Marcha dos Cem Mil - 1999
Promiscuidade política, infiltração e incitação ao confronto
Promiscuidade política, infiltração e incitação ao confronto
A divulgação de fotos de minha autoria sobre esse importante evento possui três objetivos.
1) Preservar algumas informações referentes a essa importante passeata.
2) Dirimir uma certa confusão nas informações disponibilizadas a respeito de três grandes passeatas com nomes parecidos. São elas:
Passeata dos Cem Mil de 1968, no Rio de janeiro
Marcha dos Cem Mil de 1999, em Brasília
Passeata dos Cem Mil de 2013, em Brasília
3) Disponibilizar registros visuais em um contexto em que o leitor possa tirar suas próprias conclusões sobre infiltração política e incitação ao confronto.
A Marcha em questão foi a primeira grande manifestação contra o governo FHC - Fernando Henrique Cardoso. Realizada em um momento de baixa popularidade de FHC devido à alta dos juros e desemprego, a manifestação também canalizava a insatisfação pelas seguidas denúncias de corrupção que pairavam sobre os membros do governo, incluindo o próprio FHC, notadamente relacionadas à venda de estatais. A marcha se tornou um palanque que beneficiou o PT - Partido dos Trabalhadores, que além de liderar a esquerda, tinha como plataforma a ética na política, e a investigação e punição dos corruptos. Essa convicção ética, moralista e punitiva se manteve até o PT chegar ao poder, sendo então abandonada.
Embora os organizadores tenham registrado ter sido uma manifestação sem violência, as forças policiais sofreram constantes ataques com pedras, pilhas, esferas de aço e de vidro, pedaços de metal, de madeira e canos de pvc (utilizados nas bandeiras), garrafas cheias d'água e qualquer coisa mais que pudesse ser arremessada.
Estando a menos de um ano exercendo a atividade de inteligência, foi durante este evento que me ficou clara uma espécie de "promiscuidade" entre políticos e grupos extremistas.
Envolvendo principalmente figuras ligadas mais à esquerda, ou seja, ao socialismo, nas grandes manifestações sempre foi possível identificar a presença de indivíduos promovendo o confronto, a destruição e a baderna, cuja atuação havia sido previamente financiada e acordada com e por intermédio de políticos. Nas fotos a seguir publicadas o próprio pesquisador vai conseguir tirar suas próprias conclusões.
Nessa linha, por exemplo, manifestações e eventos relacionados ao PMDB foram assoladas pelo MR-8, quase que totalmente financiado por Orestes Quércia, como era de conhecimento da mídia. Pequenos partidos, organizações comunistas, grupos de sem-terra, anarquistas, entre outros, além de realizarem suas próprias manifestações, ainda se infiltravam em manifestações maiores, fossem estas por motivos definidos (convocação contra alta dos preços, da inflação, etc.) ou de categorias específicas, como a dos Servidores Públicos ou dos estudantes.
Estes casos, da infiltração, são de pleno conhecimento das agências de inteligência, e tal conhecimento fez que os estrategistas em segurança pública sempre tivessem o bom senso em não misturar as coisas. Em nenhuma manifestação de âmbito geral, que consiga apoio e simpatia de significativa parcela da população, os atos de vandalismo, as palavras de ordem, ou as ameaças terroristas, foram atribuídas aos manifestantes. Principalmente porque essas manifestações são sempre alvo dos vândalos e das organizações financiadas por políticos (essa conduta das autoridades governamentais mudou em 2023).
Os grandes danos provocados repetidamente às instalações do Congresso Nacional e a outros órgãos públicos durante tais manifestações não foram causados por manifestantes, mas sim por desordeiros que influenciam e provocam o confronto.
Foi exatamente isso que testemunhei durante uma manifestação anterior onde, como agente de inteligência, eu havia identificado um grupo que chegara no aeroporto e, já misturado entre os manifestantes, observei como esse mesmo grupo, agora com camisetas relacionadas à manifestação, confrontou a linha de policiais que protegia o Congresso, atirou coisas, incitou os manifestantes a ir para cima da polícia, conseguindo seu objetivo, e provocando a reação da polícia com balas de borracha e gás lacrimogênio. Nesse momento tal pequeno grupo retrocedeu e deixou os verdadeiros manifestantes no embate. No dia seguinte, lá estavam eles no aeroporto, rindo muito. Ao contrário de diversos policiais e manifestantes, nenhum parecia ferido.
Pelas imagens que assisti sobre a manifestação de 8 de janeiro de 2023, estavam presentes todas as condições para a infiltração pelos indivíduos ou grupos que realmente pregam o golpe de Estado, o sequestro e a morte de autoridades (atenção para a foto, na Marcha dos Cem Mil, da faixa escrito "Death FHC").
Tais grupos tiveram seus integrantes flagrados e filmados, bastando uma investigação para que fossem identificados. Não deveria haver nenhuma surpresa, mas desde antes das eleições de 2022 a cúpula do judiciário se tornou, por decisão própria, no mais poderoso partido político brasileiro, evitando que investigações cheguem aos políticos de sempre.
