no campo das arqueologias das ciências humanas e sua importância no entendimento acerca do que seja a loucura. É de se imaginar que dada a estatura dessa obra, tudo - ou quase tudo - se tenha extraído dela. Por outro lado, pouco se tem estudado, com exceção de Vigiar e punir, o conceito de polícia na bibliografia foucaultiana, embora esse conceito também tenha muito a nos dizer sobre o nascimento da polícia, sua função e antinomias, e como como Foucault nos ajuda a pensar a instituição policial nos dias atuais ulterior aos muros das próprias instituições policiais. Menos ainda é a atenção dada à relação entre o livro de 1961 e o conceito de polícia desenvolvido nessa obra. Portanto, visando trazer a debate tais questões iremos nesta pesquisa apresentar a leitura do texto de 61, dando atenção ao conceito de polícia, tema ainda pouco discutidas pelos intérpretes de Foucault. Nossa pesquisa, portanto, busca abranger os estudos que se fazem sobre Foucault acerca do conceito de polícia, partindo da reflexões desenvolvidas na obra fruto do doutorado do pensador francês. A hipótese sustentada é que História da loucura possui elementos que permitem interpretá-la como um “breve tratado policial” em Foucault.
Palavras-Chave: Foucault. História da loucura. polícia.
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Jorge Waquim
Mestrando do PPGFIL/UFPE
E-mail: jorgewaquim@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. João Evangelista Tude de Melo Neto (UFRPE/UFPE)
A vontade de potência considerada a partir da noção de perspectivismo em Nietzsche e em Deleuze
Resumo: O par conceitual “forças ativas” e “forças reativas” deduzido por Deleuze a partir das noções de Nietzsche tem sido objeto de inúmeras críticas por não ser proposto diretamente pelo autor alemão em sua obra. Vamos testar a hipótese da pertinência dessa interpretação deleuziana do pensamento nietzschiano por meio da noção de perspectivismo em um e outro autor. Pensamos que essa noção pode servir de baliza relevante para a nossa análise. Em Nietzsche, o perspectivismo é uma questão de juízo, mas este não guarda uma relação vericondicional com o mundo e, portanto, não depende do mundo para ser validado como verdadeiro ou falso. Para o filósofo alemão, o que importa é se o juízo que o ser faz do mundo promove e conserva a vida. A validade do juízo que ele faz do mundo ao seu redor está fortemente relacionada à possiblidade de sua sobrevivência. A concepção de Gilles Deleuze do perspectivismo tem suas raízes nesse pensamento nietzschiano e mantém uma estreita vinculação com a “imagem do pensamento”. Nesta, o que importa são “sentido” e “valor”. Esses elementos são determinados pelas forças/vontade de potência. O pensamento e o juízo são perspectivos, ou seja, são resultantes dessas forças em ação. Deleuze, para isso, convoca o par conceitual que ele enxerga no filósofo alemão: forças ativas e forças reativas. Desta maneira, o pensamento do escravo pertence à categoria das forças reativas e é construído a partir delas. Por sua vez, o juízo que os nobres fazem do mundo segue a categoria das forças ativas. E, no entanto, nenhum desses dois juízos é absoluto, pois, segundo o filósofo francês, ativo e reativo são categorias que emergem no contexto do embate entre as forças e, portanto, são perspectivistas. Essa pode ser a demonstração da pertinência da interpretação deleuziana.
Palavras-Chave: perspectivismo. vontade de potência. Nietzsche. Deleuze.
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José Cleber Leandro Duarte
Psicólogo e mestrando em Filosofia (PPGFIL/UFPE)
E-mail: cleberpsicologia1992@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Bernardo Lins Brandão (UFMG)
A ESCRITA COMO EXERCÍCIO ESPIRITUAL: uma leitura sobre o Marco Aurélio de Pierre Hadot
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a interpretação de Pierre Hadot sobre a obra de Marco Aurélio. Na visão de Pierre Hadot, escrever as Meditações foi uma das formas em que Marco Aurélio buscou exercitar a filosofia, sendo assim escrever é um exercício espiritual. A expressão exercício espiritual corresponde a uma prática que influencia e transforma personalidade do sujeito. Ao escrever, Marco Aurélio exerceu a arte de persuadir a si mesmo, evocou os dogmas fundamentais do estoicismo, consequentemente suas representações e ações mudaram. Seguindo esta linha de compreensão, este trabalho abrange perspectivas intelectuais e morais, sobretudo no que diz a respeito da intepretação hadotiana da filosofia como maneira de viver.
Palavras-Chave: exercícios espirituais. maneira de viver. escrita. hypomnemata. estoicismo.
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Joseilton Nunes da Silva
Especialista, em filosofia moderna e contemporânea, pela UMESP. Mestrando do PPGFil - UFAL.
E-mail: joseilton.filosofia@gmail.com
Orientadora: Profª Drª Cristina Amaro Viana (UFAL).
Bolsista CAPES.
A IDEIA DO INFINITO EM EMMANUEL LEVINAS: UMA INTRODUÇÃO
Resumo: O projeto filosófico da modernidade, centrado na figura do sujeito, e de um sujeito centrado em sua racionalidade, procurou compreender o homem em sua manifestação no mundo a partir do uso de sua razão. Desse modo, desenvolve-se a corrente racionalista sob o princípio de que tudo é possível através da razão. Além de Platão, na antiguidade clássica, encontramos expoentes também na filosofia moderna que deram forte relevância à razão. Foi seu expoente mais agudo na modernidade, René Descartes. Com Descartes, as estruturas da filosofia são postas em crise, justamente porque os filósofos – principalmente os escolásticos - não eram unânimes em seu entendimento das teses filosóficas defendidas e comentadas nos círculos de debates. Como tentativa de reformular a filosofia, Descartes mergulhou fundo em sua reflexão a ponto de nesta reflexão, ancorar na ideia de infinito atrelando-a a marca do criador em nós. Ora, a ideia de infinito proposta por Descartes, como marca do criador em nós, deu embasamento sistemático para que Levinas pudesse aprofundar e escancarar a deficiência cartesiana do termo e, a partir daí, vincular a ideia de infinito ao rosto do outro homem. Este rosto que se apresenta está exposto e, ao mesmo tempo, entregue às intempéries, inclusive, ao desejo. Desejo que Levinas vai desenvolver e apresentar-lhe como desejo infinito, desejo insaciável pela face de outrem.
Palavras-Chave: Descarte. infinito. rosto. desejo.
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Joseque Moysés Barbosa Vilela Borges
Aluno do Curso de Mestrado da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP.
E-mail: joseque.2021609172@unicap.br
Orientador: Prof. Dr. Delmar Araujo Cardoso (Professor em cursos da graduação e do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UNICAP)
FILOSOFIA E TEOLOGIA: SUA ESTREITA RELAÇÃO E DISTINÇÃO NO PENSAMENTO MEDIEVAL
Resumo: Este trabalho versa sobre a relação existente entre filosofia e teologia, bem como a distinção entre as mesmas. Busca-se apresentar, por meio de pensadores medievais desde o movimento patrístico, por meio de pensadores como Justino e Clemente, ao período da Escolástica, com Santo Tomás de Aquino, que a fé e a razão não se opõem nem são opostos. Muito pelo contrário, na concepção de Santo Tomás de Aquino só é possível ter fé graças à razão. Uma vez que é próprio da alma intelectiva, dotada de razão, que o homem é capaz de ter fé. A racionalidade é, pois conditio sine qua non para crer. Visando isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com títulos do autor supracitado, tais como Suma Teológica, dentre outros, bem como revisão bibliográfica de comentadores e especialistas em filosofia medieval, como Etienne Gilson. Constata-se que filosofia e teologia se relacionam e que não são contraditórias, pois o conhecimento natural das coisas, na perspectiva medieval, é algo oriundo de Deus. A verdade da fé não pode ser contrária aos princípios da razão, pois por meio deles a razão abarca a Revelação uma vez que a inteligibilidade da mesma Revelação manifesta o caráter cognoscível dela. Não somente, apresenta-se que não há uma ruptura entre o pensamento antigo e o pensamento medieval, mas um movimento de continuidade, onde a distinção está no método que ambas se caracterizam, mas ressaltando a mesma finalidade existente entre a filosofia e a teologia: a busca pela verdade.
