Subprojetos I

Subprojetos relacionados à formação de professores em geral


1. Sociabilidades intelectuais e ação política: a criação da Faculdade de Filosofia e a cena política e cultural em Belo Horizonte nos anos de 1930

Responsáveis: Prof. Dr. Luciano Mendes de Faria Filho e Profa. Dra. Marcilaine Soares Inácio Gomes

O subprojeto pretende analisar as redes de sociabilidade que deram suporte à elaboração das possibilidades e à efetivação da criação da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em 1939, por um grupo de professores e intelectuais mineiros. Pretende-se investigar as razões que levaram tal grupo a optar pela criação de uma faculdade isolada e não integrada à então Universidade de Minas Gerais, indagando sobre as tensões que marcavam as relações intelectuais e políticas em Belo Horizonte naquele momento. Pretende-se, também, analisar as redes de sociabilidade nas quais os componentes do grupo fundador estão envolvidos, buscando relacionar a criação da Faculdade de Filosofia com a participação desse grupo também na cena cultural da cidade. Finalmente, por meio do exercício prosopográfico, propõe-se analisar os traços geracionais e aqueles relacionados à formação, à atuação profissional, à origem social e econômica, à atuação política e à produção literária que reúne (ou separa) os componentes do grupo.

2. Escrita de professores: Faculdade de Filosofia de Minas Gerais – Belo Horizonte/MG, 1939-1947

Responsável: Profa. Dra. Cleide Maria Maciel de Melo

O processo de recrutamento dos docentes para os cursos da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais (FFMG), fundada em 1939, enfatizou a produção de trabalhos científicos para a categoria de catedráticos e docentes livres. Além disso, os dispositivos legais preconizavam que a Faculdade de Filosofia deveria publicar uma revista, bem como providenciar a realização de publicações avulsas. Esses requisitos tinham um impacto direto nos processos de autorização e reconhecimento dos cursos por parte do Conselho Nacional de Educação/CNE. No caso da FFMG, a revista Kriterion, editada pela primeira vez no segundo semestre de 1947, cumpriu parte dessa exigência, mas não toda. Surgem daí as questões que motivam a proposição desta pesquisa: Onde os professores da FFMG publicavam? Sobre o que escreveram? Que concepções de educação e formação de professores essa produção anuncia? A pesquisa exploratória nos jornais de maior edição/circulação em Belo Horizonte – Minas Gerais, Estado de Minas, Folha de Minas, O Diário – mostrou o potencial contido nesse último impresso, tendo em vista os artigos nele encontrados, e mostrou que diversos docentes da FFMG publicaram trabalhos nesse veículo. Assim, o propósito da investigação é analisar a escrita dos professores da FFMG publicada no jornal O Diário, no período de 1939 a 1947, na perspectiva teórico-metodológica da microanálise. Para isso, será necessário mapear os professores (catedráticos, docentes livres, auxiliares de ensino e contratados), bem como os cursos em que trabalharam e as disciplinas que lecionaram; inventariar os artigos que assinaram; articular essa produção escrita às suas áreas de atuação na FFMG; identificar as condições que viabilizaram essas publicações no jornal. O conjunto das edições d’O Diário encontra-se depositado no Setor de Coleções Especiais da Biblioteca da Puc-Minas, na forma de microfilme. Outro arquivo a ser consultado será o Setor de Arquivo Acadêmico da Graduação, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/FAFICH, da UFMG. Nesse local, podem ser encontrados diários de classe, registro de professores, relatórios encaminhados ao CNE, livros de atas, em especial as do Conselho Técnico e Administrativo.

3. A formação de professores na UFMG nas décadas de 1960 e 1970: entre práticas e representações

Responsáveis: João Victor da Fonseca Oliveira e Prof. Dr.Luciano Mendes de Faria Filho

