Simpósios Temáticos

Prezados(as) participantes,

O III Congresso Nacional de Ensino-Aprendizagem de Línguas, Linguística e Literaturas (CONAEL) teve a submissão de mais de 40 simpósios temáticos, dos quais, foram aprovados os que seguem descritos abaixo. Tais simpósios contemplam variados temas e perspectivas teórico-metodológicas, dentro dos quatro eixos temáticos do evento: estudos linguísticos, estudos literários, ensino-aprendizagem de línguas e de suas literaturas e formação de professores.

Abaixo seguem os resumos dos simpósios e o(s) contato(s) do(s)/da(s) coordenador(es)/a(s) para o envio da proposta de comunicação oral (para auxiliar na busca, inserimos um arquivo com as mesmas informações abaixo, porém com um sumário no seguinte link: https://drive.google.com/file/d/1ShClqbTdQlAIJVd_AAIAdQM0uVNy_N29/view?usp=sharing). Antes da submissão, leiam atentamente as normas para proposição de comunicações nos simpósios temáticos.

Temos certeza de que esses serão espaços de muitas discussões, reflexões e aprendizados, em nome das/os coordenadoras/es, deixamos o convite à participação de todas e todos, lembrando que nosso evento será totalmente online e gratuito!

Fica também o lembrete das datas importantes:

24/09/2021 a 20/10/2021: Submissão de Comunicação oral para os Simpósios;

Até 30/01/2022: Envio do trabalho completo ou resumo expandido para publicação;

Até Abril de 2022: Publicação dos Anais.

SIMPÓSIO 1

MEDIAÇÃO, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO LEITORA EM CONTEXTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Ricardo Ferreira de Sousa (SEMED Palmas-TO)

profricardofs@gmail.com

A leitura é um tema multiface e muito necessária para a formação do sujeito leitor. Em geral, é na escola que os alunos são letrados e é lá também que boa parte de suas experiências são notadas, uma vez que neste espaço tendem a adquirir incentivos para a vida que decorre de uma formação orientada para o pensamento crítico, reflexivo e responsivo. Sendo assim, este Simpósio busca discutir trabalhos de pesquisa concluída, em andamento, ou relatos de experiência concernentes às questões da mediação, compreensão e interpretação leitora em contexto de ensino-aprendizagem. O momento será propício para promover uma discussão das ações pedagógicas; discutir as capacidades de leitura e interpretação dos alunos; compreender quais são as concepções de leitura e de leitores; entender os enredamentos de leitura interativa e/ou dialógica na formação de leitores trazida pelos pesquisadores. Dessa forma, ao colocarmos os dizeres dos professores e pesquisadores em curso podemos colaborar para a constituição de sentidos variados que circulam da esfera escolar, pois quando são criados mecanismos de interação verbal entre os interlocutores pressupomos a troca de experiências e conhecimentos por meio do diálogo entre os sujeitos. As propostas aqui reunidas podem estar ancoradas nas mais diversas abordagens teóricas, no entanto, priorizaremos as abordagens teórico-práticas sobre leitura interativa e dialógica, numa perspectiva sócio-histórica e ideológica da linguagem, pressuposta, a partir dos estudos de Bakhtin/Volochinov (2006), Bakhtin (2003) e de contribuições teóricas de autores que discutem sobre as concepções de leitura no ensino de língua materna, como Menegassi (2010), Menegassi e Fuza (2010; 2018), Leffa (1999), Solé (1998), Kleiman (2016), entre outros.

Palavras-chave: Mediação; Leitura; Interação; Ensino-Aprendizagem.

SIMPÓSIO 2

LEITURA CRÍTICA E ENSINO DE LÍNGUAS: ENTRE TEORIAS E PROPOSTAS DE ATIVIDADES PARA A SALA DE AULA.

Geraldo Emanuel de Abreu Silva (Universidade Federal de Minas Gerais)

gemabreu@gmail.com

Este simpósio visa a reunir trabalhos que abordem e discutam formas práticas para o desenvolvimento da criticidade em atividades de leitura, seja em língua estrangeira ou materna. A partir da premissa de que devemos formar cidadãos conscientes de seu papel na sociedade (CASSANY, 2006; COSTA, 2011; ABREU-SILVA, 2018;2021) que atuem ativamente para a mudança de cenários de injustiças ou inequidades, os trabalhos apresentados devem visar a auxiliar os professores na abordagem de temas relevantes para a sociedade e que possam contribuir a conscientização dos aprendizes (FREIRE, 1988; 1994; 2013), tais como discussões sobre gênero, sexualidade, classe, poder, machismo, racismo etc. Serão aceitos trabalhos de revisão bibliográfica, relatos de pesquisas em desenvolvimento e/ou finalizadas e propostas de transposição didáticas, seja de alunos de graduação, pós-graduação e/ou de professores que atuem no ensino de leitura. Para orientar as propostas enviadas, espera-se que elas estejam abrangidas sob as premissas dos estudos críticos de leitura, tais como (SOARES, 2003; DUBOC, 2014), da Pedagogia Crítica (Freire, 1988) e dos estudos da análise de discurso crítica (Van Dijk, 1997; 1999; 2003), dentre outros, que aportem contribuições para o ensino e aprendizado de línguas, seja materna ou estrangeira. Espera-se este simpósio contribua para a prática docente e amplie discussões acadêmicas sobre a formas práticas para a execução da criticidade nas escolas do Brasil.

Palavras-chave: Leitura; Criticidade; Línguas estrangeiras.

SIMPÓSIO 3

TEXTO, ARGUMENTAÇÃO E ENSINO

Dennis Castanheira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Universidade Federal do Rio de Janeiro)

denniscastanheira@gmail.com

Cristiane Dall Cortivo Lebler (Universidade Federal de Santa Catarina)

cristiane.lebler@gmail.com

Ao longo dos últimos anos, o ensino de línguas pautado em uma perspectiva textual tem sido cada vez mais debatido por pesquisadores das áreas de Letras e Educação, como Geraldi (1984), Travaglia (1996), Antunes (2009), Santos, Cuba Riche e Teixeira (2012), Marquesi, Pauliukonis e Elias (2017) e Elias (2018). Nesse âmbito, destacam-se os postulados que indicam a urgência da inserção da argumentação como uma questão central no ensino em relação ao seu papel na construção dos gêneros textuais e como fenômeno intrínseco às diferentes linguagens (BARBALHO, 2016; KOCH; ELIAS, 2016; SANTOS; CASTANHEIRA, 2017). Tais perspectivas foram ainda mais acentuadas com a publicação das diretrizes oficiais ao longo das últimas décadas (Parâmetros Curriculares Nacionais, Orientações Curriculares Nacionais, Base Nacional Curricular Comum, dentre outras) e com os exames de ingresso nas universidades. Diante desse cenário, este simpósio tem como objetivo geral discutir reflexões e propostas para o ensino de texto e de argumentação em uma perspectiva ampla de interface, que possa colaborar para o desenvolvimento de debates produtivos para o ensino de línguas. Nesse sentido, o simpósio justifica-se pelo contexto social, em que a argumentação é cada vez mais trazida como central em documentos oficiais e cobrada em situações de ensino-aprendizagem, assim como pela sua importância em situações que extrapolam o ambiente escolar, dada a sua presença no cotidiano das interações sociais. A relevância da discussão acerca da abordagem do texto e da argumentação em contextos de ensino-aprendizagem assenta-se, portanto, sobre uma necessidade de se pensar o estudo do texto e da argumentação tendo em vista suas finalidades escolares e não escolares. Como base teórico-metodológicas da proposta, seguimos uma abordagem ampla, que considera perspectivas metodológicas qualitativas, quantitativas e de pesquisa-ação a partir da proposta do texto na sala de aula (GERALDI, 1984; ANTUNES, 2009; SANTOS, 2021) em diálogo com os estudos sobre argumentação no texto (ADAM, 1992; MARCUSCHI, 2008; CHARAUDEAU, 2008) e sobre argumentação na língua (DUCROT, 1987; CAREL, DUCROT, 2005, 2008; CAREL 2017, 2018). A partir dessa visão, o texto é objeto central do ensino, com ênfase nos mecanismos linguísticos e enunciativos de construção da argumentação, tais como os operadores argumentativos, o uso de palavras plenas, a modalização, a polifonia, os pressupostos e os subentendidos, assim como a relação entre interlocutores e o modo como essa relação opera na argumentação. Outrossim, a correlação do ensino desses mecanismos com as orientações e normativas curriculares interessam também a este debate. Este simpósio contempla, então, pesquisas que abordem: (a) análise e elaboração de livros e materiais didáticos; (b) intervenções pedagógicas; (c) propostas de atividades; (d) reflexões para o ensino; (e) pesquisas de campo. Ressaltamos, porém, que tais investigações devem estar enquadradas na interface texto e argumentação em diálogo com o ensino de línguas, já que o intuito deste simpósio é contribuir para as discussões sobre ensino em uma perspectiva textual a partir do enfoque argumentativo.

Palavras-chave: Texto; Argumentação; Ensino.

SIMPÓSIO 4

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CONTEXTO: POR UMA INDISSOCIABILIDADE ENTRE LÍNGUA E LITERATURA, TEXTO E MUNDO, ENSINO E CRÍTICA.

Maria Beatriz Gameiro Cordeiro (IFSP- Câmpus Sertãozinho)

mbg@ifsp.edu.br

Paulo Eduardo de Barros Veiga (USP)

pauloveiga@usp.br

O Brasil não é um país de leitores, dado que metade da população brasileira não lê livros ou conteúdos de formação (Retratos da Leitura no Brasil, 2021). Em um país em que milhares vivem em condições de vulnerabilidade, sem garantias de direitos básicos, o direito à literatura, conforme expressão de Candido (2014), está muito distante. Em relação à leitura de textos para formação de um espírito crítico-filosófico e artístico-inventivo, as escolas e as bibliotecas desempenham papel essencial, pois facilitam o acesso a livros e a obras artísticas com os quais milhares de crianças e adolescentes não têm contato em seu cotidiano, para além da indústria da cultura (Adorno, 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973). Apesar do papel fundamental da escola e das bibliotecas, ainda há desvios em sua função formadora, haja o esquecimento da arte, da literatura e dos estudos da linguagem destituídos de poesia e de reflexão filosófico-linguística. Afinal, segundo Cosson (2011), existe uma recusa à literatura devido à onipresença de textos, imagens e manifestações culturais diversas. Dessa maneira, ressalta o autor que, no Ensino Fundamental, a literatura restringe-se a atividades de leitura extraclasse ou atividades especiais de leitura. Já no Ensino Médio, limita-se a aulas de cronologia literária, em uma sucessão dicotômica entre os estilos de época, cânones e dados biográficos ou quando, pior, se confunde literatura com indústria da cultura, em que o professor, ingenuamente, traz à sala de aula a produção mais nefasta do capitalismo contemporâneo, equivocadamente revestida de cultura (RICCIARDI, 2015, p. 364). Nessa lógica de esquecimento da arte, os textos literários, quando aparecem, são fragmentos estanques para comprovar as características de determinada época literária, ignorando a inventividade autoral e a elaboração da linguagem. Assim, o ensino de literatura torna-se exclusivamente uma competência intertextual, nunca, de fato, textual, haja vista a solidariedade entre língua e texto literário. Nesse sentido, há uma tendência em isolarem-se estudos de língua portuguesa de suas literaturas, bem como de um escopo formativo em conhecimento filosófico, cada vez mais negligenciado. Logo, a fenda epistemológica que desune literatura e reflexão sobre língua, linguagem e arte torna-se tão ampla que parece impossível de aplacar, a ponto de professores e departamentos dividirem-se entre quem “gosta de gramática” e quem “gosta de livros” ou, ainda, quem “sabe a linha do tempo da literatura”. Tais reflexões sobre o ensino de literatura são relevantes para conceber um ensino de LP centrado no texto em contexto enquanto texto, que explore, primeiramente, as características formais, estilísticas e estruturais de determinado gênero e de determinada obra, sem negligenciar o seu mundo. No entanto, por mais que se levantem problemas, ainda é infrequente um ensino em que língua e literatura, em sua indissociabilidade, tenham a mesma relevância, principalmente em sua percepção textual. Por consequência, o ensino de língua, indissociado da vida e do mundo, pode promover, para além do conhecimento técnico-gramatical, um desenvolvimento da postura crítico-inventiva do aluno, capaz, pois, de entender, compreender, improvisar, julgar, criticar, avaliar e inventar, sem que se esqueça do sentido artístico das obras artísticas com as quais deve estar em contato. Portanto, a união dos estudos da linguagem e da literatura, sempre enquanto uma filosofia de linguagem, é uma parte necessária ao diálogo fecundo da ciência e da educação, em promoção da diversidade do conhecimento e da transdisciplinaridade, que conecta áreas, departamentos, professores e alunos, um caminho necessário para a escola do futuro. Tendo em vista essas questões, propõem-se discussões variadas, em ampla gama teórica, cujo objetivo seja discutir a relação entre ensino de língua portuguesa e ensino de literatura, com enfoque na compreensão textual, integrando leitura, posicionamento crítico-filosófico e percepção artístico-inventiva.

Palavras-chave: Ensino; Língua portuguesa; Literatura.