Palavras-Chave: Filosofia. Teologia. Fé. Razão.
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Juliany Thainá Tôrres de Lira
Mestranda PPGFIL/UFPE
E-mail: juliany.thaina@gmail.com
Orientador: Marcos Antonio da Silva Filho
Bolsista FACEPE/UFPE
"Eu sou uma mulher": as implicações das certezas fulcrais sobre o feminino
Resumo: O presente estudo tem como objetivo central analisar se a proposição “eu sou uma mulher” é uma certeza fulcral. Para isso, apresentaremos a definição das certezas fulcrais, também denominadas de hinges propositions, trazidas pelo filósofo Wittgenstein (DC, 1969). Compreendidas como certezas fixas e básicas, que dificilmente são colocadas em dúvida e que formam nossa “imagem de mundo” e permitem a funcionalidade das coisas, analisaremos as hinges a partir do apresentado pela Moyal-Sharrock (2015), que, ao ampliar o estudo sobre elas, trouxe as características necessárias de uma certeza fulcral. Por meio desse exame, faremos um comparativo dessas características com a proposição “eu sou uma mulher”, trazendo, também, oportunamente o estudo contemporâneo do sujeito mulher. Para essa última parte, analisaremos, então, algumas filósofas que contribuíram para o estudo de gênero e feminilidade, como Simone de Beauvoir e Judith Butler. A pesquisa tem o processo metodológico teórico-conceitual e bibliográfico, qualitativo e de investigação analítica. Destarte, a possibilidade revisional aqui ofertada no estudo abre precedentes para que outras proposições de caráter moral, social e político também sejam revisadas. Dessa forma, a importância da pesquisa se apresenta pela originalidade de examinar uma proposição de senso comum, “Eu sou uma mulher”, com rigor filosófico e epistêmico, objetivando determinar se ela carrega características de hinge.
Palavras-Chave: certezas fulcrais. mulher. Wittgenstein. feminino.
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Kadu
Membro do grupo de pesquisa tecnociência e pós-modernidade pela UFRPE.
E-mail: contato@kadusantos.com.br
Orientador: Prof. Dr. José Carlos Gomes Marçal Filho (UFRPE)
Linguagem, verdade e a-gente: Um retorno ao lugar sagrado
Resumo: O desiderato deste ensaio propõe submeter o pensamento, “em” doação, à linguagem [Sprache]. A linguagem enquanto o que gesta, recolhe, forma e conforma o Dasein em seus comportamentos. Urge pensá-la no modo da vontade de verdade, no modo da impessoalidade na saga do seu dizer, de saída, eivada de juízos valorativos, e para além disso, pensar o seu outro, a saber, a poesia, para que “em” jornada a linguagem poética nos conclame para que desse modo habitemos propriamente o lugar sagrado. Pretende-se compreender a atmosfera regente dos modos de comportamentos deste ente (ser-aí) na cotidianidade, ambientado cientificamente, politicamente e discursivamente. Neste diapasão, refletir-se-á a linguagem desde os comportamentos científicos, em sentido lato, até o ponto disruptivo onde a linguagem, como posse da verdade, se dê como possibilitadora de um salto para um pensar poético. E a partir do gesto dito iluminado do poeta, a linguagem num dado abandono proporcione uma serenidade imperturbável.
Palavras-Chave: Linguagem. Verdade. A-gente. Controle. Sagrado.
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Kauany Roberta da Silva
Graduanda em Ciências Políticas
E-mail: kauany.00000828018@unicap.br
Orientador: Prof. Dr. Gerson Francisco de Arruda Júnior (UFPE)
Bolsista PIBIC/UNICAP
VAZIO, CANSAÇO E DESEMPENHO: Uma Introdução ao Pensamento de Byung-Chul Han
Resumo: Nossa apresentação visa expor, em seus traços mais gerais, a análise feita por Byung-Chul Han da sociedade atual. Pretende-se expor, de fato, algumas de suas reflexões acerca da temática da cultura do vazio, o cansaço e o homem contemporâneo. Para isso, tomaremos como base a obra “Sociedade do Cansaço”, obra esta que possui a síntese do universo que o autor trata em seus trabalhos, e nos apresenta o embrião do pensamento que o filósofo vem desenvolvendo ao longo de anos, nominalmente designado por “sociedade do desempenho”. Tal conceito será o ponto chave desta apresentação, bem como a exposição das principais ideias a ele associado, tais como: “Violência Neuronal”, “Sujeito do Desempenho” e “Sociedade do Cansaço”. Além disso, pretendemos também explanar o processo de passagem da “Sociedade Disciplinar” para o sistema do desempenho, algo central no entendimento do pensamento de Byung-Chul Han.
Palavras-Chave: Byung-Chul Han. Sociedade do Cansaço. Sociedade do Desempenho. Sociedade Disciplinar.
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Lara Diniz Herbster
Mestranda em Filosofia do PPGFIL/UFPE
E-mail: laraherbster@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Nasser (UFPE)
DO OCASO DOS VALORES CLÁSSICOS À CONSTRUÇÃO DE VALORES HUMANOS, DEMASIADO HUMANOS
Resumo: O presente trabalho tem por fim, a partir do pensamento de Nietzsche, identificar as condições de emergência de certas formas de valoração e abordar a crítica que o filósofo tece aos tradicionais valores morais, por considera-los responsáveis pela domesticação e degeneração do homem. Objetiva-se também abordar como pode se dar a construção de um tipo mais elevado de homem, que atue no contra movimento da moralização dos costumes. Seja por meio do pensamento platônico, do cristianismo ou até da crença no progresso da modernidade, a ciência, Nietzsche entende que o ideal ascético cria uma finalidade para o homem, que não consegue lidar com a finitude da vida, e a partir dele se constroem valores absolutos e universais que culminam na decadência do homem. Para o autor, a moral escrava criada a partir do cristianismo, posteriormente denominada moral da compaixão, tem como princípio basilar o ressentimento, porquanto promoveu uma inversão dos conceitos e dos valores morais dos nobres, tornando condenáveis os valores outrora considerados desejáveis, como força, coragem e altivez, e atribuindo-lhes características negativas. O filósofo enuncia a necessidade de uma crítica dos valores morais, partindo da compreensão que os valores são próprios do homem, construídos sob certas condições e circunstancias históricas. Nietzsche propõe então a transvaloração dos valores morais, que seria uma prática e processo contínuo que envolve o rompimento com o modelo ideal clássico e o reconhecimento do humano como parte integrante da vida.
Palavras-Chave: Nietzsche. Transvaloração. Valores.
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Leonildo Galdino de Santana
Mestrando em Filosofia pelo Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.
