A obra “Na minha pele” do autor Lázaro Ramos possui um caráter autobiográfico passando por reflexões e pensamentos mais íntimos e a autoestima negra devido ao constante cenário de preconceito racial e limitações em seus objetivos impostos pela sociedade. Ademais, apresenta a evolução e a construção da carreira dele como ator, apresentador, dublador, cineasta e escritor infantil/adulto, toda a luta e resistência ainda vigente na vida dele, experiências na sua pele, as quais Lázaro deseja compartilhar com a sociedade para levar maiores informações e passar tal compreensão para as próximas gerações sobre o racismo tão enraizado no nosso país.
O livro supracitado aborda relatos da sua vivência como um homem negro em uma sociedade racista, da mesma maneira ele conta, principalmente, sobre intolerância, desigualdade racial e de gênero. Bem como, Lázaro divide com os leitores experiências particulares e reflexões relacionadas a si próprio.
Inicialmente, ele destaca o lugar onde cresceu, entretanto, não foi lá que se reconheceu como negro e começou a enfrentar vertentes do racismo. A partir disso, ele passou a contar sobre o que de fato queria, e todos os obstáculos que teve que suportar pra que pudesse alcançar seus objetivos. De acordo uma pesquisa disponibilizada no site Cut Brasil: em 2019, o salário médio de trabalhadores negros foi 45% menor do que o dos brancos.
Outrossim, o autor apresenta, no capítulo “Escolhas” páginas 95 a 107, que mesmo depois de alcançar sucesso e reconhecimento artístico, ainda sofria com discriminações, porque o público não o considerava como o ator requerido pra determinadas atuações. Conforme o site Carta Capital em uma pesquisa sobre quais papéis teatrais são designados para negros foi encontrado que: 20,4% eram bandidos ou contraventores, 12% empregados domésticos e 9,2% escravos, desta forma evidenciando como fenômenos estruturais e o preconceito social influenciam na arte negra.
Conclusivamente, em todo o livro ele mostra exemplos e se posiciona em relação à violência que uma pessoa negra suporta constantemente por conta da segregação e inferiorização social perante brancos. Analogamente, na página 131 da obra “Na minha pele”, Lázaro relata a história de dois adolescentes negros, os quais estavam apenas curtindo a beira da lagoa quando foram abordados agressivamente por dois policias, logo, tal cena configura um ato racista, posto que os jovens passaram por aquele constrangimento somente pela cor da pele.
Referências bibliográficas:
https://www.cut.org.br/noticias/racismo-estrutural-segrega-negros-no-mercado-de-trabalho-548e
Na minha pele/ Lázaro Ramos- 1° edição- Rio de janeiro: Objetiva, 2017.