SIMPÓSIO 5

PERSPECTIVAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS/ADICIONAIS E RESPECTIVAS LITERATURAS NO CONTEXTO BRASILEIRO

Fernanda de Cássia Miranda (Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus de Jacarezinho – UENP/CJ)

fecmiranda@uenp.edu.br

Nerynei Meira Carneiro Bellini (Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus de Jacarezinho – UENP/CJ)

nerynei@uenp.edu.br

Com o intuito de promover reflexões sobre as perspectivas do ensino de línguas estrangeiras modernas/adicionais, direcionadas para a língua inglesa, língua espanhola, entre outras, o presente simpósio baseia-se em aportes teóricos voltados para a Linguística Aplicada, ensino de línguas e respectivas literaturas, ensino de línguas por meio das novas tecnologias, sequências didáticas, atividades de gamificação, entre outras. No que tange propostas voltadas para a Linguística Aplicada, pensamos nessa área como uma forma de refletir sobre as diversas possibilidades do uso de uma língua, em contextos reais e contemporâneos, com vistas à perspectiva do Inglês como Língua Franca (doravante ILF), da interculturalidade e respectivas propostas (GIMENEZ, 2015; JENKINS, 2009; SEIDLHOFER, 2011; GIMENEZ, CALVO, EL KADRI, 2011; EL KADRI, GIMENEZ, 2013; SIQUEIRA, 2010; 2012; TAKAHASHI, 2014) e também, pelo viés da compreensão de sua aquisição, por meio de transferências, de uma língua de partida (língua materna) para uma língua de chegada (língua estrangeira) pelo aprendiz, segundo os estudos da Linguística Contrastiva (CORDER, 1967; SELINKER, 1969; 1972; DURÃO, 2007; ANDRADE, 2016). Já as propostas para o ensino de línguas e de suas literaturas poderão ser apresentadas e discutidas algumas estratégias de motivação e de mediação pelo professor, com o objetivo de promover nos estudantes uma leitura mais crítica, atenta e investigativa (CÂNDIDO, 2006), e uma ressignificação da literatura, baseadas nas experiências de cada um (BORDINI, AGUIAR, 1993), que podem ser aliadas também aos recursos tecnológicos em âmbito escolar (SPRITZER, BITTENCOURT, 2009; SANTOS, SILVA, 2011), com possibilidades de incluir atividades de gamificação, que poderão promover aulas mais dinâmicas e lúdicas, de forma colaborativa e criativa. Sugestões referentes às sequências didáticas também serão bem-vindas, tanto para as aulas de línguas quanto para as aulas de literatura, baseadas nas teorias do interacionismo sociodiscursivo (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004). Nesse sentido, esperamos conhecer e compartilhar várias contribuições teóricas e práticas, que possam refletir o caráter fluido e dinâmico das línguas estrangeiras modernas/adicionais em contexto nacional, as conexões que essas atividades possam fazer com as respectivas literaturas e com o auxílio e as perspectivas das novas tecnologias no contexto escolar, sempre buscando enriquecer as práticas educacionais.

Palavras-chave: Perspectivas de ensino; Línguas; Literatura.

SIMPÓSIO 6

EMOÇÕES E AFETIVIDADE COMO ELEMENTOS DA EDUCAÇÃO: RELAÇÕES ENTRE LEITURA E LITERATURA

Valmir Luis Saldanha da Silva (IFSP – CJO/Unesp)

valmir.saldanha@ifsp.edu.br

Apesar de não serem novas as discussões teóricas sobre os processos de ensino-aprendizagem que reflitam em conjunto componentes psíquicos, cognitivos, afetivos e sociais, o imperativo positivista ainda ronda os modelos didáticos e os currículos das escolas brasileira (SMOLKA et al, 2015). O que foi, de certa maneira, afiançado e apregoado pela organização da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2017, calcada numa visão individualista (SAVIANI, 2008) em que predomina a pedagogia das competências (RAMOS, 2006), inclusive na relação dos sujeitos com os próprios sentimentos. Nesse sentido, coloca-se como um imperativo discutir, questionar e propor rotas que auxiliem os profissionais da educação, principalmente no que diz respeito às linguagens, a (re)pensar instrumentos e formas de trabalho que contemplem as chamadas competências socioemocionais nos termos da BNCC, como “autoconhecimento e autocuidado” (Competência 8), “empatia e cooperação” (Competência 9) e “responsabilidade, autonomia e resiliência” (Competência 10). Dessa forma, reconhecer o papel dos afetos, das emoções e dos sentimentos na constituição dos sujeitos, como propõe a Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento (MORENO MARIMÓN et al, 1999; MORENO MARIMÓN; SASTRE, 2014), bem como na relação entre os sujeitos e a escola, tal qual define Georges Snyders (1988; 1993), nos serve de base para pensar o ato de ler por meio de diversificados pontos de vista, desde as astúcias da enunciação (FIORIN, 2016), passando pelo prazer da leitura (BARTHES, 1987) até a capacidade performativa e catártica (ZUMTHOR, 2000). Tendo em vista este amplo cenário de relações e interpenetrações do fenômeno da leitura, da leitura literária e da educação para a leitura, neste simpósio serão aceitos trabalhos que proponham reflexões teóricas e investigações práticas que procurem refletir sobre as perspectivas do ensino-aprendizagem da relação entre língua, literatura, emoções e afetos no âmbito da BNCC. De modo não excludente, algumas questões norteadoras podem ser: a) Como a atenção a emoções e afetos pode beneficiar os estudos literários e o ensino de literatura?; b) Qual o potencial político das emoções na BNCC e nos estudos de língua e literatura?; c) Como um texto pode ser analisado a partir das emoções que ele provoca?; d) Qual o potencial dos afetos e das emoções no ensino-aprendizagem de língua e literatura?; e) Que problemas a BNCC não está discutindo na relação entre competências socioemocionais e leitura?; f) Como a leitura pode ser um instrumento de autoconhecimento?; g) As competências socioemocionais da BNCC podem ser ensinadas por meio da leitura e da literatura? etc. Assim, espera-se que os trabalhos apresentados contribuam com a necessária discussão do lugar dos estudos de língua e literatura dentro dos imperativos sentimentais e afetivos propostos pela BNCC.

Palavras-chave: Afetos; Emoções; Sentimentos; Leitura; Literatura.

SIMPÓSIO 7

LITERATURA EM PRÁTICA: A FORMAÇÃO DO LEITOR EM SALA DE AULA

Gislei Martins de Souza Oliveira (IFMT)

gisleimsouza@hotmail.com

Vanderluce Moreira Machado Oliveira (IFMT)

vanderluce.machado@ifmt.edu.br

Por mais que se discuta a importância do trabalho com a literatura em sala de aula, o que temos visto em âmbito educacional é o uso constante da prática com textos. Para Tzvetan Todorov (2009), esta atividade almeja auxiliar o aluno a utilizar a língua conforme as situações comunicativas sem considerar o estudo da língua propriamente dito e, muito menos, da literatura. Portanto, se desejamos que as aulas de Língua Portuguesa se transformem em um espaço no qual a literatura consiga atingir a sensibilidade estética dos alunos, teremos que mudar a forma de trabalhar essa linguagem artística em sala de aula. Além disso, torna-se imprescindível deixar de lado o imaginário de que a literatura, como mostra Cláudia Riolfi (2008), possui uma função utilitarista em nossa sociedade. Isso porque, muitos docentes, persistem em trabalhar com a literatura de forma didatizada, a saber, para lidar com questões moralizadoras, civilizadoras e pedagógicas. Esta noção carregada de pedagogismos e fins utilitaristas é antiquada e superada por muitos estudiosos de literatura. Para eles, a literatura por si mesma contém ensinamentos, pois trata sobre o homem, seu sentido de ser e estar no mundo, suas vivências e experiências. Conforme Antonio Candido (1995), porém, isso não acontece de acordo com o ponto de vista da pedagogia oficial, que visa enxergá-la ideologicamente com a noção de verdade, bondade e beleza, critérios estabelecidos para demarcar a permanência de status quo de determinada classe. Para ele: “Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver.” Na perspectiva de Candido, o trabalho com a arte literária é um direito de todo ser humano, pois desenvolve o caráter emancipatório da humanidade. A literatura colabora para a formação do leitor literário, que será capaz de selecionar aquilo que lê, como também de apreciar as projeções estéticas. A saber, o auxilia a ser e viver no mundo de contradições, alienações, repressões no qual seu “eu” é esmagado pelo capitalismo. Por isso, o ensino de literatura deve proporcionar aos estudantes leituras de obras literárias que discutem temáticas variadas que os permitirão experimentar realidades outras, fato que poderá fazê-los refletir e pensar alternativas de solução ou amenização de sua realidade, principalmente nesta época em que impera certas descrenças em muitas esferas da sociedade brasileira. Maurice Blanchot declara (2011): “A obra é coisa de arte”. Nessa acepção, a arte não está dada para a obra, ela está mergulhada num cosmos de incerteza sobre o que é e o que virá a ser, o que nos convida a uma meditação filosófica. Ainda nos faz olhar para fatores externos, na medida em que dialoga com outros valores, sociais, culturais, políticos e econômicos. Ao pensar nesta questão, tem-se uma perspectiva anterior em Friedrich Hegel (2012) de que o homem, diferente da natureza – ser de espírito, dotado de consciência, independentemente de seu modo de ser – cria um ser para si. O que o filósofo discute é que o homem tem existência dupla: por um lado, existe como as coisas da natureza, por outro, existe para si mesmo, pensa-se e, por esta ação, o espírito forma um ser para si. Para ele, o homem obtém esta consciência de si de duas maneiras: teórica e prática. Teoricamente, porque toma consciência de si no que produz e no que recebe externamente. Na segunda, a existência do homem é constituída por sua atividade prática, pois encontra a si mesmo através do que lhe é dado desde o exterior. O pensamento de Hegel consiste em que, a arte é uma necessidade racional que move o homem à tomada de consciência de si mesmo, mundo interior e exterior, e, a partir disso, pode transformá-lo em um objeto por meio do qual se reconhece. Hegel evidencia que a arte dá ao homem sua humanidade, a qual é conseguida através de uma construção interna e externa, isso porque o homem sempre busca Alteridade. Forma-se na relação com o outro. Assim, o desenvolvimento do ensino de literatura amplia e diversifica a consciência investigativa do aluno, como também possibilita sua interferência direta no meio social. Nesse sentido, o simpósio agregará abordagens que tematizem as estratégias construídas para o estudo da literatura em sala de aula e, principalmente, a formação de leitor.

Palavras-chave: Ensino; Leitor; Literatura.

SIMPÓSIO 8

ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA NÃO MATERNA EM MEIO A FLUXOS PLURAIS: RELATOS DE PRÁTICAS E SABERES

Fernanda Tonelli (IFSP)

fernanda.tonelli@ifsp.edu.br

Diego Figueira (IFSP)

diego.figueira@ifsp.edu.br

Este Simpósio Temático tem como objetivo promover a partilha de saberes e práticas de ensino/aprendizagem de português como língua não materna, em especial no que tange às ações desempenhadas no âmbito dos Institutos Federais e outras redes de ensino. Na atualidade, temos nos deparado com um processo de intensa mobilidade (física e virtual) de sujeitos pertencentes a diferentes comunidades linguísticas. Como parte integrante desse processo, as instituições de ensino vêm se deparando com um fluxo de sujeitos e saberes e o consequente aumento da demanda pelo ensino de português a comunidades de falantes de outras línguas. No que diz respeito ao contexto da rede federal de ensino técnico e tecnológico, algumas ações têm sido desenvolvidas, tanto em nível institucional, como o Programa Português Língua Adicional em Rede (PLA em Rede), quanto em ações locais, como ofertas isoladas de cursos de português para refugiados, para surdos, para intercambistas, em interações colaborativas, entre outras iniciativas. De forma semelhante, os recursos didáticos empregados também são bastante variados, especialmente no que se referem a ferramentas digitais de ensino, com suporte institucional ou não, além da disponibilidade de materiais didáticos, seja com abordagem geral ou específica, bem como os desafios relacionados com o seu uso em práticas diversas. Assim, propomos neste Simpósio um espaço de interação entre docentes, a fim de tornar visíveis as ações empreendidas pelos mesmos, com foco nos desafios e caminhos da prática pedagógica dentro do campo de ensino/aprendizagem de português língua não materna / português língua adicional / português língua estrangeira / português para falante de outras línguas / português como língua de herança / português segunda língua / português língua de acolhimento, entre outras denominações que se julguem pertinentes. Algumas possíveis perspectivas teórico-metodológicas que se pretendem privilegiar é da interculturalidade (WALSH, 2009) e decolonialidade (CANDAU, 2010; GUILHERME, 2019), do letramento crítico (TILIO, 2017), das práticas translingues (CANAGARAJAH, 2011), dos multiletramentos e novas TICs (ROJO, MOURA, 2012); do planejamento de línguas (VIANA, 2008), da produção de materiais didáticos (BIZON, DINIZ, 2019), da avaliação (SCHLATTER, 2008; SCARAMUCCI, 2014), da política linguística (DINIZ, 2010; OLIVEIRA, 2016), dos estudos discursivos (FANJUL, 2002), do estudo comunicativo de ensino de línguas (MENDES, 2004), entre outras perspectivas que se mostrem relevantes ao trabalho do ensino/aprendizagem de português a falantes de outras línguas. São bem-vindos trabalhos que contemplem a oferta de língua portuguesa dentro do Programa PLA em Rede, bem como ações de ensino de português como língua adicional / estrangeira para grupos específicos (como migrantes forçados, hispanofalantes, surdos, entre outros).

Palavras-chave: Português língua não materna; Ensino/aprendizagem de línguas; Práticas; Saberes; Relatos.

SIMPÓSIO 9

ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA INGLESA: EXPERIÊNCIAS EM SALA DE AULA


Maiara Keiko Uno (UNESP/Assis)

maiarakuno@gmail.com

Aprender um idioma é muito mais do que somente conhecer suas nuances gramaticais ou ter uma boa pronúncia. Ensinar inglês é muito mais do que “passar o verbo to be” e entreter os alunos com músicas – atividades que, comumente, compõem o arquétipo do professor de inglês. Tem-se que levar em conta não só aspectos linguísticos próprios do idioma, mas também aspectos culturais dos países anglófonos para, assim, que seja possível a expansão um horizonte de expectativas que o ensino e a aprendizagem de uma nova língua podem e devem trazer ao aprendiz. Tendo isso em vista, pretende-se discutir práticas docentes no ensino e literatura de língua inglesa em suas mais variadas facetas – seja nas modalidades particulares, em escola de idiomas, no ensino regular ou em instituições de ensino superior. Desse modo, visa-se articular como esses saberes linguísticos podem auxiliar na (re)construção do aluno. Busca-se, sobretudo, a troca de experiências como forma de reavaliar a própria práxis docente e (re)encontrar caminhos para a docência.

Palavras-chave: Língua Inglesa; Ensino de Línguas; Experiência em sala de aula.