E-mail: leonildo.santana@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Marcos Silva (UFPE)
A Arte Contemporânea nos limites da linguagem
Resumo: A partir da segunda metade do século XX, novos experimentos no modo de se fazer e conceituar a Arte impulsionaram grandes mudanças teóricas no campo da estética e filosofia da arte. Concepções tradicionais de inspiração metafísica passam a ser revistas em função de uma abordagem mais pragmática, principalmente por influência das Investigações Filosóficas (1953) de Wittgenstein. Inspirados pelo direcionamento pragmático do pensamento wittgensteiniano, teóricos como Weitz e Kennick passaram a teorizar a arte como uma textura aberta, impossível de apontar a essência da arte e sua definição teórica. Desse modo, o que podemos conhecer como arte passa a ser compreendido como um campo aberto de possibilidades de significados ajustáveis, assim como é a linguagem para Wittgenstein. Noutra perspectiva, Danto, impactado pela reviravolta da Arte Contemporânea e o seu caráter conceitual, apresenta um conjunto de reflexões por meio do qual tenta demonstrar que as teses de inspiração wittgensteiniana são insuficientes para uma adequada teoria por desconsiderarem a imaterialidade das obras como fator determinante para o significado na arte. Considerando esse debate, a presente proposta de comunicação pretende analisar estes problemas a partir de diversas questões abordadas no pensamento wittgensteiniano das Investigações Filosóficas. O objetivo é mostrar que as concepções teóricas, tanto as de Weitz e Kennick quanto a de Danto, desconsideram a amplitude das noções de linguagem wittgensteiniana, o que os impossibilita de fazer relações e interpretações adequadas acerca da Arte Contemporânea.
Palavras-Chave: Arte Contemporânea. Linguagem. Definição de arte. Significado.
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Leovan Morais Rodrigues Neto
Discente da graduação do departamento de filosofia da UFPE, membro do Grupo de Estudos Nietzsche Recife (GEN-Recife).
E-mail: leovan.rodrigues@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. João Evangelista Tude de Melo Neto (UFRPE-UFPE).
Bolsista de iniciação científica pela FACEPE.
O indivíduo soberano: uma leitura das seções §2 e §3 da segunda dissertação da Genealogia da Moral
Resumo: Nietzsche ressalta, ao iniciar a discussão sobre a má consciência na segunda dissertação da Genealogia da Moral, a formação da memória da vontade frente ao esquecimento como garantia da possibilidade do homem, em um meio social, ser responsabilizado por suas promessas. Com isso, o filósofo afirma que no fim desse processo consegue-se perceber a emergência de um indivíduo soberano, o qual é caracterizado como autônomo e supramoral. Entretanto, apesar de suas caracterizações, não é evidenciado quem seria este indivíduo soberano e nem tampouco qual seria sua posição em relação às morais do senhor e do escravo. Por isso, nossa apresentação busca delinear, a partir do procedimento genealógico de Nietzsche, quem seria este indivíduo soberano e como esta noção está inserida no debate das morais do senhor e do escravo. Para tal, partimos da hipótese de que este indivíduo soberano pode ser compreendido a partir da posição tipológica do “senhor” desenvolvida na primeira dissertação da Genealogia da moral. Como forma de colocar nossa hipótese à prova, dividimos nossa apresentação em três momentos, dos quais o primeiro busca levar em conta os elementos fisiopsicológicos centrais da genealogia nietzschiana; o segundo, discutir sobre a formação da consciência moral, tendo em vista, sobretudo, o debate sobre a eticidade do costume enquanto fator determinante deste processo de desenvolvimento da consciência e suas implicações na noção de liberdade; por fim, realizar uma análise da caracterização deste indivíduo soberano.
Palavras-Chave: Consciência. Genealogia. Indivíduo soberano. Nietzsche.
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Lidyane Carla Luz dos Santos
Mestranda em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco
E-mail: lidyane.carla@ufpe.br
Orientadora: Profa. Dra. Juliele Sievers (UFAL/UFPE)
O MAL BANAL EM HANNAH ARENDT: UMA CHAVE DE COMPREENSÃO PARA O SÉCULO XXI
Resumo: Nosso projeto de pesquisa, a ser apresentado nesta ocasião, tem o intuito de trazer uma reflexão sobre a obra “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal” (1963), de autoria da filósofa política alemã de origem judaica Hannah Arendt. Nosso estudo tem como foco analisar a questão do mal banal, assim como os elementos teóricos que circundam o termo e que podem ser identificados em outros contextos históricos, para além daqueles analisados pela autora. Paralelamente, o projeto reflete sobre a relação do mal radical kantiano e o seu distanciamento do conceito de mal banal arendtiano e também sobre a centralidade na noção de liberdade dentro deste panorama filosófico. Pretendemos, assim, trazer a discussão sobre o mal para contextos também atuais, onde situações graves envolvendo racismo, feminicídio, xenofobia e violência na sociedade possam ser entendidos como exemplificações não de um mal absoluto, radical, metafísico e portanto, distante da realidade, mas sim como uma espécie de mal que surge na própria sociedade e se propaga, nos termos da própria Arendt, como um fungo: não tem raízes “profundas” mas expande-se e alastra-se sem delimitações específicas, destruindo tudo a que se dirige. Desta forma, nossa pesquisa anseia cooperar não apenas para o entendimento do pensamento de Hannah Arendt, mas também para o próprio entendimento de nossa sociedade.
Palavras-Chave: Hannah Arendt. Eichmann. banalidade do mal. mal radical.
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Luís Felipe Ferreira de Souza
Mestrando em Filosofia pela UFPE
E-mail: luis.fsouza@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Filipe Campello (UFPE)
Bolsista CAPES
Corpo distorcido: implicações da tecnologia no mal-estar contemporâneo
Resumo: As revoluções tecnológicas que culminaram na conjuntura contemporânea globalizada de avanços digitais e alto fluxo informativo compõem novos modos de subjetivação que mplicam mudanças nas dinâmicas relacionais intra-subjetivas e coletivas. A vivência do corpo nas redes sociais virtuais permeadas por filtros, avatares e inteligência artificial está compreendida em uma lógica capitalista atrelada a uma gramática de sofrimento própria destes tempos. Este corpo não se encerra nos limites do funcionamento fisiológico, mas é concebido como um corpo também subjetivo, pulsional, simbólico, construído através de sucessivas mediações. Em vista disso, o presente trabalho se propõe a pensar o corpo embebido numa infinidade de estímulos característicos dos fenômenos contemporâneos, sobretudo a partir de expressões sintomáticas relacionadas à autopercepção e autoimagem. A fim da busca por novos caminhos produtivos que pensem as subjetividades frente à multiplicidade virtual, fazer-se-á interlocuções com a noção de acontecimento, conceituada por Deleuze, de modo a pensá-la em face das transformações que ocorrem no encontro com o digital. As particularidades do mal-estar contemporâneo, que coloca o corpo no centro do horizonte das expressões sintomáticas, podem ser pensadas de acordo com suas divergências e convergências com elaboração lacaniana de acontecimento de corpo. Tem-se em vista produzir diálogos a partir das junções de recortes teóricos que possam produzir ressonâncias acerca das experiências de corpo nas tecnologias virtuais e suas formas de subjetivação. As produções rizomáticas produzidas mediante a colagem de fragmentos teóricos podem se unir em concatenações que lancem luz sobre os desafios da vida contemporânea em face dos avanços tecnológicos e humanos.
Palavras-Chave: Corpo; Tecnologias. Mal-estar. Autoimagem.
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Luiz Eduardo Belfort Gomes de Mattos
Graduando do curso de Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco.
E-mail: luiz.eduardo.bgdm@gmail.com
Orientador: Prof. Tales Macêdo da Silva (UNICAP).
Bolsista pelo PIBIC da Universidade Católica de Pernambuco.
A SISTEMÁTICA DO DESESPERO KIERKEGAARDIANO: UMA NOÇÃO TRIÁDICA
Resumo: Kirkegaard pode ser interpretado como um dos filósofos que marcaram as bases para o que viria a ser o existencialismo, em razão do foco integral da sua filosofia na construção do ser em uma perspectiva existencial, a fazendo de modo não sistematizado, para que seus interlocutores pudessem, a partir das temáticas abordadas por Kierkegaard – tais como fé, angústia e desespero – rearranjar suas bases e conceitos, em uma tarefa socrática individual de reavaliar e construir seu ser em um processo maiêutico. Para Kierkegaard, esta construção opera em uma eterna síntese entre a finitude e infinitude, onde tal síntese acarreta no Ser, ou seja, o estado de realização da própria existência e a concreta edificação de si mesmo. Entretanto, o desarmonizar da relação dialética entre finitude e infinitude sintetiza a ruptura do Ser, podendo levar ao desespero. Dadas as possibilidades de sofrimento e moléstias acarretadas pelo desespero, bem como a sua exposição não sistematizada por Kierkegaard, demonstra-se relevante observar seu posicionamento no léxico filosófico kierkegaardiano e relação com outros termos, bem como investigar a possibilidade de uma sistematização entre as três principais formas de desespero evidenciadas por Kierkegaard, bem como o papel da fé neste processo de construção e articulação do Ser. A metodologia do presente trabalho compõe-se da revisão bibliográfica, tanto de obras próprias de Kierkegaard, como O Conceito de Angústia e A Doença para a Morte, e seus interlocutores, tais como Jonas Roos e John Stewart.
