Tudo começa numa noite iluminada do final do verão. Afinal, como dizem os narradores, se é impossível determinar exatamente quando tudo começa ou termina, digamos, então, que tudo começa nesta noite iluminada e basta! O “tudo” que aqui começa é a história de amor entre Catarina e Fernando, narrada por eles próprios e por um terceiro narrador. A marca dessa prosa suave é a pluralidade de pontos de vista, com intrusões, às vezes engraçadas, destes narradores na própria trama. De maneira rocambolesca e como um pastiche de histórias de amor "água com açúcar", mesclada a uma peculiar inteligência, o livro termina por uma "mise en abîme", ou seja, pela escrita do livro que conta a própria história de amor de Catarina. (...) Arpoador In retrata ainda o luxo despojado dos cariocas que vivem e amam em cenário de cartão postal. E intercala, entre sua história e seus personagens, uma linda vista para o mar ao som de Led Zeppelin, jazz ou Abba, filmes cult e poesia, sexo, surf e surfistas legendários, fotografia e artes plásticas, pesca submarina, baleias e navios naufragados, beijo na boca, sal, papo cabeça, muito sol e ventania. Para nós, leitores, é uma delícia: parece que estamos sentados ali, junto aos protagonistas, bebendo uma caipirinha no Azul Marinho, depois do último mergulho do dia, pôr do sol e praia ainda lotada.

- Masé Lemos

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