A educação é um direito de todos, somos todos capazes de termos sucesso profissional se tivermos oportunidades a participar de um aprendizado livre de preconceitos, sendo todos solidário e respeitando as diferenças. Pois, se observarmos o mundo por um novo ângulo, somos diferentes e essa diferença nos faz crescer como seres humanos se assim a respeitarmos.
A educação inclusiva é uma perspectiva que tem como pressuposto que toda criança aprende e que esse percurso é singular. Assim, não há "alunos de inclusão". Ou a inclusão diz respeito a todos os alunos ou não é inclusão", explica Luiz Conceição, coordenador de formação do Instituto Rodrigo Mendes.
Inclusão, portanto, refere-se à garantia do direito à diferença, reconhecendo que cada estudante, com ou sem deficiência, é um sujeito com interesses e necessidades próprias e, portanto, modos de aprender diferentes em relação aos demais.
Regina Mercurio é consultora do Instituto Rodrigo Mendes (IRM). Professora de educação física e psicomotricista. Trabalhou como educadora em escolas públicas e privadas, nas áreas urbanas e rurais, e atua há mais de 15 anos no terceiro setor com formação de gestores e professores em Educação Inclusiva em municípios do Brasil, Grenada e Angola. Foi assessora da gestão para construção, implementação e monitoramento de Programas de Educação Inclusiva nos municípios de Jacareí e Osasco (SP) e supervisora do Serviço Educacional da APAE de São Paulo. Foi membro da Executiva do Fórum Permanente de Educação Inclusiva/FoPEI e Participante do LEPED – Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade da Faculdade de Educação da UNICAMP.
Uma educação inclusiva é uma concepção de educação que acolhe a todos e reconhece a diversidade como um valor que enriquece o processo de ensino e aprendizagem. Nesse modelo, busca-se a equidade de oportunidade para que as diferenças não se tornem desigualdades. De acordo com a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é signatário e tem status de constituição (Decreto Legislativo nº 186/2008 e Decreto nº 6.949/2009),“Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação”. Assumindo o compromisso de efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades. Portanto, nenhuma pessoa pode ser excluída do sistema educacional geral sob alegação de deficiência, credo, raça ou quaisquer outras características individuais. A construção de sistemas inclusivos de ensino precisa garantir a acessibilidade no seu sentido mais amplo, não apenas aos espaços físicos educacionais, tais como salas, bibliotecas, quadras, banheiros, sendo imprescindível também a supressão de barreiras informacionais, programáticas, comunicacionais e atitudinais, assegurando a participação efetiva e o aprendizado das pessoas com deficiência na escola inclusiva, de qualidade e gratuita, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem. São inegociáveis o compromisso com o direito de aprendizagem de todos e cada um, com o pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e autoestima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos. O objetivo da educação inclusiva, portanto, é afirmar o direito todos à educação, não apenas em relação ao acesso, mas à permanência e ao sucesso escolar. Para tanto, é necessário disponibilizar meios e modos para que as especificidades das pessoas com deficiência sejam atendidas em ambientes comuns de modo que esses se tornem inclusivos. Resumindo, como princípios da educação inclusiva podemos destacar: toda pessoa tem o direito de acesso à educação de qualidade, toda pessoa aprende, o processo de aprendizagem de cada pessoa é singular, o convívio no ambiente escolar comum beneficia todos, a educação inclusiva diz respeito a todos.
A inclusão deve garantir que os jovens tenham acesso à aprendizagem. Oferecer as condições necessárias para a operacionalização de um projeto pedagógico inclusivo é um desafio para os gestores. Eliminar as barreiras arquitetônicas é o primeiro passo para uma inclusão efetiva, assim como a introdução de recursos e tecnologias assistivas. É necessário, no entanto, reconhecermos que a maioria dos educadores, ainda hoje no exercício das suas funções, não têm em sua memória afetiva ou lembranças em sua vida escolar de estudar colegas com deficiência. Paralelamente acreditava-se que as pessoas com deficiência deveriam estudar em espaços segregados, com professores especialistas, pois eram incapazes de aprenderem nas classes comuns.
Fomos constituídos como pessoas/educadores sem expectativa em relação ao aprendizado desses com quem não convivíamos, assim como incapazes para ensiná-los, já que não somos especialistas. Uma mudança de paradigma mexe, portanto, com a identidade dos educadores, que em boa parte ainda se sentem pouco capazes de lidar com a diversidade tão negada durante todo seu processo formativo. Na mesma época, nos espaços segregados, particularmente em relação as pessoas com deficiência intelectual, não havia expectativa e/ou compromisso acadêmico já uma vez que os diagnósticos definiam o prognostico desfavorável a aprendizagem. Isto posto é importante reafirmarmos que hoje se sabe que não existem estratégias de ensino exclusivas, únicas e específicas para crianças com deficiência. Logicamente isso não significa dizer que não são necessário apoios específicos, como Atendimento Educacional Especializado, no contra turno, aprendizado de LIBRAS, outras maneiras de garantir a comunicação, tecnologias assistivas entre outros, mas trata-se de articular o conhecimento destes professores especialistas com o dos professores de sala comum que trabalham o conteúdo curricular. São inúmeras também experiencias de sucesso em relação ao aprendizado alunos com deficiência em classes comuns. Compartilhar esses relatos e garantir a formação continuada dialógica que parta da reflexão de situações pedagógicas do cotidiano escolar, reunindo gestores, professores especialistas e professores do atendimento educacional especializado tem se mostrado estratégias eficientes. O protagonismo dos educadores na busca de novos caminhos pedagógicos contribui para potencializar e inspirar boas práticas dentro da sala de aula. Algumas dicas: chamar os professores para refletir sobre quais as vias de aprendizagem em que as crianças da sua turma se sentem mais confortáveis e por que motivos algumas crianças não progridem no mesmo ritmo que as outras. Se as estratégias e as técnicas utilizadas permitem que todas as crianças aprendam e realizem, e como fazer ajustamentos nos recursos, atividades e/ou no acesso para torná-los acessíveis para todos. Essas reflexões aliadas utilização do desenho universal de aprendizagem como premissa para a organização do trabalho pedagógico tem resultado em práticas bastante interessantes de educadores em diversos municípios do Brasil.