Palavras-Chave: Desespero. Kierkegaard. Triádico. Angústia.
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Luiz Guilherme Zenieverson Nogueira
Mestrando em Filosofia pela UFPE.
E-mail: guilherme.nogueira10@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Thiago Aquino (UFPE)
O sumo bem Kantiano e a relação entre eleuteronomia e eudaimonia
Resumo: Este trabalho tem como objetivo tratar da relação entre felicidade e moralidade no problema do sumo bem kantiano. As tensões e convergências destes dois conceitos encontram-se espalhadas pelos textos kantianos. A felicidade sempre ocupou um lugar de oposição à moralidade a partir dos escritos críticos do filósofo moderno. No entanto, moralidade e felicidade, apesar de opostos, não são conceitos, em certa medida, inconciliáveis. Nós seres humanos possuímos a influência da causalidade natural (mecânica) e da causalidade da vontade (racional), por esta razão somos: seres racionais finitos. A felicidade estaria vinculada diretamente com a esfera sensível, enquanto a moralidade possui sua vinculação com a dimensão inteligível. O conceito de sumo bem, tese defendida pelo próprio Kant, defende que há uma ligação necessária entre felicidade e moralidade como fim último dos seres racionais finitos. Uma alternativa para o problema é presumir a felicidade enquanto porvindoura, galgando-se nos postulados da razão pura prática, sendo assim, um outro tipo de felicidade que a felicidade sensível e a moralidade como caminho que tornar-me-ia digno de ser feliz. Haja visto, moralidade e felicidade são conceitos indissociáveis e imprescindíveis para a realização plena das ações humanas. O problema do sumo bem desnuda em termos mais diretos a tensão existente na Filosofia prática Kantiana entre eleuteronomia (liberdade) e eudaimonia (felicidade).
Palavras-Chave: Eudaimonia. Kant. Sumo bem.
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Marciano Romualdo Araujo Cavalcanti
Professor Substituto do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE-Jaboatão). Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco. Graduado em Licenciatura em filosofia pela mesma instituição.
E-mail: marciano.cavalcanti@ufpe.br
Resultado da pesquisa de mestrado intitulada “O Estatuto Epistêmico da Percepção a partir do Diálogo Teeteto de Platão: uma leitura filosófico-literária”, financiada pela CAPES.
Cognição, percepção e conhecimento nos parágrafos 184b-187a do Teeteto de Platão: uma proposta realista
Resumo: A passagem 184b-187a do Teeteto levanta um argumento contra capacidade cognitiva da percepção. Ela contém a principal crítica platônica contra a tese de que conhecimento (ἐπιστήμη) é definido pela noção de percepção (αἰσθήσις). O argumento funciona da seguinte maneira: apreender o ser (οὐσία) é condição necessária para o conhecimento. Conclui-se que a percepção é incapaz de captar o ser, logo não é conhecimento. Embora a identificação entre ambas as faculdades seja negada, há uma disputa se a construção do argumento sustenta o que promete. Isso se dá pois disputa-se o significado que o termo “ser” ganha no respectivo contexto. Em um lado do debate temos os intérpretes não-conceitualistas, que negam terminantemente o estatuto epistêmico da percepção por ela ser incapaz de produzir julgamentos. Já o outro lado da discussão, considerados aqui como “realistas”, compreendem que a percepção pode produzir julgamentos, apesar de ainda estar aquém dos critérios platônicos de conhecimento. Nossa comunicação apresenta e discute ambas as posições, preferindo a posição realista. Porém assume que ambas compartilham de um pressuposto que deve ser abandonado, a saber, que o texto trata conhecimento em termos da epistemologia contemporânea. Ou seja, que conhecimento consiste em frases declarativas (verdadeiras). Na nossa leitura, o objetivo da passagem é esclarecer a noção de doxa (opinião).
Palavras-Chave: cognição. conhecimento. percepção. Teeteto.
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Marianne Serafim de França
Discente da Graduação em Filosofia pela UFPE .
E-mail: marianne.franca@ufpe.br
Orientador: Érico Andrade Marques de Oliveira (UFPE/CNPq).
Bolsista PIBIC/CNPq.
As facetas do racismo epistêmico: o esquecimento das filosofias africanas no cânone filosófico
Resumo: O racismo epistêmico é uma consequência dos processos de colonização iniciados no séc. XV, os efeitos da colonialidade fomentou o apagamento e invisibilidade no processo de produções acadêmicas e epistemológicas. Mesmo diante de tamanha pluriversalidade epistêmica, percebe-se a presença do eurocentrismo como pressuposto estruturante do cânone filosófico, validando como puramente intelectual somente as considerações advindas do Ocidente. Com o intuito de romper com o fundamentalismo historicista, o filósofo camaronês Jean-Godefroy Bidima, renuncia a ideia de uma filosofia substancial, instiga o movimento de travessia e promove o encontro e o diálogo com outras filosofias. A fim de evitar a replicação da geronto-falosofia – característica que preencheu a história da tradição filosófica ocidental - Bidima adverte a importância de atentar-se aos discursos filosóficos, para que as contribuições epistêmicas dos filósofos africanos contemporâneos não cessem em uma infinda caduquice, reduzida ao falo. O presente projeto visa transpassar os critérios e modelos coloniais estabelecidos na Modernidade, como pontua Séverine Kodjo-Grandvaux, adota-se uma posição de desconstrução, através do deslocamento, a partir de inesgotáveis efeitos de espelho, o reflexo de um caleidoscópio filosófico.
Palavras-Chave: Cânone filosófico. Filosofias africanas. Racismo epistêmico.
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Mateus da Silva Alves
Graduando em Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Secretário na Revista Perspectiva Filosófica (PPGFil/UFPE).
E-mail: mateuszooy@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Marcos Silva (UFPE/CNPq)
Bolsista do Programa Institucional de Bolsas Iniciação Científica (PIBIC/UFPE/CNPq).
Certezas fulcrais: proposicionalidade, práticas e revisão
Resumo: A obra tardia de Wittgenstein, o Sobre a Certeza, é um catalisador de discussões importantes em filosofia. Interessado em debates estimulados por escritos de G. E. Moore (1873-1958), o pensador austríaco dedica parte do seu texto a esclarecer confusões entre as noções de conhecimento e certeza. No livro de Wittgenstein há o desenvolvimento de um conceito central de certeza fulcral ou proposição dobradiça (hinge proposition). Uma das leituras sobre a noção central, realizada por Moyal-Sharrock, fornece características gerais. O que resulta, entre elas, em uma característica de não-proposicionalidade. As certezas fulcrais, segundo tal leitura, não são proposicionais por não poderem ser articuladas em função de suas representações de modo verdadeiro ou falsamente, por serem regras elas não possuem tal atributo. Certezas fulcrais não dizem respeito a conhecimento, mas a regras que articulam e antecedem o conhecimento. Defende-se aqui a possibilidade de propor uma outra leitura, uma leitura inferencialista e expressivista, a partir de Robert B. Brandon. A leitura proposta sugere que as certezas fulcrais sejam lidas como articuladas inferencialmente. Implica-se, a partir daí, que é possível defender uma proposicionalidade, desde que ela não esteja situada no contexto de uma tradição representacionista. Defende-se, ainda, que a mudança de perspectiva resulta em consequências que dizem respeito a relação intrínseca de certezas fulcrais com práticas (cotidianas, científicas, etc), à possibilidade de fazer distinções mais finas entre certezas fulcrais a partir da relação estabelecida, bem como a de revisão das mesmas, isso quando lidas em função de suas articulações inferenciais. Certezas fulcrais que estão mais articuladas com práticas cotidianas, com ampla articulação inferencial, são mais difíceis de serem revisadas. Por fim, a análise desenvolvida colabora com a revisão de questões acerca das características das certezas fulcrais e coloca o debate dentro de uma outra tradição.
