Dúvidas Frequentes

Dúvidas dos(as) alunos(as) da disciplina de Avaliação Psicológica I

1. O que significam contextos antecedentes, ações e contextos subsequentes, e como isso se relaciona com a Avaliação Psicológica?

Psicólogos estudam relações entre ambiente e ações de um organismo. Essa relação, também chamada de comportamento, pode ser analisada em termos de três componentes: aspectos do ambiente que antecedem as nossas ações, as próprias ações do organismo e aspectos do ambiente que sucedem aquilo que fazemos. Logo, o comportamento profissional de "realizar avaliação psicológica" também é uma relação, ou seja, também pode ser dividido em termos de três componentes. É isso o que mostro no Slide 15 da aula sobre introdução a avaliação psicológica. Nesse slide, mostro também que vários comportamentos mais específicos ajudam a entender o que significa realizar uma avaliação psicológica. Cada um desses comportamentos também podem ser analisados em termos de contextos antecedentes, ações e contextos subsequentes. Finalmente, afirmar que diante da queixa o psicólogo age, significa apenas que esse é o acontecimento que estabelece a ocasião apropriada para o psicólogo começar o seu trabalho. Dizer que o psicólogo deve considerar teorias psicológicas, significa apenas que ele deve orientar o seu trabalho de modo compatível com tais teorias. Assim, a presença de uma demanda e o conhecimento de teorias da psicologia são dois elementos mínimos do contexto antecedente para que o psicólogo comece a agir. O contexto subsequente, por sua vez, expressa os resultados ou os produtos do trabalho do psicólogo.

Dúvidas dos(as) alunos(as) de Psicologia da Aprendizagem

1. O que é aprendizagem?

Aprendizagem é o nome que atribuímos a uma mudança duradoura de comportamento. Essa mudança pode significar aquisição de um novo comportamento, aperfeiçoamento de um novo comportamento e até a redução de frequência de um comportamento. As mudanças podem ocorrer nas relações entre os três componentes de um comportamento ou apenas em parte desses componentes.

2. Qual o fator determinante para que na presença do SD a resposta não ocorra?

Além do SD pode existir algum outro evento, simultaneamente, que torne impossível a emissão da resposta. Por exemplo: uma pessoa concluiu todos os seus trabalhos e isso é uma condição diante da qual ela pode ver Netflix. Contudo, se estiver sem internet, não há como ocorrer a resposta de assistir. Outra possibilidade é caso ocorra alguma alteração no organismo. Por exemplo: se uma pessoa sofre um acidente e tem alguma lesão cerebral, isso pode dificultar que uma resposta ocorra. Outra opção é que operações motivacionais alterem a probabilidade do responder. Por exemplo: a pessoa está muito tempo sem comer e vê um suculento bife. Ela começa a salivar e come bastante do bife. Uma vez satisfeita depois de comer, apresentar um novo bife para a pessoa (SD) não será uma condição para que ela coma novamente, apesar da presença do SD. Resumidamente, estão aí uma série de exemplos de fatores que podem favorecer que a resposta não ocorra apesar do SD. Poderíamos pensar em outros casos.

3. A generalização utilizada no contexto respondente é o mesmo conceito aplicado no contexto operante?

Não. Generalização respondente é quando a resposta reflexa ocorre diante de um estímulo eliciador similar a um eliciador incondicionado ou condicionado. Generalização operante é quando uma resposta operante tem sua probabilidade de ocorrência aumentada e/ou facilitada pela presença de um estímulo antecedente similar ao estímulo discriminativo diante do qual o responder foi originalmente treinado. No caso dos reflexos, existe uma relação de necessidade entre ocorrência do estímulo eliciador em um determinado limiar, e a ocorrência da resposta. No caso de operantes, existe uma relação de aumento de probabilidade apenas.

4. Foi destacado que para B. F. Skinner "ensinar é arranjar contingências de reforço". O que exatamente significam essas contingências? Como aplicá-las?

