USO DE APLICATIVOS DE VIDEOCONFERÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA NA PANDEMIA
Alessandra Xavier
Cintia Costa Castro
Flávia Carvalho
Jessica Thainá Viana
Joacirema Moura
Maria do Carmo
Rita Mattos
Thainara Pinheiro
INTRODUÇÃO
Diante do cenário pandêmico da COVID-19 em 2020, e a sua grande capacidade de disseminação, considerando as restrições impostas pelo Ministério da Saúde como o isolamento social, as instituições de ensino precisaram se reinventar e foi necessário a adaptação para essa nova realidade e assim tornou- se obrigatório o domínio das ferramentas EAD e a utilização de Ensino Remoto para garantir a continuidade das aulas por meio de recursos tecnológicos, nesse contexto os professores tiveram que se adaptar a essas condições e dominar os recursos técnicos que sempre estiveram disponíveis, visto que, não houve inovação.
Assim, o referido trabalho intitulado " Uso de Aplicativos de Videoconferência na Educação Básica na Pandemia" tem por intuito compreender melhor o processo de uso desses aplicativos no contexto pandêmico da COVID-19 no âmbito educacional, a partir de uma análise bibliográfica a respeito da temática. Para tanto, foram selecionados quatro artigos, a saber: “Videoconferências em tempos de COVID-19: reflexões para o contexto educacional” de Guilherme Mendes Tomaz dos Santos, “O ensino on-line na pandemia e as opções de ferramentas para webconferências” de MARCELO, OLIVEIRA, MARA & OLVIEIRA, “O uso de tecnologias digitais no processo de ensino durante a pandemia da COVID-19” de LOSS, ALMEIDA, MOTTA & KALINKE.
A partir dos artigos selecionados pretende-se conhecer de que forma as videoconferências passam a ser inseridas no contexto educacional e quais os entraves ocasionado devido à falta de conhecimento sobre o uso desses aplicativos de videoconferência, bem como a forma que foi feita a adaptação dos docentes e discentes para com o manuseio desses. Também, abordar-se-á um breve contexto histórico sobre a passagem do ensino presencial para o ensino remoto, a partir de portarias e legislação que autorizam a utilização de tecnologias da informação e comunicação , como forma de manutenção do processo ensino aprendizagem. E como resultado, espera- se contribuir com a disseminação de informação acerca da adaptação educacional dessas plataformas, assim como com a análise crítica acerca da inserção dessas tecnologias e suas dificuldades e possibilidades. Viabilizando a construção de um panorama acerca do tema em questão, além de promover uma discussão de modo significativo no que tange a temática no contexto pedagógico, revelando que as tecnologias digitais se mostraram como alternativas potenciais, mas não substitutivas.
DESENVOLVIMENTO
Com a implementação das medidas sanitárias, particularmente o isolamento social frente à pandemia do Covid -19 em 2020, foi necessário a mudança abrupta na modalidade de ensino, saindo do presencial para o EAD e o Ensino Remoto. O uso das tecnologias digitais em especial a videoconferência como ferramenta de ensino e aprendizagem tornaram-se imprescindível para a continuidade das aulas no período pandêmico. Aplicativos de videoconferência, grupos por redes sociais começam a fazer parte desta “ nova normalidade educativa” (SANTOS, 2021). É notório a necessidade de incorporação das videoconferências no processo de ensino e aprendizagem, no qual essa necessidade aumentou durante o período pandêmico, facilitando as aulas, aproximando o professor de sua turma em tempo real com utilização de áudio e vídeo, proporcionando as interações e a realização das aulas programadas. A pandemia do novo coronavírus incutiu à sociedade novos desafios no processo para adaptação de aprendizagens, principalmente no âmbito educacional, no qual as videoconferências foram incorporadas na “nova normalidade educativa “ minimizando a distância entre o presencial e o virtual.