Palavras-Chave: Certezas fulcrais. Inferencialismo; Proposição. Sobre a Certeza. Wittgenstein.
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Mayk Lucas da Conceição Silva
Estudante do curso de Graduação em Filosofia pela UFPE.
E-mail: mayk.lucas@ufpe.br
Orientador: Marcos Antonio da Silva Filho
Bolsista PIBIC-FACEPE
É possível compatibilizar pluralismo e monismo na lógica?
Resumo: Contemporaneamente existe uma grande quantidade de sistemas lógicos. De maneira geral, eles podem ser divididos em dois grandes grupos: lógicas complementares e lógicas alternativas. O primeiro grupo busca ampliar o aparato lógico clássico, enquanto o segundo grupo derroga ao menos um princípio da lógica clássica. Com isso, têm-se um âmbito de disputas buscando saber se existe uma lógica correta ou várias lógicas corretas: os monistas acreditam na existência de apenas um sistema lógico correto, enquanto os pluralistas defendem que podem existir vários sistemas lógicos corretos. Entretanto, acreditamos ser possível traçar uma via de compatibilidade entre o pluralismo e o monismo na lógica. Assim, faremos isto a partir da noção de Jogos de Ludwig Wittgenstein e da Perspectiva Dialógica da Catarina Dutilh Novaes.
Palavras-Chave: Pluralismo lógico. Monismo Lógico. Catarina Dutilh Novaes. Ludwig Wittgenstein.
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Pablo Ravel Santos Medeiros
Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Bacharel em Jornalismo pelo Centro Universitário AESO Barros Melo (UNIAESO). Membro do Grupo de Estudos Nietzsche (GEN - UFRPE).
E-mail: bizpablo@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. João Evangelista Tude de Melo Neto (UFRPE/UFPE)
A relação entre as noções de niilismo presentes nas obras de Nietzsche e de Dostoiévski
Resumo: A filosofia de Nietzsche e a literatura de Dostoiévski colocaram em relevo, durante o século XIX, o problema do niilismo da civilização judaico-cristã. Esse interesse comum a respeito do tema levou ambos a produzirem reflexões que, compreendemos, possuem certa confluência. Visto que a noção de morte de Deus e a noção de niilismo estão presentes tanto no pensamento de Nietzsche, quanto na literatura de Dostoiévski; e que o próprio Nietzsche afirmou ser um admirador do scritor russo, duas questões norteiam nossa pesquisa de mestrado, quais sejam: em que medida o niilismo de Dostoiévski foi apropriado, influenciou ou apenas converge com o pensamento de Nietzsche? Quais seriam as convergências e divergências conceituais entre o niilismo de Nietzsche e o de Dostoiévski? No intuito de responder essas questões, estamos realizando um trabalho de caráter histórico-filosófico levado a cabo por meio de uma análise comparativa das referidas noções nos dois autores. Almejamos apresentar nessa comunicação os resultados obtidos até o momento na nossa pesquisa de mestrado. Primeiramente, vamos expor os objetivos, a problemática e nossas hipóteses de trabalho. Já no segundo momento de nossa comunicação, vamos apresentar como nossa dissertação está sendo desenvolvida. Para tanto, iremos resumir os temas e questões que estão sendo trabalhados nos dois capítulos que estruturam o nosso trabalho. Veremos que o primeiro capítulo está sendo dedicado a elucidar a questão do niilismo em Nietzsche; enquanto que o capítulo dois tem por meta examinar as noções de niilismo presentes na literatura do escritor russo. Por fim, confrontaremos as noções dos dois autores para tentar responder as questões acima elencadas.
Palavras-Chave: niilismo. Nietzsche. Dostoiévski. morte de Deus.
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Paloma Xavier
Mestranda PPGFIL/UFPE.
E-mail: palomasouzaxavier@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Marcos Silva (UFPE/CNPq)
Bolsista CAPES
COMO REVISAR CERTEZAS FULCRAIS?
Resumo: Wittgenstein aborda o conceito de certezas fulcrais em Sobre a Certeza (1969). Estas, são proposições que raramente falamos, mas que relutamos em abandonar quando são postas em dúvida, como por exemplo “Eu tenho cérebro”. Alguns comentadores entendem as certezas fulcrais como sendo não epistêmicas ou não proposicionais, isto é, que não podem ser objetos de conhecimento, não sendo passíveis de verdade ou falsidade. São eles: Mcginn (1989), Stroll (1994), Moyal-Sharrok (2004, 2015) e Coliva (2010). Inversamente, há os que defendem uma interpretação proposicional ou epistêmica, ou seja, que podem se tornar objetos de conhecimento, assim como podem ser justificadas: Wright (2003), William (2004) e Pritchard (2016). Mas se as certezas fulcrais forem não proposicionais, como seria possível uma revisão? Sabemos que revisões são necessárias em comunidade entre indivíduos litigantes e, principalmente, em situações de dissenso entre certezas fulcrais. Dessa maneira, propomos entender aqui as certezas fulcrais como passíveis de revisão. E para tanto, utilizaremos dois métodos para lidar com o problema: i) O método socrático de Robert Brandom (1994, 2000). Esse método é um mecanismo racional que a partir do vocabulário lógico nos possibilita dar e receber razões. Ele gera afirmações explicitas em forma de regras dos compromissos que, a partir delas, é possível corrigir relações inferenciais discordantes; ii) E o modelo de três camadas de Catarina Novaes (2020), baseado em uma argumentação mais realista, com influência na teoria de trocas epistêmicas. Esse modelo nos fornece quais critérios devem ser levados em consideração quando se faz escolhas - possíveis trocas epistêmicas. Portanto, tanto o método socrático quanto o modelo de três camadas nos fornecem soluções adequadas para lidar com o desafio de revisão de certezas fulcrais.
Palavras-Chave: Certezas Fulcrais. Método Socrático. Modelo de Três Camadas.
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Pandora Salazar Almeida da Silva
Mestranda em filosofia pela UFPE.
E-mail: pandorasalazarr@gmail.com
O PROBLEMA DA METAFÍSICA DO SEXO E A ASSUNÇAO DE IDENTIDADES TRANSFEMININAS
Resumo: A metafísica do sexo é uma vertente da metafísica que se propõe a investigar a natureza e as fundamentações racionais dos papéis sociais e do erótico mediante seus aspectos fisiológicos , psicológicos , culturais e práxicos dos corpos , onde suas respectivas determinações se constituem anterior ao próprio dado da existência . Platão, Aristóteles , Schopenhauer , Julius Evola , Edith Stein , afirmando os princípios da metafísica do sexo, são alguns de seus principais expoentes . Mesmo que pensadoras cisgêneras, tais como Simone de Beauvoir ,Judith Butler, Luce Irigaray , e pensadoras transgêneras, tais como Emi Koyama,Julia Serano, Letícia Nascimento, demonstram os seusfundamentosfalaciosos. Tal metafísica mantém-se constituinte de visões de mundo que incorporam seus principais elementos. Reafirmamos assim, a importância de uma apropriação e releitura críticas da metafísica do sexo, tendo em vista suas reverberações no âmbito do gênero , especificamente na vivência de identidades transfemininas. Essas reverberações não implicam apenas no sexo propriamente dito, mas também na fruição de identidades transfemininas de maneira geral.