SIMPÓSIO 10

PERSPECTIVAS E (RE)VISÕES SOBRE CULTURA(S), LÍNGUA(GENS) E EDUCAÇÃO

Claudia Cristina Ferreira (Universidade Estadual de Londrina)

claucrisfer@sercomtel.com.br

Caio Vitor Marques Miranda (UNESPAR/Mackenzie)

caiomiranda91@hotmail.com

Por meio de matizes culturais, evidenciamos o pensamento e a identidade de cada comunidade, uma vez que somos seres perpassados por múltiplas vozes e questões ideológicas, aspectos linguístico-culturais, comportamentais e atitudinais que trazem em seu bojo traços de uma herança sociohistórica e cultural que podem ser evidenciados em nosso discurso, cotidiano, vida em sociedade e manifestações artísticas como pintura, música e literatura. Diante disso, o presente simpósio tem por escopo promover espaço para reflexões e diálogos acerca de elementos (inter/trans/multi)culturais no âmbito dos estudos linguísticos, culturais e literários, tanto no que tange aos aspectos teóricos, como aos elementos crítico e/ou didático-pedagógicos. Este simpósio, portanto, contempla propostas inter ou transdisciplinares de alunos de graduação, pós-graduação, professores da educação básica, instituto de idiomas e ensino superior. Em outras palavras, visamos fomentar a reflexão acerca da integração de elementos linguísticos, culturais e literários em prol do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras/adicionais, pois ao trabalhar com o tripé, língua, cultura e literatura, o ensino e a aprendizagem são potencializados, bem como a reflexão e a criticidade são despertadas e motivadas, tornando o aluno mais (particip)ativo na sociedade na qual se insere. Entendemos que este tripé é inerente a qualquer idioma e que trabalhá-lo separadamente ou não o contemplar seria, no mínimo, uma injustiça. Dessa forma, entendemos que ao conjugar língua, cultura e literatura, ampliamos as oportunidades de ensino e aprendizagem, pois tais elementos caminham juntos, complementando o outro. Consequentemente, curiosidade e motivação aliadas ao lúdico e ao teor crítico são a chave para que essa relação harmoniosa e indissociável entre língua, cultura e literatura tenha êxito, otimizando as atuações acadêmica e profissional, por isso, sobretudo no contexto de pandemia, há que se pensar em perspectivas e (re)visões na seara educacional.

Palavras-chave: Estudos Linguísticos; Estudos Literários; Estudos Culturais.

SIMPÓSIO 11

CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA FUNCIONAL PARA O ENSINO DE LÍNGUAS

Monclar Guimarães Lopes (Universidade Federal Fluminense)

monclarlopes@id.uff.br

Ivo da Costa do Rosário (Universidade Federal Fluminense)

rosario.ivo3@gmail.com

Conforme os documentos pedagógicos brasileiros oficiais, como os PCN (BRASIL, 1998) e a BNCC (BRASIL, 2018), o trabalho didático com a análise linguística se constrói sob uma perspectiva epilinguística, cujo objetivo é permitir aos alunos que operem sobre a própria linguagem e construam progressivamente paradigmas linguísticos com base na análise do uso em diferentes contextos. Embora nenhum desses dois documentos assumam uma perspectiva teórica de modo explícito, o exame de suas bases teóricas e epistemológicas permite uma aproximação bastante clara desses documentos com os pressupostos teóricos funcionalistas, já que a reflexão sobre a língua e sobre as condições de produção do discurso só são possíveis por meio dos usos, que constituem o cerne da Linguística Funcional. Partindo dessas premissas, este simpósio tem como objetivo geral agregar trabalhos de diferentes vertentes funcionalistas aplicados aos processos de ensino-aprendizagem de línguas, no tocante à transposição didática tanto do arcabouço básico funcionalista quanto de seus produtos. Sob esse ponto de vista, de um lado, os pressupostos nos auxiliam no desenvolvimento da capacidade de chegar a generalizações a partir da observação atenta do funcionamento da língua nas diferentes situações de uso, sendo esta uma habilidade fundamental para o usuário linguístico proficiente, já que as estruturas da língua estão constantemente suscetíveis à variação e à mudança. De outro, os resultados das pesquisas funcionalistas, no que tange à descrição gramatical, oferecem importantes contribuições ao investigar as línguas naturais sob uma perspectiva holística, em que se entendem os recursos gramaticais empregados nos textos não como estruturas abstratas, replicadas pelos falantes independentemente do contexto de uso, mas, sim, como estruturas contextualmente dependentes e constituídas de propriedades tanto formais (fonológicas e morfossintáticas) quanto funcionais (semânticas, pragmáticas e discursivo-funcionais).

Palavras-chave: Linguística Funcional; Ensino de Línguas; Abordagem epilinguística.

SIMPÓSIO 12

PESQUISAS EM LINGUÍSTICA COGNITIVO-FUNCIONAL

Maria Claudete Lima (Universidade Federal do Ceará – UFC/Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

claudete@ufc.br

Sávio André de Souza Cavalcante (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE/Universidade Estadual do Ceará – UECE)

savio.andre@ifce.edu.br

Este simpósio pretende reunir pesquisas linguísticas que empreguem a abordagem funcional e/ou cognitiva da língua. São bem-vindos trabalhos na linha do chamado funcionalismo norte-americano, da Gramática Cognitiva de Langacker e de outras abordagens que estabelecem interface entre linguagem, cognição e interação. Esperam-se apresentações de resultados de pesquisas empíricas, envolvendo qualquer nível de análise linguística: fonologia, morfologia, morfossintaxe, sintaxe ou texto.

Palavras-chave: Cognição; Uso; Função; Interação.

SIMPÓSIO 13

ESTUDOS EM ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO (ADD) E EM ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA (ADC)


Conceição Maria Alves de Araújo Guisardi (Universidade Federal de Uberlândia – UFU)

cvguisardi@gmail.com

Ana Carla Barros Sobreira (Universidade Estadual De Campinas – UNICAMP)

anacarlabarrossobreira@gmail.com

As diferentes vertentes de análise de/do discurso têm como objeto o discurso, não a língua em si. O discurso se configura como uma unidade de análise, que tem o texto como sua materialidade. Em relação à Análise de Discurso Crítica (ADC - também conhecida como Análise Crítica do Discurso - ACD ou Estudos Críticos do Discurso - ECD) é uma teoria e método de caráter transdisciplinar. Ela possui diferentes abordagens, tais como: Dialético-relacional (Norman Fairclough), Sociocognitiva (Teun van Dijk); Atores Sociais (Theo van Leeuwen); Histórica (Ruth Wodak), Linguística de Corpus (Mautner). Para van Dijk (2008, p.113), a ADC (ou ECD ou ACD) “é um tipo de investigação analítica discursiva que estuda principalmente o modo como a desigualdade, a dominação e o abuso de poder são representados, reproduzidos e combatidos por textos orais e escritos no contexto social e político”. Em relação ao poder, ele é exercido e expresso diretamente por meio do acesso diferenciado aos vários gêneros, conteúdos e estilos do discurso, como explica van Dijk (2018, p. 44). E, para Fairclough (1989), o poder não é adquirido simplesmente por meio da imposição de uma estrutura social (considerando aspectos hierárquicos); ele acontece mediante concessões, formação de alianças, com o intuito de ganhar apoio dos indivíduos (FAIRCLOUGH, 1989). Quanto à Análise Dialógica do Discurso (ADD), ela se ancora nos pressupostos teóricos de Mikhail Bakhtin e nos postulados do Círculo de Bakhtin. A ADD busca investigar os sentidos dos textos, sejam eles orais ou escritos, produzidos nas diversas esferas das atividades humanas. Para entender o dialogismo, na esteira da ADD, é preciso centrar em conceitos tais como os de enunciado, interação, signo ideológico e gêneros do discurso. Compreende-se, nessa acepção de linguagem/discurso, que os signos linguísticos não são neutros, mas são sempre atravessados por ideologias. Pensando no que foi exposto, é que acolhemos, para este Simpósio, trabalhos cujas colunas são a ADC e/ou ADD. O objetivo desta discussão é contribuir com pesquisas que tratem da importância de considerar a língua além de aspectos formais, de olhar para aspectos discursivos, de compreender a importância de conceitos tais como os de ideologia, crenças, valores, enunciados, gêneros discursivos, interação, bem como perceber esses trabalhos como formas de transformar problemas sociais que tanto acometem as minorias.

Palavras-chave: Linguagem; Discurso; Análise; Texto.

SIMPÓSIO 14

LETRAMENTOS E PRÁTICAS DE LEITURA NO ENSINO DE LÍNGUAS

Júlia Maria Muniz Andrade (Universidade Federal do Piauí – UFPI)

juliam_andrade@hotmail.com

Marcos Carvalho de Alencar Neto - Universidade Federal do Tocantins – UFT)

markin_neto@hotmail.com

Este simpósio pretende discutir aspectos teóricos e metodológicos acerca das relações que envolvem letramentos e práticas de leitura, bem como, os contextos que compreendem múltiplos cenários. Entendemos que a contribuição dessa natureza de análise acarreta na constituição de sujeitos críticos, ou até mesmo, mais humanizados. A sociedade cada vez mais adere a movimentos de multiplicidade expressiva, assim, o caráter criativo, autoral e leitor, amplia competências em outras dimensões. Poderíamos dizer que falar de leitura e escrita está para a além de aspectos unicamente estruturais. Bem como, falar de leitura e letramento, está para além da utilização de gêneros textuais pouco discutidos em sala e pouco refletidos socialmente. De acordo com a funcionalidade comunicativa da língua, traçamos caminhos para efetivar práticas aplicáveis ao ensino e formulações que abarcam ao contexto social. Dessa forma, tomamos alguns autores como Halliday (1985; 2004); Marcuschi (2000), Soares (2003), dentre outros que corroboram com a concepção de contextos de ressignificação. Sabemos que, via de regra, o ensino pode ser transitório e abordar vertentes sobre uma ótica multidisciplinar, dessa forma, vale ressaltar que as práticas desafiadoras para uma implementação de uma cultura de ensino que considere esses fatores traçam estratégias para o alcance de um ensino de língua sistematizado e que abarque as dimensões sociais de acordo com seus propósitos. Acreditamos que seja cada vez mais necessário esse tipo de discussão e abordagem e que o contexto de ensino precisa ainda admitir reflexões sobre diversos objetos de pesquisa que compreendam a importância dos diferentes caminhos válidos para a construção do efeito comunicativo/ interacional, natural dos contatos linguísticos. Nesse sentido, ensejamos abrigar no simpósio “Letramentos e práticas de leitura: múltiplos olhares” pesquisas, propostas de estudo e reflexões de cunho teórico-metodológico sobre tais aspectos, na perspectiva do funcionamento linguístico e suas interfaces.

Palavras-chave: Letramentos. Ensino. Leitura. Sociedade.

SIMPÓSIO 15

MULTILETRAMENTOS E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NO CONTEXTO DO ENSINO REMOTO.

Luciana Carla Da Silva (Posensino/Ufersa)

lucianacarla48@hotmail.com

Luiza Liliane Da Silva Beltrão (Programa Mestrado Interinstitucional – Minter)

lilianebeltrao@hotmail.com

Este simpósio tem como objetivo discutir os desafios e multiletramentos ocorridos dentro do contexto do ensino remoto, no ensino de língua materna, com ênfase para o uso das tecnologias digitais no ensino da Língua com base no texto, a multimodalidade e as semioses das produções textuais, as leituras e escritas mediante uso de gêneros que circulam o ambiente midiático, dentre outros, segundo a Linguística textual e as áreas correspondentes. Para tal finalidade, utilizamos de aporte teórico como Marcuschi, Koch, Antunes, Cavalcante, além de outros autores que venham somar ao propósito de nossa discussão. Pretende-se conhecer e discutir com base em trabalhos nesta perspectiva, quais tem sido os meios e as metodologias utilizadas neste período e como tem sido desenvolvido o ensino-aprendizagem dentro das escolas, que agora acontecem de forma remota, ou em alguns casos, ensino hibrido. Espaços como este para desenvolvermos nossas reflexões e embasar novas pesquisas ou aperfeiçoar aquelas já iniciadas, justifica-se pelo comprometimento com o ensino de qualidade, em conhecer a realidade de nossas escolas e docentes, bem como de nossos estudantes, no desenvolvimento e trabalho com a língua materna que tenham foco em situações reais de comunicação e na construção de cidadãos críticos, ativos e participativos em sociedade, assim como discussões que englobam os letramentos que foram possíveis neste contexto e subsidiam o processo de aprendizagem e protagonismo estudantil e profissional de ambos os envolvidos. Assim, pesquisas desenvolvidas no contexto da sala de aula, referentes a usos dos meios digitais, da leitura e escrita, relatos de experiência, dentre outros que atentem para este objetivo.

Palavras-chave: Multiletramentos; Ensino Remoto; Ensino; Tecnologias Digitais.

SIMPÓSIO 16

LINGUAGENS, ESTILO E AUTORIA

Raquel Lima Silva Costa (IFSP/Suzano)

professoraquel10@gmail.com

Ivana Soares Paim (IFSP/Suzano)

iveblackwell@gmail.com

O objetivo do presente simpósio é debater a respeito das noções de estilo e autoria no contexto da área de Linguagens, algo relevante, em nosso entender, para pensar como traço subjetivo, estilo de época etc., perpassam o trabalho com a linguagem, em suas múltiplas manifestações. No contexto artístico, o conceito de estilo contribuiu para concepções e teorias da História da Arte ao longo dos tempos, tendo sido questionado no período da Arte Moderna e retornado à baila na Arte Contemporânea. No que diz respeito à escrita, literária ou não, são profundas as contribuições da Crítica Genética e das teorias da enunciação, notadamente no contexto da análise do discurso, para as reflexões direcionadas a estilo e autoria. Apresentam contribuições teórico-metodológicas para o presente simpósio, dentre outros autores: Gombrich (1999), com seu panorama crítico sobre a questão do estilo em Artes, desde o século XVI ao século XX; Matisse (2007), ao apontar para a diferença entre traço e linha e focar na autoria como parte da criação artística, o que nos faz lembrar da possibilidade que as obras de arte possuem de desvelar traços da época e da sociedade em que foram concebidas; Foucault (1969), ao circunscrever a noção de autoria à de obra e discursividade; Possenti (2002), ao situar a questão da autoria ao contexto escolar, apresentando a noção de estilo e indícios de autoria; Grésillon (2007), nas considerações que tece sobre os elementos da Crítica Genética. Assim, ao presente simpósio interessa projetos de pesquisa e práticas de sala de aula, em qualquer nível e modalidade de ensino, que versem sobre estilo e autoria, especialmente no contexto da área de Linguagens.