Quanto à atuação desses incitadores e desordeiros profissionais, existem ainda as manifestações promovidas por suas próprias entidades, momento em que temos o inferno na terra.
Quando o MLST invadiu a Câmara dos Deputados, em 2006, destruiu tudo à frente, espancou servidores e visitantes, inclusive uma mulher grávida, e quase assassinou com uma pedrada um servidor, que teve afundamento craniano. Premeditando a ação, alguns manifestantes estiveram no local em pequenos grupos como turistas e filmaram as dependências da Casa. O grupo foi finalmente detido e preso, mas como o governo era simpatizante e mesmo financiador indireto, as acusações acabaram atenuadas e não foram levadas adiante por juízes simpatizantes.
Já em 2017, as frentes "Brasil Popular", "Povo Sem Medo" e centrais sindicais, que supostamente se opunham ao Presidente Michel Temer e à agenda de reformas, mas na verdade queriam a derrubada do governo, executaram uma destruição em tal escala que colocou em risco a vida de centenas, senão milhares, de cidadãos. Com uma ferocidade fora do comum, encurralaram os servidores dos Ministérios e conseguiram atear fogo em três, os de Agricultura, Meio Ambiente e Planejamento. Em dois os próprio servidores conseguiram debelar o fogo, mas o da Agricultura sofreu danos consideráveis. Foi somente por milagre ninguém ter morrido, pois tais edifícios são antigos e não foram planejados com as atuais normas de segurança contra incêndios. O objetivo era desestabilizar o governo e promover a saída do presidente por meio de um golpe, mas novamente o judiciário foi bastante benevolente para com os quase assassinos.
A respeito das manifestações ocorridas em Brasília, eu diria que o arquivo de ocorrências da Polícia do Senado Federal representa um "tesouro" para pesquisadores, face ao farto registro fotográfico e de informações promovido por sua inteligência. Não sei o alcance e a qualidade dos registros das polícias da Câmara dos Deputados e da PM-DF, mas creio que, se não forem tão detalhados, pelo menos devem conter informações complementares.
Fotógrafo: Jacinto Murowaniecki
Equipamento: Máquina Fotográfica PENTAX ZX-10, lentes SIGMA AF 70-210 mm e teleobjetiva SIGMA 170-500 mm, filme 35mm ASA 400.
Data: 26 de agosto de 1999
Na sequência abaixo, manifestante atira objetos contra os policiais. Sendo um dos mais ativos durante a manifestação, é possível observar que os fotógrafos dos serviços de imprensa aguardavam à sua volta pela oportunidade de uma boa fotografia.
Na sequência abaixo, pedras atingem a água próximo aos policiais.
Na sequência abaixo, um segundo manifestante é flagrado atirando objetos contra os policiais.
Na sequência abaixo, um terceiro (primeira foto) e um quarto manifestante (segunda foto) são flagrados atirando objetos contra os policiais. A coincidência registrada na terceira foto se repete em várias ocasiões e com vários manifestantes nas fotos postadas no site Duraverum.
Na sequência abaixo, um quinto manifestante é flagrado atirando objetos contra os policiais. Na terceira e quarta fotos a coincidência já citada, agora envolvendo o primeiro manifestante desta página.
Na sequência abaixo, um manifestante "punk" mascarado é flagrado atirando objetos contra os policiais. Tais participantes (de grupos radicais) eram comuns nas manifestações, e sua presença invariavelmente conduzia ao conflito, aparentemente o único objetivo de tais grupos. Cheguei a notar, durante o evento (não foi possível registrar fotograficamente o fato pelo alcance angular) que alguns integrantes de grupos radicais atiravam pedras contra os manifestantes mais à frente, possivelmente uma estratégia para provocar confusão e reação contra os policiais.
Abaixo, um manifestante (o sétimo) com a blusa acobertando o rosto é flagrado atirando objetos contra os policiais.
Para esclarecer onde os manifestantes conseguem pedras, na foto abaixo é possível observar enquanto quebravam o calçamento. Aliás, tudo, como placas e lixeiras, é destruído para virar objetos a serem arremessados. A foto a seguir flagra ainda uma possível relação entre os manifestantes mais agressivos pois, a despeito de alguns não serem mais vistos confraternizando, chegaram juntos, ao mesmo tempo, e pelo mesmo local.
Ponto de atrito. Quanto maior a proximidade, mais problemas a polícia enfrenta. Nesse ponto não há espelho d'água, pois é por onde a via é transitável. A primeira foto flagra um cano de PVC arremessado contra a força policial.
Finalmente, o registro de um manifestante que atirou um objeto pelo calor do momento. Muitas vezes, incitado por palavras de ordem ou pelo exemplo, alguém pega um objeto e atira contra os policiais. Sem que essa atitude lhe seja natural, o manifestante, ato contínuo e diferente dos radicais, foge correndo. Às vezes por medo, às vezes por vergonha de si mesmo.