Apresentação
“Como o senhor mesmo disse o nome ‘educação popular’, quer dizer, dum jeito que pudesse juntar o saberzinho da gente, que é pouco, mas não é, eu lhe garanto, e ensinar o nome das coisas que é preciso pronunciar pra mudar os poderes. Então era bom. Então era. O povo vinha. Vinha mesmo e havia de aprender. E esse, quem sabe? É o saber que tá faltando pro povo saber” (Ciço, Apud BEZERRA 2010. P. 9)
Este curso dá sequência aos Minicursos realizados pelo NEAd para professores de EJA, nos últimos anos. Neste ano contamos com a parceria das Secretarias Municipais de Educação do Rio de Janeiro, de Cachoeiras de Macacu e Cametá PA.
As três Secretarias Municipais promoveram investigação junto a seus professores buscando identificar temas sobre os quais gostariam de se aprofundar e fossem apresentados em programas de formação.
Os temas selecionados, a partir do que foi levantado nas pesquisas, foram base para discussão entre os responsáveis pelos programas de EJA das Secretarias e o NEAd, para dar corpo a este curso.
Tomamos como referência autores fundamentais, quer na Educação Popular e EJA, quer nos aspectos de desenvolvimento humano e educação de forma mais ampla. Entre eles, citamos aqui: Paulo Freire; Celestin Freinet e a educação pelo trabalho; Construtivismo (com Vigotski e Piaget); Ausubel e a aprendizagem significativa e José Martí.
Público-alvo:
Professores/as alfabetizadores da EJA dos Sistemas de Ensino Público dos municípios do Rio de Janeiro, Cachoeira de Macacu e Cametá PA.
Educadores voluntários do NEAd e do Seja+, o pré-vestibular comunitário da Pastoral da PUC-Rio.
O curso será todo realizado na plataforma Zoom.
Vagas: Até 80 vagas distribuídas da seguinte forma:
SME-RJ → 30 vagas, SME de Cachoeiras de Macacu. RJ → 20 vagas, SME Cametá. PA → 20 vagas e PUC → 10 vagas
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Duração: 18 Horas de apresentações e debates. Prevê-se, mais 12 horas ao final do curso para os que desejarem desenvolver e publicar uma produção tratando do tema.
Estimulamos o desenvolvimento de uma produção a partir das temáticas dos encontros, seja ela literária, audiovisual ou musical, que será disponibilizada em ambiente de acesso público. Para este trabalho prevê-se a dedicação de mais 5h totalizando 20h de curso e um certificado específico para esta produção.
Datas e horários: 5 encontros às sexta-feiras, de 18h às 21h, com duração de 3h cada, nos dias 24/03, 28/04, 26/05, 23/06 e 07/07.
Confere-se certificado.
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Objetivo Geral.
Oferecer processo de formação continuada para educadores de EJA.
Objetivos específicos
Abordar questões teóricas, metodológicas e formativas indicadas pelas pesquisas realizadas junto a professores/as das Secretarias envolvidas;
Promover reflexão e trocas a partir de experiências de trabalho e de vida dos educadores participantes;
Desenvolver espaço de trabalho colaborativo que possibilita continuidade das trocas de experiências para além dos limites temporais deste curso;
Apresentar referências, tanto bibliográficas como sobre outras mídias, relevantes para a discussão e a prática contemporâneas em EJA;
Avaliar coletivamente os resultados obtidos no curso e outras necessidades sentidas dos professores para dar continuidade ao processo de formação continuada dos/das professores/as;
Metodologia
Serão utilizados métodos participativos de educação popular que valorizam o saber que traz cada participante, e promovam o debate e a construção coletiva de novos conhecimentos. As experiências dos educadores vividas com alunos e pessoas das comunidades onde atuam terão papel central na definição das discussões e debates.
O curso será realizado on-line, com palestras e debates, realizados por meio da plataforma Zoom. Serão realizados 5 encontros online, com 3 horas de duração cada. Os temas serão apresentados por especialistas convidados. Cada apresentação será seguida de debates e, ao final, será dedicado um tempo para produção colaborativa de propostas de intervenção pelos participantes.
O que vemos no mundo real e o que sonhamos, currículo real e currículo ideal. Desafios no caminho de construção e aproximação de um currículo ideal.
Explorar as concepções trazidas pelos participantes. Proposição de desafios e propostas práticas possíveis de serem experimentadas. (1 h de apresentação e debate)
Atividade prática. (2h)
Os participantes devem produzir, de maneira colaborativa, proposições de intervenção na estrutura curricular para seus ambientes de trabalho.
Professores, individualmente listam algumas das ideias centrais que tragam da palestra e dos debates. (20 minutos);
Reunidos em grupos entre 4 e 6 participantes (sugerimos que sejam selecionados por sorteio) os educadores elaboram propostas de intervenção na estrutura curricular de seus sistemas de ensino. As proposições devem ser publicadas no ambiente online do curso (70 minutos);
Em reunião final, cada grupo apresenta brevemente suas proposições. (30 minutos).
Clique aqui para saber um pouco mais sobre Prof. Enio José Serra dos Santos
Dia: 24 de março
Proposta dialógica, aprendizagem buscando autonomia, de base freireana. Explorar tanto a concepção como propostas práticas; aproximações com a educação popular no cotidiano. (1 hora para a apresentação e debate)
Atividade prática. (2h)
Os participantes devem produzir, de maneira colaborativa, proposições de ação em suas práticas regulares.