A pandemia da COVID-19 afetou o ambiente educacional no Brasil, levando à suspensão das aulas presenciais em todo o território nacional. Diante desse cenário, o Ministério da Educação (MEC) propôs que as aulas fossem ofertadas na modalidade de ensino remoto, com adesão voluntária por parte das instituições de ensino, conforme a Portaria Nº 544, de 16 de junho de 2020 e apresentou-se também na Lei Nº 14.040, de 18 de agosto de 2020 que consuma a passagem do ensino presencial para o ensino remoto, conforme podemos observar:
§ 4º A critério dos sistemas de ensino, no ano letivo afetado pelo estado de calamidade pública referido no art. 1º desta Lei, poderão ser desenvolvidas atividades pedagógicas não presenciais:
I - na educação infantil, de acordo com os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dessa etapa da educação básica e com as orientações pediátricas pertinentes quanto ao uso de tecnologias da informação e comunicação;
II - no ensino fundamental e no ensino médio, vinculadas aos conteúdos curriculares de cada etapa e modalidade, inclusive por meio do uso de tecnologias da informação e comunicação, cujo cômputo, para efeitos de integralização da carga horária mínima anual, obedecerá a critérios objetivos estabelecidos pelo CNE. (Grifo nosso, BRASIL, 2020, p. 4)
Diante desse cenário, as tecnologias da informação e comunicação assumem um papel primordial na manutenção do processo educativo, possibilitando que o processo de ensino aprendizagem realizado nas escolas dessem continuidade, tornando-se assim os meios principais de manutenção do ensino remoto. Fazendo-se necessário a adaptação para essa nova realidade e ficando assim, obrigatório o domínio das ferramentas EAD e de ensino remoto, para garantir a continuidade das aulas por meio desses recursos tecnológicos.
Umas das principais ferramentas utilizadas durante o ensino remoto foram as de videoconferência, que “está evidenciando à sociedade, nesse período pandêmico, uma oportunidade de aproximação dos diferentes agentes educativos via telepresença” (SANTOS, 2021). A videoconferência se trata de um software que permite que duas ou mais pessoas falem e se vejam remotamente independente de sua localização, com transmissão de conteúdo de áudio e vídeo em tempo real as aulas acontecem de forma síncrona, onde o aluno e o professor precisam estar presentes na plataforma. O que difere do ensino a distância EAD, modalidade essa em que o estudante pode acessar o conteúdo da disciplina em qualquer dia e horário uma vez que todo o material da disciplina se encontra disponível, sendo assim a videoconferência é a que mais se aproxima da forma presencial.
Segundo LOSS, ALMEIDA, MOTTA & KALINKE (2020) os professores utilizaram ferramentas de videoconferência durante o ensino remoto, como Google Meet, Zoom e ConferênciaWeb. Essas ferramentas permitiram que os professores realizassem aulas virtuais e mantivessem o contato com os alunos, possibilitando a manutenção da interação entre estes. Deste modo, para Santos:
“Ao olharmos para a nova realidade que estamos vivendo, me parece evidente o essencial papel que a videoconferência está proporcionando para manutenção das atividades escolares em alguns contextos, bem como potencializada a copresença e uma aproximação dos agentes educativos. ” (SANTOS, 2021)
Com base nisso, vale evidenciar que apesar de trazer benefícios e possibilidades de manutenção do processo de ensino e aprendizagem, e até mesmo de manter a interação apesar do isolamento social imposto, surgiram também diversas dificuldades de aplicabilidade. Alguns professores relataram dificuldades técnicas, como falta de som e imagem, durante as aulas remotas. Podemos notar com base nos resultados apresentados pelos autores que os professores enfrentaram diversas dificuldades no uso de tecnologias digitais no ensino remoto, como falta de apoio da equipe pedagógica, falta de materiais tecnológicos disponíveis e falta de acesso à internet e dispositivos por parte dos estudantes.
Para MARCELO, OLIVEIRA, MARA & OLIVEIRA (2021) podemos destacar: “três principais plataformas de webconferência: Google Meet, Teams e Zoom. Todas apresentadas são satisfatórias na sua utilização. Cabe a cada instituição escolher a que melhor se adapta ao cotidiano”. Percebemos assim que o problema não são as plataformas em si ou suas funcionalidades, mas sim os desafios que as mudanças para o ensino remoto trouxeram. Transferir e adaptar toda a dinâmica da sala de aula presencial para os ambientes virtuais demandam investimento, tempo, aparato tecnológico, capacitação dos professores, além de uma maior contribuição da família nas aulas remotas. Os autores nos apresentam ainda um balanço com os resultados da pesquisa realizada pela nova escola, mostrando que 33% dos professores entrevistados classificaram o ensino remoto como razoável, 30% ruim, 27% bom e somente 5% atribuíram um conceito excelente.
Vale destacar que a implementação das videoconferências no contexto educativo exige uma infraestrutura que não existe, especificamente nas escolas públicas. Assim, a pandemia veio evidenciar a carência na relação dos professores com a tecnologia, e os já conhecidos problemas estruturais da educação brasileira, como a falta de infraestrutura para a realização dessas aulas à distância, a conexão de internet estável, a falta de dispositivos eletrônicos suficientes para todos os alunos, além da falta de capacitação dos professores com as plataformas digitais. Para um melhor resultado durante as aulas, era necessário um computador ou Smartphone, ponto de energia, conexão interna, fone de ouvido, microfone, por isso o ensino remoto durante a pandemia foi um grande desafio.