Palavras-Chave: Metafísica do sexo. Transfeminismo. Transgeneridade. Gênero. Misoginia.
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Paulo Henrique de Sena Felix
Graduando em Filosofia pela UFPE
E-mail: paulohen34@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Marcos Roberto Nunes Costa - UFPE
ENSINAR E APRENDER COM ALEGRIA NA PEDAGOGIA AGOSTINIANA: comentários aos capítulos 10-14 do opúsculo Sobre a Instrução dos Catecúmenos, de Santo Agostinho.
Resumo: “Por onde começar? Até onde levar a narração? Ao terminá-la, devemos dirigir uma exortação ao nosso ouvinte ou tão-somente ensinar-lhes os preceitos em cuja observância aprenderá a acreditar na vida e na revelação cristãs?” (AGOSTINHO S., 1972, p.33), estas inquietações foram trazidas por Deográtias a Santo Agostinho acerca da sua conduta enquanto catequista daqueles pagãos que queriam conhecer aspectos básicos da fé cristã (rudes). Pensando nisso, Agostinho escreve seu tratado de nome De Catechizandis Rudibus desejando sanar estas dúvidas, elaborando conselhos que tornem as aulas mais atrativas a seu público-alvo: os rudes. Pedagogicamente falando, isso assemelha-se à conduta de um professor já que sempre pensa em oferecer o melhor a seus alunos. Contemporaneamente, percebemos que estes problemas são compatíveis com os de muitos professores que sofrem com o enfado de seus alunos não por falta de experiência, e nem de competência, mas por falta de estratégia em lidar com esse tédio em aula. Dito isto, proponho-me, por meio desta tradução comentada, revisitar estas ideias de Santo Agostinho e pensar: Como o pensamento de Agostinho pode nos ajudar a combater o enfado dos alunos na contemporaneidade? Como tornar hilária a aula entediante?
Palavras-Chave: Agostinho. Catequese. Pedagogia. Enfado-Alegria. Ensino-Aprendizagem.
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Pedro Henrique Ciucci da Silva
Pós-Doutoramento (UFPE)
E-mail: pedrociucci@yahoo.com.br
Supervisor: Prof. Dr. Érico Andrade (UFPE)
A sedução das sereias como epopeia na teoria concreta
Resumo: Neste Trabalho discuto como a sedução das sereis uma alusão que Adorno e Horkheimer faz no canto 12 da Odisseia, centraliza o ser para o mito do esclarecimento da burguesia, que através dos encantos do discurso ainda prende o indivíduo na falsa ideia de emancipação. Através da totalidade do ser como epopeia o canto da modernidade afeiçoa a vida em si. Entende-se sedução das sereias como epopeia do esclarecimento da burguesia sobre uma tentativa de superação do mito, que também criado pelo capitalismo. A sedução das sereias na Odisseia, canto 12, trata-se como Ulisses através da sua nave lutou contra tais encantos, é sem duvida um esclarecimento, ou seja, a sedução das sereias coloca em pauta a ruptura do mito sobre o esclarecimento, mas qual esclarecimento torna-se em pauta?
Palavras-Chave: Burguesia. Emancipação. Epopeia. Mito. Totalidade.
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Pedro Pennycook
Mestrando em filosofia pela UFPE.
E-mail: pedropennycook@gmail.com
Orientador: Dr. Filipe Campello (UFPE/CNPq)
A fabricação social da corporeidade: Hegel, formas de vida, multinaturalismo
Resumo: Esta pesquisa busca fornecer um modelo conceitual de liberdade que dê conta de espaços normativos de singularização a partir da fabricação social da corporeidade. Fiel ao caráter interdisciplinar que rege a teoria crítica, defendo que, ainda que encontremos em Hegel a mais bem-acabada tentativa de formular liberdade a partir de práticas sociais, este não teria se atentado o suficiente ao fator decisivo da corporeidade na conquista por emancipação. Num primeiro momento, sugiro que possamos encontrar na obra hegeliana um modelo de natureza e vida irredutível às experiências imediatas. Haveria na vida natural um caráter indeterminado de produção de si mesma, cuja forma moderna da eticidade deveria encontrar expressão normativa. Depois, será questão de aproximá-la e cotejá-la a outro modelo de fabricação social da corporeidade e estabelecimento de uma forma de vida sintônica à natureza. Encontro-o na descrição que faz Viveiros de Castro de certas cosmologias ameríndias, e gostaria de defender nesta pesquisa que um recurso aos seus conceitos pode nos proporcionar aparato teórico suficiente para pensar uma forma de vida, ao mesmo tempo, emancipada e imanente à natureza, convergente ao proposto pelo espírito (Geist) hegeliano.
Palavras-Chave: corporeidade. formas de vida. singularidade. primeira e segunda naturezas.
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Rafael Cavalcanti de Souza
Doutorando na Unicamp.
E-mail: rafaelc.dsouza97@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Lucas Angioni (UFPE)
Conhecimento causal na geometria em Aristóteles
Resumo: apresento a minha leitura acerca da tese que Aristóteles defende nos Analíticos de que o conhecimento demonstrativo é um argumento a partir da causa de cada objeto e sua aplicação ao domínio geométrico. A literatura tradicional assume que tal posição se trata de uma tese peculiar de Aristóteles e que, no domínio das ciências matemáticas, não há muito sentido em menciona causalidade, como mencionou Barnes (1993, p. 92-93). Apesar desta leitura tradicional ainda possuir prestígio interpretativo, os autores que a sustentam ignoram (ou não mencionam) que essa “tese aristotélica”, em verdade, era compartilhada por diversos autores da história da matemática, por exemplo, na definição de conhecimento demonstrativo de Proclo em Comentários ao Primeiro Livro dos Elementos de Euclides (202. 9-25), a principal referência primária para a história da matemática grega. De tal modo, defendo uma leitura, fundamentada em obras da história da matemática grega, e sustento que uma explicação a partir da causa é o objetivo do método de análise utilizado na geometria grega. A partir desta análise, exponho os requisitos semânticos do significa possuir conhecimento a partir de uma causa no domínio geométrico segundo Aristóteles nos Analíticos.
Palavras-Chave: Aristóteles. causalidade. geometria. método de análise.
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Rafael Farias Gomes
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pesquisador voluntário no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/Propesqi/UFPE).
E-mail: rafael.fariasgomes@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Anastácio Borges de Araújo Júnior (UFPE)
Os Princípios do Conhecimento Científico no livro I dos Segundos Analíticos de Aristóteles
Resumo: Os Segundos Analíticos é a obra em que Aristóteles define o conhecimento científico e desenvolve sua teoria da demonstração científica. De modo que ele descreve o conhecimento científico como um saber de causa e necessidade (71b9-12). No entanto, essas noções estão longe de serem claras o bastante para definir o conhecimento científico. Assim, Aristóteles elenca seis requisitos que as premissas de um silogismo demonstrativo devem satisfazer (71b19-25). No entanto, tais critérios não são suficientes para Aristóteles, pois definem somente sobre a estrutura lógica de uma demonstração. Em decorrência dessa insuficiência, Aristóteles propõe outros critérios para saber sob quais circunstâncias atingimos conhecimento científico de um explanandum X. Tais critérios são os predicados per se (73b16-18), os “princípios necessários” (74b11-8) e que os três termos do silogismo sejam “congêneres” (75b10-11; 76a8-9). Sendo assim, Aristóteles ao estabelecer o último critério, busca explorar melhor a noção de explicação apropriada e as propriedades extensionais de uma causa primeira. Portanto, proponho desenvolver a noção de coextensão para esclarecer tal requisito e seu papel na teoria da demonstração científica no contexto do capítulo 9 dos Segundos Analíticos.
