Você sabe o que esse carro alegórico representa?

No intuito de mostrar a “História que a História não conta” e, identificar agentes históricos silenciados durante muito tempo, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, apoiada em pesquisas historiográficas recentes, abordou diversas temáticas no desfile carnavalesco do ano de 2019. Dentre elas, está o tema da ditadura civil-militar (foco desta abordagem), instaurada no Brasil em 1 de Abril de 1964, através de um golpe que derrubara o então presidente João Goulart. A data no qual se inicia a transição para democracia é ainda tema de controvérsias entre historiadores, sendo 1985 a data mais aceita pelos pesquisadores até então.

Tal período fora marcado por intensas políticas autoritárias e repressivas, a exemplo das cassações de direitos políticos, censura aos meios de comunicação, prisões políticas e, atreladas a estas últimas, inúmeros casos de torturas, mortes e desaparecimentos.

A jornalista Hildgard Angel presente na foto acima, é filha de Zuleika Angel Jones (Zuzu Angel) e irmã de Stuart Edgar Angel Jones, ambos mortos pelo regime. Stuart Angel Jones integrou um movimento opositor ao regime militar instaurado, que dentre outros movimentos, tinha como intuito a derrubada do regime e a instauração de um regime socialista. Zuzu Angel, por sua vez, não integrava nenhum movimento de guerrilha urbana, começou uma longa batalha contra a ditadura civil-militar após a prisão e desaparecimento de seu filho (já citado a acima). Esta era estilista renomada dentro e fora do Brasil e, usando de contatos que possuía, travou uma intensa batalha contra o sistema autoritário instaurado, denunciando de forma explícita as inúmeras violações que ocorriam no Brasil. No ano de 1976, Zuzu Angel veio a óbito após um “acidente” automobilístico. Após diversas investigações de comissões que se prestaram a verificar os abusos e violações de direitos humanos no Brasil neste período, concluiu-se que a estilista fora vítima de um acidente forjado.