Programação

Prezadxs participantes,

Nesta página vocês o arquivo com a programação completa e, abaixo, os resumos da conferência de abertura e das mesas redondas.

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Conferência de Abertura

Título: Abertura e Fuga em Linha Reta

Ministrante: Carlos Roberto Vianna (UFPR)

Resumo: Este resumo é composto por duas letras de música e um poema e foram alteradas na forma de uma colagem sem referência aos autores originais. Quem cala sobre teu corpo, consente na tua morte, talhada a ferro e fogo, nas profundezas do corte, que a bala riscou no peito. Quem cala consente, eu não me calo, não vou morrer nas mãos de um tira. Quem cala, consente, eu desacato, não vou morrer nas mãos de um rato. Quem cala morre contigo, mais morto que estás agora, não vamos ficar mais neste inferno, nem deixar que nos coloquem num cemitério, vamos ver o incêndio brilhando nos cabelos e vamos sair desse ringue, quem grita vive contigo! Olha o menino fugiu, olha o menino escapuliu! Vê se tem vergonha na cara e ajuda ele, seu canalha! Olha o holofote no olho!!… Ra-ta-ta-ta-ta-ta-ta… Onde está o menino? Está roubando algum supermercado? Assaltando algum banco? Será que ela está atrás da porta de seu quarto, aguardando o momento oportuno para assassiná-lo com os seus entes queridos? … Ou, apenas, ele está adormecido em sua mente esperando a ocasião propícia para acordar e devorar o seu coração? Ouviremos uma voz humana confessando não um pecado, mas uma infâmia; uma voz que contasse, não uma simples violência, mas uma imensa covardia! Não, são todos o Ideal, não há quem confesse que uma vez foi vil, são todos príncipes, nenhum precisa gritar! Isso não é um resumo, é um prelúdio!

Palavras-chave: ????? – Inclusão – ????? – Inclusão – !!!!!

Mesas-redondas

MR1 - Aspectos Teóricos e Práticos da Educação Matemática Especial e Inclusiva

Solange Hassan Ahmad Ali Fernandes (UNIAN-SP), Lulu Healy (King’s College) e Guilherme Henrique Gomes da Silva (UNIFAL).

Educação Matemática Especial e Inclusiva: da prática à teoria

Solange Hassan Ahmad Ali Fernandes

Resumo do trabalho. Com a presença crescente de aprendizes com necessidades especiais nas salas de aulas das escolas regulares, torna-se crucial buscarmos compreender como a construção do conhecimento é mediada por diferentes meios de acesso aos sistemas sensoriais do corpo humano. Em nossos estudos procuramos compreender como os recursos pedagógicos podem ser usados para constituir a cultura da sala de aula quando o conhecimento em jogo é matemático. Nos últimos anos a formação pedagógica e a estrutura dos espaços escolares e dos currículos, não acompanharam as mudanças do cenário escolar, e tanto educadores como educandos têm vivido o desafio de aprender fazendo a desejada Educação para Todos. Este fazer tem nos oferecido conhecimentos que tem nos feito caminhar do pragmático para o teórico. A Educação Matemática Inclusiva é uma área em formação cujo aporte teórico tem sido construído em nossas salas de aula. Na nossa visão, estamos transitando de abordagens que, ao considerar temas que envolvem o público alvo da educação especial, de modo geral, centram-se nas dificuldades específicas dos educandos, para perspectivas que destacam suas potencialidades. Assim, a questão norteadora de nossas discussões será: Como os educadores podem explorar as potencialidades dos seus alunos respeitando a diversidade de cada indivíduo? Acreditamos que como professores e pesquisadores, precisamos reconhecer que os processos de mediação organizados para oferecer estímulos multissensoriais favorecem interações discursivas que levam o sujeito a questionar, validar conjecturas e refletir sobre suas ações, ativando diferentes áreas da percepção e da memória que podem e devem ser articuladas e associadas às práticas matemáticas. É importante perceber que existem várias formas de fazer matemática e que essas formas frequentemente condicionam o acesso e o ritmo do aprendiz com e sem limitações sensoriais e/ou cognitivas. Durante as discussões nessa mesa redonda compartilharemos alguns resultados de pesquisas realizadas sob uma perspectiva colaborativa na qual pesquisadores, professores e alunos buscam caminhos para uma matemática escolar que respeite as particularidades de cada um dos alunos.

Palavras-chave: Educação Matemática Inclusiva; conhecimento pragmático; conhecimento teórico, professor; aluno.