Como parte do esforço investigativo sobre a história, a memória e os modelos atuais da formação de professores para a educação básica na UFMG, o trabalho ocupa-se em 15 identificar, analisar e compreender os modelos de formação de professores nas décadas de 1960 e 1970, na Faculdade de Educação, recém-criada à época. Propõe-se pensar as práticas e as representações da formação de professores e as relações dos intelectuais envolvidos na criação da Faculdade de Educação da UFMG e seus respectivos envolvimentos com a elaboração de modelos de formação de professores no âmbito da Universidade. O objetivo da pesquisa é, pois, entender como a Universidade e a Faculdade de Educação elaboraram e formalizaram um modelo de formação de professores na década de 1960, consolidado no decênio seguinte. Afinal, como se dava a formação inicial de professores nos primeiros anos de criação da Faculdade de Educação, na UFMG? Quais os sentidos atribuídos à formação de professores nesses primeiros anos de instalação da nova Faculdade? As décadas de 1960 e 1970 trazem consigo uma profusão de interferências que atravessam vários campos sociais, dentre os quais a Educação. Trata-se de uma época que experimentava um regime militar, reações dos mais diversos setores, movimentos sociais eclodindo em todo o território nacional, discussões regionais e nacionais entremeadas pelas Leis de Diretrizes e bases da Educação Nacional, entre outros aspectos. Não havia consenso sobre a formação docente, e mesmo identificando pontos críticos, tensionais, característicos da convivência e do cotidiano, das disputas, fala-se, pois, de práticas e representações, de apropriações e recursos que concorriam e pleiteavam a plasticidade desse conceito, que podemos dizer ter carregado consigo um espaço de experiências e um horizonte de expectativas. Uma concepção que se entrecruzava à cadência em que se formalizavam os currículos, disciplinas, perspectivas metodológicas, instrumentos de ensino, imersa ainda no mosaico de professores, alunos e saberes por meio dos quais se forjaram modelos de formação. Nessas ocorrências, percorrem ainda as origens sociais, os destinos profissionais, a formação, a atuação e as formas de organização dos sujeitos envolvidos.

4. A constituição e a trajetória da Faculdade de Educação da UFMG (1968- 1990)

Responsável: Nelma Marçal Lacerda Fonseca

O propósito deste subprojeto é analisar a constituição da FaE em plena ditadura civilmilitar e sua trajetória no período compreendido de sua criação, em 1968, até a década de 1980, em que se desenvolveu o processo de redemocratização do país. Pretendese investigar a transformação do antigo Departamento de Didática e Pedagogia da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais em Faculdade por força de uma lei federal, o contexto social e político do Brasil quando da Reforma Universitária, enveredando pelos meandros da estrutura administrativa da Faculdade recém-criada, das tensões e conflitos que permeavam a ação dos sujeitos que ali atuavam, de suas concepções de educação, do ideal de professor presente no horizonte de expectativas da instituição nascente, das mudanças desse ideal ao longo da trajetória da FaE como instituição formadora de professores. Intenciona-se, ainda, observar detalhadamente a ação extramuros da Faculdade e, especialmente, de alguns de seus professores, notadamente sua participação na definição de políticas públicas para a educação mineira durante a década de 1980. A pesquisa se baseará em documentação variada e dará valor à memória dos sujeitos que forjaram a instituição no dia a dia, no exercício da docência.

5. FaE/UFMG, 50 anos: origens da Faculdade de Educação

Responsável: Prof. Dr. João Valdir Alves de Souza

Em 28 de fevereiro de 2018, diversas unidades acadêmicas da UFMG, entre elas a Faculdade de Educação, completarão 50 anos. Essas unidades nasceram do Decreto 16 62.317, de 28 de fevereiro de 1968, que, antecipando-se à Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968, a Lei da Reforma Universitária, aprovou o “Plano de Reestruturação da Universidade Federal de Minas Gerais”. Como toda ocasião em que se comemora uma data “redonda”, o cinquentenário de todas essas unidades – Faculdade de Letras, Instituto de Ciências Exatas, Instituto de Geociências, Instituto de Ciências Biológicas, Escola de Belas Artes, Escola de Enfermagem – oferece uma excelente oportunidade não apenas de comemoração, mas também de reflexão sobre o significado desse tempo de existência, o que não se confunde com a história dos cursos que essas unidades abrigam. O propósito deste subprojeto é ampliar o conhecimento advindo de estudos anteriormente realizados sobre as origens da Faculdade de Educação, nascida, como várias outras unidades da UFMG, da Faculdade de Filosofia, por meio de uma análise rigorosa de vasta documentação ainda completamente inédita e disponível no Centro de Documentação e Pesquisa da Unidade. Essa documentação é composta principalmente de correspondências e atas da Congregação, que registram e informam sobre os primeiros tempos da Faculdade de Educação. A pesquisa pretende ser panorâmica, uma vez que visa subsidiar as ações acadêmicas de comemoração desses 50 anos, ao longo de 2018. Contudo, pretende-se alguma ênfase nos primeiros 20 anos da Faculdade, uma vez que a documentação mencionada está mais concentrada nesse período.