Nascida em 14 de março de 1914, na cidade de Sacramento (MG), numa família muito pobre, Carolina Maria de Jesus foi uma escritora negra muito importante. Quando nova, trabalhou na roça com os pais e frequentou por pouco tempo a escola, mas aprendeu a ler e a escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Na década de 1930, saiu de sua cidade e andou pelo estado de São Paulo, fazendo de tudo um pouco para sobreviver. Em 1947, ela se instalou em uma grande favela da cidade de São Paulo, no Canindé, e trabalhou limpando casas de famílias ricas. Chefe de uma família de três filhos, de quem ela cuidava sozinha, Carolina virou catadora de papel nas ruas de São Paulo. Entre restos de jornais, revistas e livros, ela encontrou cadernos velhos sem uso e começou a escrever sobre o que via, o que sentia, o cotidiano na favela. Era um período de grandes transformações, os chamados “Anos Dourados”, com o crescimento das cidades; a entrada de grandes empresas internacionais no país; o aumento do consumo por parte das famílias mais ricas; a construção de uma nova capital para o Brasil. Mas as mudanças não eram para todas as pessoas. As desigualdades sociais só aumentavam e Carolina percebia isso muito claramente e registrava em seus textos. Certo dia, o jornalista Audálio Dantas fez uma reportagem na comunidade em que Carolina vivia, e, ao descobrir que ela tinha escrito um livro, leu e o achou muito bom. Reuniu os textos e apresentou para editores. Assim, em 1960, foi publicado o primeiro livro de Carolina, Quarto de despejo: diário de uma favelada. O sucesso foi instantâneo. Foram milhares de cópias vendidas do livro, que foi traduzido para, pelo menos, 13 idiomas diferentes. Ela se tornou uma das escritoras brasileiras mais lidas no mundo. Depois de seu primeiro sucesso, Carolina ainda escreveu Casa de alvenaria, de 1961, Provérbios e Pedaços de fome, em 1963, e Diário de Bitita, que foi publicado depois de sua morte, que foi em 13 de fevereiro de 1977.