Microexclusões e suas implicações para a educação matemática inclusiva

Guilherme Henrique Gomes da Silva

Resumo do trabalho. Temáticas relacionadas à inclusão e à exclusão têm recebido atenção especial nas últimas décadas, tanto no âmbito da pesquisa em Educação quanto em Educação Matemática. Em particular, busco ampliar estas discussões, chamando a atenção para tipos específicos de práticas excludentes que podem se manifestar em ambientes educacionais considerados inclusivos. Mais especificamente, discutirei a noção de microexclusão, que tenho desenvolvido de forma conjunta com colegas de pesquisa que compartilham dos mesmos anseios e preocupações em relação à educação matemática. Chamamos de microexclusões aquelas práticas sutis e veladas, muitas vezes corriqueiras, realizadas de forma consciente ou não, mas que tendem a isolar um indivíduo em determinado ambiente, na maioria das vezes considerado inclusivo. Microexclusões são práticas que podem se tornar um obstáculo para o desenvolvimento humano e, no que diz respeito ao contexto educacional, limitar o fomento de práticas pedagógicas inovadoras e não excludentes, pois, muitas vezes, favorecem a rotulação de certos estudantes como aqueles que são incapazes de aprender.

Palavras-chave: Microexclusão; Inclusão; Educação Matemática.



MR2: Teorias de Sustentação para Pesquisas em Educação Matemática Especial e Inclusiva

Clélia Maria Ignatius Nogueira (Unioeste-Unespar), Bartira Fernandes Teixeira (IFBA) e Sílvia Terezinha Frizzarini (UDESC).

Didática da Matemática Francófona na Educação Inclusiva

Clélia Maria Ignatius Nogueira

Resumo do trabalho. Introduzida no cenário mundial das discussões educacionais, após a realização da Conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada em 1990, na cidade de Jontiem na Tailândia e consolidada no que se refere à Educação Especial com a Declaração de Salamanca, a Educação Inclusiva tem como pressuposto o direito de todos aprenderem juntos, sem discriminação. Apesar desse pressuposto essencial, a maioria das pessoas, envolvidas ou não com a educação, acreditam que a Educação Inclusiva se destina à clientela da Educação Especial. Desta forma, de maneira geral, as pesquisas realizadas no âmbito da Educação Matemática Inclusiva, em sua maior parte, enfatizam as particularidades dos educando alvos da Educação Especial. Entretanto, a sala de aula é composta, também, em sua maioria, por educandos que, mesmo sem constituírem clientela da Educação Especial tem direito à uma educação de boa qualidade. Assim, a escola que se propõe inclusiva precisa ter um compromisso pedagógico com a diferença, o que significa saber legitimar a diferença sem renunciar a ensinar a TODAS as crianças. Um primeiro movimento nesta direção é compreender que um ambiente diverso promove uma educação de melhor qualidade, pois, permite trazer, para a sala de aula, o ambiente heterogêneo, diverso, com pluralidade de ideias da vida em sociedade. Mas, o ganho de TODOS os alunos de uma escola inclusiva não se resume a mudanças atitudinais decorrentes de aprender a conviver com a diversidade: o aprendizado da Matemática também pode ser promovido com atividades inclusivas. Desta forma, investigações atuais tem assumido um novo direcionamento: o de procurar demonstrar que recomendações extraídas de pesquisas que contemplam alunos com necessidades educativas especiais, como a criação de cenários multimodais; de realização de atividades de maneira colaborativa; que se preocupem com apoio de recursos tecnológicos ou de materiais manipuláveis, dentre outras, favorecem a aprendizagem de TODOS os alunos. Para demonstrar as potencialidades de atividades pensadas para a população alvo da Educação Especial para a aprendizagem de todos os alunos, as atuais pesquisas se sustentam em diferentes teorias cognitivistas, didáticas ou de aprendizagem, como, por exemplo, as teorias da Didática da Matemática de influência francesa, como, a Teoria dos Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval (TRRS), na base de pesquisas que propõem, por exemplo, cenários multimodais; a Teoria dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud (TCC), particularmente no que se refere às formas operatória e predicativas do conhecimento, que sustentam, por exemplo, situações didáticas em que alunos videntes trabalham colaborativamente com alunos cegos ou com baixa visão grave, descrevendo, em linguagem natural, procedimentos, gráficos e informações apresentados, também em braile. Além disso, temos a Teoria Antropológica do Didático de Chevallard (TAD), particularmente no que se refere aos objetos ostensivos, sustentando, por exemplo, a utilização de recursos visuais no ensino de surdos.

Palavras-chave: Educação Inclusiva; Didática da Matemática francófona; TRRS; TCC; TAD.

