Surge também o questionamento sobre a segurança de um indivíduo que ainda não foi imunizado, ou não pôde, em uma sociedade que detém programas de vacinação. Neste cenário, o evento que traduz os efeitos da vacinação em massa, bem como o alcance de uma boa cobertura vacinal, recebe o nome de imunização de rebanho. Nela, quanto maior for a proporção de indivíduos imunizados, menor é a taxa de transmissão de doenças em uma população, ou seja, a imunidade de rebanho é uma comunidade de proteção gerada em decorrência de um percentual alto de pessoas vacinadas.
Todos se beneficiam. Mas, neste sentido, uma vez mantida uma alta cobertura vacinal na população, cria-se uma proteção indireta principalmente àqueles impossibilitados de se vacinarem, como bebês muito jovens para serem vacinados ou crianças com o sistema imune comprometido, que são as primeiras vítimas de uma baixa adesão às campanhas de vacinas. O mesmo ocorreria, em casos semelhantes, em pessoas que fazem parte de determinado grupo de risco de uma doença, que teriam ou não a probabilidade maior de contrair determinada doença de acordo com a cobertura vacinal da população local.
Em relação à pandemia do novo coronavírus, de acordo com um artigo publicado no Jornal da USP (Universidade de São Paulo), estima-se que 60% da população precisa estar imune para que se inicie a imunização de rebanho. No entanto, levando em consideração o número de habitantes no Brasil (cerca de 210 milhões de habitantes), bem como a taxa de mortalidade do SARS-CoV-2 (entre 1 e 2% dos infectados), caso a população atinja esta taxa de imunização por ter se curado da doença, resultaria entre 1 a 2 milhões de mortes causadas pela doença.
Neste contexto, estes números trágicos somente podem reduzir por dois fatores: o estabelecimento de medidas de proteção individual e pela promoção de uma campanha de vacinação. Este último fator, por sua vez, ainda que não se aplique à realidade deste contexto pandêmico, do novo coronavírus, é suficiente para reduzir de maneira drástica o número de fatalidades pela doença. Eis a razão da importância dada ao desenvolvimento e disseminação das vacinas.