Palavras-Chave: Filosofia Antiga. Aristóteles. Demonstração Científica. Lógica.
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Rafael Freire da Silva
Estudante de Filosofia (UNICAP). Bolsista CNPq-PIBIC-UNICAP
E-mail: rafael.00000829785@unicap.br
Orientadora: Eleonoura Enoque da Silva (Professora dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Filosofia da UNICAP)
METALÓGICA PARA O CÁLCULO PROPOSICIONAL
Resumo: A área da lógica que estuda a semântica dos sistemas lógicos é chamada metalógica; quando fazemos metalógica, tentamos provar teoremas sobre esses sistemas. Podemos provar se um sistema é correto, completo e decidível. O objetivo principal desta nossa pesquisa consiste em apresentar dois teoremas da semântica do cálculo proposicional clássico: correção, e completude para os sistemas lógicos. Para isso, explicitaremos as noções principais da teoria da lógica, a saber: implicação ou consequência lógica, validade e satisfabilidade. Essas noções conduzem a outras definições, tais como: estrutura, modelo e interpretação que são utilizadas para prova dos teoremas acima mencionados. Vale ressaltar, que os problemas que norteiam esta nossa pesquisa são: como sabemos que um sistema lógico é completo e correto? A motivação para a nossa investigação foi o fato de percebemos que a maioria dos livros didáticos utilizados no curso de graduação concentram o estudo nas noções de lógica, não em metalógica (que pode se tornar altamente técnica). Mas nesta pesquisa abordaremos um pouco de metalógica, para dar aos estudantes de filosofia, matemática e ciências da computação uma ideia de como ela funciona. Acreditamos que o tema desta nossa pesquisa, sobre a semântica da lógica, é relevante para compreensão e avaliação semântica dos sistemas lógicos. Além disso, acreditamos que o tema é pertinente e oportuno para aqueles que desejarem aprofundar os estudos nas áreas de lógica, filosofia da linguagem e filosofia analítica, em pesquisa de strictu sensu.
Palavras-Chave: Lógica. Metalógica. Cálculo proposicional.
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Raquel Cristina Alves Sabino da Silva
Graduanda em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
E-mail: raquel.sabino@ufpe.br
Orientador: Prof. Dr. Érico Andrade (UFPE/ANPOF)
Bolsista (PIBIC/UFPE/CNPq)
SOBRE MULHERES NEGRAS: OPRESSÃO E NARRATIVA DE SI
Resumo: Partindo do pressuposto do projeto de pesquisa do meu orientador Érico Andrade, Negritude sem identidade: sobre as narrativas singulares das pessoas negras, que sublinhar a singularidade das pessoas negras em detrimento da imposição de uma identidade racial que seria capaz de achatar as diferentes subjetividades negras numa única forma: monolítica e reduzida apenas à experiência do racismo. A presente apresentação buscarei demonstrar como formas de representação hegemônicas e normativas das mulheres negras se constituem como óbice para que elas possam relatar-se ou narrar-se, dentro da perspectiva de Judith Butler (2015), a si mesmas e de modo singular. Para reconhecer tais mecanismos que colocam as narrativas das mulheres negras sob o controle do poder colonial e neocolonial. A análise será estruturada nas concepções de representação e imagem da pensadora afro-brasileira Bell Hooks. Ela mostra a existência de um olhar determinante do colonizador para a representação dos corpos negros; olhar que enquadra tais corpos em paradigmas de subalternidade, incompletude, inferioridade cultural, política e intelectual. Recorrerei também em especial às ideias presentes em algumas obras de Beatriz Nascimento (2022), Sueli Carneiro (2011) e Lélia Gonzalez (2020) com vistas tanto a mostrar como as mulheres negras foram identificadas àqueles estereótipos aqui no Brasil ao longo da construção da identidade racial da mulher negra. Realizarei uma análise genética do conceito de identidade conforme o qual se imprime nos corpos negros uma narrativa que pretende homogeneizar, condicionar e controlar a existência e a experiência pessoal e coletiva desses corpos, e uma análise gramatical e hermenêutica dos conceitos de narrativa de si, experiência singular, negritude da mulher negra para vislumbrar caminhos à imposição do modelo colonial e da branquitude.
Palavras-Chave: Mulheres negras. representação e imagem. relata-se. opressão.
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Rose Dayanne
Professora substituta na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
E-mail: rose@ufpr.br
MIROSLAV MILOVIC: DIREITO AO CORPO
Resumo: A pesquisa analisa o conceito de corpo na obra do filósofo sérvio-brasileiro Miroslav Milovic. Centra-se, sobretudo, no texto publicado post-mortem intitulado Direito ao corpo em Nietzsche e Foucault. A pergunta sobre a noção de corpo na filosofia de Milovic identificou interlocuções com a filosofia nietzschiana e a compreensão de epiméleia heutou no pensamento foucaultiano. As fontes de referência são: a seção “Dos Desprezadores do corpo” de Assim falou Zaratustra e a noção de cuidado de si presente n’A Hermenêutica do Sujeito. Milovic reitera que, na modernidade, o ser humano “perdeu o mundo e ganhou corpo”. Quais seriam as implicações dessa mudança? A hipótese a ser desenvolvida na pesquisa é a existência de ressonâncias estoicas no conceito de corpo em Miroslav Milovic. Nesse sentido, será investigada a teoria da causalidade (a questão dos incorporais) e a dimensão ético-política do cuidado de si. A história da filosofia valorizou a alma em detrimento do corpo, herança do platonismo. No texto de Milovic a noção de “direito corpo” se mostra como possibilidade de reinvenção da vida. A sugestão, nesta pesquisa, é seguir a compreensão dos ensinamentos estoicos, inclusive, do entendimento de que a “alma é um corpo”.
Palavras-Chave: corpo. cuidado de si. estoicismo.
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Stênio Marcelo de Lima Costa
Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
E-mail: stenio_np@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Nasser (UFPE)
Bolsista FACEPE.
PERSPECTIVISMO E RELATIVISMO EPISTÊMICO: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
Resumo: Por afirmar que não há fatos, mas apenas interpretações, o perspectivismo defende a ideia de que existem infinitas maneiras de se interpretar o mundo. Isso se dá porque, para Nietzsche, uma vez que o ser humano não tem como conhecer a realidade de maneira objetiva, será a partir de sua própria ótica subjetiva que ele introduzirá interpretativamente no mundo aquilo que nele acredita encontrar. Já o relativismo epistêmico sustenta a ideia de que não existem fatos-objetivos para se estabelecer um critério último de verdade, assegurando assim a tese da igual validade, isto é, de que existem várias maneiras igualmente válidas de se descrever o mundo. Diante dessas aparentes semelhanças e tomadas de posição acerca do conhecimento, da verdade, da objetividade dos fatos, etc., surge a seguinte problemática: se o perspectivismo endossa um caráter interpretativo-subjetivo e, de certa maneira, nega a objetividade dos fatos, então ele não acabaria recaindo em um relativismo que defende a ideia de que todas as interpretações são dignas de um mesmo valor? Em que medida, com isso, o perspectivismo se aproximaria ou se distanciaria do relativismo epistêmico? É a partir desse direcionamento que o presente trabalho objetiva analisar o perspectivismo nietzschiano e o relativismo epistêmico a fim de explanar algumas semelhanças e diferenças entre esses dois conceitos. Para explanar essa comparação conceitual e responder tais questionamentos, tomaremos como fundamento a doutrina da vontade de potência e o que Nietzsche entende por fato, objetividade e verdade. Com isto, elucidaremos por fim que dentro da estrutura filosófica nietzschiana existem certos critérios para avaliar e hierarquizar as interpretações, fazendo assim com que possamos determinar quais descrições são mais fortes e mais relevantes do que outras, negando, com isso, a teoria da igual validade das interpretações.