Palavras-chave: Linguagens; Estilo; Autoria.

SIMPÓSIO 17

NARRATIVA, MEMÓRIA E SUBJETIVIDADES: DA ESTRUTURA AO DISCURSO EM FRICÇÕES EPISTEMOLÓGICAS

Bougleux Bomjardim Da Silva Carmo (Universidade Federal Do Sul Da Bahia)

bougleux.carmo@hotmail.com

Vera Lúcia Da Silva (Universidade Federal Do Sul Da Bahia)

vsilva.lucia@hotmail.com

Este simpósio centra-se na relação entre narrativas e memória a partir da interface entre diferentes linhas epistemológicas que dialoguem com os estudos linguísticos. Isso posto, objetiva-se discutir e investigar, por exemplo, aspectos estruturantes das narrativas a partir de modelos canônicos (LABOV; WALTZKY, 1967) e não-canônicos de análise narrativa (BAMBERG; GEORGAKOPOULOU, 2008; DE FINA; GEORGAKOPOULOU, 2015), as funções socioenunciativas, elementos da textualidade constituintes da tipologia narrativa, além das relações com a construção do sujeito e das identidades individuais e coletivas a partir, por exemplo, da Análise da Conversação, Análise da Conversa, Teorias do Texto e da Enunciação. Sendo assim, busca-se o diálogo com teorias sociolinguísticas, enunciativas, interacionais, aplicadas e outras vertentes das Ciências da Linguagem nas possíveis fricções com outros campos do saber e pensadores (as) que tenham a narrativa e a memória como objetos de investigação, tais como Walter Benjamin, Paul Ricoeur, Frantz Fanon, Maurice Halbwachs, Jacques Le Goff, Pierre Nora, Beatriz Sarlo, Aleida Assmann, Achille Mbembe, Jeanne Marie Gagnebin, Maria Rita Kehl, Abdias Nascimento, dentre outros (as). O estudo das narrativas pode ainda partir da dimensão discursiva em sua relação com a historicidade e com os processos de subjetivação, tais como as perspectivas de Análise do Discurso em suas diversas linhas, tais como a francesa e inglesa nos quais abrigam-se conceitos e metodologias de análise ancorados em pensadores como Michel Pêcheux, Michel Foucault, Norman Fairclough, Teun Van Dijk etc. A relação entre narrativa, memória e subjetividade abriga-se ainda na teoria psicanalítica, especialmente, as perspectivas de Sigmund Freud e Jacques Lacan para as quais o estatuto do inconsciente e a linguagem imbricam-se para a constituição do sujeito e sua relação com a alteridade. Abrigam-se ainda investigações que problematizem as questões metodológicas e éticas envolvidas na pesquisa narrativa e com narrativas, assim como as relações do sujeito pesquisador com os sujeitos de pesquisa na emergência da memória social, as tensões do processo de interpretação, sobre a importância da perspectiva êmica de análise de dados e a questão dos tipos de corpora construídos. Em termos epistemológicos, este simpósio abre-se para os tensionamentos e críticas empreendidas pelos estudos descoloniais, pós-coloniais, decoloniais, epistemologias do sul, teorias de gênero, teorias queer e outras vertentes contemporâneas que lançam luz, dúvidas e sinalizam outros problemas e lacunas acerca da construção de narrativas e de memórias ocidentalizadas, eurocêntricas e/ou branco-hétero-cristã-capitalistas a partir de distintas abordagens. Esta área temática justifica-se por abrir caminho ao debate político e cultural da produção de memória e do esquecimento, os usos políticos da memória e das disputas narrativas, das fissuras no processo de rememoração, das transformações históricas da memória social, da narrativa como resgate das identidades sociais, dos processos de reconstrução do passado, do tensionamento com as demandas e engajamentos contemporâneos por reconhecimento e igualdade racial, social e de gênero. Busca-se, portanto, trazer à cena a pluralidade de fenômenos na relação entre narrativa e memória em perspectiva inter(trans)disciplinar.

Palavras-chave: Análise narrativa; Discurso; Epistemologia; Memória; Subjetivação.

SIMPÓSIO 18

DESCRIÇÃO E ANÁLISE LINGUÍSTICA DE FENÔMENOS DA LÍNGUA EM USO

Vanessa Leme Fadel Steinhauser (Universidade Estadual de Maringá – UEM) vanessalemefs@hotmail.com

Sâmia Leticia Cardoso dos Santos (Universidade Estadual de Maringá – UEM)

profesamialcdossantos@gmail.com

Determinadas abordagens teórico-metodológicas voltadas para a área da descrição linguística têm trazido consideráveis contribuições para a análise da língua em uso, a qual é tida como um instrumento de comunicação sujeito às pressões internas e externas aos seus contextos reais de circulação. A exemplo disso, pode-se citar o funcionalismo e a sociolinguística que, embora tenham perspectivas analíticas distintas, entendem a descrição da língua como fruto de uma explicação plural, científica e complexa daquilo que diz respeito ao seu uso, bem como às pressões que o perfazem. De acordo com Paveau e Sarfati (2006, p. 115), o funcionalismo precisa ser compreendido não apenas como uma teoria, mas, sim um conjunto de teorias, “é um modo de pensamento, um olhar sobre a linguagem e suas relações com a organização do mundo”. Desse modo, o funcionalismo estuda a língua inserida em situações reais de comunicação, analisando o objetivo da interação, os participantes envolvidos e o contexto, pois a língua é “um instrumento de interação social entre seres humanos, utilizado com a intenção de estabelecer relações comunicativas” (DIK, 1989, p. 3). A sociolinguística, por sua vez, compreende a língua como sendo tão heterogênea quanto o povo que dela faz uso. Weinreich, Labov e Herzog (1975) asseveram que estruturas heterogêneas são imprescindíveis para o funcionamento real de qualquer língua, estando o indivíduo apto a codificar e decodificar essa heterogeneidade. Com base nessas premissas, entende-se que, para a sociolinguística, a variação e a mudança são inerentes às línguas, e decorrem de fatores condicionadores, os quais podem ser de natureza linguística (fono-morfo-sintática, semântica, discursiva e lexical) e/ou extralinguística (idade, sexo, etnia, escolaridade, profissão, classe social, grau de formalidade do contexto comunicativo, monitoramento, tensão discursiva). Investigar esses fatores condicionadores é um dos propósitos mais exauríveis da sociolinguística, a qual também tem por objetivo verificar o grau de estabilidade de um dado fenômeno mediante o seu emprego. Por intermédio das premissas supracitadas, e considerando que “todas as manifestações linguísticas são legítimas e previsíveis” (MOLLICA, 2008, p. 13), o presente simpósio almeja criar um espaço para discussão de trabalhos de alunos e de pesquisadores de diferentes universidades e grupos de pesquisa que investiguem fenômenos linguísticos à luz das teorias funcionalistas (BUTLER, 2003; HALLIDAY, 2004; NEVES, 1994, 1997, 2010, 2011) e sociolinguístas (LABOV, 1972; TARALLO, 1986; FARACO, 1991; MOLLICA, 2008; CEZARIO E VOTRE, 2009). Justifica-se esse simpósio a partir da relevância dos estudos da língua em uso, bem como dos debates oriundos de seus resultados e da troca de conhecimento entre os pesquisadores, que possibilitarão a geração de novas pesquisas e/ou contribuições para pesquisas em andamento.

Palavras-chave: Descrição linguística; Funcionalismo; Sociolinguística; Língua em uso.

SIMPÓSIO 19

LITERATURA AFRO-BRASILEIRA E LITERATURA PERIFÉRICA NO BRASIL: ESCRITAS DE MARCOS E MARCAS

Ana Claudia Servilha Martins (UNEMAT)

anaclaudiaservilha@gmail.com

A proposta deste simpósio centra-se nos diálogos sobre a profusão de obras de autores/as oriundos/as das periferias urbanas e favelas na produção literária brasileira. Ao reconhecermos a relevância de Conceição Evaristo, Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Solano Trindade e demais importantes personalidades do cenário literário nacional é possível discutir os entraves relativos ao entendimento das escritas negras e periféricas no Brasil. A literatura permite lidarmos com estes conceitos. É imprescindível dar significação a um grupo ou território, que luta pelo direito à diferença. “Os critérios podem e devem mudar. Pode-se passar da raça para nação, e da nação para a classe social (cultura do rico, cultura do pobre, cultura burguesa, cultura operária), mas, de qualquer modo, o reconhecimento do plural é essencial” (BOSI, 1992, p.18). Questões de classe, raça e gênero se inter-relacionam e perpassam obras que expõem os problemas de autonomia, de reconhecimento e de ascensão social do subalterno que busca na literatura o meio para contar/registrar suas próprias narrativas. Em termos literários, o que define essas escritas é o protagonismo de identidades, vozes e contextos engendrados no solo infértil das desigualdades, dos preconceitos e dos desamparos sociais, governamentais. São escritas marcadas a ferro e fogo, marcadas pelas dimensões da oralidade e da escrita, pelas realidades sócio-históricas apreendidas em momentos e situações distintas, mas com pontos comuns, talvez com sensibilidades semelhantes. São autores/as que marcam seu lugar de fala, de (re)existência, mesmo em espaços rodeados de olhares desacreditados dos que realizam a seguinte pergunta: pode o subalterno escrever?

Palavras-chave: Literatura Brasileira; Literatura Afro-Brasileira; Literatura Periférica.

SIMPÓSIO 20

ESTRANHANDO O PRÓPRIO ESTRANHO: OUTRAS PERSPECTIVAS DO QUE SE COMPREENDE POR QUEER

Ruan Nunes Silva (Universidade Estadual do Piauí – UESPI)

ruan@phb.uespi.br

Jessé Carvalho Lebkuchen (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC-RS)

jesse.lebkuchen@edu.pucrs.br

Uma das maiores críticas que os estudos sobre a teoria queer têm atraído é o foco quase que exclusivo na temática da performatividade de gênero dos escritos da filósofa branca não-binária estadunidense Judith Butler. Ao mesmo tempo que Butler produz uma instigante reflexão sobre a não-universalidade de sujeitos, sua obra tem sido lida apenas a partir de uma única e exclusiva ótica. Assim, não é incomum que algumas leituras, como Carla Rodrigues (2021) aponta, reduzam as complexidades dos pontos butlerianos e que, ao mesmo tempo, essas leituras se tornem hegemônica e unilaterais. Essa situação representa um paradoxo no cenário brasileiro, afinal, a recente institucionalização da teoria queer aqui suscita o desafio das próprias definições dessas teorizações: de que formas a teoria queer consegue ainda ser um elemento produtivo e subversivo em tempos de homogeneização de tópicos e práticas? Como ela tem sobrevivido às tentativas de redução temática ou mesmo de invisibilização em espaços acadêmicos? Como afirmar, nos cenários acadêmico e ativista, as tensões de uma teoria que não se acredita definitiva/definida? Considerando essas questões, o presente simpósio busca ser um espaço de articulação de perspectivas sobre a teoria – ou melhor, teorias – e os estudos queer a partir de articulações não apenas “institucionalizadas” (porém nem sempre aceitas) como as de Judith Butler ou Eve Sedgwick, mas também aquelas compreendidas como lacunas acadêmicas pela pouca atenção recebida. As discussões para além de temas de identidade abarcam (i) políticas de sujeitos sob o guarda-chuva trans (PRECIADO, 2020), (ii) práticas e discursos contra a hetero/homonormatividade, (iii) percepções sobre não-binariedade (BASH BACK, 2020), (iv) homonormatividades e neoliberalismo (DUGGAN, 2003; BOURCIER, 2020), (v) questões de homonacionalismo (PUAR, 2007), (vi) queer nos trópicos e no sul global (PEREIRA, 2012; PELÚCIO, 2014; MISKOLCI, 2016; BENTO, 2017), (vii) afetos e estudos queer (HALBERSTAM, 2011; AHMED, 2006), (viii) estudos críticos e queer de raça ou quare studies (JOHNSON, 2001; MORAIS, 2020), (ix) orientações chicanas lésbicas e queer (MORAGA, 1983; ANZALDÚA, 2020), (x) transfeminismos (BAGAGLI, 2013; NASCIMENTO, 2021), (xi) fobias e família (SCHULMAN, 2009), (xi) tensões entre feminismos e teoria queer (MARINUCCI, 2016) entre outras. Com o intuito de indicar as possibilidades investigativas que os estudos queer possuem na contemporaneidade, destacam-se, dessa forma, as variadas perspectivas teórico-críticas que carecem de mais espaço no cenário. Espera-se que os trabalhos recebidos problematizem temáticas queer na cena literária, mas também serão recebidas produções que englobem outros sistemas semióticos como cinema, música e artes plásticas – contanto que desafiem a lógica heteropatriarcal.

Palavras-chave: Teoria queer; Estudos queer; LGBTQIA+; Estudos literários.