A Teoria Antropológica do Didático na Educação Matemática Inclusiva

Bartira Fernandes Teixeira

Resumo do trabalho: Neste I Encontro de Educação Matemática Inclusiva, objetivamos demonstrar como a Teoria Antropológica do Didático (TAD), de Yves Chevallard, pode servir de sustentação para investigações em Educação Matemática Inclusiva. Para atingir este objetivo, apresentaremos algumas das principais ferramentas da TAD explicitando o porquê da utilização dos termos “antropológico” e “didático”. Além disso, apontaremos o modelo praxeológico, definindo-o, elencando seus elementos e explicitando como as condutas humanas podem ser modelizadas em termos de praxeologias. Após, trabalharemos com a Dialética ostensivo - não ostensivo, demonstrando como esta dialética foi fundamental para sustentar uma investigação na qual os participantes foram crianças ouvintes e crianças surdas filhas de pais ouvintes. Exibiremos as principais conclusões da pesquisa realizada na cidade de salvador e intitulada Surdos e ouvintes juntos no espaço escolar: o processo de construção do número, que objetivou investigar quais as praxeologias disponíveis e evocadas para o ensino dos números a crianças ouvintes e surdas filhas de pais ouvintes, a fim de criar situações que possibilitassem a construção do número por estas crianças numa sala de aula de Matemática inclusiva. Nesta pesquisa, percorremos os aspectos epistemológicos e históricos da construção do número e modelizamos as atividades humanas observadas em termos de praxeologias. Recorrendo à dialética ostensivo/não ostensivo, analisamos a evolução dos objetos ostensivos utilizados em uma escola para surdos, as praxeologias dos professores e dos estudantes, e cunhamos a expressão “ostensivos sensíveis”, referindo-se àqueles objetos que favorecem e contribuem para a atividade matemática em questão, sendo esta a nossa contribuição teórica. Desta forma, discutindo aspectos importantes da Teoria Antropológica e apresentando uma pesquisa que adotou este quadro teórico, poderemos despertar o interesse para novas investigações em Educação Matemática Inclusiva.

Palavras-chave: Teoria Antropológica do Didático. Ostensivos sensíveis. Inclusão. Surdez.

As representações mentais dos surdos no estudo de inequações

Silvia Teresinha Frizzarini

Resumo do trabalho. A presente texto objetiva apresentar, para a mesa redonda TEORIAS DE SUSTENTAÇÃO PARA PESQUISAS EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA, os principais registros de representação semiótica, segundo a teoria adotada de Duval e suas coordenações possíveis no ensino e na aprendizagem da álgebra para alunos surdos fluentes em língua de sinais. O conteúdo da álgebra escolhido é a inequação, não só pela variedade de registros, mas também pela conexão que existe com outros conteúdos, como funções e equações. Os resultados que serão apresentados são frutos da tese intitulada ESTUDO DOS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA: IMPLICAÇÕES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA ÁLGEBRA PARA ALUNOS SURDOS FLUENTES EM LINGUA DE SINAIS, cuja a metodologia utilizada foi a Engenharia Didática difundida por Artigue; ela permitiu a aplicação planejada de uma sequência de cinco atividades, efetivada com sete alunos surdos do ensino médio brasileiro, todos de uma escola especial localizada no norte pioneiro do Paraná. Apresentarei alguns resultados obtidos durante a experimentação dessa pesquisa, realizada com os alunos surdos, em que a língua de sinais, por ser uma língua visual/motora, favoreceu a identificação dos elementos representacionais algébrico, durante a atividade de conversão, mediante a conexão realizada com os registros gráficos. Esses alunos surdos, ao converterem uma expressão algébrica para a língua de sinais e desta para a escrita, e vice-versa, se apoiavam, muitas vezes, na representação intermediária gráfica, descrevendo inclusive os detalhes dessa representação. Mesmo que a língua de sinais e a escrita tenham a mesma função meta discursiva de comunicação, elas diferem nas suas regras de conformidade; as unidades constitutivas de cada registro de representação são muito diferentes. Os surdos, ao traduzirem as expressões algébricas, em língua de sinais, justapõem dois sinais na configuração das mãos, assim como na linguagem matemática. As representações mentais dos surdos profundos dependem exclusivamente da língua de sinais, para generalizar e abstrair as representações algébricas, tendo como representação intermediária os gráficos. Pôde-se concluir que o estudo da álgebra, com alunos surdos, deve ser realizado com as vantagens que a língua de sinais lhes oferece, desvinculando-se do uso excessivo dos algoritmos, de representações exclusivamente simbólicas ou escrita e, principalmente, da obrigatoriedade de se obter uma resposta apenas numérica ou da linguagem algébrica.

