Durante os três dias do evento ocorrerão sessões pela manhã e à tarde, nas quais serão repartidos os seis temas (2 temas por dia) listados a seguir:
Tema 1: Micropaleontologia e Palinologia;
Tema 2: Invertebrados, Vertebrados, Paleobotânica e Icnofósseis;
Tema 3: Necrólise e Tafonomia forense;
Tema 4: Tafonomia em estudos do Quaternário;
Tema 5: Actuotafonomia e Tafonomia aplicada à Arqueologia; e
Tema 6: Fronteiras tafonômicas
Confira a nossa programação AQUI.
INSTRUÇÕES PARA APRESENTAÇÕES ORAIS E PÔSTER
PÔSTER
O pôster deverá ser confeccionado nas dimensões de 90 x 120 cm e deve incluir a logo do evento no canto superior direito.
O conteúdo pode ser apresentado em português ou em inglês.
Os pôsteres permanecerão expostos durante todo o evento; no entanto, cada autor deverá estar presente durante os dois intervalos do dia indicado na programação final.
APRESENTAÇÕES ORAIS
Os slides podem ser feitos em português ou inglês.
Cada apresentação deve ser feita em 10 minutos, mais 5 minutos para perguntas e discussão
OBSERVAÇÃO: Para receber certificado, o apresentador do pôster deve estar presente no dia indicado na programação final.
Paleobiologia da Conservação na América do Sul: perspectivas e desafios frente as emergências planetárias
Organizador: Prof. Dr. Matias do Nascimento Ritter (CECLIMAR, UFRGS)
Palestrante principal: Prof. Dr. Marcello Simões (UNESP)
A Paleobiologia da Conservação é uma temática emergente a nível mundial derivada de estudos tafonômicos atualísticos (em ambientes sedimentares recentes) no início deste século, embora tenha raízes teóricas na década de 1970. A premissa básica é que através de dados fornecidos por múltiplas fontes podemos acessar condições ambientais pristinas (i.e., pré-impacto humano) em ambientes de interesse, com resolução temporal mais ampla que estudos ecológicos de longa duração. Essa temática é multidisciplinar, envolvendo áreas, tais como: a Tafonomia, a Geoquímica, Geocronologia e Esclerocronologia, a Ecologia Histórica, a Biogeografia e Sistemática, dentre outras, e pesquisas em diferentes ambientes aquáticos e continentais, conduzidas em diversas regiões do planeta. No Brasil, essa temática representa pouco mais de 4% do volume de artigos publicados por essa área em nível mundial, ocupando a 9ª posição, a despeito de termos uma biodiversidade exuberante, ambiente e ecossistemas únicos (e.g., Pantanal) e possuirmos território a nível de continente onde nossos antecessores colonizaram por último e, portanto, começaram a deixar sua pegada de alterações antrópicas apenas mais recentemente, quando comparado com outros continentes (e.g., América do Norte, Europa e Ásia). O Brasil apresentou um aspecto central nessa temática inicialmente: o primeiro artigo publicado com o termo “Paleobiologia da Conservação”, no título, foi liderado por um brasileiro (Simões et al., 2009) e, uma das primeiras tentativas de popularização e disseminação desta linha de pesquisa tem origem também na ciência brasileira (vide mais adiante). Contudo, a lacuna de financiamento sistemático arrefeceu esse eminente campo comparativamente ao Hemisfério Norte. Nesse sentido e visando consolidar uma rede de pesquisa em Paleobiologia da Conservação centrada na América do Sul, mas articulada nacional e internacionalmente, nosso foco nesse workshop é unir parte dessa rede para pontuar os desafios e as perspectivas dessa temática frente às emergências planetárias globais. O fortalecimento de colaborações será um espaço de oportunidades, especialmente para a futura geração de cientistas nessa temática.
Financiamento da Rede sul-americana de Paleobiologia da Conservação: CNPq 403547/2024-5
The taphonomy of multiplated skeletons, analyzing the present and reconstructing the past using echinoids as model organisms.
Prof. Dr. James H. Nebelsick (University of Tübingen)
Analyzing the complexities of taphonomic pathways provide the basis for reconstructing the paleoecology of fossil organisms which is important for evaluating evolutionary pathways and diversity gradients. The various approaches to taphonomic analysis on invertebrates can be shown by studying the preservation of echinoids whose multiplated shells show divergent architectures and inhabit a wide range of marine environments. The fact that echinoids are relatively diverse in modern oceans allows for actualistic investigations of the numerous processes that affect their shells. This allows for basic taphonomic processes including abrasion, fragmentation and disarticulation to be studied, along with more complex biological interactions such as predation and encrustation. In addition, this review will highlight the effect of preservation on different hierarchical scales of the echinoid skeleton ranging from the microscopic stereom which construct the high-magnesium skeleton, to distinct individual plates, to conjoined plate rows, to the complete skeletal framework which can consist of up thousands of individual elements of widely varying morphologies and sizes. It is important to note, that all of these elements are affected by taphonomic processes and all of them contribute to the fossil and sedimentary record. Finally, the comparison among regular and irregular echinoids will highlight the importance of extrinsic environmental factors such as exposure and wave movement, as well as the intrinsic factors such as the varying degrees of interconnectivity across plate boundaries found among different taxa.