SIMPÓSIO 21

ALÉM DO ARQUÉTIPO DE PENÉLOPE: AS LITERATURAS DE AUTORIA FEMININA

Rafael Zeferino de Souza (Universidade Estadual de Maringá – UEM)

rafaelzeff@gmail.com

Mirian Cardoso da Silva (Universidade Estadual de Maringá – UEM)

mikardosoo@gmail.com

A exclusão e marginalização da figura feminina e sua escrita podem ser entendidas, metaforicamente, pela maldição de Ulisses e de Penélope. Por duas décadas, o herói esteve longe de casa enquanto viajava e vivenciava aventuras, ao mesmo tempo que sua mulher, Penélope, mantinha-se fiel até o seu retorno, configurando-se, desse modo, uma figura oposta à imagem masculina: “Penélope espera e é esta espera que a consagra como mulher virtuosa” (SERRANO, 2014, p. 26). Durante séculos a mulher foi impedida de estudar, de pensar fora dos padrões, de escrever e de publicar, porquanto a sociedade havia construído seu papel como a virtuosa e submissa. Contudo, devido às lutas feministas e às mulheres que se opuseram ao arquétipo, cada vez mais mulheres têm ocupado seu lugar de fala. Além disso, os Estudos Culturais e a Crítica Feminista têm se tornado relevantes e necessários para a análise humana e social, ao propiciarem que as categorias literárias e estéticas se relacionem com questões sociais. O Feminismo tem contribuído na percepção do trabalho mútuo nas formas cotidianas, ou seja, torna visível aquilo que não é reconhecido pelo cânone literário e pelos interesses masculinos, o que resulta em produção de “novos objetos de estudo, obrigando-nos [...] a reformular velhos objetos” (JOHNSON, 2010, p. 1). Cevasco (2003) afirma que os estudos culturais pensam a obra de arte em conjunto com a sociedade, o que contribui para repensar a questão do cânone e o próprio conceito de literatura, configurando espaço e representação às obras de autoria dos que estão à margem. Ocorre aqui uma nova representação desses grupos, isso porque, embora o romance tenha emergido como expressão do mundo burguês, as mutações do gênero ao longo do tempo, segundo Bakhtin (2010), transformaram tanto histórica e cultural quanto socialmente os modos de expressão, dando espaço para os grupos de minoria. Portanto, o conceito de representação abrange, conforme Woodward (2007), a questão da identidade, pois posiciona-nos enquanto sujeitos através dos significados produzidos pelos sistemas simbólicos e práticas sociais, além de ser por intermédio destes que o indivíduo dá sentido ao que é, ao que pode se tornar e suas experiências. Isso ocorre devido à questão da representação ser assimilada enquanto um processo cultural, estabelecendo-se não apenas a identidade coletiva, mas também as pessoais: “os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis respostas às questões: Quem eu sou? O que eu poderia ser? Quem eu quero ser?", também “constroem os lugares a partir dos quais os indivíduos podem se posicionar e a partir dos quais podem falar” (WOODWARD, 2007, p. 18). Essa literatura caracteriza-se não apenas na questão de estilo e na escolha de temas, mas sim em dizer algo sobre o outro, sobre o mundo e até sobre si mesmo, buscando seu espaço, poder de dizer e ser ouvido. Está relacionada, portanto, ao poder de legitimar seu discurso e quem o profere, de que sua fala seja com autoridade e mereça ser ouvida por ter valor. A proposta deste simpósio, portanto, é abarcar trabalhos que pensem a literatura de autoria feminina sobre diversas perspectivas, debatendo questões sociais, pensando sobre o próprio fazer literário, a construção de identidades, representações de personagens, entre outras temáticas que enriquecem a pesquisa da literatura de autoria feminina, suscitando vozes à margem que se levantam fora do padrão para deslocar aquela literatura já legitimada.

Palavras-chave: Estudos Culturais; Crítica Feminina; Literatura de Autoria Feminina.

SIMPÓSIO 22

A CONDIÇÃO SUBALTERNA DA MULHER NO AMBIENTE FAMILIAR NA OBRA DE CLARICE LISPECTOR

Deividy Ferreira dos Santos (UFPE)

deividyferreira@outlook.com

A obra de Clarice Lispector figura hoje como uma das mais importantes produções literárias do Brasil no século XX, especificamente em sua segunda metade, quando entram em cena os calorosos debates sobre a condição da mulher no seio dessa sociedade. Assim, machismo, desigualdades de classe e gênero, rebaixamento e as relações desiguais sustentadas pelo patriarcalismo enquanto ideologia dominante, dentre outras características, são algumas das poucas questões levantadas pela autora. Portanto, temos como objetivo geral nesse simpósio suscitar discussões que tragam ao debate a representação literária do papel social relegado à mulher, que é dona de casa, mãe e esposa, pela imposição do poder simbólico. O simpósio justifica-se e, ao mesmo tempo, torna-se relevante pelo fato de que ao abordar em suas obras e em alguns contos especificamente esse teor crítico e social, Lispector de alguma forma coloca em discussão o papel que ela, enquanto mulher, tem sobre a literatura: o de desconstruir preconceitos e ampliar o horizonte para tantas outras mulheres na literatura. Possibilitar com que essas problemáticas sejam discutidas, principalmente em uma sociedade tão desigual como a que nos inserimos, é necessária, uma vez que a realidade descrita pela autora em muitos de seus romances é, em outras palavras, o retrato e reflexo de nossa sociedade contemporânea. O percurso metodológico que nos guiará se pautará na leitura e análise exploratória dos estudos críticos de Bahktin (1981), Candido (2010), Rocha-Coutinho (1994), D’incao (2002), Teles (2002) e Mazzoni (2003).

Palavras-chave: Clarice Lispector; Condição feminina; Subjetividade.

SIMPÓSIO 23

DEPOIS DA LITERATURA? A ESCRITA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA E AS OUTRAS ARTES

Renan Augusto Ferreira Bolognin (IFSP/Avaré)

renanbolognin@hotmail.com

Maressa de Freitas Vieira (IFSP/Avaré)

maressa.vieira@ifsp.edu.br

A literatura brasileira produzida no século XXI não parece estar encapsulada em questões imanentistas. Sendo assim, seus gêneros poéticos e narrativos parecem reinventados e direcionados a uma gama diversa de relações e adaptações para outras artes. Em meio a essas escritas, há uma produção literária múltipla que tem se embasado na corrosão de binarismos e limites convencionados como literários e/ou ficcionais. Consequentemente, essa literatura aparenta estar localizada no limiar, na fronteira, em diáspora – segundo palavras de Josefina Ludmer (2007) – para outras artes e se desprender de padrões estéticos que a limitaram durante séculos. Nesse âmbito, a noção de campo de Pierre Bourdieu (1996) parece ter sido alongada e dado lugar às vozes de inúmeros intelectuais que se debruçam sobre a expansão dos campos artístico-literários e compõem o panteão teórico desses estudos, bem como deste simpósio: Ana Pato (2013); Florencia Garramuño (2014); Jacques Rancière (2009, 2012); Mario Cámara e Gonzalo Aguilar (2017); Marjorie Perloff (1995); Natalia Brizuela (2014); Rosalind Krauss (1979; 1999). Em meio a essa produção literária brasileira contemporânea que dá um passo a outras artes, destacamos estudos de escritas que se imbricam em outras artes, utilizam outras escritas para expandir-se de um texto a outro(s) e procedimentos de adaptação (cinematográfica, fotográfica, performática etc.) que movimentam a literatura a outros campos, meios e suportes de circulação. Desse modo, justificamos o oferecimento deste simpósio na urgência de debates epistêmicos, teóricos e metodológicos a respeito de um agrupamento de textos literários brasileiros contemporâneos prestes a atravessar os limites para outros campos da atividade humana. Nessa perspectiva, traçamos como objetivos selecionar apresentações que sirvam como reflexão sobre as ambiguidades da expressão “Depois da literatura?” e estreitar o diálogo com pesquisadoras e pesquisadores que meditam sobre textos narrativos e/ou poéticos conjugados a outras artes ou mídias e/ou adaptados a outras mídias. Para tanto, aceitaremos trabalhos cuja investigação aborde o texto literário desde um panorama fronteiriço com outras artes e/ou analise sua expansão para outros textos/gêneros e/ou estabeleça relações com outras mídias que os ressignificam por meio de processos adaptativos.

Palavras-chave: Adaptação; Campo expandido; Inespecificidade; Literatura expandida; Literatura pós-autônoma.

SIMPÓSIO 24

LITERATURA AFRO-BRASILEIRA: ABORDAGENS CRÍTICAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Maria Carolina de Godoy (Universidade Estadual de Londrina)

mcdegodoy@uel.br

Nelci Alves Coelho Silvestre (Universidade Estadual de Maringá)

nelcialvesilvestre@gmail.com

Neste simpósio, a proposta de discussão está centrada na literatura afro-brasileira, pautada nos pressupostos de Eduardo de Assis Duarte (2011), que propõe os denominadores comuns da literatura afro-brasileira– linguagem, tema, ponto de vista, autoria e público leitor. Embora sejam visíveis os registros de interesse voltados a essas produções – projetos na educação básica e superior, artigos em revistas acadêmicas, trabalhos de finalização de curso, dissertações, teses, premiações, presença em festivais (a FLIP/2017 é um exemplo) – a circulação ainda é pequena, quando comparada às demais produções literárias. Não se trata de registros apenas de produções contemporâneas – Maria Firmina dos Reis e Luís Gama, por exemplo, escreveram no final do século XIX – mas das representações de uma grande parte da população brasileira, as quais foram esquecidas, silenciadas, negligenciadas e, quando lembradas, feitas de formas distorcidas e estereotipadas ao longo da história, como forma de naturalizá-las. Segundo Stuart Hall (2016, p. 171) “A “naturalização” é, portanto, uma estratégia representacional que visa fixar a “diferença” e, assim, ancorá-la para sempre. É uma tentativa de deter o inevitável “deslizar” do significado para assegurar o “fechamento” discursivo ou ideológico.” Considerando com Stuart Hall (2016) que os significados não são fixos, mas deslizantes, e há sistemas que procuram aprisioná-los como forma de manutenção do poder discursivo e ideológico, é objetivo deste simpósio a análise de formas de representações de negras e negros que proponham outros modos de vê-los na arte e na cultura, sobretudo no sistema literário, uma vez que o debate se insere nos estudos da literatura, em que o silenciamento e a exclusão de suas vozes são perceptíveis, como no registro da historiografia e nos espaços de legitimação, a saber, a educação básica, superior, crítica acadêmica, mercado editorial, feiras, festivais literários, mídias, entre outros. Este simpósio visa, portanto, contribuir para ampliação do debate crítico sobre a literatura afro-brasileira - a obra Literatura e afrodescendência, publicação de 2011, organizada por Eduardo de Assis Duarte e Maria Nazareth Soares Fonseca, participante da organização do último volume, registra aproximadamente cem autoras e autores negros e mostra uma produção significativa sobre a qual a crítica pode se debruçar – e procura considerar as nuances teóricas, críticas e metodológicas de cada grupo de produção. Colocam-se questões-problema no contexto investigativo da literatura afro-brasileira, tais como características da escrita de autoria negras, suas constantes simbólicas na literatura e a crítica advinda de estudiosos negros; o papel das ilustrações e a importância da divulgação em espaço educacional da literatura infantojuvenil afro-brasileira e formas de abordagem das obras; estudos teórico-críticos no campo dos Estudos Culturais e Pós-Coloniais em diálogo com as obras, entre outras formas de abordagem. Pretende-se acolher discussões em torno da aplicação da Lei 10.639/2003, modificada pela Lei 11.645/08, que determina a inclusão de história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo oficial da rede de ensino, a partir da abordagem no ensino básico e superior. Nesse campo, as discussões permeiam o conceito de letramento, educação antirracista, currículo e temática étnico-racial, experiências de prática pedagógica, entre outros assuntos. Destacam-se os objetivos do simpósio: a) ampliar as discussões sobre os estudos literários afro-brasileiros; b) levar discentes de graduação, pós-graduação, educadores(as) e demais pesquisadores(as) interessados(as) a manterem contato com obras de autoria negra e colocá-las em debate; c) pensar modos de abordagem das obras de autoria negra em sala de aula; d) reconfigurar o negro na história em termos de visibilidade e de ascensão social, criando uma nova dimensão como formador da cultura e da sociedade. Como ponto de partida para as bases teóricas nas quais se fundamentam a discussão têm-se: Eduardo de Assis Duarte (2013); sobre identidade e representação privilegia-se Stuart Hall (2013, 2016); a respeito de resistência Aschcroft (2001) e sobre letramento Magda Soares (2004) e Kleiman (2004).

Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; Crítica; Prática pedagógica.

SIMPÓSIO 25

LITERATURA E RESISTÊNCIA: DISCURSO DAS MINORIAS NA LITERATURA BRASILEIRA

Carmelinda Carla Carvalho E Silva (UESPI)

carmelinda.sig7@gmail.com

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI)

r.celestina@uol.com.br

A cultura afrodescendente no Brasil é rica e diversa e transcende fronteiras. Sua trajetória é marcada por episódios de lutas e enfretamentos contra o racismo e preconceitos e pela busca por uma afirmação e preservação de sua identidade cultural como elemento essencial para a formação do povo brasileiro. Entretanto, apesar de abrigar em seu território a maior população africana fora da África, nos dias atuais a cultura afro-brasileira ainda é estigmatizada e até reprimida. Essa problemática tem raízes históricas profundas e remetem ao período colonial, fruto das invasões territoriais europeias que resultaram na dominação, e posterior exploração da mão de obra escrava. Os negros africanos e seus descentes mestiços e crioulos deram enormes contribuições para a formação da identidade cultural brasileira. Muitos dos aspectos dessa cultura como a língua, as danças e a religiosidade resistiram ao tempo e as repressões conduzidas pelo colonizador, e hoje fazem parte do cotidiano e da vida de todos os brasileiros. Sua história de sofrimentos e lutas se agrega a própria história do Brasil e servem como norteadoras da identidade nacional, abordando questões acerca do preconceito, racismo intolerância religiosa, militância contra o preconceito e a violência e o extremismo dos brancos diante dos rituais e cultura de origem africana, onde o território baiano, epicentro do maior contingente de negros vindos da África, por volta de 1549 e 1550 foi um dos estados que mais sofreu influência dos povos provenientes do continente africano. Isso se deu, tendo em vista a grande quantidade de negros recebidos no período do tráfico negreiro, bem como com sua migração após o fim do ciclo da cana-de açúcar na região Nordeste. Dispersados por todo o Brasil, mas concentrados em grande número na Bahia, a cultura afro-brasileira resistiu, influenciando na vida cotidiana, nos costumes, na dança, na música, na gastronomia e na religiosidade tornando-se marca norteadora da identidade cultural brasileira. Um exemplo desse processo de resistência étnico-cultural e do seu papel histórico na construção da identidade cultural brasileira é a forte presença do sincretismo religioso. O sincretismo é um fenômeno que integra e engloba elementos de diferentes doutrinas com a manutenção de traços marcantes de suas doutrinas originais. O sincretismo representa a junção de elementos indígenas, católicos e de origem afro, que formam um ponto de incidência entre tradições distintas. Esse fenômeno é o resultado da imposição histórica da cultura europeia sobre a cultura negra, ocorrida durante e após a colonização do Brasil. No Brasil, o sincretismo é representado principalmente pela Umbanda e pelo Candomblé, as religiões de matriz africana que mais se destacam no cenário sincrético religiosos no Brasil e que Jorge Amado descreve com riqueza de detalhes em algumas de suas obras, ambas apesar de diferirem em alguns pontos, resguardam como característica comum a ancestralidade negra. Objetivando explorar narrativas que possuam o cunho de resistência, propomos aqui receber trabalhos que apresentem personagens, enredos, discursos e temáticas que sejam impulsionadoras de lutas das minorias, onde encontramos como principais aportes teóricos Bosi (2002), Pantoja (2012) Bastide (1971) Mattos (2012) e Sousa (2014) que trata da história e cultura afro-brasileira e ainda Willeman e Lima(2016), que tratam das questões a respeito do preconceito e intolerância religiosa no Brasil, entre outras bases.

