Palestra SEI

INTRODUÇÃO 

    Até o começo dos anos 80, havia poucas iniciativas para atender as especificidades educacionais dos povos do campo do Brasil, mesmo com diversos movimentos a favor da desprecarização do paradigma educacional do campo, que, em sua maioria era precarizada e vista como uma educação urbana de pouca qualidade. Entretanto, os anos que se sucedem trazem novas experiências educacionais ao campesinato, como a sua inserção na agenda política e administrativa e a inserção de jovens alunos do campo em programas educativos críticos que visavam transformar a realidade educacional vivida por esse grupo de estudantes dentro da ordem educacional brasileira.

 É neste processo de transformação da educação do campo, que a Secretaria do Estado de Educação do Pará (Seduc-PA) lança o Sistema Educacional Interativo (SEI), uma alternativa metodológica presencial com Mediação Tecnológica. O SEI é um projeto que tem muita contribuição no estado do Pará, ele nasceu em 2017, mas seu primeiro ano letivo foi apenas em 2018 trabalhando no ensino mediado a tecnologia. Diferente de outros projetos, o SEI oferece um processo educacional de primeira, 24h de educação, vários núcleos, trabalha também com núcleos de extensão e oferece professores ministrantes que podem ser efetivos da Seduc após passar por um processo seletivo e também oferecem mediadores. Para abrir a turma do SEI é necessário ter no máximo 12 alunos.

 Por mais que o SEI, comparado ao sistema modular de ensino, praticado anteriormente, receba críticas da população do campo, principalmente quanto às questões referentes ao acesso à tecnologia e às condições de igualdade de acesso, ele acaba por possibilitar aos camponeses concluírem o ensino médio em sua localidade de origem. Desse modo, o trabalho tem como intenção a realização de uma análise crítica acerca do assunto a partir de uma palestra sobre o SEI. 

ANÁLISE CRÍTICA

 Segundo o palestrante, o SEI, por ser um ensino mediado por tecnologia, pode ser considerado uma ferramenta diferente da modalidade de ensino Educação à distância (EAD) pois, o EAD ocorre de modo gravado e estático, não proporcionando ao aluno a interação com o conteúdo e o docente. Enquanto o SEI se adequa aos alunos socialmente e de forma educacional, sendo uma prática pedagógica inovadora, que permite a realização de aulas a partir de um local de transmissão para salas localizadas em qualquer lugar do país e do mundo, em tempo real e com presença de professores. Nesse sentido, esta ferramenta de ensino atua principalmente em consonância com metas estabelecidas pelo Plano Estadual de Educação, vigente até 2025, que prezam pelo melhoramento dos índices educacionais e o cumprimento do acesso a uma educação de qualidade. Essa ferramenta, tem o intuito de aprimorar o sistema educativo presente no estado do Pará, principalmente em relação a educandos que se localizam em pontos mais afastados dos grandes centros educacionais do estado. 

No mais, de acordo com o palestrante, o ensino mediado por tecnologia implantando por esse sistema de ensino é mais abrangente, caracterizando-se como uma sala de aula estendida. Essa sala de aula estendida, traz para dentro do contexto escolar virtual, a possibilidade de colaboração, comunicação, partilha e socialização dos alunos com os docentes, o que a torna única no sentido de possibilitar a socialização no processo de ensino e aprendizagem. há questões a serem analisadas quanto às dificuldades de acesso à sala de aula estendida ou virtual, seja por dificuldades técnicas, econômicas ou operacionais, o que pode acentuar as desigualdades educacionais e os sentimentos de exclusão e isolamento social.

 Dificuldades essas que permeiam os alunos do campo, pois segundo Brasil (2023) de todas as escolas públicas localizadas em zona rural, cerca de 12,2% não possuíam energia elétrica, enquanto 27,9% delas não tinha acesso à conectividade, o que por si só, já dificulta o acesso ao método SEI no estado. Ainda há um grupo de pessoas que não sabem lidar com modelos de aulas não tradicionais, dificultando o processo de ensino e aprendizagem por parte dos alunos e também dos docentes.

 Como forma de ultrapassar estas barreiras ao aprendizado, cabe destacar que os Centro de Mídias, onde serão produzidos recursos visuais de apoio pedagógico, é o método utilizado pelo estado para que o conteúdo programático chegue aos estudantes de modo prático. Porém, deve-se atentar aos docentes que ali produzem o conteúdo, pois eles precisam atender, no mínimo, às necessidades básicas dos alunos do campo e saberem lidar com as TICs dentro do processo educacional. Pois, esta mídia é tanto a forma de transmissão de conteúdo, como possibilidade de uma comunidade compreender a matéria e revisar a disciplina. Proporcionando assim que haja a mesma preparação escolar independente da localidade do aluno, atendendo a toda demanda estudantil. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Antes de tudo, o desafio referente à aplicação do SEI é em relação às dificuldades de localização e acesso aos meios digitais no estado do Pará, principalmente pela precariedade do serviço e as dificuldades financeiras e educacionais das diferentes localidades do estado. Desse modo, os alunos que têm na ferramenta SEI o seu método de aprendizagem, devem ser tratados com equidade, proporcionando que seus diferentes aspectos sociais e educativos sejam observados para um melhor andamento do projeto. Garantindo assim, que as mesmas oportunidades sejam dadas a todos e o processo de aprendizagem seja transparente e transmitido de forma igualitária. 

REFERÊNCIAS

 BRASIL. Informações sobre as escolas públicas rurais. Disponível em: https://informacoes.anatel.gov.br/paineis/infraestrutura/conectividade-nas-escolas. Acesso em: 28/10/2023. Palestra Ministrada em Sala de aula por Fellype Soares