Palavras-chave: registro de representação semiótica; álgebra; educação de surdos

MR3: Contribuições das Escolas Especializadas para Educação Matemática Inclusiva

Claudia Coelho de Segadas Vianna (UFRJ), Paula Marcia Barbosa (IBC) e Edson Akira Yahata (INES).

Contribuições de um Trabalho Colaborativo Envolvendo Alunos e Professores da Universidade e Professores de Instituições Especializadas para uma Educação Matemática Inclusiva

Claudia Segadas-Vianna

Resumo do trabalho. O propósito desta apresentação é mostrar como a participação de professores de instituições especializadas contribui para a formação inicial e continuada de professores de matemática em um projeto de extensão, o Projeto Fundão – Setor Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), através da elaboração e divulgação de estratégias para o ensino de alunos com deficiência visual e alunos surdos. Esse grupo é formado por alunos de licenciatura, professores do ensino superior e professores da educação básica (escolas especializadas e regulares), que trabalham de forma colaborativa. Os professores do Instituto Nacional de Surdos (INES) e do Instituto Benjamin Constant (IBC) detêm um conhecimento ímpar, que une teoria e prática, pois lidam diariamente com alunos surdos ou cegos ou ainda com múltiplas deficiências. É principalmente através deles que os demais membros do grupo obtêm informações das especificidades dos alunos, de recursos acessíveis e de práticas bem sucedidas. Por outro lado, a vinda à universidade permite que se crie um espaço de reflexão e troca de experiências, benéfica a todos os participantes do projeto. Atividades elaboradas ou adaptadas são aplicadas com os alunos e modificadas, quando necessário, para serem posteriormente divulgadas através de livros e de eventos diversos no país. Assim, as ações do grupo chegam até os professores de escolas regulares, ansiosos por colaboração nas práticas com seus alunos incluídos. A referida experiência é de um projeto específico, mas espera-se que possa servir de inspiração a outros modelos de parcerias e projetos, em que o papel das escolas especializadas, como centros de referência de ensino e capacitação de profissionais nas suas áreas de ação, se mescle com o da universidade, como propulsora de conhecimento e de formação humana.

Palavras-chave: Inclusão; Formação de professores; Escolas especializadas; Universidade

O Papel do Instituto Benjamin Constant na Educação Matemática Inclusiva

Paula Marcia Barbosa

Resumo do trabalho. O Instituto Benjamin Constant (IBC) é mais do que uma escola especializada que atende crianças e adolescentes cegos, surdocegos, com baixa visão e deficiência múltipla; é também um centro de referência, em nível nacional, para questões da deficiência visual, capacitando profissionais, por meio de diversos cursos (braille, sorobã, alfabetização, adaptação e transcrição, orientação e mobilidade, materiais adaptados, entre outros), e assessorando instituições públicas e privadas nessa área. A inclusão é um processo do qual a escola faz parte, requerendo mudança do ensino e exigindo procedimentos concretos. Incluir não significa necessariamente colocar pessoas “diferentes” em um lugar em que não costumavam estar, a classe regular, por exemplo. Significa rever o papel da escola, da sociedade, da família e conscientizar os indivíduos de que sua responsabilidade, é educar a todos. É de suma importância a capacitação de profissionais da educação e da sociedade para que as pessoas com necessidades educativas especiais sejam reconhecidas como cidadãos com os mesmos direitos. Tendo em vista a educação inclusiva, no ensino da matemática, o IBC busca recursos mais adequados para trabalhar com alunos com deficiência visual. É uma tarefa que exige do professor enxergar além da deficiência, lembrando que há peculiaridades no desenvolvimento de todas as crianças, com deficiência ou não. Em 1992, iniciou-se um convênio do IBC com o Projeto Fundão/Setor Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com objetivo de elaborar/adaptar atividades a fim de facilitar o processo de ensino e aprendizagem da Matemática para alunos cegos ou com baixa visão. Recursos didáticos foram criados, a partir desse convênio, de acordo com a especificidade de cada grupo para garantir a todos acesso ao conhecimento. Como resultado, verificou-se que a manipulação de materiais concretos facilita a visualização e a abstração necessárias para a apreensão dos conteúdos matemáticos. Sendo assim, acredita-se que um dos significados da inclusão é possibilitar, em via de mão dupla, por professores e alunos, a construção do conhecimento.

Palavras-chave: Instituto Benjamin Constant; Projeto Fundão; educação matemática; inclusão.