Professores, individualmente listam ideias centrais que tragam da etapa de palestra e debates. (20 minutos)
Reunidos em grupos entre 4 e 6 participantes (sugerimos que sejam selecionados por sorteio) os educadores elaboram propostas de atuação para suas práticas, condizentes com a perspectiva dialógica e crítica. As proposições devem ser publicadas no ambiente online do curso (70 minutos)
Assembleia final, cada grupo apresenta brevemente suas proposições. (30 minutos)
Clique aqui para saber um pouco mais sobre Prof. Marcelo Aranda Stortti
Dia: 28 de abril
Trazer à tona o conceito básico apresentado por Paulo Freire, aprendizagem focada na vida e nos conhecimentos que traz quem aprende. Educação como “Prática da Liberdade”, como processo de construção de autonomia.
(1 hora para a apresentação e debate)
Atividade prática. (2h)
Os participantes devem produzir, de maneira colaborativa, proposições de ação em suas práticas regulares afinadas com as ideias de Paulo Freire.
Professores, individualmente listam ideias centrais que tragam da etapa de palestra e debates. (20 minutos)
Reunidos em grupos entre 4 e 6 participantes (sugerimos que sejam selecionados por sorteio) os educadores elaboram propostas de atuação para suas práticas, condizentes com a perspectiva dialógica e crítica. As proposições devem ser publicadas no ambiente online do curso (70 minutos)
Assembleia final, cada grupo apresenta brevemente suas proposições. (30 minutos)
Clique aqui para saber um pouco mais sobre Prof. Renato Pontes Costa e Profª. Ana de Almeida Ribeiro
Dia: 26 de maio
Definir grupos dentro de um mesmo sistema de ensino. Ao final do 3º encontro, deve ser solicitado que se organizem em pequenos grupos de até 4 pessoas. Todos os integrantes de cada grupo devem pertencer a uma mesma secretaria ou núcleo. Cada grupo deve produzir uma proposta de intervenção a ser efetivamente implementada em seu trabalho. Pode ter como foco qualquer dos temas trabalhados ao longo do curso, assim como mesclar conceitos dos diversos temas.
As propostas desenvolvidas neste encontro deverão ser publicadas no ambiente online do curso. Cada grupo deve apresentar suas propostas em um seminário de 10 minutos no encontro seguinte. Para isso, devem criar uma apresentação online. Podem utilizar qualquer ambiente ou programa que permita que a apresentação seja compartilhada e apresentada online. (Prezzi, Power Point, PDF, Google Presentation, Apresentação do LibreOffice etc).
Elementos que devem estar presentes nos documentos finais dos trabalhos.
Título do trabalho.
Nomes dos integrantes da equipe.
Objetivos geral e específicos.
Público a que se destina (segmento, série escolar ou faixa etária).
Material necessário, se for o caso.
Bibliografia e referências
Dia: 23 de junho
Dia: 07 de julho
Avaliação
A avaliação terá por foco buscar evidências de que a participação no curso possa viabilizar a produção de transformações consistentes nas práticas de professoras e professores.
Os participantes serão avaliados levando em conta os seguintes critérios:
Presença: só será certificado o participante que comparecer e produzir em no mínimo 75% dos encontros.
Quanto aos trabalhos produzidos, devem constar os temas discutidos ao longo do curso. É necessário lançar mão de pelo menos um dos temas trabalhados como justificativa da proposta que estiver sendo apresentada. Trabalhos que apresentem interações entre os temas de mais de um encontro, revelam melhor aproveitamento do curso.
A proposta de trabalho deve ser passível de implementação. Demanda-se justificativa e defesa de como será implementada.
Apresentação de evidências de como a proposta transforma o que é realizado em seu ambiente de trabalho. Como esta transformação pode contribuir para processo educativo que efetivamente contribua para o desenvolvimento de autonomia.
BARRETO, Vera; BARRETO, José Carlos. Um sonho que não serve ao sonhador. In: Construção coletiva: contribuições à educação de jovens e adultos. — Brasília : UNESCO, MEC, RAAAB, 2005. p. 63-68. (* Esse texto está disponível num livro feito pela SECAD. Segue o link do livro: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=655-vol3const-pdf&Itemid=30192 )
BEZERRA, Aída. Pronunciar-se para mudar. In: COSTA, Renato Pontes; CALHÁU, Socorro (org.). “...e uma EDUCAÇÃO pro povo, tem? 2ª. ed. NEAd – Núcleo de Educação de Adultos – PUC/Rio. Editora Caetés: Rio de Janeiro, 2010.
COSTA, Renato Pontes. Paulo Freire e a alfabetização de jovens e adultos: uma perspectiva sobre o analfabetismo na contramão do preconceito contra o analfabeto. Revista Aleph. v. 1 n. 38, p. 61-81, Edição Especial: Esperançar - Movimentos instituintes em tempos de reconstrução., 2022. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistaleph/article/view/51561
COSTA, Renato Pontes. Alfabetização de adultos e os movimentos de educação e cultura popular nos anos 1960: terreno fértil para a construção do pensamento freireano. Revista Educação Online, Rio de Janeiro, v. 13, n. 29, p.146-169, set-dez 2018. Disponível em: http://educacaoonline.edu.puc-rio.br/index.php/eduonline/article/view/517
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1978.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido. 6ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
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