Contingências são, para facilitar, condições ou situações de ensino. Por exemplo: uma aula, uma videoaula, um jogo, uma técnica de dinâmica, uma atividade etc. Arranjar contingências de reforço significa algo a mais, a saber: a relação entre condições, já exemplificadas, e o fornecimento de feedback para respostas dos estudantes consideradas corretas. Ou seja, trata-se de criar atividades, requerer a atuação dos estudantes e fornecer feedbacks. O modo de aplicar as contingências de reforço é justamente planejar (a) o que fazer, (b) o que pedir que os alunos façam e (c) como fornecer feedback para que os estudantes saibam se o que fizeram estava ou não correto.

5. Como o estímulo eliciador condicionado pode estar associado a respostas reflexas de repulsa?

Certos cheiros e gostos possuem, de modo inato, respostas de repulsa. Se um estímulo neutro, como uma pessoa, for consistentemente associada a esses cheiros e gostos (estímulos eliciadores incondicionados), ela pode adquirir a função de estímulo eliciador condicionado, provocando respostas de repulsa.

6. O que é caracterizar necessidades sociais?

Trata-se de descrever os problemas existentes em uma sociedade de modo a indicar o que, se aprendido, pode auxiliar a vida dessa sociedade.

7. Como saber distinguir o que é uma ação ou não, e o que é uma ação contextualizada?

Um verbo isolado indica uma ação. Um verbo com um complemento indica uma ação contextualizada. A ação de um organismo como um todo é aquele verbo que destaca a ação de vários sistemas biológicos que compõem o organismo e não apenas uma parte dele.

8. O que é controle aversivo e como se aplica ao contexto educacional?

Controle aversivo refere-se ao uso de punições e reforçamento negativo como fontes de influência sobre como as pessoas agem. Professores podem fazer isso quando, por exemplo, aumentam a probabilidade de que os alunos leiam os textos da disciplina, pois, caso contrário, serão reprovados.

9. Qual é a principal diferença entre reforço positivo e negativo, e entre punição positiva e negativa? Como devemos proceder para aplicar de forma mais coerente?

Consulte a apostila para a primeira pergunta. Sobre a segunda pergunta: na educação devemos adotar, prioritariamente, o reforçamento positivo e avaliar com muito cuidado o uso do controle aversivo.

10. O método de Skinner funciona com eficácia para humanos?

Skinner não tem uma metodologia pronta e acabada para o ensino. Ele contribuiu para o desenvolvimento de uma filosofia da ciência e uma ciência do comportamento humano. Essa ciência pode ser aplicada ao ensino. Se existem evidências? Diversas. Um exemplo pode ser encontrado em uma revisão sistemática sobre variáveis promotoras de aprendizagem conduzida por Schneider e Preckel (2017). Os autores não são skinnerianos, mas ao avaliarem muitos trabalhos sobre educação identificaram metodologias que ajudam no aprendizado e que são exatamente o que Skinner defendia, a saber: estabelecer objetivos claros, avaliar e fornecer feedback. O núcleo do que é crucial no ensino está aí.

11. A psicologia da aprendizagem pode auxiliar no modo como são feitas as avaliações na escola?

Sim, pois ela nos ajuda a descrever quais são os comportamentos específicos que precisamos avaliar. Essa especificidade é fundamental, pois se não sabemos como avaliar, não sabemos também como garantir que ocorreu ou não aprendizado.

12. No comportamento operante, como a interação entre aquilo que eu faço e os resultados que são produzidos podem ser determinantes para entender o meu comportamento?