Palavras-chave: Literatura; Discurso; Resistência; Minorias.

SIMPÓSIO 26

A MULHER, A FAMÍLIA E O ESTADO NOS FILMES E LITERATURA DE TERROR: A QUESTÃO DO MEDO E DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ENTRE GÊNERO E CLASSE

Rafael Adelino Fortes (IFMT/UFMT)

prof.rafaelfortes@hotmail.com

Na cultura judaico-cristã ocidental, a religião tem ocupado um papel importante enquanto divulgadora de ideologias, costumes e fatores que influenciam na vida dos seres humanos, durante muitos séculos o mundo ocidental é regido por uma cultura patriarcal, machista e preconceituosa, a qual a mulher quase sempre ocupa um papel secundário. Sobre isso pode ser visto na cultura de massa, servindo como aporte subserviente para a propagação de ideologias do Estado. Para tanto, propõe-se discussões historiográficas, reflexões de obras literárias e fílmicas que tratam sobre o tema, visando uma reflexão diante do pensamento social contemporâneo e das ideologias que perpassaram os tempos. A associação da vulnerabilidade da mulher com a origem do mal é um assunto que atravessa desde os textos bíblicos até a contemporaneidade, por meio de discursos que circulam em várias esferas e de representações nos diversos campos artísticos, sociais, filosóficos, dentre outros. O cinema, muitas vezes, opera de modo a reforçar estereótipos, difundir ideologias dominantes e até formar opiniões nos mais diversos sentidos. Diante disso, busca-se nesse simpósio refletir sobre a representação feminina, do papel da família em filmes e literatura de terror após 1950 e como eles auxiliam ao reforçar estereótipos da cultura dominante e da tradição judaico-cristã, na qual muitas vezes a figura masculina exerce um papel central: ora protege a figura feminina, ora ocupa seus corpos por meio de possessões demoníacas ou até mesmo as mata, destacando-se dessa forma a força do homem em detrimento da mulher. Por mais que algumas vezes o cinema de terror cause repulsa em alguns espectadores, é possível encontrar em vários títulos uma moral conservadora e de certa forma cristã: a luta entre o bem e o mal e, em alguns filmes, a recuperação da fé. Em muitas obras literárias, ainda que velado, o tema ressurge, quase sempre para atender ideologias de uma sociedade, tais como: a noção fixa de um modelo ideal de família, de pai, de mãe e como o Estado controla esses modelos. Com a divulgação e popularização do cinema, a temática ainda paira, e em alguns casos causa até histeria coletiva no mundo real, a exemplo de O bebê de Rosemary (1968), O exorcista (1974) e A profecia (1976), dentre outros. Com relação à literatura, todos os dias surgem no mercado editorial livros que englobam temáticas concernentes ao tema, tais como “Onde cantam os pássaros”, de Evie Wyld (2013); “Menina Má”, de William March, o qual foi lançado no Brasil em 2016; “Os condenados”, de Andrew Pyper, publicado em 2016, dentre outros. Esses assuntos geralmente envolvem questões da cultura judaico-cristã e, em boa parte dos temas abordados, há um papel feminino ou feminizado que é tratado ora com medo, ora com depreciação.

Palavras-chave: Feminino; Família; Estado; Filmes e literatura de terror.

SIMPÓSIO 27

NARRATIVAS LITERÁRIAS EM FOCO: DOS DEBATES NARRATOLÓGICOS AOS ESTUDOS COMPARADOS

José Diego Cirne Santos (IFRN)

diego.cirne@ifrn.edu.br

Sheyla Oliveira (UFPB)

oliversheyla13@gmail.com

No campo dos estudos literários, sabe-se que as discussões acerca das narrativas ocupam um espaço importante. Ante tal panorama, este simpósio tem como objetivo reunir estudos que se debrucem sobre os variados gêneros da narrativa literária em língua portuguesa, abarcando obras, autoras e autores africanos, brasileiros e portugueses. Ademais, o recorte teórico dos trabalhos aqui reunidos estará dentro de um campo epistemológico bastante vasto, em consonância com os métodos praticados pela crítica literária. Nesse sentido, ao se pensar em narratologia, invoca-se todo o arcabouço teórico usado como fundamento para a análise de narrativas literárias. Contudo, tanto no que se refere a categorias como a teorias, não há restrição aos estudos que se debrucem sobre elementos constituintes das narrativas literárias fora da narração em si, mantendo-se o pleno respeito às pluralidades estilísticas desse tipo de criação artística e aos estudos da área. Ainda no que concerne às múltiplas possibilidades de apreciação de uma narrativa, sublinha-se, por fim, a relevância dos estudos comparados para a crítica literária. Dessa maneira, também serão muito bem-vindos os trabalhos que focalizem os vários níveis de correlação entre a literatura e a sociedade e, por conseguinte, entre as narrativas e as subjetividades humanas. Assim, abre-se espaço para outro estrato crucial dos estudos literários, possibilitando-se a exposição de análises acadêmicas que busquem suporte em referências da filosofia, da sociologia e da psicanálise, dentre outros vários ramos do saber, para lançar interpretações e erigir discussões a respeito das narrativas literárias em língua portuguesa.

Palavras-chave: Narrativas literárias; Literaturas em língua portuguesa; Narratologia; Estudos comparados.

SIMPÓSIO 28

NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS: PAISAGENS IDENTITÁRIAS E PERTENCIMENTOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

Charles Borges Casemiro (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - São Paulo – IFSP-SPO)

charlescasemiro@ifsp.edu.br

Marlise Vaz Bridi (Universidade de São Paulo – USP-FFLCH)

marlise@usp.br

O Simpósio Narrativas Contemporâneas: Paisagens Identitárias e Pertencimentos em Língua Portuguesa se propõe a problematizar a Narrativa contemporânea de Língua Portuguesa, no sentido de se pensar questões estéticas, identitárias e de pertencimentos encontradas no diálogo que se estabelece entre a Forma de Discursos Estéticos contemporâneos e a Forma de Discursos Não-estéticos contemporâneos. Desse modo, o Simpósio se propõe à divulgação de estudos a respeito da Narrativa contemporânea da Língua Portuguesa – o romance, o conto, a crônica de autores portugueses, brasileiros e africanos, especialmente, do tempo pós-colonial da colonialidade (séculos XIX, XX e XXI) –, em que se possa compreender processos discursivos de construção, de desconstrução e de reconstrução identitária e de pertencimento das comunidades lusófonas, sobretudo, consideradas as influências recíprocas entre as sociedades de Língua Portuguesa, pautadas em sua situação histórica de colonialidade e de cultura fronteiriça (WALLERSTEIN, 1983; SANTOS, 1993; QUIJANO, 2002; BRAUDEL, 2009; GROSFOGUEL, 2008). É propósito deste Simpósio, portanto, promover análises de Discursos da ordem econômica, política, social, cultural e ideológica das nações lusófonas que, todavia, estejam materializados na Forma da Narrativa Estética contemporânea de Língua Portuguesa e que, a seu turno, possam contribuir para uma maior compreensão e para uma maior aproximação identitária e de pertencimentos entre as comunidades de Língua Portuguesa, ainda que, paradoxalmente, sejam estes mesmos Discursos específicos, justamente, os que conformam as autonomias, as identidades e os pertencimentos peculiares de cada uma das comunidades da lusofonia.

Para problematizar, assim, a Forma peculiar desta Narrativa contemporânea em Língua Portuguesa, como Discurso, e, portanto, como uma Forma dinâmica particularizante da Narrativa humana (HEGEL, 2003/1. ed. 1835; MARX, 2004/1.ed.1844; BAKHTIN, 1997; LUKÁCS, 2011/1.ed.1955; GOLDMANN, 1972; JAMESON, 2007; WATT, 2010), nas sociedades da lusofonia, recorre-se, pois, a três premissas filosóficas e estéticas do século XIX e a seus desdobramentos na ciência e na filosofia estética do século XX e XXI: primeiro, à ideia da Forma como uma estrutura constitutiva do comportamento humano; segundo, à ideia da Forma como uma construção e manifestação, inequivocamente, histórica e contraditória; e, terceiro, à ideia da narrativa estética como uma Forma dialética, particularizante da história humana (GOLDMANN, 1972). Esta abordagem permite apresentar a Narrativa contemporânea de Língua Portuguesa a partir de dois de seus eixos construtivos: de um lado, o da mobilização e da significação e ressignificação de determinados recursos discursivos estéticos, no decorrer dos séculos XIX, XX e XXI e, de outro lado, o da vocação ideológica para a problematização das identidades e dos pertencimentos, como particularidade do Discurso Estético das diversas comunidades lusófonas contemporâneas (séculos XIX, XX e XXI).


Palavras-chave: Narrativa Contemporânea; Língua Portuguesa; Identidades; Pertencimentos.

SIMPÓSIO 29

DIÁLOGOS ENTRELAÇADOS: LITERATURA, IMAGINÁRIO E MITOS

Marcos Aparecido Pereira (IFMT/Campus Cáceres Prof. Olegário Baldo)

marcos.pereira@ifmt.edu.br

Epaminondas De Matos Magalhães (IFMT/Campus Pontes e Lacerda - Fronteira Oeste)

epaminondas.magalhaes@ifmt.edu.br

A literatura tem uma íntima relação com os sonhos, na medida em que ambos fundam suas raízes nas profundezas da psique humana e dão vida às imagens renovadas do inconsciente (BACHELARD, 2019a) transformando-se em experiências vívidas na nossa mente, já que “as imagens que são forças psíquicas primárias são mais fortes que as ideias, mais fortes que as experiências reais” (BACHELARD, 2019b, p. 17). No entanto, há que se considerar que a imaginação já foi vista como cópia da realidade, já foi desvalorizada por estar abaixo do conhecimento, foi afastada por ser a senhora dos enganos e, também, rejeitada por fornecer-nos ilusões e crenças irracionais. Sendo que os resquícios desse tipo de pensamento que considera a imagem e a imaginação como perigosas, diabólicas (BARCELLOS, 2019) não desapareceram de nossa sociedade e podem ser encontrados em proposições filosóficas de grandes pensadores até frases feitas de expressão coloquial que sugerem deixar-se levar por suposições infundadas. Nesse sentido, acreditamos que pensadores do imaginário como Gaston Bachelard, Ernst Cassirer, Mircea Eliade, Henry Corbin, Carl Jung e Gilbert Durand foram capazes de desbravar caminhos e quebrar muros limitadores e nulificantes, pois conseguiram abrir espaço no domínio hegemônico do pensamento da racionalidade e oferecer uma vertente mais holística e menos absoluta de se produzir conhecimento. A literatura também é uma forma de produzir conhecimento que, comumente, rompe as barreiras do possível e oferece-nos a tentação do impossível (LLOSA, 2012). Nessa compreensão e por acreditar que “a razão não explica os sonhos” (BACHELARD, 2018, p. 73), propomos discutir como o fazer literário é capaz de suscitar elementos que estão no imaginário, no inconsciente pessoal ou no inconsciente coletivo e convertê-los em devaneio, em vivência transformadora do indivíduo, bem como a presença de uma íntima relação com os mitos que formam a base de nossas crenças e da própria sociedade, na medida em que são reatualizados de maneiras múltiplas. Afinal, compreender como imagens, mitos, símbolos e manifestações arquetípicas ajudam a tecer o objeto estético levando o leitor a uma experimentação única das próprias intimidades psíquicas em diálogo com a obra é tentar desvendar uma parte da força mágica que a literatura movimenta no ato da leitura. Para tal, este simpósio busca trabalhos que discutam o imaginário na literatura, seja em obras canônicas ou em produções contemporâneas, portanto, propõe-se um espaço de reflexão e debate acerca de trabalhos e estudos que tenham como mote o imaginário, o mítico e o simbólico em textos e obras literárias, a fim de reconhecermos a presença de simbologias, explícitas ou camufladas.

Palavras-chave: Imaginário; Símbolos; Mitos; Manifestações Arquetípicas.

SIMPÓSIO 30

REPRESENTAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE EVENTOS E PERSONAGENS HISTÓRICOS EM OBRAS FICCIONAIS E DOCUMENTOS DE LÍNGUAS ESPANHOLA E PORTUGUESA


Robson Batista dos Santos Hasmann (IFSP/Campos do Jordão)

robson.hasmann@ifsp.edu.br

Gabriele Franco (USP/IFSP - São José dos Campos)

franco.gabriele@ifsp.edu.br

Seja pela derrubada de monumentos, seja pela exaltação de pessoas que a história condenou, certas ações políticas do presente colocam em cena a urgência de debates em torno dos registros e representações de eventos e personagens e a forma como sua(s) história(s) é (são) registrada(s) ou revisitada(s). Elas revelam que não se trata de atitudes impensadas, isoladas do passado, mas resultado de um processo histórico que está em movimento. Em chaves teórico-conceituais mais clássicas, o tema pode ser analisado sob a perspectiva da escrita da história (VEYNE, 1998). Ao mesmo tempo, críticos literários como Barthes (2004) e Hamburger (1986) concordam que o objeto construído pela história e a historiografia é tão discursivo quanto aquele construído pela literatura, ainda que para esta última o evento histórico seja não apenas tema, mas parte composicional da arquitetura da obra. Por outro lado, os discursos (FAIRCLOUGH, 2001) trazidos à superfície pelas vozes históricas e literárias conduzem a uma reflexão e revisitação aos processos de construção da memória histórica (RICOUEUR, 2003), social ou coletiva (HALBWACHS, 2009), revelando diferentes nuances e perspectivas. Nesse sentido, se o ato político de pôr em xeque o evento histórico possui em si uma estética, sob a perspectiva literária a presença do objeto histórico e a intertextualidade com a historiografia permitem ao romancista, poeta, contista, dramaturgo — de certa forma também a historiadores e linguistas do discurso — refletir sobre os próprios limites da ficcionalidade. Neste contexto, este simpósio entende o trabalho com a história a partir de: 1) a presença/ausência de personagens históricos em romances, contos, peças teatrais e poemas contemporâneos; 2) a revisão de documentos, quer pela atualização linguístico-filológica quer pela releitura de seus significados e efeitos de sentido; e 3) a análise de discursos contemporâneos produzidos sobre personagens e eventos do passado e da “história imediata” (LACOUTURE, 1998). Tendo em vista essas reflexões, o simpósio pretende acolher propostas de comunicação que discutam eventos e personagens históricos em obras ficcionais ou documentos (cartas, crônicas, relaciones, sermões etc.). Preferencialmente, o simpósio demonstra interesse por textos produzidos em língua espanhola e portuguesa. A fim de ampliar a discussão, convidam-se pesquisadoras e pesquisadores cujos trabalhos sejam lidos à luz da teoria literária, literatura comparada ou dos estudos discursivos ao considerar que a história é uma consequência - e não uma simples sucessão - de decisões, atos e registros, a discussão sobre as reflexões propostas nesse simpósio tornam-se urgentes e essenciais.