As Contribuições do INES para a Educação Matemática Inclusiva de Alunos Surdos

Edson Akira Yahata

Resumo do trabalho. O objetivo da mesa é apresentar as contribuições do INES para o surgimento, resistência e posterior reconhecimento da língua de sinais e quais suas implicações para a Educação Matemática Inclusiva. Desde a criação do instituto muitos alunos eram oriundos de outros estados e, posteriormente, regressavam para suas cidades de origem. Alguns se tornaram líderes da comunidade Surda, propiciando a formação da identidade linguística e a difusão da língua. Na década de 90, o movimento político dos Surdos, em que o INES teve um protagonismo, lutou pelo reconhecimento da língua de sinais e pela utilização dessa língua em sala de aula. Tal luta culminou no reconhecimento da Libras como língua oficial e, a seguir, no decreto 5626 que regulamenta a lei. A comunidade Surda se mobilizou para defender a qualidade da educação de surdos em consonância com a Declaração de Salamanca, que no caso de alunos surdos, entende que, devido às necessidades particulares de comunicação, seria mais adequada a sua educação em classes bilíngues. Nesse sentido, a comunidade surda protagonizou a defesa pela educação bilíngue, reivindicando que a língua de instrução fosse a Libras e o Português escrito fosse ensinado como segunda língua, utilizando metodologias adequadas às especificidades dos Surdos. As manifestações públicas e as participações no CONAE culminaram na aprovação da meta 4 do PNE que prevê a oferta da educação bilíngue. Mesmo em meio a tantas conquistas da comunidade Surda, existem compreensões equivocadas, por parte de alguns pesquisadores e gestores, que entendem que a simples presença do intérprete de Libras em sala de aula garantiria uma educação bilíngue com instrução em Libras. O INES continua com o papel de apresentar quais os meios necessários para implementar uma política educacional linguística para surdos, em que se PRIORIZE uma educação bilíngue e, nos casos em que for inviável, que se inclua os surdos nas turmas de ouvintes e se viabilize um intérprete e o trabalho na sala de recurso. A luta política foi indispensável para uma Educação Inclusiva Matemática de qualidade. Além disso, o INES também apresentou algumas realizações importantes como: cursos de Libras, capacitações de profissionais, publicações de revistas, produção de dicionário de Libras, organização de congressos nacionais e internacionais, criação de um Instituto Superior Bilíngue de Educação e de um programa de assessorias técnicas aos sistemas de ensino em todo território nacional.

Palavras-chave: Educação Matemática; Inclusão Educacional; Educação de Surdos; INES; Bilinguismo.

MR4 - Atividades Potencialmente Inclusivas no Ensino de Matemática

Ana Maria Martensen Roland Kaleff (UFF), Fabiane Guimarães Vieira Marcondes (IFSP) e Jurema Lindote Botelho Peixoto (UESC).

Recursos didáticos manipulativos potenciais para Educação Matemática Inclusiva de pessoas com deficiência visual

Ana Maria Martensen Roland Kaleff

Resumo do trabalho. Há mais de uma década, a autora do presente artigo vem trabalhando a busca de criar e adaptar recursos didáticos manipulativos de baixo custo para o ensino de matemática de pessoas com deficiência visual. Partindo de recursos criados desde meados da década de 1990, na Universidade Federal Fluminense, no âmbito do Laboratório de Ensino de Geometria, foram reelaborados jogos e aparelhos modeladores de situações matemáticas, para serem adequados a pessoas com deficiência visual (cegos e com baixa-visão). Para tanto, foram desenvolvidas práticas educacionais com a mediação de recursos didáticos manipulativos materiais e semióticos, para as quais foram criados Cadernos de Atividades táteis, escritos em Braille, com grafia aumentada e relacionados a cada recurso. Tais atividades são baseadas no Modelo de van Hiele do desenvolvimento do pensamento geométrico e na teoria da aprendizagem matemática, desenvolvida por Raymod Duval, que envolve diferentes registros semióticos.

Palavras-chave: recursos didáticos manipulativos; pessoas com deficiência visual; Laboratório de Ensino; Modelo de van Hiele; aprendizagem matemática.