Palavras-Chave: interpretação dos fatos. perspectivismo. relativismo epistêmico.
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Thiago Andrade de Oliveira
Mestre. Aluno egresso do PPGFil/UFPE.
E-mail: thiago.andradeoliveira@ufpe.br
Orientadores: Prof. Dr. Tárik Prata (UFPE) e Prof. Dr. Marcos Silva (UFPE)
Pesquisa do mestrado financiada pela Capes
Habilidades Conceituais e inferenciais em Crianças Pré Linguísticas e Animais não Humanos
Resumo: A presente comunicação tem como objetivo criticar o conceito de espaço de razões. A ideia primordial deste conceito é que o que justifica as nossas experiências perceptivas (MCDOWELL, 2005), nossos julgamentos e crenças (SELLARS, 2008), nossas habilidades inferenciais (BRANDOM, 2013) é um espaço racional de dar e pedir razões. Assim, tal espaço exige que seus agentes sejam adultos, humanos e dotados de uma linguagem proposicional ou inferencialmente bem articulada. Contudo, julgamos que essa exigência deixa de fora crianças pré-linguísticas e animais não humanos, uma vez que, apesar desses seres sejam capazes de possuir habilidades conceituais, inferenciais e perceptivas, ainda não adquiriram uma linguagem complexa. Defenderei que 1) há conteúdo conceitual e habilidades inferenciais em crianças pré-linguísticas e animais não humanos; 2) que as habilidades de categorização e inferência não devem ser compreendidas no sentido proposicional. A apresentação será dividida em três momentos. No primeiro, apresentarei a noção de espaço de razões, sobretudo, sua versão epistêmica e expressivista. No segundo, nos utilizarei os argumentos da fina granulação (EVANS, 1982; PEACOCKE, 2001), da cognição corporificada (NÖE, 2004; ROLLA, 2018), das crianças pré-linguísticas e animais não humanos (PAUEN, 2002; STLEG. 2008) para criticar tal espaço. Por fim, demonstraremos, a partir de alguns casos empíricos, as habilidades conceituais e inferências de crianças pré-linguísticas e animais não humanos.
Palavras-Chave: Conceitos. Inferências. Espaço de razões.
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Valdicley Eufrausino da Silva
Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
E-mail: valdicley_bambucha@yahoo.com.br
A QUESTÃO DA RACIALIDADE NA NECROPOLÍTICA DE ACHILLE MBEMBE
Resumo: O conceito de necropolítica formulado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe, aparece enquanto correção - ou complemento - da formulação de biopolítica tanto de Foucault quanto de Agamben. Como tecnologia contemporânea de produção, administração, regulação, sujeição e manejo dos mundos de vida e morte levando em conta, de modo explícito, a noção de racialidade como fundamento, a necropolítica reforça a ideia de descartabilidade de determinados corpos, em detrimentos de outros, através do fator do recorte da diferenciação racial. Importante notar que essa noção emerge a partir das construções políticas tanto na modernidade quanto na pós-modernidade - ou hipermodernidade. Ademais, caracterizados pelas configurações de controle da bíos, assim como, as modulações da necro - seja física, simbólica ou psicológica, em concomitância com o recorte racial dos sujeitos, a necropolítica explicita não somente o Estado enquanto produtor massivo dos cenários de mortalidades. Como sabemos, as teorias políticas até o final do século XX apresentavam, comumente, o Estado como o principal responsável pelas formas de manejo e configurações dos mundos de vida e morte; já na hodiernidade, percebemos que tais aspectos não se configuram somente por grupos fixos, mas por inúmeros grupos em diversas esferas sociais. Com isso, podemos afirmar que os cenários políticos contemporâneos se configuram pelo extermínio das populações negras, indígenas e ciganas sob a égide de necropolíticas públicas e privadas.
Palavras-Chave: Necropolítica. Mbembe. Racialidade.
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Vinícius Silva de Medeiros
Aluno do Mestrado Acadêmico em Filosofia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)
E-mail: viniciusdemedeiros@outlook.com
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Chaves Mello Rodrigues de Carvalho (UVA)
O ESTADO MODERNO E A CONCEPÇÃO DE POLÍTICA EM MARX
Resumo: O trabalho tem como finalidade analisar o entendimento da política sob os olhares do pensamento marxiano, intentando compreender a relação dela com o Estado moderno, e como pensá-la além desse Estado a partir de Marx. O filósofo alemão não elaborou um estudo sistemático da política, deixou em obras esparsas algumas referências sobre o tema. De partida, é necessário compreender que Marx explicitará a categoria política sob dois aspectos, um negativo e outro positivo, de modo a demonstrar a intrínseca relação desse conceito com o Estado moderno. Essa “política” de que trata Marx se extingue junto desse Estado, não é casual essa suposição, afinal, o filósofo alemão parte de seu tempo. O Estado Prussiano professava o cristianismo e perseguia seus opositores políticos, Marx, envereda em seus primeiros escritos uma investigação que analisa o papel da religião na sociedade e através desta, uma crítica contundente a realidade social. Em que pese a relação do Estado moderno e a política em seus escritos, Marx nos apresenta possibilidades de leitura que permitem apreendê-la além do Estado, em outras palavras da “política” moderna. De outra maneira, a compreensão da política sob outros termos, como ação prática orientada para a liberdade humana, indo na contramão do entendimento político, adepto de suposta razão universal que encontraria nela artifícios para os problemas fundamentais da sociedade. Pretendemos, por fim, discutir as possibilidades de emancipação humana e a superação do Estado político.
Palavras-Chave: Estado. Política. Emancipação. Religião. Liberdade.
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Vitória Jeniffer Gomes Da Silva
Graduanda pela Universidade Federal De Pernambuco (UFPE).
E-mail: vitoriajeniffer692@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Sandro Cozza Sayão (UFPE)
A FUNÇÃO ÉTICA DO AMOR (CARIDADE) E DO DESEJO NO PENSAMENTO DE EMMANUEL LEVINAS
Resumo: O homem está em busca do Humano. Pode-se dizer que a ética levinasiana poderia ser resumida de todo nesta frase. Entretanto, são inúmeros os conceitos que fornecem a base para a construção do pensamento e do fundamento da ética da alteridade proposta por Emmanuel Levinas. A presente pesquisa tem por objetivo explicitar a função ética que ambos os conceitos ( Amor e Desejo) desempenham na sua filosofia, dada a aplicabilidade da ética da alteridade na sua dimensão prática, para além da teoria pura. Os conceitos de Amor e Desejo aparecem no pensamento do filósofo enquanto centrais para a consolidação da ética, tendo em vista que é próprio do homem o ato de desejar algo, ou alguém. O desejo surge, a princípio, enquanto uma necessidade que precisa ser suprida, enquanto posse. No entanto, se direcionado para a ética se torna metafísico, ou seja, desejo pelo que é absolutamente outro, um desejo insaciável por aquilo que não pode ser visto, pelo infinito, e assim, compreende que a exterioridade de Outrem é algo que está a uma altura a qual não posso me elevar. Ademais, O Amor aparece enquanto caridade, amor sem Eros, significando senão a assunção da minha responsabilidade por Outrem sendo ele próprio originário. A importância do pensador dada ao conceito enquanto caridade se baseia na ideia de que todo o pensamento filosófico se funda em experiências pré - filosóficas, e assim, o próprio encontro entre o Eu e o Outro significaria já o início dessa inteligibilidade antes da filosofia ( que aparece com o teorético) dado o meu contato com seu Rosto. O Amor é, senão, a emoção que me mostra a Responsabilidade que possuo diante do Outro e a impossibilidade de violentá-lo. Ambos os conceitos, em consonância me direcionam a ação ética, rumo ao Infinito que busco insaciavelmente, embora nunca possa alcançá-lo.
Palavras-Chave: Amor. Desejo. Ética. Rosto. Responsabilidade.