Os professores entrevistados, ainda tomando como base a sua experiência na pandemia, apontaram como fatores negativos a adaptação ao formato digital, a baixa do retorno dos alunos, crescimento da demanda de atendimento individual às famílias, falta de capacitação e infraestrutura e o contato direto com o aluno. Como ponto positivo destacaram a oportunidade de aprender e testar as novas tecnologias, o aprimoramento de suas práticas pedagógicas, a flexibilidade de horários e a praticidade. (MARCELO, OLIVEIRA, MARA & OLVIEIRA (2021)
Afinal, são levantadas algumas reflexões importantes sobre o ensino remoto durante a pandemia da COVID-19, tais como a necessidade de adaptação e adequação de metodologias ao ensino na modalidade remota, além da importância da formação continuada de professores para o uso de tecnologias digitais no processo de ensino. É importante frisar a possibilidade de troca de ideias e divulgação de propostas didáticas entre os professores que podem trazer contribuições para a comunidade escolar. Se faz necessário também a formação reflexiva para minimizar a insegurança dos professores em relação ao uso de tecnologias digitais no processo de ensino, bem como a mudança da zona de conforto para a zona de risco, mencionada por Penteado (2000), como um fator relevante relacionado à formação continuada de professores para o uso de tecnologias digitais no processo de ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Identificamos nos artigos analisados pesquisas realizadas com professores da rede de ensino pública no Brasil, com o objetivo de investigar como eles estavam lidando com o ensino remoto durante a pandemia da COVID-19. Observou-se que os professores obtiveram diversas dificuldades no uso de tecnologias digitais no ensino remoto, de modo mais específico na utilização de videoconferência, além da falta de apoio da equipe pedagógica, falta de materiais tecnológicos disponíveis e falta de acesso à internet e dispositivos por parte dos estudantes, entre outros.
Além disso, foi possível notar que os professores utilizaram principalmente as seguintes ferramentas de videoconferência, como Google Meet, Zoom e Conferência Web, durante o ensino remoto. Compactuamos de reflexões importantes sobre o ensino remoto, como a necessidade de adaptação e adequação de metodologias ao ensino na modalidade remota, a importância da formação continuada de professores para o uso de tecnologias digitais no processo de ensino e principalmente a importância da promoção de condições necessárias para que professores e alunos possam usufruir dos benefícios da utilização das plataformas de videoconferência no processo educacional. Em geral, é apresentada reflexões importantes para a melhoria do processo de ensino na modalidade remota.
Diante do que foi abordado no decorrer deste estudo, compreende-se a relevância desta discussão para com o nosso crescimento no processo de ensino aprendizagem, quanto alunas e futuras pedagogas e assim contribuir para a sociedade no âmbito educacional como um todo, além de proporcionar caminhos para novas investigações a partir da temática proposta neste estudo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Nº 14.040, de 18 de agosto de 2020. Estabelece normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2020.
UNIÃO, Diário Oficial da. Publicado em: 17/06/2020 | Edição: 114 | Seção: 1 | Página: 62 Órgão: Ministério da Educação/Gabinete do Ministro Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020
LOSS, A. F. et al. Tecnologias digitais no ensino remoto durante a pandemia da COVID-19: reflexões a partir de uma pesquisa com professores da rede pública de ensino no Brasil. Revista Interacções, v. 21, n. 2, p. 61-78, 2020. Disponível em: <http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/21923>. Acesso em: [data de acesso].
MENDES TOMAZ DOS SANTOS, G. Videoconferências em tempos de COVID-19: reflexões para o contexto educacional. Olhar de Professor, [S. l.], v. 24, p. 1–8, 2021. DOI: 10.5212/OlharProfr.v.24.15857.047. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/view/15857.
MARCELO, Claudio, OLIVEIRA, Kamila, MARA, Monica & OLVIEIRA, Yuri Soares de. O ensino on-line na pandemia e as opções de ferramentas para webconferências. Rio de Janeiro: 2021. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos21/21832232.pdf.
SANTOS,Guilherme Mendes Tomaz dos. Videoconferências em tempos de COVID-19: Reflexões para o contexto educacional Olhar de Professor, vol. 24, pp. 01-08, 2021 Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Apresentação de slides