Aprender é participar: valorização de estilos narrativos

Fabiane Guimarães Vieira Marcondes

Resumo do trabalho. Como pensar em atividades potencialmente inclusivas no ensino da matemática? Qual o objetivo destas atividades? Possibilitar a aprendizagem. E aprender, pressupõe, participar. Nas aulas de matemática, professores e alunos fazem parte de um grupo, a aprendizagem é vista como um processo de torna-se membro, comunicar-se e atuar de acordo com as particularidades desta comunidade. A escolha de atividades compartilhadas nesta comunidade, depende da concepção, no caso, que se tem da matemática. Uma concepção crítica da matemática, reconhece a matemática em todo tipo de ação humana, pressupõe uma visão ampliada da racionalidade matemática, muda relações de poder e reconhece a matemática em ação. Neste cenário, atividades devem ser pensadas de forma que nesta comunidade de prática todos os participantes possam investigar, interagir, comunicar, generalizar, explorar, entre outros. E, diante da diversidade, formas de ação e expressão diversas precisam ser valorizadas e uma visão da aula de matemática como apropriação de uma linguagem com regras próprias bem definidas e modelos acadêmicos não contestáveis deve ser superada. Nesta perspectiva pretende-se, apresentar e refletir sobre uma vivência de escuta, onde alunos surdos e ouvintes foram convidados a se expressar sobre o zero. A matemática é geralmente associada ao estilo paradigmático de pensamento e o estilo narrativo não é muitas vezes considerado e valorizado, no entanto deixa marcas na construção de sentidos e estão presentes na relação ser humano e matemática.

Palavras-chave: Participar; pensamento narrativo; educação matemática crítica; sentido.

Experiências de Ensino de Matemática Potencialmente Inclusivas na Educação Básica e no Ensino Superior: Aproximações com a Abordagem Do Desenho Universal para a Aprendizagem

Jurema Lindote Botelho Peixoto

Resumo do trabalho. Este trabalho tem o objetivo de apresentar duas experiências de ensino, uma na Educação Básica e outra no Ensino Superior, que podem ser consideradas potencialmente inclusivas. A primeira foi vivenciada no contexto do Atendimento Educacional Especializado com uma turma de 12 estudantes surdos (um com paralisia cerebral), matriculados no Ensino Básico (6º ano do Ensino Fundamental até o 2º ano do Ensino Médio) e com idades de 11 a 24 anos. Para tanto, foi realizada uma intervenção de ensino para trabalhar as ideias básicas da divisão (sistema de numeração, algoritmo, situações de partilha equitativa, quota, comparação multiplicativa e combinatória) envolvendo a produção de uma videoaula em Libras que auxiliou a professora pesquisadora e a intérprete na apresentação e discussão dos conteúdos. A avaliação processual mostrou evolução no desempenho dos estudantes, principalmente na motivação, já que o formato de aula estava considerando a experiência visual e a Libras. A segunda foi vivenciada no contexto do Ensino Superior com uma estudante cega inserida numa turma de Álgebra Linear e Geometria Analítica no curso de Ciência da Computação, composta por 35 estudantes. As atividades de ensino foram realizadas na turma e uma vez por semana no núcleo de atendimento com a estudante cega. O planejamento das aulas abordou os aspectos: produção prévia das notas de aula com descrição de cada figura, descrição em áudio no aplicativo WhatsApp, produção de modelos concretos, organização da sequência e apresentação do conteúdo, avaliações individuais escritas e uma avaliação em grupo enfocando a produção de um objeto de aprendizagem abordando conteúdos da disciplina fundamentado nos princípios do Desenho Universal para a aprendizagem. Na avaliação das aulas foi possível observar que os estudantes da turma foram beneficiados com a presença da estudante cega principalmente quando puderam pensar durante a produção conjunta de um objeto de aprendizagem acessível utilizando os conceitos da computação. As duas experiências mostram possibilidades a serem exploradas no ensino de Matemática no contexto educacional inclusivo e aproximam-se da abordagem do Desenho Universal para a aprendizagem, nas múltiplas formas de representação, envolvimento e avaliação.

Palavras-chave: Inclusão de estudante Surdo e Cego; Videoaula; Desenho Universal; Álgebra Linear e Geometria Analítica; Conceito de divisão.

MR5: Formação de professores para a diversidade

Fábio Alexandre Borges (Unespar), Agnaldo da Conceição Esquincalha (UFRJ) e Ana Lúcia Manrique (PUC-SP).

