Ambientes virtuais de aprendizagem em tempos de pandemia: diferentes experiências

 

 Lucilene de Souza Tatagiba

Mestre em Matemática (Profmat/UFRJ), docente da Seeduc/RJ

Antonio Rodrigo Souza Serafim

Mestrando em Matemática (Profmat/UFRJ), docente da SME/RJ

Jocilea de Souza Tatagiba

Mestre em Educação (UERJ), docente da Seeduc/RJ

 

Durante a pandemia, os ambientes virtuais de aprendizagem foram cruciais para manter a educação. Enfrentaram desafios, mas abriram oportunidades, ampliando o acesso ao conhecimento. A colaboração entre educadores impulsionou inovações, buscando melhorar o ensino remoto e híbrido com adaptações constantes e novas tecnologias.

O papel dos ambientes virtuais de aprendizagem em diferentes metodologias de ensino

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) são mais do que substitutos do ensino tradicional; são ferramentas que enriquecem o processo educacional. Devem oferecer flexibilidade, interatividade e conexão com a comunidade virtual, sendo dinâmicos para atrair os alunos.

Além de armazenar conteúdo, precisam promover a comunicação, fomentar interações e se adaptar a diferentes metodologias, especialmente no ensino remoto. Estimulam a aprendizagem ativa, significativa e colaborativa, adaptando-se às novas necessidades educacionais.

Ambientes virtuais Moodle e Google Classroom

O Moodle e o Google Classroom são plataformas online gratuitas para aprendizagem, oferecendo suporte educacional.

O Moodle demanda mais conhecimento técnico para instalação, mas é altamente personalizável. Já o Google Classroom, mais simples tecnicamente, é igualmente eficaz e acessível via web ou aplicativo, integrando diversas ferramentas do Google.

Ambas permitem interações síncronas e assíncronas entre professores e alunos, ampliando o ambiente de aprendizagem além da sala de aula física, proporcionando flexibilidade e promovendo o aprendizado contínuo.

 

Metodologia

Estudo, realizado por professores atuantes na Educação Básica no Rio de Janeiro, adotou uma abordagem qualitativa como um relato de experiência. Eles compartilharam suas vivências com ambientes virtuais durante o ensino remoto nos anos de 2020 e 2021, especificamente utilizando o Moodle e o Google Classroom.

Uma experiência na escola privada com o uso do Moodle

O Moodle foi utilizado em uma escola particular no Rio de Janeiro com cerca de 150 alunos do Ensino Fundamental. Enquanto obrigatório, aproximadamente 10% dos alunos não conseguiram completar o ano letivo devido a motivos diversos.

 A plataforma permitiu um trabalho remoto eficaz, possibilitando aos professores gerenciar suas turmas, disponibilizar materiais, acompanhar o desempenho dos alunos e interagir por meio de videoconferências, chat e compartilhamento de materiais.

O Moodle ofereceu suporte para criação de tarefas variadas, permitindo múltiplas tentativas, revisão de respostas e acesso às notas, embora o acompanhamento da aprendizagem tenha sido parcial.

Os responsáveis puderam verificar notas, presença em aulas virtuais e comportamento dos alunos através das ferramentas disponíveis na plataforma.

Uma experiência na escola pública com o uso do Google Classroom

Na disciplina de Matemática de uma escola estadual em Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, 145 alunos utilizaram o Google Classroom. Cerca de 70% enfrentaram dificuldades tecnológicas e receberam apoio através de apostilas impressas, enquanto os outros 30% tiveram acesso à plataforma.

A professora compartilhou diversos materiais e atividades, adaptando suas estratégias com base no desempenho dos alunos. A interação ocorreu por meio de comentários, mensagens ou videoconferências, sendo as videoconferências utilizadas para esclarecer dúvidas.

Apesar das interferências durante as aulas síncronas, a plataforma foi usada para avaliações variadas, promovendo colaboração entre os alunos. Além disso, atividades recreativas como o Kahoot! foram realizadas para motivar os alunos, gerando engajamento.

 A experiência com os Ambientes Virtuais de Aprendizagem foi considerada positiva, oferecendo recursos para acesso aos materiais e comunicação, embora seja ressaltado que tais plataformas não substituem as aulas presenciais, mas podem complementar o processo de ensino-aprendizagem.

Conclusão

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) são ferramentas tecnológicas que enriquecem a educação ao oferecerem materiais, comunicação e flexibilidade nos estudos.

 Sua eficácia depende da disposição da instituição e do planejamento do professor para tornar as atividades atrativas, estimulando a aprendizagem ativa e colaborativa.

Apesar das disparidades entre sistemas público e privado, os AVA são recursos valiosos, complementando tanto o ensino online quanto o presencial e desenvolvendo o pensamento crítico e criativo dos alunos.

Referências

 

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