REUTILIZAÇÃO DE PEÇA E COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS DESCARTADOS
Se levarmos em consideração o sentido exato do que é o lixo eletrônico (e-lixo ou resíduo eletrônico), chegaremos na resposta de que este vem a ser qualquer tipo de material elétrico e eletrônico danificado, quebrado ou até mesmo sem utilidade por algum motivo que o destinará ao descarte, os computadores, celulares, geladeiras, tablets e etc, são exemplos de materiais eletroeletrônicos e eletrodomésticos que são descartados.
Talvez você lembre vagamente do que se trata o lixo eletrônico, afinal, quem nunca percebeu que algum equipamento eletrônico da sua casa, escola ou empresa, depois de um determinado tempo de uso faz KA-BOM e não funciona mais?
Isto é, com a quantidade recorrente de inovações tecnológicas no mundo, geralmente os aparelhos eletroeletrônicos são substituídos facilmente, devido principalmente ao consumismo da sociedade contemporânea, sendo assim, eles são trocados por outros dispositivos mais modernos de forma bem mais rápida. A partir disso os aparelhos mais “velhos” tornam-se lixo eletrônico e na maioria dos casos as pessoas não sabem o que fazer com o e-lixo, por conseguinte, grande parte das vezes o resíduo eletrônico é descartado de maneira inadequada, em locais impróprios.
É importante salientar a importância do descarte em locais apropriados, pois produtos elétricos e eletrônicos detêm em sua composição quantidades consideráveis de substâncias tóxicas, o mercúrio, o berílio e o chumbo são exemplos. Dessa forma, quando são depositados em qualquer tipo de ambiente sem cuidados devidos, podem ser prejudiciais, pois causam graves danos ao meio ambiente, como os problemas à saúde da população que reside nas proximidades, juntamente com a contaminação dos lençóis freáticos, por exemplo, vem a ser um dos sérios óbices, posto que, estes comprometem o sistema de abastecimento de água de toda uma região, além disso, pode oferecer riscos à saúde dos coletores quando colocado junto ao lixo comum.
Aliás, os materiais eletroeletrônicos são compostos sobretudo por plástico, vidro, e metais, componentes que para se decompor no solo levam uma quantidade bastante considerável de tempo.
Infelizmente, grande parte dos países subdesenvolvidos, como o Brasil, estão sendo Quartos de Despejos das potências mundiais, enquanto o combate ao descarte inadequado dos lixos eletrônicos - na maior parte realizado por países desenvolvidos -, em territórios com quase nenhuma influência na economia mundial tornou-se um desafio significativo.
A saber, o capitalismo é tido como um obstáculo à consolidação de uma solução acerca do e-lixo e dos impactos socioambientais. De acordo com Karl Marx, “o homem do capital prioriza o lucro em detrimento dos valores”. À vista disso, podemos perceber que atualmente a preservação do meio ambiente está em segundo plano e a ganância pelo dinheiro e lucro faz com que a ética pelo bem-estar da sociedade seja desconsiderada.
Nesse sentido, o vasto desenvolvimento das tecnologias nos dias atuais - que na maioria dos casos aumentam o lucro dos donos do meio de produção -, seguirá ocorrendo. Todavia, irá fomentar efeitos colaterais - como o descarte inadequado dos Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos(REEE)-, esses danos serão vivenciados sobretudo em territórios de pouca estrutura, tendo em vista que se faz menos oneroso e polêmico despejar o e-lixo em ambientes de pouca visibilidade social. Assim sendo, à medida que a sociedade for orientada pelo lucro e consumismo, os recursos naturais do planeta estarão contaminados e a população ficará vulnerável às doenças, como o câncer.
Além do que, é de referir que o Estado infelizmente não está dando prioridade para a reciclagem do lixo eletrônico. Segundo o biólogo Paulo Jubilut, esse impasse cresceu de forma bastante exponencial nas últimas décadas e, diante disso, é necessário investimento para reciclar esses materiais eletroeletrônicos. Por mais que existam empresas de reciclagem, não está sendo suficiente para suprir a demanda de um país como o Brasil.
Gilberto Dimenstein, destaca o abismo entre as postulações e as suas práticas. Esse fato é evidente, pela inoperância estatal no que diz respeito à lei que determina a punição aqueles que realizam o descarte inadequado dos lixos eletrônicos. A ausência de uma fiscalização maior, por exemplo, faz com que não existam ações governamentais que cumpram esse princípio de inércia governamental, o que justifica a utilização do Brasil como esse grande quarto de despejo de resíduos tecnológicos a qual foi mencionado anteriormente.
Por isso, assim que o Estado assumir o seu papel, os impactos socioambientais gerados pelo e-lixo, como o surgimento de doenças e a escassez dos recursos naturais serão diminuídos.
O sociólogo Zygmunt Bauman, expõe que a sociedade contemporânea, por estar dominada pela lógica do descarte, inserida pelo consumismo, espelha a realidade descrita da “modernidade líquida”, pois os relacionamentos estão se comportando de acordo com o mercado capitalista, ou seja, de maneira superficial e descartável como é o caso dos materiais eletroeletrônicos.
Em suma, atualmente se tem uma grande busca por produtos eletroeletrônicos, combinado com a inovação rápida e a expectativa de vida útil cada vez mais curta dos produtos, o e-lixo tornou-se um dos fluxos de resíduos que mais crescem.
A modernização nos equipamentos eletrônicos aumenta a cada inovação tecnológica implantada em dispositivos comercializados, o que induz a sociedade contemporânea a descartar os seus aparelhos antigos/desatualizados e adquirir um novo dispositivo com tecnologias mais avançadas, gerando um acúmulo de resíduos provenientes da rápida obsolescência de equipamentos eletroeletrônicos.