A formação do (futuro) professor de Matemática numa perspectiva inclusiva

Fábio Alexandre Borges

Resumo do trabalho. O objetivo traçado para o debate na Mesa-Redonda “Formação de Professores para a diversidade” é analisar como a inclusão educacional de alunos com deficiência é contemplada nos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura em Matemática. Serão apresentados aspectos oriundos de uma pesquisa documental, sendo que, para a coleta dos dados, recorremos à leitura na íntegra dos Projetos Pedagógicos de 20 (vinte) cursos públicos de Licenciatura em Matemática do Paraná. Para a análise dos dados, utilizamos elementos da Análise de Conteúdo. Como resultados, destacamos: práticas formativas curricularizadas que não contemplam a presença de estudantes com deficiência; uma abordagem da inclusão condicionada às “boas vontades” ou práticas não curricularizadas; e uma abordagem não transversal da Inclusão. Conclui-se, dentre outros aspectos, que os cursos de formação inicial precisam considerar os sujeitos da inclusão, para além dos aspectos teóricos, bem como tratar a temática inclusão de maneira transversal, promovendo uma cultura inclusiva.

Palavras-chave: Formação Inicial; Licenciaturas em Matemática; Inclusão Educacional.

Reflexões sobre a Formação de Professores que ensinam Matemática e a Inclusão na Educação Básica

Ana Lúcia Manrique

Resumo do trabalho. Consideramos a formação de professores no Brasil um problema social da maior relevância. E a entendemos como um problema social por conceber as práticas docentes como atos sociais de educação. Dessa forma, para discutir a formação de professores para a educação básica torna-se essencial termos em mente quais são as políticas e o papel da educação básica em uma determinada sociedade, pois isso irá orientar os processos formativos dos professores. Assim, reconhecemos que a formação de professores não pode envolver apenas aspectos técnicos, ela necessita compreender valores de uma sociedade, bem como comprometer-se com relações construtivas e colaborativas. Ou seja, a formação não pode circundar apenas conhecimentos de uma área do conhecimento e metodologias para ensinar determinados conteúdos, ela deve ser mais abrangente, considerar uma formação cultural e problematizar a realidade social. Entendemos que os professores enfrentam nas salas de aula muitos desafios, além de criar condições de aprendizagem de determinados conteúdos constantes nos currículos escolares, eles se deparam com situações que compreendem fatores culturais, étnicos, morais, sociais e relativos à diversidade que demandam práticas e formas de se relacionar diferenciadas. Podemos identificar alguns consensos discursivos apontados na literatura que têm influenciado processos formativos de professores. São eles: articular teoria e prática; valorizar a postura investigativa; aproximar universidades e escolas; incentivar a constituição de comunidades de aprendizagem e de práticas; conceber o fazer docente apoiado em um sólido repertório de conhecimentos; formar professores para a justiça social; e considerar as crenças e conhecimentos dos professores. Além desses consensos discursivos, um aspecto que vem se afirmando em distintos movimentos nas sociedades contemporâneas e que queremos destacar está relacionado ao direito à diferença, em especial, o respeito à inserção de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas salas de aula regular e o direito à inclusão destes alunos nos processos de ensino e aprendizagem. Desde 2010 coordenamos projetos voltados a investigar a formação de professores que ensinam Matemática para a docência em ambientes educacionais inclusivos. Os projetos buscam proporcionar aos professores da rede pública de ensino meios de experimentar e desenvolver materiais e metodologias adequados ao ensino de Matemática para os alunos, priorizando a troca de experiências e a construção coletiva de conhecimentos sobre a Matemática e a Inclusão, bem como o desenvolvimento de atividades envolvendo materiais manipulativos. Para a mesa redonda Formação de Professores para a Diversidade faremos uma reflexão sobre esses projetos.

Palavras-chave: Formação de Professores; Educação Matemática Inclusiva; Investigações.


MR6: Educação Matemática e os Direitos Humanos para pessoas socialmente excluídas

Geraldo Eustáquio Moreira (UnB), Edmar Thiengo (IFES) e Fernanda Malinosky Coelho da Rosa (UFMS).

Matemática e Direitos Humanos: Possibilidades e desafios

Geraldo Eustáquio Moreira

Resumo do trabalho. Na Mesa Redonda 6 – MR6 (Educação Matemática e os Direitos Humanos para pessoas socialmente excluídas), do I Encontro Nacional de Educação Matemática Inclusiva – I ENEMI/2019, intenciono discutir as possibilidades e os desafios que os professores que ensinam Matemática encontram ao coligarem, ou tentarem coligar, Matemática e Direitos Humanos. Parto do princípio que esta união é possível, embora apresente graves entraves devido aos aspectos gerais da sociedade. Mais especificamente, vou instigar os presentes a pensarem a Educação Matemática numa perspectiva difusora dos Direitos Humanos. As políticas públicas e a formação dos professores que ensinam Matemática serão evocadas. Para tanto, a questão “Quais são as possibilidades e os desafios que os professores que ensinam Matemática têm ao trabalharem em suas aulas a Educação em Direitos Humanos?” será utilizada como uma espécie de disparador temático. Será feito um esforço para levar ao conhecimento dos participantes as iniciativas que buscam associar Matemática e Direitos Humanos, ressaltando a viabilidade e as barreiras encontradas, sobretudo quando se pretende ver o professor que ensina Matemática como agente sociocultural e político. Na mesma direção, apresentarei a Matemática como instrumento de conscientização e promoção dos Direitos Humanos, considerando-se temas polêmicos que circundam a atualidade, tais como as fake news; o destroçamento da Educação e da Ciência; as questões ambientais; o retrocesso no reconhecimento da diversidade e, ainda, a Matemática como forma de combate a todo “talkey”.