Palavras-chave: Literatura e História; Ficção; Documentos; Ressignificação; Memória.

SIMPÓSIO 31

EXPRESSÕES ESTÉTICAS DE AUTORIA NEGRA NA LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Danuza A. Felipe de Lima (IFSP/Avaré)

danuza.lima@ifsp.edu.br

Rafaela Cássia Procknov (IFSP/Avaré)

procknov.rafaela@ifsp.edu.br

Os estudos sobre a literatura de autoria negra têm ganhado visibilidade no âmbito da Crítica e da Teoria Literária. Essa visibilidade não é fortuita e faz parte de uma ampla batalha por reconhecimento (material e simbólico) desempenhada pelos movimentos negros, por intelectuais e artistas pretos espalhados pelo mundo. A batalha por reconhecimento, levada a cabo por tais atores, tem, entre muitos aspectos, promovido a ressignificação de padrões literários estabelecidos e possibilitado a reconfiguração de alguns imaginários socioculturais constituídos pela modernidade ocidental, como a ideia de sujeito universal, de nação, de raça, de gênero etc. Desse modo, esta proposta apoia-se, fundamentalmente, em tradições de pensamento que tensionam o cânone (Estudos Culturais, Decoloniais, Pós-Coloniais, Feminismo Negro) e tornam o conceito de literatura mais dinâmico e plural. Este simpósio reúne trabalhos que, por meio da reflexão teórico-crítica, proponham-se a analisar como a literatura de autoria negra em Língua Portuguesa tem realocado os fundamentos da razão eurocêntrica e convidado a palavra criativa a abrir-se a novos agenciamentos. Nesse sentido, serão aceitas pesquisas que contemplem os seguintes eixos:

• Literatura de autoria feminina negra

• Literatura infanto-juvenil de autoria negra

• Literatura de autoria negra em interface com outras linguagens artísticas (rap, cinema, música, artes plásticas etc.)

• Literatura de autoria negra e diásporas

• Literatura luso-africana de autoria negra

• Literatura de autoria negra e identidade nacional

• Literatura de autoria negra dos séculos XVIII e XIX

• Literatura de autoria negra contemporânea

• Literatura de autoria negra e ensino – pedagogia antirracista

Palavras-chave: Autoria negra; Cânone; Imaginários socioculturais; Modernidade ocidental.

SIMPÓSIO 32

A LITERATURA NIGERIANA E SUAS PARTICULARIDADES

Bruna Agliardi Verastegui (ULBRA)

bruna_verastegui@outlook.com

Este simpósio tem por objetivo fomentar as pesquisas que versam sonre a literatura nigeriana a partir de suas particularidades, principalmente àquelas que remetem a elementos diaspóricos e autobiográficos, já que é possível notar um crescimento relevante de obras literárias nigerianas produzidas nas duas primeiras décadas do século XXI, fato que parece ter relação com os descolamentos migratórios protagonizados por nigerianos que saem de sua terra natal e mudam-se para a Europa ou Estados Unidos, formando assim uma nova diáspora. Além disso, ressalta-se que essa literatura produzida por nigerianos (as) possui muitos traços que se mesclam com as próprias experiências dos escritores (as), configurando essas narrativas literárias como um espaço para abordar desigualdades de gênero, de raça e de classe e muitas outras. Para investigar essas questões, podem ser utilizados teóricos como Stuart Hall (2001), em seu compilado de artigos trazidos no livro Da diáspora: identidades e mediações culturais; Maximilian Feldner (2019), em seu livro Narrating the new african diaspora; Leonor Arfuch (2010), em seu livro O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea; entre outros. Neste espaço, pretende-se mostrar que, na contemporaneidade, a literatura configura-se como um importante espaço para repensarmos questões sociais através das representações de gênero, de raça, de classe, de nação, de identidade e demais fatores que são abordados nas obras contemporâneas. Este simpósito se faz pertinente por conta da atualidade das questões abordadas nas literaturas nigerianas, pelo crescente protagonismo dos nigerianos, especialmente das mulheres nigerianas, em diversos âmbitos da sociedade e pela necessidade de representações outras, que contradigam o discurso hegemônicos amplamente disseminado pela Europa e Estados Unidos acerca de nações emergentes, consideradas como “subdesenvolvidas”. Pesquisas que versem sobre as obras literárias de Buchi Emecheta, Chimamanda Ngozi Adichie, Flora Nwapa, Chinua Achebe, Sefi Atta, entre outros.

Palavras-chave: Literatura nigeriana; Literatura contemporânea; Literaturas da África.

SIMPÓSIO 33

LITERATURA, EDUCAÇÃO E ENSINO

Patrícia Antonino da Silva Batista (IFSP - Câmpus Catanduva)

paantoninodasilvabatista@gmail.com

Michelle Mittelstedt Devides (IFMG - câmpus Bambuí)

michelledevides@gmail.com

Percorrer o caminho do texto literário permite ao leitor ampliar e intensificar a leitura de mundo (FREIRE, 2001), pois a leitura literária estabelece um jogo com o leitor explorando a imaginação, a criatividade e o caráter ficcional dos textos que se revelam no ato de ler. Para induzir ou desenvolver a leitura, sobretudo aquela praticada em sala de aula, é preciso perceber que os indivíduos se inserem em uma comunidade, com aspectos culturais muito peculiares, no qual cada um pode realizá-la sob caminhos variados e baseados em sua experiência de mundo, de acordo com Paulo Freire (2001). Inerente à prática da leitura literária na escola, fica estabelecida a relação professor-aluno, mediador-leitor. Mas o que é possível indagar sobre esse leitor durante suas experiências de leitura? Concordamos com Paulo Freire ao afirmar que “Ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1983, p. 79). Portanto, a construção desse leitor, desse sujeito, vai além da literatura como conteúdo escolar, deve promover sua comunhão com o mundo. Também entendemos que “[...] não pode existir uma prática educativa neutra, descomprometida, apolítica. A diretividade da prática educativa que a faz transbordar sempre de si mesma e perseguir um certo fim, um sonho, uma utopia, não permite sua neutralidade (FREIRE, 2000, 37).” Por isso, o comprometimento com a prática é essencial para que as experiências de leituras literárias possam ressignificar as experiências históricas. A partir da concepção de Antonio Candido, em sua obra Literatura e Sociedade (2006, p.74), de que “a literatura é um sistema vivo de obras agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a” – o objetivo deste simpósio é reunir textos que abordem temas como Literatura, Educação e Ensino, a fim de articular a partir desta triangulação discussões pertinentes ao ensino da literatura, à educação literária, ao letramento literário, à educação intercultural, à formação do sujeito leitor, assim como à sua presença em diversos espaços virtuais da atualidade, pelo viés da literatura. As discussões neste simpósio têm a intenção de dialogar, crítica e construtivamente, com a Educação e o Ensino pensados de modo inter e/ou transdisciplinar. Portanto, acreditamos que a literatura nos atravessa com diferentes experiências para construirmos a nossa. “A literatura não é uma experiência inofensiva” (CANDIDO, 2011, p.178), ela amplia a visão de mundo e nos dá condições de visibilidade.


Palavras-chave: Literatura; Letramento literário; Educação e Ensino.

SIMPÓSIO 34

EM BUSCA DA LITERATURA: ESPAÇOS DE LEITURA

Caroline de Morais (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - IFRS)

caroline.morais@vacaria.ifrs.edu.br

Laura Cristina Noal Madalozzo (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - IFRS/Universidade de Passo Fundo - UPF)

laura.madalozzo@vacaria.ifrs.edu.br

Este simpósio temático está incluído na área dos estudos literários e acolhe trabalhos desenvolvidos em diferentes cenários, como: sala de aula, encontros em comunidades, projetos, grupos de estudo, contemplando espaços formais e informais de leitura. Nesse caso, são bem-vindas propostas que envolvam a Literatura e o texto literário como objetos de estudos em projetos de pesquisa, extensão, ensino ou indissociáveis. Quer-se socializar e promover as diferentes formas de encontrar a Literatura na sua essência, entendendo-a em sua multiplicidade. Em contrapartida, destaca-se que os estudos literários, por vezes, estão à sombra de outras áreas ou sendo desviados de sua função estética. Desse modo, este simpósio é relevante por ressaltar os estudos e pesquisas que se dedicam ao ensino e à pesquisa da Literatura, ao reconhecimento dos autores e das obras literárias, à preocupação com o sujeito leitor, entre outros aspectos que exigem a atenção dos educadores. Esses domínios têm como fundamentação teórica inúmeros estudos desenvolvidos ao longo dos anos. Para a definição e reflexão sobre Literatura, evidenciam-se os estudos de Candido (2006; 2011) e Todorov (2009); quanto ao ensino da Literatura em sala de aula, tem-se Cosson (2003; 2009) e Colomer (2007); acerca da Estética da Recepção, ressalta-se o aporte teórico de Jauss (1994) e Iser (1999; 1996); sobre as práticas de leitura e outras questões, salienta-se os estudos de Chartier (2001), Darnton (1990) e Petit (2008; 2010). Esses são alguns dos respaldos teóricos que podem basear os distintos trabalhos apresentados para este simpósio temático, entretanto, a base teórica pode ser diversa. Nesse âmbito, projeta-se um encontro de estudos advindos de pesquisadores, acadêmicos, especialistas, professores, mediadores de leitura e outros interessados na divulgação de ações que envolvam a Literatura, aparentemente esquecida em tempos hodiernos. Dessa maneira, o presente simpósio temático tem como objetivo registrar ações e estudos desenvolvidos em diferentes regiões do país que evidenciem a Literatura e o texto literário como elemento central da pesquisa, favorecendo a discussão de experiências e vivências em diversos contextos e espaços.

Palavras-chave: Literatura; Leitura; Práticas; Espaços de Leitura.

SIMPÓSIO 35

AS LINGUAGENS DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS E O DIÁLOGO COM OUTRAS ARTES

Bruno Santos Melo (Universidade Estadual da Paraíba - PPGLI/UEPB)

bsantosletras@gmail.com

Durante muito tempo, a História em Quadrinhos foi vista como um meio de entretenimento voltado ao público infanto-juvenil ou que infantilizava os adultos, como nos lembra Will Eisner (2010); porém, no decorrer da história, uma série de acontecimentos a inseriu em um contexto de diversas nuances, desde o Comic Code Authority, com Frederich Wertham (1954), até à contemporaneidade, no Bum da Cultura Pop e da influência da Indústria Cultural e da Cultura de Massas. Embora seja vista por muitos como uma arte menor, é fundamental (re)pensar os valores imbricados nesses conceitos de classificação e propor percepções que sejam capazes de evidenciar todo o potencial que a Nona Arte abarca. Classificada como “hipergênero” (RAMOS, 2019) e que agrega uma série de linguagens, a percebemos como um espaço profícuo e rico, seja do ponto de vista artístico, teórico e/ou crítico. Partindo desses pressupostos, bem como da importância de trazer ao âmbito acadêmico reflexões acerca da História em Quadrinhos como elemento passível de análises, este simpósio temático objetiva promover discussões acerca das linguagens das HQ’s e o diálogo com outras artes. Serão aceitas propostas que se proponham a investigar o universo dos super heróis, as identidades e representatividades, os aspectos estético-estilísticos, seja do ponto de vista ético, político, literário, entre outros; tanto na história em quadrinhos ocidental quanto nos mangás. Serão pertinentes, ainda, trabalhos que englobem a dimensão intrínseca entre a História em Quadrinhos e a formação leitora. Assim, buscamos aproximar tanto a pesquisa quanto a utilização dos quadrinhos no espaço escolar.

Palavras-chave: História em Quadrinhos; HQ e outras artes; Quadrinhos e formação de leitores.

SIMPÓSIO 36

LITERATURA E CINEMA: INTERPENETRAÇÃO DE LINGUAGENS NO FAZER ARTÍSTICO

Keilla Conceição Petrin Grande (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG)

keillapetrin@cefetmg.br

lzabel Cristina Silva Diniz (Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG)

izabel.diniz@hotmail.com

Quando o cinema surge, em fins do século XIX, não tardam a serem percebidas as influências tanto que a sétima arte recebeu quanto exerceu sobre as demais. No caso da Literatura, por exemplo, tornou-se lugar comum referenciar a declaração que D.W. Griffith fez em relação à forma como os romances de Charles Dickens o inspirou no processo de montagem paralela dos filmes. Igualmente, não passa despercebido o quanto a linguagem cinematográfica influenciou escritores do século XX e da contemporaneidade, ao incorporarem procedimentos da linguagem cinematográfica aos textos literários, como a descontinuidade narrativa, o corte, a simultaneidade, a sintaxe analógica, entre outros. Como observa a ensaísta portuguesa Rosa Maria Martelo, “A poesia do século XX evidenciou um progressivo interesse pelo universo cinematográfico, um interesse que parece ter transitado intacto para o século XXI.” (2012, p. 183). Essa interpenetração entre as duas linguagens coloca em tensão o próprio fazer artístico, modificando, renovando, desestabilizando, reorganizando os procedimentos composicionais de uma e outra arte. Como constata José Carlos Avellar, em O chão da palavra, “tão logo [o cinema] se concretizou na tela iluminou a literatura [...]. Renovou a escrita, estimulou a invenção de novas histórias e de novos modos de narrar que, por sua vez, adiante [...] iluminaram a escrita cinematográfica, estimularam que ela se fizesse assim como se fez, em constante renovação.” (AVELLAR, 2007, p. 9). Diante dessas questões, este simpósio propõe-se a receber trabalhos que reflitam sobre as inter-relações entre literatura e cinema, a partir de investigações que discutam como se dão as interseções entre as duas linguagens, que se manifestam pela apropriação dos modos de narrar, pela articulação da imagem poética com a cinematográfica e vice-versa, pelas formas como o texto literário tangencia os procedimentos cinematográficas e pela maneira como o cinema absorve a literatura para as telas.

