A morte de Marrat, Jacques-Louis David, 1793, óleo sobre tela de 165 por 128 centímetros. 

A Morte de Marrat, Jacques-Louis David

Interessas-te por arte neoclássica, revolução francesa e misteriosos mártires que ajudaram a mudar mentalidades? Vais gostar deste artigo.

Este quadro situado no Royal Museums of Fine Arts of Belgium, em Bruxelas, na Bélgica, executado por Jacques-Louis David, (Paris, 30 de agosto de 1748 — Bruxelas, 29 de dezembro de 1825), um dos pintores mais influentes do neoclássico, retrata um acontecimento incontornável da história de França, o assassinato de Marat.
O homem que está representado morto na banheira, foi Marat, um grandioso mártir da revolução francesa. Trabalhava para um jornal populista, médico, mas principalmente um defensor dos direitos do povo.

A revolução francesa foi uma época muito negra da história da humanidade, mas simultaneamente um tempo de lutar no que realmente acreditavam e de combate pelos direitos da população.

Sobrecarregados com impostos, péssimas condições de trabalho (quando o tinham), falta de alimentos, enquanto Maria Antonieta ainda dizia: “Se não têm dinheiro para comprar pão, eles que comprem bolos”. Como é óbvio o 3º Estado não ia ficar de braços cruzados. 

A 14 de julho de 1789, a população atacou a Bastilha, um dos símbolos máximos do poder do Rei, Luís XVI, onde libertaram os prisioneiros e mataram o governador. Aconteceram uma série de barbaridades inimagináveis durante o Reino do Terror, a violência parecia incontrolável.Mas voltando à pintura, por esta altura deves estar-te a perguntar porque Marat está numa banheira e por que está morto? Marat sofria de um grave problema de pele e usava a água para aliviar a dor. O caixote que observamos no quadro servia como secretária portátil.

Mas sim leste bem, Marat foi assassinado por Charlotte Corday, uma absolutista que era contra a revolução. Para entrar na casa onde se encontrava Marat, em Paris, Charlotte levava uma falsa carta para lhe entregar. Assim que teve oportunidade, esfaqueou-o brutalmente no peito.  Marat, um homem bom e nobre, assassinado a sangue frio. 

A obra segue os princípios da arte neoclássica, que tal como o nome indica, se vai inspirar no Classicismo. São utilizadas cores sóbrias e frias, precisamente para representar uma cena tão insensível e austera, assim como acontece a substituição do mártir religioso para o mártir político, o que é evidenciado pela posição do braço de Marat que nos faz lembrar A Pietá. Na pintura são retratados pequenos detalhes que nos ajudam a compreender melhor o que se passou, como o punhal ensanguentado junto à banheira, a falsa carta que ainda se encontra na mão de Marat. 

Nesta obra temos uma dedicatória do próprio pintor, que comprova que a execução desta pintura não foi apenas uma encomenda, mas sim uma homenagem pessoal, em que os sentimentos de David interferem na sua execução. Por fim, esta pintura de David, um dos maiores pintores que marcaram o neoclassicismo, retrata um mártir grandioso da Revolução Francesa, assassinado brutalmente devido a disputas políticas.