Do ponto de vista histórico, o Covão da Ametade é um local muito importante, porque este, foi o local de acampamento de Júlio César, durante a sua campanha contra os Lusitanos em 60 a.c.
Imagem do Covão da Ametade de um postal ilustrado timbrado de 1964. Imagem publicada por: Retratos de Portugal Blogsport
Breves Notas Sobre o Covão da Ametade
Os serranos usam o termo covão para descrever uma grande depressão, de aparência circular.
Durante os períodos em que a parte elevada da Serra da Estrela esteve coberta pelos gelos, foi sujeita a um desgaste pela acção das línguas dos glaciares que deu origem à morfologia que hoje podemos presenciar em todo o planalto superior.
O Covão da Ametade é um exemplo dessa dinâmica glaciária e o seu nome advém do facto de se encontrar entre outros dois covões - o Cimeiro, a montante e o da Albergaria, a jusante.
Com a fusão dos gelos, motivada por ambientes com temperaturas mais elevadas, o Covão da Ametade, até então coberto por uma massa de gelo com mais de 300 metros de altura, deu sequência a uma lagoa cuja profundidade terá sido na ordem dos 20 metros, aproximadamente.
O preenchimento do Covão pelos inertes, originários das rochas e vegetação existente nas vertentes que o rodeiam. fez com que a água da lagoa fosse perdendo espaço acabando por deixar unicamente o leito do rio Zêzere. Este processo pode ser observado, numa fase quase terminal, no vale da Candeeira e com uma definição mais interpretativa no Lago Sanábria, na vizinha Espanha.
A plataforma arrelvada que hoje lhe conhecemos, povoada de vidoeiros e outra espécies arbóreas, resulta da instalação de um campo experimental de pastagens, iniciado em 1960 pela Estação de Biologia Florestal, dirigido pelo Engº Joaquim Simões Gonçalves. Antes o espaço era utilizado para o cultivo de centeio e mesmo batatas por quem pastoreava por aquelas bandas.
Apesar do Covão d' Ametade já ser procurado por alguns campistas e merendeiros, foi com o 25 de Abril que a pressão humana ameaça a sua conservação.
A falta de visão do PNSE, levou a que este organismo cedesse às pretensões dos caravanistas e começasse a investir no Covão da Ametade de forma errada e pouco consentânea com as politicas de conservação que dizia querer promover.
O Covão da Ametade está, presentemente, num estado de abandono não sendo conhecidas quaisquer ideias ou projectos que lhe garantam um futuro promissor.
J. Maria Saraiva
Nota: Texto cedido por José Maria Saraiva, uma das pessoas que conhece a Serra da Estrela e especialmente o Covão da Ametade, à mais de 50 anos.
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