Oficinas e minicursos

O objetivo deste minicurso é apresentar propostas já aplicadas na formação de professores e que apresentaram êxito. Foram utilizados textos multissemióticos como imagens, tirinhas, vídeos curtos, em outras palavras, a linguagem sincrética. Propostas estas que comprovaram reflexões, inovação e interatividade durante as aulas (mesmo no ensino remoto), além de terem vislumbrado outros desdobramentos para pesquisa e ensino. A elaboração e aplicação das atividades tiveram como pressupostos teórico-metodológicos da Semiótica de Peirce, da Análise do Discurso (Pecheux e Charaudeau), bem como da Linguística Forense. Sugestões sobre como abordar as teorias supracitadas por meio de uma transposição didática, a fim de atingir todos os níveis de ensino (educação básica, graduação, pós graduação) também serão expostas. Espera-se, como resultado, contribuir com a prática docente, bem como o ensino e a pesquisa no âmbito da(s) linguagem(ns).

O objetivo deste minicurso é introduzir o leitor à análise literária da Bíblia Hebraica (mais conhecida no Ocidente como “Antigo Testamento”), compreendida como elemento cultural fundacional incontornável do antigo Israel e do próprio povo judeu. Enquadrando-se no gênero literário de “saga etiológica historicizada”, isto é, um compêndio de narrativas entrelaçadas em contextos históricos definidos, que procuram elucidar características componentes um ethos nacional. Para além de uma leitura religiosa/devocional, com viés notadamente subjetivo, propõe-se a análise rigorosa do texto bíblico, mais especificamente, os expedientes do chamado “ciclo patriarcal”, com o auxílio de ferramentas extraídas da arqueologia, da literatura comparada com outras obras do período, oriundas de diversas culturas e civilizações do Crescente Fértil, que estendiam-se desde a Mesopotâmia até o Baixo Egito, que estabelecem o pano de fundo histórico e cultural diante do qual se desenrolam as aventuras dos personagens bíblicos. Valendo-se das críticas do filósofo judeu holandês Baruch de Espinoza; passando pela tradição rabínica medieval e os estudiosos contemporâneos como Robert Alter e Frank Kermode (1997), Brian Kibuuka (2010), Chwarts (2004) e Paiva (2009), bem como das teorias antropológicas clássicas, em especial, Radcliffe-Brown (1973) e Lévi-Strauss (1976), pretende-se analisar a construção do personagem patriarcal Abraão, o herói, enquanto protagonista do livro de Gênesis (Bereshit) e ancestral mitológico do povo judeu, contemplando a visão de mundo que os escritores da Bíblia Hebraica possuíam de si e dos panoramas étnico-culturais dos povos circunvizinhos, apresentados frequentemente como anti-heróis.