A aerodinâmica é definida como o estudo dos movimentos e interações de corpos fluidos (movimentos de fluidos gasosos, relativo às suas propriedades e características, e às forças que exercem em corpos sólidos nele imersos).

Há uma ligação direta com o estudo dos desenhos de aeronaves, navios, carros, antenas, pontes, entre outros com a intenção de melhorar seu desempenho e segurança.

Desde o início do século, os designers vinham testando os efeitos da dinâmica dos corpos na água e no ar, com base em estudos sobre a forma e o movimento de peixes e pássaros, descobriu-se que barcos e aviões podiam ser mais eficientes se tivessem o nariz e a fuselagem polidos.

Em 1933, o Douglas DC1 fez sua estreia no transporte de passageiros, ele possuía uma estrutura aerodinâmica monocoque, asas integradas, um revestimento de alumínio reforçado.

O DC1, juntamente com o Boeing 247, assinalou o início do moderno vôo comercial de passageiros.


Em 1934, a Chrysler lançou o seu novo carro aerodinâmico, o Airflow. Projetado por Carl Breer, era o resultado de extensas pesquisas de aerodinâmica.

O design de produto integra com a ciência da aerodinâmica, pois esta é significativamente importante no desenvolvimento de projetos que dependem de contato direto com o ar, onde o escoamento do ar sobre as superfícies destes objetos interfere diretamente no seu desempenho e função principal.

“É fundamental a investigação de seu próprio estilo e personalidade, misturado com novas ideias e tecnologias, tornando-se um motor poderoso que apoia a inovação por anos”.

– Luigi Colani


O Streamline (1930 – 1950) surgiu nos Estados Unidos como uma resposta à crise econômica de 1929. Em 1933 houve a regulamentação dos preços dos bens de consumo, os industriais incorporaram designers nas linhas de produção das fábricas e isso fez com que os produtos tivessem um novo diferencial no mercado de consumo.

Aerodinâmica sugere velocidade, eficiência e, acima de tudo e modernidade. Como a Art Déco, ela virou um imperativo comercial, pois era obvio que o consumidor sentia atração, se não pelo Airflow, por outros produtos aerodinâmicos A primeira evidência segura desse fato veio em 1929, quando Raymond Loewy reprojetou o duplicador Gestetner. Até então, ele era o protótipo da máquina industrial ninguém tentara tornar seu visual agradável ou simplificar seu uso.

Além de Loewy, Norman Bel Geddes, Walter Dorwin Teague e Henry Dreyfuss deram contribuições que influenciaram o design em todo o mundo.

Dreyfuss elaborou uma teoria do design menos preocupada com o estilo e mais com relação entre a máquina e o operador. Para ele, a eficiência de uma máquina dependia de seu grau de adaptação ao usuário. Sua teoria resultou num estudo de ergonomia (como seres humanos se relacionam com objetos) e de antropometria (estudo das dimensões e da força do corpo). A reputação de Dreyfuss firmou-se com o telefone Bell 300. Ele o projetou "de dentro para fora", executando testes minuciosos para assegurar-se de que seria fácil de operar. Esse telefone instituiu um padrão nos EUA que prevaleceu por mais de quarenta anos.

Embora os três designers destacam-se no design de produtos, Fiell et al (2001) reconhece no francês Raymond Loewy o profissional que mais promoveu significativamente o status do Design Industrial.

Os produtos desse estilo possuem formas mais arredondadas e em cunha, como se fossem reduzir o atrito do ar sobre elas. Trens, aspiradores de pó, geladeiras e muitos outros produtos de uso doméstico com linhas aerodinâmicas foram concebidos com a intenção em aumentar as vendas das empresas. Isto fez com que o ciclo de vida dos produtos fosse aplicado de forma planejada para ré-estilização dos mesmos. Nos exemplos é possível perceber a fluidez das linhas de contorno do objeto em busca do menor atrito. Em uma locomotiva, a preocupação em reduzir o atrito é pertinente, no entanto, no ferro de passar a preocupação é estética.


De carros, ônibus, trens e aviões com seus motores às embalagens e campanhas de publicidade de vários produtos, designs que atenderam a ambição de grandes corporações e o consumismo no período pós-guerra, conforme Dormer (1993). O Design Industrial floresceu em possibilidades até então apenas imaginadas. Os conceitos desenvolvidos determinaram padrões estéticos utilizados até hoje em objetos do nosso cotidiano. Nesta época, os designers tiveram que fortalecer argumentos, avançar metodologicamente, testar, justificar e modificar projetos para impulsionar a produção, as finanças e o marketing, preparando terreno para a segunda metade do século XX. Foi um período de grandes feiras, revistas e cinemas, que mostravam o mundo do “amanhã”. Dormer, (1993).

No livro, a forma viva de Walter Maria Kersting ele cita o papel do design como o de “criar objetos simples e baratos que não devam parecer mais do que são e que possam ser adquiridos em qualquer lugar e produzidos em serie em oficinas artesanais e em fabricas de produção em massa”

O fluxo entre guerras fez com que a maioria das inovações logo ganhasse destaque mundialmente.

Independente do uso a que se destinavam, os objetos ganharam essas formas representando a promessa de um mundo melhor, um futuro promissor em contraposição à devastadora crise, da qual o país começava a se recuperar.

Assim a aerodinâmica teve grande influencia nos ferros de passar, cafeteiras, roupas e sapatos, entre outros produtos que sofriam sua interferência.

Os objetos expostos ao lado englobam vários segmentos, de meios de transporte a utensílios domésticos, incluindo artefatos de uso pessoal, ferramentas de trabalho, equipamentos audiovisuais, brinquedos entre muitas outras tipologias.

Trata-se da exposição “Design aerodinâmico – Metáfora do futuro” que está no Museu da Casa Brasileira.

A exposição ocupa cinco salas do Museu da Casa Brasileira, divididas por temas. Uma delas com o impacto do estilo no Brasil, com produtos da Arno, Consul e Real, entre outras empresas, além de incluir trabalhos do californiano Charles Bosworth, que se estabeleceu em São Paulo em 1947 para implantar a sede do escritório de Raymond Loewy e viveu aqui até falecer, em 1999.

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Texto desenvolvido por Lígia Vitória do Nascimento para a disciplina Introdução ao Estudo do Design - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Design - Abril de 2021. O texto colabora com o projeto de extensão “Blog Estudos sobre Design”, coordenado pelo Prof. Rodrigo Boufleur (http://estudossobredesign.blogspot.com).