Palavras-chave: Literatura; Cinema; Relações dialógicas.

SIMPÓSIO 37

SEMIÓTICA DISCURSIVA E PRÁTICAS DE (MULTI)LETRAMENTOS: APORTES TEÓRICOS E METODOLÓGICOS AO PROFESSOR

Eliane Soares de Lima (FFLCH-USP)

li.soli@usp.br

Silvia Maria de Sousa (UFF/Niterói, RJ)

silviams@id.uff.br

Em entrevista recente ao dossiê temático “Semiótica Discursiva e ensino”, publicado na revista Acta Semiotica et Lingvistica (2021, vol. 26, n. 2), o semioticista francês Jacques Fontanille propõe pensar a chamada semiótica didática a partir de três vias: (i) uma didática da Semiótica ela mesma, cujo grande exemplo são os manuais de introdução à sua proposta teórico-metodológica; (ii) uma análise semiótica do discurso didático, seja aquele dos próprios manuais, dos livros didáticos, ou dos referenciais curriculares, seja o das ações didáticas em sala de aula; (iii) as possibilidades de intervenção da Semiótica nas práticas de letramento e multiletramentos na escola, como adjuvante na performance dos professores, ou seja, como subsídio teórico e metodológico ao trabalho didático cotidiano. Considerando, então, a imposição de um diálogo entre aquilo que se ensina e se aprende na escola e o contexto social – já presente desde os primeiros documentos oficiais de orientação e regulamentação da Educação Básica –, a proposição deste simpósio é a de acolher trabalhos que, relacionados de alguma forma a uma ou mais dessas três vias destacadas por Fontanille, dediquem-se a pensar e a propor caminhos para o fortalecimento do diálogo entre a Semiótica Discursiva e a Educação Básica. Interessa, para isso, lançar luz sobre as práticas de (multi)letramentos na escola e os desafios por elas trazidos a partir da exigência do trabalho com as formas de linguagem contemporâneas, em sua variedade de gêneros discursivos e esferas de comunicação, e mesmo dos diferentes suportes e mídias, conforme prescrições da Base Nacional Comum Curricular (2017/2018), que dá especial ênfase às práticas de leitura e escrita do contexto digital. É fato que hoje um novo olhar para o ensino se configura e, com ele, outra concepção das funções e dos objetivos da escola, do que deve ser ensinado e do tipo de texto que o professor deve explorar em suas aulas, trazendo o desafio de equilibrar o ensino dos textos da tradição literária, que propõem o trabalho didático dos sistemas poéticos, com as novidades trazidas pelos suportes digitais. A própria noção de texto, com a incorporação nos referenciais curriculares oficiais das pesquisas científicas em Letras e Linguística, foi sendo reformulada e ampliada, fundamentada em uma perspectiva enunciativa, preocupada com o fomento à consciência das condições de produção, recepção e circulação dos enunciados, da construção dos sentidos e do tipo de interação social em pauta. Assim, para além do desafio dos gêneros, suportes e textos a serem priorizados em aula, o principal desafio que se coloca ao professor é o de saber a melhor maneira de explorá-los didaticamente, uma vez que pertencem a diferentes situações de enunciação, cada qual com suas especificidades discursivo-textuais (verbais e não-verbais), submetidas a múltiplas práticas de compreensão e produção. Daí o propósito deste simpósio de oferecer aos participantes interessados no tema um espaço de apresentação de ideias, debates e discussões sobre como o aporte teórico e metodológico da Semiótica Discursiva pode fazer avançar a importante tarefa de dar conta dos (multi)letramentos, tanto no sentido de fortalecer o conhecimento dos professores sobre as dinâmicas discursivo-textuais envolvidas na produção dos sentidos, quanto no de subsidiar a formação docente, o compromisso social e político com a prática didática crítica.

Palavras-chave: Leitura; Escrita; Multiletramentos; Análise linguística/semiótica; Semiótica Discursiva.

SIMPÓSIO 38

BEM VIVER E EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

Odivaldo Costa Ferreira (Instituto Federal do Pará)

odi.ferreira@hotmail.com

Thyane Alyne Silva Ferreira (Universidade Federal do Pará)

anne_ferreira22@hotmail.com

1 - Apresentação

São notáveis as adversidades encontradas por profissionais da área da educação no fazer pedagógico para alcançar resultados a eles satisfatórios, assim como, para os estudantes, pais e sociedade de modo geral. Parte desse desencanto está relacionada às propostas pedagógicas aplicadas de maneira inadequada neste e/ou naquele contexto, levantando questionamentos acerca da educação indígena, por exemplo, por obrigá-los a atender princípios civilizatórios distantes de suas realidades e modo de vida. Desconsiderando-se que o direito à educação se amplia, sobretudo, no que tange à cultura, às artes e ao sistema de valores que regem o convívio social dos diversos grupos (GOMES, 2007). Como afiança Woodward (2014), cada cultura estabelece distintas formas de classificar o mundo e isso para os indígenas se faz evidente, observando-se que é a partir da construção de sistemas classificatórios que a cultura propicia os meios para que se atribua sentido ao mundo e à construção de significados. Vale destacar que não há aqui a pretensão de rechaçar ao modelo atual de ensino com base no socioconstrutivismo. Mas, de a ele acrescentar valores definidos pelo Bem Viver a partir da produção de conhecimentos sobre questões relacionadas à docência e aos processos de ensino/aprendizagem apontados à sociedade indígena. E, nessa perspectiva, articularem-se investigações que abordem, a partir de diferentes visões teóricas, conceituais e metodológicas, fatores que envolvam: práticas de currículo, saberes, linguagens e práticas de ensino e processos de avaliação, notadamente.

2 – Justificativa

A sugestão desse simpósio ocorre em razão do desenvolvimento de aplicações voltadas ao tema Bem Viver, ainda existentes somente fora do Brasil, como na Universidad Multitecnica Profesional de Colima no México (UMP, 2015) e na Universidad Intercultural de las Nacionalidades y Pueblos Indígenas Amawtay Wasi em Quito no Equador (MACAS, 2002), por exemplo, entre as distribuídas em outros países da América Latina. E, em consonância, o simpósio proposto possibilitará a análise e identificação de modelos de estudo e aprendizagem sob a presença do caráter teleológico na relação dos indígenas diretamente com o ambiente natural. Isso feito com base no entes basilares do Bem Viver assinalados por Acosta (2021); Rodríguez, Aguilar e Apolo (2018); Tejada et al (2012) e Murga (2011) que apontam aos indígenas em perfeita comunhão com a natureza, a qual assume o protagonismo e os direciona à aprendizagem, estabelecendo campo de intersubjetividade homem/natureza. Inferindo-se de então uma reação semiótica, ou seja, quando o ser mais se aproxima dos entes espirituais para o aprimoramento do eterno de si (BUBER, 2017). Defendem também esses autores que essa dialogicidade permite ao chamado indígena não somente o domínio consciente das habilidades já constituídas, como também, oportuniza-o à construção de novas enquanto sujeito interativo-ativo frente ao real. Como consequência, habilita-o a tomar decisões como indivíduo livre, com a capacidade para definir seu destino com menor intermediação de terceiros e maior autonomia, apartando-se da infinidade de determinações naturalmente impostas pela sociedade capitalista para o mesmo fim. Partindo-se de aí o propósito de estabelecer acesso ao conhecimento contemporâneo a partir dos princípios próprios adotados como modo de vida, ou seja, por meio do Bem Viver.

3 – Relevância do simpósio

– Intensificará o debate em relação à capacitação de professores para o trabalho com a educação indígena;

– Arregimentará propostas curriculares como meio de capacitação direcionadas aos modelos de educação indígena.

– Levantará discussões em relação a valores para a construção de novos estudos e instrumentos pedagógicos para a aprendizagem voltada à educação indígena.

4 – Bases teórico-metodológicas fundamentais

Tejada et al (2012); Murga (2011); Rodríguez, Aguilar e Apolo (2018); Acosta (2021), são os trabalhos apresentados como de relevância metodológica científica para esta proposta de simpósio, por embasarem a possibilidade de criação de procedimentos pedagógicos progressistas e decolonialista com o estabelecimento de paradigmas distintos do neoliberalismo predominante. Isso porque, dentro do conceito do Bem Viver apontam a todos os indivíduos como filhos de mãe Terra e, em simbiose com o cosmos, quando conhecimento e sentimento são partes do todo humano. Logo, viver em unidade é estar em equilíbrio e em relacionamento permanente com a natureza, sendo estas algumas das bases filosóficas deste modo de vida. Mencionam ainda, como um dos objetivos do Bem Viver a relação com outros paradigmas para busca de novo sentido à educação, à economia e à política, com abordagem do conceito de qualidade educativa dentro do contexto histórico contemporâneo e a ruptura de paradigmas para superar o fatalismo do desenvolvimento, restabelecendo a comunhão entre a humanidade e a natureza.

5 – Objetivos gerais

Somar propostas de estudos para práticas pedagógicas pautadas no conceito do Bem Viver direcionadas à educação indígena, com possibilidade de extensão à educação de não-indígenas.

Palavras-chave: Biocentrismo; Povos Indígenas; Capacitação de Professores; Saberes; Processos de Avaliação.

SIMPÓSIO 39

A LEITURA DE TEXTOS QUE ARTICULAM LINGUAGENS

Eliane Aparecida Miqueletti (Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD)

elianemiq@gmail.com

Tânia Regina Montanha Toledo Scoparo (Núcleo Regional de Educação/Secretaria Estadual de Educação do Paraná - NRE/SEED/PR)

taniascoparo@uol.com.br

Ao longo da nossa vida convivemos com textos compostos pela articulação entre diferentes formas de linguagem que permeiam nossas práticas discursivas cotidianas, entre eles: o filme, a história em quadrinhos, a revista. Destacamos que hoje, com o avanço da tecnologia de informação, o uso de imagens e movimentos tem se intensificado nas construções de diversos gêneros textuais. Questões que não podem ser esquecidas na pauta do ensino de leitura na escola. Há necessidade de o aluno saber compreender textos verbais, assim como não verbais, verbo-visual e os verbo-viso-sonoros, observando os efeitos de sentido que se produzem a partir da integração entre as diferentes linguagens, tornando-se, assim, proficiente, competente e crítico aos variados textos que o rodeiam. Dessa forma, torna-se importante o professor ser capacitado no processo de leitura e ter domínio de uma metodologia adequada à abordagem de textos que contêm, em sua manifestação, as mais variadas linguagens. Nesse contexto, este simpósio agrega trabalhos que apresentem reflexões sobre a leitura e os novos desafios provocados a partir do desenvolvimento da textualidade multissemiótica/sincrética, múltiplos letramentos e contextos multifacetados dos usos das tecnologias e as possibilidades de multiletramentos no trabalho escolar. Em síntese, proposições que demostrem a importância de se trabalhar com leitura de textos diversos e, entre eles, a leitura de imagens, para que os jovens estudantes da educação básica saibam auferir sentido nelas para o seu desenvolvimento intelectual. Nesse bojo, destacamos teóricos da área das linguagens, entre eles, Soares, Lajolo, Rojo, Moita Lopes, Daley, Cope e Kalantzis, Fiorin, Diana, Teixeira, Lima, Lopes, Greimas, Cosson. Pensamos que os textos que articulam várias linguagens oportunizam saber-ver, saber-ler, saber-sentir, saber-pensar e saber-criar novos processos de produção de sentido. Para isso, é necessária uma pedagogia de leitura implicada na fruição e no fomento de uma atitude de apreensão de todo tipo de texto na construção do todo de sentido, uma concepção de leitura baseada em processos de aquisição de significados para a apreensão dos discursos da contemporaneidade, considerando essa perspectiva como enriquecedora para a formação do sujeito-leitor da educação básica, como postulam os documentos oficiais, entre eles a BNCC (2018).

Palavras-chave: Leitura; Multiletramento; Linguagens.

SIMPÓSIO 40

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Jean Carlos da Silva Roveri (IFSP – Avaré/Unesp)

jean.roveri@ifsp.edu.br

Mario de Oliveira Neto (Pesquisador independente)

nettopsico@gmail.com

Os aspectos físicos, biológicos, psíquicos, culturais, sociais e históricos são elementos heterogêneos e constitutivos do(s) sujeito(s), com os quais o processo de ensino e aprendizagem estão intimamente relacionados e que devem ser levados em consideração no percurso formativo. Assim, esse processo de ensino e aprendizagem deve reconhecer a condição humana com vistas a formação da identidade do(s) sujeito(s), em que pese suas incertezas, aprendendo a compreender o outro e atinando para uma postura ética-social-cidadã, tomando para isso o espaço histórico-social-cultural. Em contrapartida, a maneira de organização do ensino atualmente está pautada no ensino cartesiano, linear, vertical, seletivo e excludente, em que, a partir dessa organização, pode não contribuir para uma aprendizagem igualitária e equânime, haja vista a maneira de estruturação dos componentes curriculares e sua fragmentação em disciplinas. Logo, há necessidade de compreensão do processo de ensino e aprendizagem de forma contextualizada, interdisciplinar, em que se reconheçam as especificidades do(s) sujeito(s). Desse modo, este simpósio objetiva reunir trabalhos concluídos ou em andamento que dialoguem com esta prática de educação pós-moderna, contribuindo para a formação inicial e continuada de docentes, em que minimizem práticas de ensino linear, vertical e excludente, com o propósito de romper com as desigualdades: políticas, econômicas, sociais, culturais, gênero, raça e etnia.

Palavras-chave: Sujeito; Heterogeneidade; Ensino; Aprendizagem; Interdisciplinaridade.