Sinais do Futuro at 100ª Página

O globo inteiro tende a funcionar como uma Sparta universal com as suas três classes, agora emergindo como o primeiro, segundo e terceiro mundo. Os EUA como poder militar, político e ideológico; Europa e partes da Ásia e América Latina como regiões de manufatura industrial; e o «resto» subdesenvolvido, os "Εἱλῶται" - "Heílotai" de hoje. Por outras palavras o capitalismo global trouxe-nos uma nova tendência à Oligarquia, mascarada como a celebração da diversidade das culturas. Este modelo está hoje em declínio.

O passado deixou imagens de si mesmo, nos textos literários, imagens comparáveis a aquelas que são imprimidas pela luz numa placa fotossensível. O futuro sozinho possui leitores ativos o suficiente para scanear tal superfície perfeitamente. Na arte temos, literalmente, sinais do futuro. Temos fragmentos na arte que simplesmente não são legíveis no seu próprio tempo. É só no futuro que se pode lê-los retroativamente. Devíamos perder a perspectiva historicista de entender um evento fora do seu contexto e génese.

Em vez de analisá-lo como parte de um desenvolvimento contínuo do passado ao presente, devíamos trazer a perspectiva do futuro, analisá-los como fragmentos limitados, distorcidos e por vezes até, pervertidos de um futuro utópico que está contido, dormente, no presente, como o seu potencial escondido.

A pessoas e as coisas ocupam um espaço no tempo que é incomensurável com aquele que têm no espaço.

Devíamos aprender a arte de reconhecer desde uma perspectiva empenhada e subjectiva elementos que estão aqui no nosso espaço mas cujo tempo é o futuro emancipado, o futuro da ideia comunista. Claro que não há um futuro fixo, o futuro é puramente virtual, mas o paradoxo é que temos esta estrutura circular e apenas lendo o que fazemos agora como sinais do futuro, desde a nossa posição empenhada, talvez possamos trazer este futuro à tona.

Não é só que o dinheiro não importa acima de um certo ponto, mas que acima de um certo nível, o dinheiro é contraprodutivo.

Sublinhado Slavoj Žižek, Signs from the Future, Zagreb, Maio 2012.

Mukamkala