Como a tafonomia afeta a preservação microanatômica em tetrápodes fósseis.
Prof. Dr. Tito Aureliano Neto (URCA)
Fósseis de tetrápodes tem o poder de maravilhar as pessoas ao mesmo tempo que fornecem uma ampla gama de dados para pesquisas, passando pela anatomia, paleoecologia até a sistemática filogenética. Contudo, um bom controle tafonômico no momento da escolha do espécime é essencial para garantir os resultados. Nesta palestra serão apresentadas diversas feições tafonômicas que impactam análises micro anatômicas a partir de CT scan e lâminas delgadas.
Tafonomia de icnofósseis.
Prof. Dr. Marcelo Adorna Fernandes (UFSCar - São Carlos)
Os icnofósseis, estruturas vestigiais resultantes das atividades dos organismos, tais como pegadas, trilhas, escavações, ninhos e cascas de ovos, marcas de mordidas, urólitos/micturálitos e coprólitos, podem sofrer os mesmos processos diagenéticos e pós-diagenéticos que os somatofósseis, tornando possível a sua preservação. Por meio do estudo da Tafonomia, em especial a sua fase mais longa, é possível obter subsídios para o entendimento dessas condições preservacionais, que possibilitam a ocorrência dos vestígios ao longo do tempo geológico.
Como a Tafonomia Auxilia na Caracterização de Paleoambientes Deposicionais: Exemplos dos Depósitos de Coquinas do Pré-Sal Brasileiro.
Dr. Guilherme Furlan Chinelatto (CEPETRO - UNICAMP)
A tafonomia é um ramo da ciência que estuda os processos que envolvem desde a morte até a fossilização de organismos onde, através dos fósseis e sua biofábrica, é possível caracterizar suas assembleias, as condições do ambiente deposicional e também a evolução diagenética. As coquinas são rochas sedimentares compostas principalmente por fragmentos de conchas que carregam uma diversidade de características tafonômicas e sedimentológicas como por exemplo: (i) orientação das valvas, (ii) presença ou ausência de conchas articuladas, (iii) bioerosão, (iv) densidade de empacotamento, (v) seleção, (vi) grau de fragmentação, entre outros. Dessa forma, o estudo tafonômico se torna uma ferramenta potencial para aprimorar o entendimento de como essas rochas foram formadas. Os depósitos de coquinas são importantes rochas reservatório no intervalo do pré-sal nas bacias de Campos e Santos onde diversos estudos incluem o uso da tafonomia como ferramenta na caracterização do ambiente deposicional e distribuição de fácies. Esses trabalhos revelam o potencial dessa ciência cuja combinação das características tafonômicas dos bivalves somados à conceitos sedimentológicos e estratigráficos, possibilitam definir modelos geológicos conceituais que auxiliam nos processos de exploração e otimização de reservatórios.
Contribuições da tafonomia e da física aplicada na resolução de lacunas estratégicas do conhecimento arqueológico: um conto sobre as armadilhas do dogmatismo científico.
Profa. Dra. Mírian L.A.F. Pacheco (UFSCar – Sorocaba)
O “dogma” pode ser detectado em várias manifestações humanas como a política e a religião. Embora declaradamente execrado pelos cientistas, nenhum de nós está a salvo do espírito de sua própria época e muito menos de suas “verdades indiscutíveis”. Em alguns momentos o espírito de uma época gera teorias científicas, como a da “evolução pela seleção natural”; e em outros, leva à bomba atômica. Por um bom tempo, as pesquisas sobre a chegada dos primeiros humanos modernos nas Américas foram refenizadas por visões etnocêntricas. Isso resultou em uma postura teórica fortemente dogmática de que os americanos mais antigos teriam se estabelecido primeiro na América do norte, há não mais que 13 mil anos. Essa hipótese ficou conhecida como “Clóvis-first” e dominou os debates arqueológicos até a década de 1990, atrasando o avanço do conhecimento sobre o tema. Diante de novas evidências, essa hipótese se tornou obsoleta. Contudo, surge um novo cenário de disputas no estudo dos primeiros americanos: a biologia molecular apresenta evidências mais recentes para as primeiras ocupações (não mais que 20 mil anos atrás); enquanto a arqueologia releva contextos datados de mais de 30 mil anos. Essas ciências deveriam dialogar para lidar com evidências conflitantes em prol da compreensão desse importante evento da Pré-história humana. Mas não é o acontece: estamos caminhando perigosamente para outras posturas dogmáticas. Essa palestra utilizará a questão da ocupação humana nas Américas para discutir sobre o papel da tafonomia e da física aplicada nas últimas descobertas sobre o tema e sobre a importância do estabelecimento do contexto para que hipóteses conflitantes sejam dialogadas, e não debatidas.