Palavras-chave: Educação Matemática. Direitos Humanos. Possibilidades e desafios. Formação de professores. Criticidade.

Corpo e Escola: direito de ser

Edmar Reis Thiengo

Resumo do trabalho. Influenciado pelo pensamento de Michel Foucault, fez-se um desejo de tornar ativas as possibilidades de reflexão-ação sobre questões observadas, mas não percebidas no cenário educativo. Questões educacionais polêmicas, quando percebidas, são silenciadas pelo formalismo curricular ou pela hegemonia institucionalizada nos espaços escolares que disciplinam o lugar (ou não lugar) dos corpos e os enredam nas teias do que pode (ou não pode) ser explorado. Corpos diferentes, corpos que limitam ou corpos limitados? O corpo é o instrumento que o indivíduo possui para se expressar e precisa ser considerado e respeitado, no entanto, por muitas décadas, os corpos diferentes eram considerados anormais e, portanto, excluídos da sociedade e consequentemente da escola. Os sujeitos existiam, mas eram desconsiderados, invisibilizados, processo que até hoje ainda é utilizado por muitos educadores. Há que se considerar que um estudante com uma síndrome cromossômica tem seu processo de inclusão realizado de forma diferente de outro com miopatia mitocondrial; da mesma forma, um sujeito cego passa por processos diferenciados ao compararmos a outro que é surdo ou que possui baixa visão; o fato é que, diante da obrigatoriedade em receber cada um destes indivíduos nas salas de aula, o fazemos considerando cada caso e diferenciando-os. Independente da particularidade que esse indivíduo traz, não podemos deixar de notar o grave problema relacionado à diversidade sexual e de gênero, e particularmente citamos o caso das mulheres em determinadas instituições, que por sua tradição machista lhes negam a possibilidade de participação no ambiente educacional em igualdade de direitos com os homens; as travestis que tem seus direitos privados em seu processo educacional, visto que estas passam pelo julgamento popular. O direito de ser quem é e expressar-se no ambiente escolar torna-se necessário e precisa ser observado para além do corpo estranho ou corpo que causa estranhamentos – expressão natural dos que excluem e se incomodam com o ser “diferente”. É nesse contexto que se insere o conceito de dispositivos de vigilância e poder discutidos por Foucault, dispositivos que constituem meios e formas pelos quais se exerce o poder na sociedade, sendo mecanismos de controles sutis, naturalizados. A perspectiva que defendemos é a de que não deveria existir estudantes cegos, estudantes surdos, estudantes negros, estudantes gays, estudantes trans, etc, mas a da existência de estudantes.

Palavras-chave: corpo; escola; inclusão; direito; poder.


Reflexões sobre inclusão, direitos humanos e a formação do docente que ensina Matemática

Fernanda Malinosky Coelho da Rosa

Resumo do trabalho. Na mesa redonda em questão objetiva-se, entre outras coisas, discutir e refletir sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos que preconiza que todo ser humano nasce livre e igual em dignidade e direitos, indiscriminadamente, ou seja, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Voltando nosso olhar para a Educação, mais de quarenta anos depois, em 1990, foi publicada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos a qual recomenda-se a mudança na educação no sentido de universalizá-la, de melhorar a qualidade, de reduzir as desigualdades, de dar atenção à diversidade e à complexidade da aprendizagem de cada indivíduo, como ser singular. Diante dessas declarações internacionais e da legislação nacional publicada com base nesses princípios, é que vem o convite à reflexão sobre a formação docente. A Educação (Matemática) Inclusiva vai muito além do pensar em Educação Especial. A heterogeneidade e a diversidade nas classes sempre existiu e com o aumento das discussões sobre a inclusão, esses temas também têm sido trazidos à tona. Espera-se discutir sobre a formação inicial e continuada de professores dos cursos de Pedagogia e Matemática para lidar com a diversidade.

Palavras-chave: Educação Inclusiva; Professores; Diferença; Diversidade.