E O QUE VOCÊ PODE FAZER?
Retomando um pouco do tópico anterior, é fato que um dos principais problemas atuais é o destino do e-lixo. A rápida produção aumentou fortemente nos últimos tempos. E por quê isso está acontecendo mesmo? Bem, grande parte devido a evolução tecnológica, onde as coisas ficam ultrapassadas em um estalar de dedos; por outro lado, devido a forte vontade e desejo que a população tem de comprar, comprar, comprar e comprar…
Entrando então na pergunta, o que você pode fazer?, perceberemos que a questão envolverá muitas iniciativas e fatores que se interligam não somente no desconhecimento da toxicidade do resíduo eletrônico, porém, estará relacionado sobretudo ao consumo desenfreado.
Existem formas simples de resolver esse óbice, uma delas que auxilia na diminuição desses problemas é não despejar o e-lixo em qualquer tipo de ambiente. Além disso, por meio do reaproveitamento de materiais pela reciclagem é possível dar um novo destino para os componentes.
Quer dizer, uma das soluções para esse problema a nível nacional e regional, é a conscientização e atitude correta de descarte ou reutilização desses eletrônicos em comunidades, acarretando em uma forma de ensino prático do processo de reciclagem e aproveitamento de materiais para fins educativos.
Diante dos efeitos colaterais que o e-lixo pode causar ao meio ambiente e à saúde pública, o fluxo reverso do produto eletrônico descartado pode ser reaproveitado ou retrabalhado para transformar em matéria-prima novamente, em que visa à preservação do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e o planejamento eficiente dos produtos descartados. Seu descarte deve ser realizado em pontos específicos de coleta.
Após a compreensão do que é lixo eletrônico e dos seus respectivos perigos, é possível fazer coisas a respeito desse agravante que tanto preocupa! A seguir, veja, quais ações você pode inserir no seu cotidiano:
Com o vasto estímulo da obsolescência de equipamentos eletroeletrônicos, o consumidor está sempre sujeito a trocar cada vez mais rápido seus aparelhos por novos, quer seja em um intervalo de um ano ou em um intervalo menor, esse é um dos fatos o qual faz com que os dados acerca do e-lixo no Brasil sejam cada vez mais alarmantes, pois se levarmos em consideração os números divulgados pelo estudo Global E-Waste Monitor que foi efetuado pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), o Brasil encontra-se como o maior produtor de lixo eletrônico no que diz respeito à América Latina e o sétimo maior de todo o planeta. Para você ter uma noção básica de como se situa o país nessa escala, por ano, o Brasil produz 1,5 mil toneladas de e-lixo, sendo que somente 3% desses resíduos são destinados de forma adequada.
Se tem uma estimativa de que são produzidos 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico anualmente, no mundo todo. No Brasil, em média, cada cidadão gera aproximadamente 8 quilos de e-lixo por ano. Já nos Estados Unidos e no Canadá, cada pessoa gera cerca de 20 quilos de lixo eletrônico anualmente. De acordo com alguns pesquisadores, no ano de 2050, esse nível de produção de resíduos eletroeletrônicos, que está em média de 50 milhões de toneladas, alcançará muito provavelmente os 120 milhões de toneladas ao ano. Já pensou essa grande quantidade de lixo eletrônico em todo o mundo?
Confira os dados de forma resumida:
Anualmente mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas no mundo todo;
O Brasil, descarta anualmente cerca de 1,5 toneladas de e-lixo;
A grande maioria do resíduos eletroeletrônicos no Brasil são descartados de forma inadequada;
Cada brasileiro gera, em média, 8,3 quilogramas de lixo eletrônico por ano. Sendo que, somente 3% desse e-lixo é descartado de maneira correta.
Esses dados são surpreendentes, não são? Então, que tal você começar a ter mais cuidado ao jogar fora o seu lixo eletrônico. Reduza, reutilize, repare ou recicle o e-lixo, pois assim você estará protegendo o meio ambiente e cumprindo as condutas sociais.
O e-lixo no Brasil passou a ter amparo legal a partir de 2 de agosto de 2010, com a Lei Nº 12.305. A referida lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e constitui um instrumento relevante para a solução de um dos problemas enfrentados pelos municípios brasileiros e que é objeto da indagação sobre qual o destino dado aos resíduos sólidos. A lei traça diretrizes e objetivos que respondem de forma coesa tal indagação, alimentando ainda um mercado que está em expansão e altera a Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, dando-lhe outras providências. Assim, de acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (2016), os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) são componentes e materiais consumíveis necessários para o pleno funcionamento dos equipamentos elétricos e/ou eletrônicos que estejam obsoletos e/ou inservíveis.
Você muito provavelmente já teve essa dúvida, não é mesmo? Existem muitos dispositivos eletrônicos que utilizamos em nosso dia a dia, então surge essa pergunta bastante comum: afinal, o que pode ser considerado e-lixo? Para facilitar um pouco nossas vidas, há algumas categorias para separar os tipos de resíduos eletroeletrônicos, sendo divididos por configurações de tamanhos, formas de manuseios e os diversos tipos de aplicações desses componentes.
Tipos de categorias e seus principais aparelhos encontrados:
Linha Branca: geladeiras, freezers, máquinas de lavar, fogões, ar condicionados, micro-ondas, etc.
Linha Azul: torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores, mixers, secadores de cabelo, ferramentas elétricas, calculadoras, câmeras digitais, rádios, etc.
Linha Verde: computadores, tablets, notebooks, celulares, impressoras, monitores, fones de ouvido, entre outros.
Linha Marrom: aparelhos de som, TV, equipamentos de DVD/VHS, etc.
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