Estudos Tafonômicos e Paleobiológicos aplicados à Paleontologia, Zooarqueologia e Etnobiologia no entendimento das paleofaunas do Quaternário.
Prof. Dr. Artur Chahud (USP – São Paulo)
A Paleontologia, a Zooarqueologia e a Etnobiologia compartilham um foco comum no estudo das faunas, embora cada uma apresente abordagens e objetivos específicos. A Paleontologia investiga a vida antiga a partir de fósseis, a Zooarqueologia analisa as interações entre grupos humanos e animais no passado com base em remanescentes faunísticos, e a Etnobiologia estuda as relações entre sociedades e a biota. Apesar das semelhanças metodológicas e do crescente número de pesquisas nessas áreas, estudos interdisciplinares que integrem essas perspectivas ainda são pouco explorados no Brasil. Neste estudo inédito, foram aplicadas metodologias paleontológicas, zooarqueológicas e etnobiológicas ao material de vertebrados provenientes de distintos contextos, incluindo sítios etnográficos (relacionado ao descarte alimentar de uma comunidade indígena contemporânea), sítios paleontológicos (cavernas), sítios arqueológicos e sítios de origem mista (com características tanto paleontológicas quanto arqueológicas). Essa abordagem integrada amplia a compreensão dos estudos faunísticos ao longo do tempo, contribuindo para um entendimento mais abrangente das paleofaunas do Quaternário.
Vase-shaped microfossils from the <770–730 Ma Chuar Group, Grand Canyon, Arizona, preserved as organic tests with remnants of the cell inside.
Profa. Dra. Susannah Porter (UCSB - Califórnia)
Vase-shaped microfossils (VSMs), thought to be the remains of arcellinid testate amoebae, are widespread in late Tonian strata, typically preserved as mineralized casts and molds. Here we report a diverse assemblage of organically preserved VSMs from shales in the Awatubi and Walcott members, Chuar Group, USA. Eighteen species have been provisionally identified, ten of them new. Test wall ultrastructure is preserved in many specimens: in some the wall appears to be fibrous; in others it is multi-layered with an inner layer covered in hollow <1 µm bumps. Some tests also show scratches or dents similar to those sometimes found in modern testate amoebae, and one specimen shows a semi-circular hole in the side of the test, perhaps from predation. Of particular note, some specimens preserve the remnants of what appear to be the original cell emerging from the test aperture. These cells consistent show a central hole, surrounded by a fringe of what appear to be cilia. To our knowledge, such structures are not known from modern arcellinid amoebae. We speculate that it may reflect a stage present in the life cycle early in the history of group but subsequently lost. Ongoing work in my lab suggests that these organisms were preserved as a result of acidic and hypersaline conditions. In other words, these fossils were “pickled” at the time of death.
A Palinologia do Quaternário: A Resposta da Vegetação às Mudanças Climáticas Passadas – Exemplo no Sudeste do Brasil.
Dra. Adriana Mercedes Camejo Aviles (IG - UNICAMP).
A palinologia oferece uma base para a compreensão do clima do passado, proporcionando uma oportunidade valiosa de entender como a vegetação respondeu às mudanças climáticas, especialmente ao longo do último milhão de anos (Quaternário tardio). A maioria dos registros palinológicos disponíveis demonstra que a composição e a estrutura da vegetação variaram ao longo do Quaternário, sendo a variabilidade da temperatura e a disponibilidade de umidade os principais fatores responsáveis por essas mudanças. Nesse contexto, o objetivo desta palestra é apresentar as aplicações da palinologia no campo das Geociências, adotando uma abordagem multidisciplinar e destacando o exemplo da "Cratera da Colônia", que fornece um registro valioso das condições ambientais passadas no Bioma Mata Atlântica.
Microfósseis marinhos aplicados a estudos paleoclimáticos
Dra. Marília de Carvalho C. Garcia (IG - UNICAMP).
Os microfósseis preservados nos sedimentos do fundo dos oceanos ao longo do tempo são ferramentas fundamentais para a reconstrução das condições climáticas do passado. Dentre eles, os foraminíferos se destacam por sua ampla distribuição geográfica, diversidade morfológica e excelente preservação de suas carapaças calcárias no registro sedimentar. Esses organismos unicelulares são altamente sensíveis a variações ambientais e, por isso, constituem valiosos paleoindicadores de parâmetros climáticos, como temperatura, salinidade e circulação oceânica. Nesta palestra, serão abordados os critérios utilizados na seleção de exemplares fósseis de foraminíferos com base em seu estado de preservação, bem como discutido como análises ecológicas e geoquímicas desses microfósseis podem auxiliar na inferência de mudanças climáticas ao longo do Quaternário, fornecendo subsídios importantes para o entendimento das mudanças climáticas atuais e futuras.