Acontece que aquilo que acontece após a sua ação afeta a sua forma de agir. Por exemplo, se você tenta ligar um computador, mas ao apertar no botão de ligar o aparelho não dá sinal de vida, é provável que em algum momento você desista de tentar ligá-lo. Claro que antes de desistir você vai tentar colocar na energia, vai apertar o botão várias vezes e com mais força, vai tentar diferentes estratégias, mas se nada der certo, você tenderá a desistir e, no máximo, levar o computador na assistência. A questão crucial aqui é que aquilo que acontece após a sua ação te afeta. Outro exemplo é quando você está comendo algo muito gostoso, como batata frita, mas que sabe que faz mal. É difícil parar, afinal o resultado da ação de colocar aquele alimento na boca é tão bom! Por outro lado, se um dia no trânsito você corta a frente de alguém e isso causa um acidente, é menos provável que no futuro vá fazer isso novamente, ainda que esteja irritado ou atrasado. O motivo terá relação com o que te aconteceu no passado: ao fazer isso, ocorreu um acidente, o que prejudicou sua saúde física e financeira.

13. Como aplicar a noção de comportamento-objetivo em sala de aula com culturas distintas de alunos indígenas e não indígenas?

A noção de comportamento-objetivo é orientadora para o trabalho do professor. Se os seus alunos não têm o repertório necessário para atingir certo comportamento-objetivo, a questão problemática não está no comportamento que você definiu, mas em outros comportamentos que são, por exemplo, pré-requisitos.

14. Qual a relevância da corrente teórica do Condicionamento e da Teoria Cognitiva no que se refere à aprendizagem?

Não existe, tecnicamente falando, uma corrente teórica chamada de condicionamento. Existe a Análise do Comportamento (AC). E, no campo da Psicologia Cognitiva (PC), existem muitas teorias - não sei a qual exatamente a pergunta se refere. Em todo caso, um aspecto comum entre AC e PC é a preocupação em estudar a aprendizagem a partir de pesquisas empíricas de base experimental. Esse tipo de estudo nos ajuda a identificar e entender o papel de variáveis ambientais que determinam a aprendizagem.

15. Qual a relevância da motivação para a aprendizagem?

Variáveis motivacionais são aquelas que estabelecem, entre outros aspectos, o valor reforçador ou punitivo das consequências. Isso afeta, portanto, o comportamento operante e, assim, pode ajudar ou não no aprendizado acadêmico. Depende da variável motivacional em vigor - que favorece ou não, por exemplo, comportamentos de estudo, presença nas aulas etc.

16. Quais os requisitos necessários para comprovar que por meio do planejamento das contingências de reforço houve o aprendizado do aluno?

A mudança de comportamento dele no sentido dos comportamentos-objetivo inicialmente definidos pelo professor.

17. Existe uma regra clara e prática que possa distinguir estímulo eliciador do estímulo antecedente e estímulo emitido?

Não existe estímulo emitido. O estímulo antecedente pode ser eliciador. Ou seja, a rigor não tem uma diferença. Uma regrinha prática é que estímulo eliciador costuma ser usado como uma referência aos estímulos cuja função é produzir uma resposta reflexa. Mas é uma regrinha e tem os seus problemas.

18. Por que não é possível ensinar novas respostas no condicionamento reflexo?

Basicamente, é como a nossa biologia funciona. Essas respostas involuntárias podem acontecer diante de novos estímulos, mas não aprendemos ao longo da vida novas respostas "involuntárias".

19. Posso prever deterministicamente o futuro de uma pessoa ou definir como ela irá se comportar? É possível saber tudo o que afeta uma pessoa?

Não é possível e, provavelmente, dificilmente conseguiremos fazer qualquer uma dessas coisas. Talvez seja melhor assim, certo? O que nós podemos fazer, dado o conhecimento disponível, é estimar probabilidade de comportamento com base em informações sobre o histórico da pessoa, das variáveis que tendem a afetar na sua conduta, informações sobre o contexto atual da pessoa e dados sobre como esse contexto poderá se modificar em um futuro próximo, sem prejuízo de outras informações que, por exemplo, o cientista, psicólogo ou educador considerem relevante. Sobre definir como alguém vai se comportar não temos como fazer isso. Podemos arranjar condições que favoreçam aprendizagens e alterem a probabilidade de comportamentos, mas nada disso é algo determinístico.