Comemoração dos 200 anos do Museu Nacional/UFRJ em 2018-06-06

EXPOSIÇÃO DO CELACANTO NO MUSEU NACIONAL

Em 2018-06-06 aconteceu o evento comemorativo dos 200 anos de fundação do Museu Nacional/UFRJ, no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista. Parte da cerimônia foi a inauguração da exposição do Celacanto, o peixe abissal que representa um notável marco na evolução das espécies. Tive a honra de em junho de 2017 ser chamado para contribuir para esta seção do Museu, com minha pixação dos anos 70, CELACANTO PROVOCA MAREMOTO, que recebeu um painel próprio nesta ala.

E fui convidado para a comemoração, quando tive o prazer de conhecer a adorável e competentíssima equipe da Seção de Museologia (SEMU), parte da qual posou comigo para uma foto diante do mural. Um dia muito marcante pra mim. Agradeço de coração pela oportunidade de contribuir. Na foto, a partir da esquerda: Thaís Mayumi Pinheiro, Edina Martins, Rodolfo Franco, Gustavo Lourenço, Fernanda Pires, Marco Aurélio Marques Caldas e Ramon Barbosa.

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Este é o texto no painel:

Instigante e Inspirador

O ano era 1977. Eu tinha 17 anos e estudava no hoje extinto Colégio Rio de Janeiro, em Ipanema. Certo dia depois da aula, não me lembro por qual motivo, resolvi escrever com giz no quadro-negro e nas paredes da sala uma frase que tinha ouvido várias vezes nas reprises de um velho seriado trash japonês, o “National Kid”. A frase era dita com voz cavernosa por um dos Seres Abissais, inimigos da humanidade: “Celacanto provoca Maremoto!”. Eu a escrevi em três linhas, emoldurada por um quadro com uma seta inferior, apontando para uma gota tremelicante.

Das paredes do colégio, passei a escrevê-la também com giz nos tapumes de obras do bairro. Depois com tinta-spray nos muros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Virou mania, passatempo das madrugadas. Sem namorada, e com minha bicicleta sempre pronta, pichei a região toda e a marca ficou famosa, despertando curiosidade e teorias. Isso até que o prefeito declarou guerra ao Celacanto. Eram tempos de regime militar e ficava cada vez mais arriscado sair pichando à noite.

No ano seguinte, meu pai, jornalista, trabalhava no Jornal do Brasil e ficou sabendo que sua colega Joëlle Rouchou estava pautada para escrever sobre o fenômeno Celacanto. Ele sugeriu-me então, como forma de eu sair do submundo, que me apresentasse para uma entrevista. E assim foi. Era o meu momento de fama, que curti intensamente. Mas logo depois, tendo passado no vestibular da PUC-Rio para Física, meu tempo foi se tornando escasso e abandonei as pichações. Ao mesmo tempo, novos pichadores foram emporcalhando ainda mais a cidade e acabei me arrependendo por ter em parte contribuído para aquela imundície.

Desde então, volta e meia, sou chamado para entrevistas, palestras e debates sobre grafitti, porém não mais encorajando os mais jovens a se tornar pichadores. A grande glória foi quando a artista plástica Adriana Varejão usou a frase para nomear uma obra sua em Inhotim (MG), reproduzindo-a anos depois em um imenso painel que, em 2016 nas Olimpíadas do Rio, adornou um dos pavilhões de competição.

- Carlos Alberto Teixeira, jornalista e ex-pichador.

Aqui com Marcelo Britto, um dos curadores da exposição:

Esta é a réplica do celacanto no espaço da exposição.

Aqui o painel completo:

E aqui a colocação do painel no salão, bem do lado da janela:

Foi uma tarde inesquecível, em que conheci também os curadores da exposição; reencontrei o ex-colega de "O Globo" Renato Grandele; abracei a Andréa, filha do meu grande amigo Silva Costa de saudosa memória; e conheci o animadíssimo Prof. Renato Rodriguez Cabral Ramos, ex-diretor do Museu, e que, como eu, estudou no Colégio Rio de Janeiro, onde tudo começou.

Este foi o convite para o evento: