★ Dogliani-Cuneo (Itália) 12/10/1862
† Juiz de Fora (MG) 6/11/1895
Sofreu na Infância um trauma doloroso, porque circunstâncias especiais levaram-na a sentir-se estranha no próprio lar e a supor que o afeto materno se voltava apenas para a irmãzinha mais nova.
O amor e tato dos pais conseguiram desfazer o doloroso drama infantil, mas Teresa conservou o hábito de concentrar-se em si mesma, ao passo que a ação misteriosa da graça, com sempre mais insistência, lhe fazia sentir a necessidade de buscar apoio somente em Deus. Sentia crescer a propensão para doar-se, que satisfazia na busca de confortar e aliviar os desafortunados e infelizes.
Teria 16 anos, quando foi passar alguns dias em Turim, na companhia da irmã. Não mais voltou para casa. Resistindo a todas considerações que lhe fazia a mana,pediu-lhe apenas que transmitisse aos pais sua irrevogável decisão de consagrar-se a Deus no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Seguiram diretamente para Nizza Monferrato, e Teresa foi aceita.
Noviça exemplar, sentindo sempre mais imperiosa necessidade de doação, pediu para ser missionária. Com apenas 18 anos de idade, partia para o Uruguai em 1881. Professora em Villa Colón, pouco depois era enviada como diretora do novo colégio fundado em Paissandu. Tanto o educandário como o oratório festivo rapidamente prosperaram sob a sua direção.
Em 1891, na qualidade de Visitadora, Madre Teresa Rinaldi acompanhou as Irmãs destinadas ao Colégio do Carmo, primeira aberta no Brasil, em Guaratinguetá, São Paulo. Graças ao seu dinamismo e a seus dotes de governo, em poucos anos novas Casas se abriram em Lorena, Pindamonhangaba, Araras e na capital paulista.
Tinha-se agora em vista a fundação de um Hospital de um colégio em Ouro Preto, estado de Minas Gerais. Escolhidas as Irmãs, e Madre Teresa se pôs à disposição de D. Lasagna, chefe da expedição. Embarcaram num vagão de classe, gentilmente cedido pelo Ministério da Agricultura, dividido em dois amplos compartimentos, destinados às irmãs e aos salesianos.
De todos é conhecido o trágico acontecimento de Juiz de Fora: duas composições ferroviárias se chocaram violentamente. Aos 33 anos de idade, perdia a vida aquela, em quem se depositavam tantas esperanças. Mal refeitos do pânico ocasionado pelo choque, debaixo de uma chuva torrencial, os poucos sobreviventes se entregaram ao doloroso trabalho de procurar vítimas entre os escombros dos vagões engavetados. Encontraram o cadáver de Madre Teresa: além dos ferimentos generalizados, tinha o rosto desfigurado por um estilhaço de ferro. Deus é sempre Providência; tanto quando nos preserva daquilo que consideramos desgraça, como quando permite que o inexplicável aconteça. Despojados, Ele nos pode enriquecer mais. No estado de Minas Gerais, a obra salesiana teve um desenvolvimento extraordinário.
Os que conheceram Madre Teresa Rinaldi no-la dizem religiosa exemplar, humanamente muito bem dotada, e rica em virtudes. Italiana de origem, depois de passar dez anos no Uruguai, procurou adaptar - se com naturalidade a um novo clima, a costumes diferentes, procurando comunicar-se numa língua que desconhecia. Ativa e perspicaz, onde havia alguma coisa a fazer, lá estava ela, varrendo, lavando roupa, costurando. Quantas vezes foi vista procurando, entre os sapatos que as educandas deixavam de lado, algum que lhe servisse! Remendava e tornava a remendar o hábito desbotado pelos anos de uso. Mostrava especial estima pela vida comum e, nem como diretora nem como Visitadora, se permitiu alguma coisa especial. Nem mesmo o quarto individual.
Quem conseguiu vê-la desocupada? Sempre amavelmente a serviço, ora ajudava a professora de trabalho, ora orientava a fessorinha nova, nos embaraços de transmitir a ciência ou de manter a disciplina. Não ia deitar-se, antes de dar uma volta pela casa toda, visitando especialmente os dormitórios, com aquele seu passo rápido e leve.
A palavra que conforta brotava natural de seus lábios ao mesmo tempo que sabia calar a observação que fere sem corrigir. Foi maternalmente boa, sem deixar de ser firme. Sua morte prematura, rodeada de circunstâncias tão dolorosas, deixou a consternação nas casas que fundara e dirigira. Seus restos mortais repousam na Capela da Casa do Puríssimo Coração de Maria, em Guaratinguetá-SP.
★ Chieri - Turim (Itália) 03/03/1865
† Barcelos (AM) 8/11/1953
Foi uma fiel oratoriana da casa de Chieri. As FMA chegaram à sua cidade quando ela ainda era uma adolescente de treze anos.
Não sabemos precisamente o tempo do seu encontro com D. Bosco, do qual ela recordava, tantos anos depois, o que ele lhe havia dito. Colocando uma das mãos sobre sua cabeça e contemplando-a com um olhar profundo e amável, o Santo havia pronunciado estas palavras: “Continue tranquila... Logo será uma Filha de Maria Auxiliadora”.
Annetta não era mais muito nova quando deixou sua família em 1890 para responder ao dom do chamado do Senhor. Depois de cinco meses de postulado na Casa Mãe de Nizza Monferrato foi admitida ao noviciado. Também sua profissão foi antecipada diante da maturidade demonstrada e da constância com que se empenhava em adquirir e a viver o espírito religioso do Instituto. Manifestou também o desejo de tornar-se missionária e foi considerada pronta para partir. Foi enviada ao Brasil e com grande antecipação de tempo foi admitida à profissão perpétua em 1893.
“Quando eu era noviça em Niterói, todas as tardes minha Superiora se interessava em saber como eu tinha passado o dia. Confortava em minhas penas, me corrigia e me encorajava. Um dia ela me disse: “Quando te sentires agitada não te feches sobre teus sentimentos, não te desafogues nem verbalmente, nem por escrito... devemos mortificar-nos no nosso modo de ver e de avaliar; não te deixes levar pelas impressões do momento. É necessário dormir sobre o acontecido; e depois, se for o caso, agir com calma e serenidade”...
Depois da minha profissão eu vivi próxima de Ir. Annetta por outros 19 anos: os mais belos da minha vida religiosa. Uma inspetora observou certa vez: “ Poder-se-ia dizer que tu não tens tristezas”... Era verdade porque eu as superava, movida pelo exemplo de caridade da minha diretora, Irmã Anna Masera. Não a vi nenhuma vez agitada, impaciente, impulsiva. Era sempre dona de si, com aquele sorriso bom, calmo, sereno que a caracterizava. Não pronunciava nenhuma palavra quando havia alguma “tempestade”... depois, com bondade colocava todas as coisas em seus lugares”.
Em 1923 Ir. Anna, com 58 anos e já estava bastante cansada, foi enviada, sempre com tarefas diretivas para as missões ao Noroeste do Brasil entre os índios do Rio Negro, nas misteriosas selvas que, naqueles tempos, pareciam impenetráveis.
Nos trinta anos em que já havia vivido no Brasil sempre alimentava este desejo: “ser missionária de primeira linha”. Somente agora o seu sonho se realizava.
Ir. Anna tornou-se uma missionária na disponibilidade de espírito, preparado para cumprir em tudo e sempre a vontade de Deus, mas em lugares e em obras bastante convencionais. E agora, que as condições de saúde eram bastante precárias deve afrontar uma verdadeira aventura pioneira.
Expressou sua perplexidade: “Sou velha, agora; não possuo as qualidades necessárias. O que farei naquelas terras longínquas?... fundar uma primeira casa de missão? Que responsabilidade!”.
Quando se convenceu de que isto era a verdadeira vontade das superioras, e, portanto, a vontade de Deus a seu respeito, Ir. Anna disse: “Sim. Partirei feliz!” e empreendeu, contente e serena a viagem, pronta a encorajar as outras companheiras que iniciariam com ela este novo empreendimento. Naquelas terras também o Instituto estava se lançando na grande tarefa missionária do seu segundo cinquentenário de vida.
Esta primeira esquadra de Irmãs era guiada pelo bispo Dom Pedro Massa. Na comitiva estava também um médico, convidado a estudar a situação daqueles lugares infestados pela malária.
Ir. Anna Masera era quem procurava elevar os ânimos, alegrar, confortar física e moralmente a todas, sempre esquecendo-se de si.
Partiram do Rio de Janeiro, percorreram milhares de quilômetros, por uns quarenta dias. Além de sofrer com o perigo de animais ferozes, tiveram que superar a multiplicidade de insetos...
Dirigiram-se à missão “Maria Auxiliadora” de onde fundaram a casa de São Gabriel da Cachoeira nas profundas selvas do Rio Negro que continua até hoje o trabalho missionário de evangelização e promoção humana.
Começaram a se fazer presentes os problemas de estômago e não se sente bem com alguns alimentos, mas Ir. Annetta supera sorrindo e dizendo que está bem com qualquer alimento. Todas as suas atenções se voltam para as Irmãs e para as indiazinhas que frequentavam a pequena escola.
São grandes as dificuldades que procura superar em busca dos meninos e meninas indígenas, que chegavam a morrer de fome em meio à floresta. Orações são feitas, se perscrutam os céus; nenhum sinal de chuva.
A diretora, Ir. Anna, sempre preocupada com a situação não reclama e conforta a todos dizendo: “Maria Auxiliadora nos ajudará a implorar para nós a divina Providência.” As indiazinhas eram convidadas a irem à capela e pedirem ao Menino Jesus que mande para elas a preciosa farinha, sem a qual não resta senão a fome que mata.
A seca continua. O céu límpido. Irmã Anna se coloca, ela mesma, a administrar as reservas de farinha e de arroz, dia por dia na dispensa. Dizia: “Peçamos com confiança a Maria Auxiliadora. Ela, certamente não nos deixará morrer por falta de alimento”.
Passam os dias, as semanas, um mês... a seca persiste implacável. No entanto nem o arroz nem a mandioca faltam para alimentar mais de duzentas pessoas. Ninguém ousa interrogar a diretora a razão do que está acontecendo. O próprio diretor salesiano permanece silencioso e perplexo. Ao tentar fazer-lhe uma pergunta Ir. Anna sorri e muda de assunto. Toda a missão comenta sussurrando estes fatos surpreendentes; e a vida prossegue com regularidade enquanto continua em oração.
Um dia batem à porta. É um desconhecido que lhe entrega um fardo de farinha. Quem o enviou? Nenhuma explicação...
No mesmo dia no grande Rio Negro parece uma canoa. Está carregada de arroz. Quem o enviou? De onde veio e por quais vias? Ninguém sabe. Ir. Anna sorri silenciosa como quem intui qualquer coisa. Depois comenta: “Se tivéssemos um pouco de fé nada nos impressionaria!”
Ela afinal, não se deixou impressionar naquele dia vendo os celeiros vazios.
E chega a chuva! O rio se enche de água do bom Deus, que torna possível à represa regularizar a navegação. Por todo o tempo a “mãezinha” continua a visitar o poço inexaurível da Providência com grande confiança.
A conselheira geral, madre Teresa Pentore, em visita às inspetorias da América Latina não consegue chegar até às missões do Rio Negro, mas se detém em Manaus, capital da imensa Amazônia. E convoca Ir. Anna Masera.
Tudo já estava previsto: Em Manaus será aberto um Educandário que servirá de casa de apoio, seja para as missionárias de passagem, seja para aquelas que tiverem necessidade de tratamentos médicos ou de uma parada para descanso. É um belo projeto, concorda Ir. Anna, mas quando a madre lhe comunica que ela foi indicada para dar andamento à obra, fica assustada: “na minha idade? Nesta capital onde já existem outros colégios de renome? Isto requer uma pessoa jovem, não uma velha como eu...”.
Quando, porém a “pobre velha” de sessenta e cinco anos ouve que a Superiora geral conta com sua colaboração, aceita esta obediência. Deixa as obras missionárias que acompanhou com tanta dedicação, deixa as irmãs, os irmãos salesianos, suas caras indiazinhas... o coração chora, mas o rosto sorri.
Ir. Annetta ficou feliz por entregar-se outra vez ao Senhor. Interrompe os grandes e amados sacrifícios da sua missão e enfrenta novas dificuldades em Manaus. Deus não lhe faltará.
Quando o Educandário, em plena atividade acolhendo todas as meninas que para alí afluíam, Ir. Anna achou que era possível retirar-se em “boa hora”. Suplicou à inspetora que a fizesse retornar à sua amada missão do Rio Negro.
Ela voltou à sua querida missão entre os índios do Rio Negro com a esperança de, daqui pra frente... somente obedecer. Mas depois de um brevíssimo tempo, ao abrir-se a nova sede de Barcelos, foi-lhe confiada a direção. Desejou recusar-se, mas, novamente a santa obediência foi motivo suficiente para fazê-la superar ainda uma vez as próprias resistências. Estava já com setenta anos.
Em Barcelos encontra um ambiente difícil com disputas de natureza política e de interesses diversos. Até a missão é objeto de intromissão indevida. As Irmãs são sempre respeitadas, mas diante da situação são produzidos inevitáveis distúrbios.
A diretora, Ir. Anna reza e leva outros a rezarem também. Depois, com uma coragem permeada de bondade e de zelo para o bem de todos reúne os responsáveis pela cidade e procura convencê-los a por fim àquelas lutas que trazem somente o mal à população local. Continua a trabalhar com paciência e, um pouco por vez vê florir a paz. Por todos ela é vista como o anjo mediador das situações difíceis.
As Irmãs recordam os tempos em que Ir. Anna era sua diretora e destacavam a caridade e a benevolência que dedicava a cada pessoa. Todas deviam ser respeitadas porque eram amadas pelo Senhor.
Era muito devota de São José e do Anjo da Guarda e espalhava entre todos esta devoção. Era habitualmente recolhida e esta sua atitude despertava em todos admiração. Alimentava em si a alegria. Nas tardes do domingo queria que se organizasse uma pequena festa com as meninas com cantos e poesias.
Terminado o sexênio de direção as superioras a deixaram ainda por um tempo naquela missão. Ela tomou o seu lugar, humilde, mansa e boa, confortando e ajudando a nova diretora.
Era compreensiva com as jovens missionárias, encorajando-as amavelmente, mas sempre, para elevar-lhes o ânimo, confortava a todas.
Na casa onde Ir. Anna passou os últimos doze anos no serviço de portaria se dizia: “ela é sempre a primeira a chegar à capela e em outros lugares. Era delicada em tudo que fazia e dizia: ” sou velha, mas a prudência nunca é demais. Devemos ser vigilantes e rezar”.
Não obstante o forte enfraquecimento da vista continuava a manter-se ocupada em diversos trabalhos. Se alguém dissesse que “não canse tanto seus olhos, já trabalharam tanto em sua vida!” ela respondia: “queridas, nós nos habituamos facilmente com as comodidades, ao “dolce far niente”. Um trabalho de crochê não é cansativo; deixem-me fazer qualquer coisa... não posso ler, não posso fazer outra coisa... e em tom de brincadeira ia semeando bons pensamentos.
Algumas Irmãs diziam: “Irmã Anna nos edificava com seus gestos de bondade. Jamais a vimos oprimida por inquietações, mesmo quando seu trabalho era cansativo. Onde passava, semeava paz e sorriso. Por que se perturbar? “Um pedaço de paraíso concerta tudo”! Deixamos nossas pessoas queridas pelo Senhor e agora vamos nos perder por coisas tão pequenas? tudo passa. Felizes seremos se soubermos aproveitar das ocasiões para adquirirmos algum mérito para a eternidade”.
Diante dos sofrimentos de outros se sentia angustiada e utilizava de mil recursos para dar-lhes conforto. Para ela a pessoa sofredora era sempre um membro do Corpo de Cristo e deveria ser ajudada de todas as maneiras possíveis.
O zelo pelas almas a consumia, especialmente quando se tratava de alunas, ex-alunas e oratorianas... e de pessoas que tivessem também um mínimo contato com a missão.
Oferecia tudo pelos sacerdotes, principalmente pelos irmãos salesianos, por todos os religiosos, pela Igreja universal.
Eis o testemunho de um diretor salesiano da missão: “Madre Masera era um modelo de perfeição religiosa. Viveu sobre esta terra como um anjo, sem deixar-se tocar pela lama da vida”.
Podemos concluir com o testemunho de Ir. Teresa Mazzoleni que a conheceu nos seus últimos anos: “Eu a encontrei, pela primeira vez no ano de 1942, quando subia o curso do Rio Negro, destinada a uma das casas da Missão. Eu era jovem ainda e todos conheciam as dificuldades que deveria encontrar. As informações que eu recebia ao longo do percurso não eram agradáveis. Madre Masera se encontrava em Barcelos, onde fiquei para um breve descanso. Ela aproveitou para dar-me alguns conselhos. Chamou-me à parte e me disse gentilmente: “Não tenha medo pelas coisas que tem ouvido dizer. Seja generosa e trabalhe sempre conforme as orientações dos salesianos. Posso assegurar-lhe que será muito feliz e poderá fazer muito bem. Senti um grande alívio. O entusiasmo missionário encontrou em mim energias renovadas.” Irmã Anna me escrevia quase todos os meses, por longos anos. Incentivava-me a trabalhar somente para o Senhor e pelo bem do próximo.”
Em janeiro de 1948, terminado o meu mandato como diretora, passei por Barcelos, em viagem para Manaus. Não sabia que seria destinada para Barcelos. Madre Masera, que sabia me acolheu com a mais cordial satisfação: “Que bom! Estou contente. Assim você me ajudará a fechar os olhos”.
Fiquei ali por seis anos. Ir. Anna se mantinha constantemente humilde, paciente e de uma encantadora simplicidade. Algumas vezes me fazia observações sobre meus erros; depois, batendo em meus ombros acrescentava: “Não desanime. Erros serão cometidos enquanto viver”.
“Desejaria tanto trabalhar ainda para o Instituto - dizia Ir. Anna já com oitenta e cinco anos - e fico contente quando posso tornar-me útil em qualquer coisa”.
“Sempre se exprimia com grande simplicidade, calma e doçura. Parecia que nada a perturbava e nem a fazia contrariada, mas não era bem assim. Às vezes me confidenciava as suas lutas e suas dúvidas. Tratando-se da vontade de Deus procurava sempre fazer o melhor, embora não lhe fosse fácil discerni-la.”
Nos últimos anos, enquanto as superioras faziam até o impossível para conservar sua preciosa existência, Madre Annetta não se distanciava da vida comum, não queria conceder-se nada que pudesse diferenciá-la das outras Irmãs.
Também as autoridades locais a veneravam. Se houvesse oportunidade ficavam felizes ao encontra-la. Estavam sempre disponíveis para escutá-la em seus pedidos de favores, pelo bem de outros. Se percebesse que diante das autoridades o diretor salesiano não fosse bem interpretado ela interferia junto a essas autoridades e as coisas se colocavam em seus devidos lugares.
Estando bem na casa de Barcelos, Ir. Annetta sentiu o receio de não estar fazendo a vontade de Deus. Foi o encontro com a superiora geral, em visita às casas da América Latina que lhe disse que “aquele era sim, o seu lugar; era esta, portanto a vontade de Deus para ela”.
Nos últimos meses de vida aquele pensamento continuava persistente. Deveria mesmo continuar alí? Não seria o caso de se transferir para a casa de repouso para as Irmãs idosas?
“Irmã Teresa Mazzoleni continua a contar: Dizia algumas vezes: não tenha medo de dizer-me o que pensa a meu respeito... tenha paciência e caridade com esta pobre velha! Será por pouco tempo!”
Ir. Anna tinha um grande medo de ficar completamente cega; mas se eu lhe dissesse: “Fique tranquila que o Senhor não permitirá que isto lhe aconteça e ela se tranquilizava.”
O pensamento da morte trazia-lhe um certo sofrimento; temia que nos últimos instantes tivesse alguma luta angustiante. Mas isto não lhe aconteceu. Quatro dias antes havia feito regularmente a confissão. Saiu da igreja disse à diretora: “Como ficamos tranquilas quando procuramos fazer cada coisa segundo as disposições das Santas Regras”.
É o dia 6 de novembro de 1953 quando Ir. Annetta foi acometida por um distúrbio físico que não era novo para ela que facilmente conseguia superar. Não houve preocupação por parte das Irmãs da comunidade porque ela estava em pé, como de costume.
No dia seguinte, porém, como o mal havia se acentuado, Ir. Anna não teve condições de receber a Eucaristia. A diretora, como se fosse por acaso, chama o diretor e o Salesiano médico da missão. Disseram que não era preocupante a situação, porém, pela idade de oitenta e oito anos de Ir. Annetta acharam bom administrar-lhe a Unção dos Enfermos. Irmã Annetta concordou.
Enquanto os sacerdotes saem para buscar os santos óleos, ela entra num sono profundo. De repente ela exclama com voz forte e clara: “Chegou a hora”, e murmurando invocações incompreensíveis pareceu desmaiar. Daquele sono aparente, Ir. Annetta não mais voltou.
À notícia de uma morte assim imprevisível se difundiu uma consternação geral entre os habitantes de Barcelos. Todos enalteciam sua bondade acolhedora e fineza de trato!...
Choraram todos que com ela conviveram: as Irmãs, os Salesianos e toda a população local.
Não houve cabana indígena onde não se derramassem lágrimas sentidas de dor e tristeza, em memória daquela criatura do céu que tanto havia amado cada pessoa que dela se aproximasse.
Todos se recordavam, como nunca, de tê-la conhecido, amado e ouvido com admiração e docilidade, porque em tudo ela havia buscado a felicidade de todos.
★ Paisandu (Uruguai) 18/08/1872
† Paisandu (Uruguai)) 15/07/1949
Era uruguaia, natural de Paisandu, onde nasceu a 18 de agosto de 1872, para onde voltou em momento de difícil situação na Inspetoria brasileira e onde faleceu no dia 15 de julho de 1949 com 77 anos de idade e 61 de vida salesiana.
Foi Diretora dos Colégios de Guaratinguetá, Ponte Nova, Belo Horizonte e Colégio de Santa Inês, São Paulo. Foi também membro do Conselho Inspetorial. Era exímia educadora, empenhada na formação das Irmãs, procurando que fossem sempre alegres para melhor transmitirem o espírito de Dom Bosco. Era exemplo de serenidade mesmo quando duras provas a feriram profundamente e exigiram dela deixar o Brasil e retornar ao Uruguai, em 1932. A caridade e a piedade foram sua grande característica e o amor de Deus a sustentou sempre, mesmo sentindo viva saudades do Brasil.
Irmã Domenica era uma alma de fogo. Desde criança mostrou-se alegre e forte, porque totalmente aberta a Deus, expansiva na família e empenhada no estudo do catecismo e na ajuda na paróquia.
A família, profundamente cristã, mas também particularmente orgulhosa daquela filha, sonhava em vê-la casada com um excelente jovem. Já se falava em noivado. Em vez disso, Domenica tinha um sonho maior.
Partiu primeiro para Nizza Monferrato, onde emitiu a profissão religiosa em 1901; depois, no mesmo ano, para o Brasil, onde trouxe a exuberância de sua alma ardente.
Foi assistente dos postulantes em Guaratinguetá, depois diretora em Pontenova e novamente em Guaratinguetá dando provas de habilidades incomuns e abertura de coração.
Mas o fogo, mesmo que seja "bonito, alegre e forte", pode queimar se chegar muito perto. E a Irmã Domingas, com seu temperamento irascível, apesar das belas qualidades apreciadas por muitos, nem sempre foi aceita pelas irmãs. ela renobbe esta no limite e em 1920 pediu para voltar a P Tanimação das casas de Mo Depois de uma estadia de alguns anos na casa de Livorn
foi posteriormente incumbido de alternar Marina di Pisa, Scrofiano, com resultados ruins devido à veemência de seu personagem. Só quando, em 1943, se instalou definitivamente na ca Provincial de Livorno, sem cargos de direção, foi encontrando gradualmente o seu lugar com tanta serenidade. As irmãs não dão importância excessiva às queimaduras" daquele rosto muitas vezes flamejante, mas sim à bondade e ao zelo daquela irmã sui generis.
Durante nove anos, Irmã Domingas lecionou no curso preparatório do mestrado, dedicando-se também a outros ofícios, principalmente o tricô, atividade que exerceu ao longo da vida, sempre feliz em poder agradar aos outros e ganhar algum dinheiro para a casa. Agradar aos que dela se aproximam, fazer o bem aos encontrou: era sua paixão, alimentada por uma piedade ardente. Os filhos que vieram para os exercícios espirituais permaneceram encantado por sua acolhida afetuosa; os trabalhadores que trabalham em casa ouviram com alegria suas exortações; os doentes gostavam de receber as suas visitas Irmã Domingas ainda às vezes "queimava" com os seus fusíveis mas depois corria a pedir desculpa, chorando e implorando que se fizessem orações por ela E tudo lhe foi perdoado porque ela tinha um coração grande e generoso. A freira não se esqueceu dele, cujos pais ela assistiu no leito de morte, enquanto ela estava fora; sabia-o a irmã que, aflita com a mudança de casa, foi compactada e cuidada com delicadezas maternais, até reencontrar a serenidade e a paz; todos que a viram chorando ao compartilhar suas lágrimas sabiam disso. E os superiores também o sabiam, pelo que a Irmã Domenica sempre teve um respeito muito vivo e uma ternura quase infantil, mostrando-se feliz quando conseguia interessá-la em seus próprios assuntos, para fazê-los rir com a história de sua "ingenuidade" Manteve-se tão simples até seus últimos dias, e isso, provavelmente, graças a uma pureza virginal que floresceu no seio de uma família de costumes retos.
★ Novara (Itália) 07/04/1880
† Belo Horizonte (MG) 10/01/1967
Ela foi uma das muitas FMA que receberam sua formação religiosa na Casa Mãe de Nizza, quando a presença de uma superiora e irmãs que viviam com Madre Mazzarello ainda davam ao ambiente um cunho autenticamente Salesiano e Mornesino.
A memória de Nizza Monferrato permanecerá muito viva no coração da Irmã Rina, como sempre foi chamada em forma de nostalgia de pessoas aflitas nos primeiros anos de sua vida missionária e depois como uma luz que iluminou seu longo caminho e lhe deu certeza nos muitos anos de governo: trinta e cinco como diretor no Brasil e em Portugal, o senhor é secretário provincial no Brasil.
De fato, Irmã Rina sempre fará referência à herança segura da espiritualidade salesiana assimilada em Nice, tanto na orientação das comunidades que lhe foram confiadas como na prática do "sistema preventivo com as jovens, que ela formou para a vida com traço forte e maternal, vivendo entre elas e ensinando às jovens como deve ser a verdadeira assistência salesiana
Resta-nos o testemunho de Irmã Rina Fasola quando jovem professa em Nice pela provincial, historiadora Pia Forlenza, que a teve como professora e assistente de 1904 a 1906, quando era aluna da Casa Mãe. «Ele tinha dons incomuns: sua inteligência viva, seus sentidos
requintada habilidade, a sua piedade salesiana eram como as notas de uma harpa que encontrava correspondência entusiástica nas moças bem definidas que ela educava e instruía com tato maternal com o método de São João Bosco, a quem tinha um culto muito particular. Ela amou o Instituto com o entusiasmo de sua vida jovem e ardente e dedicou a ele suas energias e atividades, seguindo o impulso que seus superiores lhe deram nas disciplinas sempre atuais e nas várias obras do momento. Rezava muito e lembro-me particularmente da sua reunião na manhã de todas as quartas-feiras, dia da sua Confissão. Havia tal compunção nela que era fácil para mim pensar na seriedade e santidade do sacramento que confere graça.
Uma de suas características era a alegria, que sabia colocar em tudo e em todos. A paciência era então sua virtude heroica, sempre usada comigo. A sensação de contradição se destacava claramente em meu caráter: bastava que você me dissesse algo para que eu fizesse o contrário; Eu não tolerava absolutamente nada e era muito admirado pelo comportamento sempre digno de meu assistente. Ela não levantou a voz, mas da melhor maneira tentou persuadir minha vontade, sempre rebelde, com aquele equilíbrio sereno que reduzia minha teimosia a um melhor par. Mais tarde na vida, esses exemplos foram tais que até minha pobre docilidade foi muito modificada. Ela amava muito seus alunos e era bem correspondida. Quantos ex-alunos continuaram a se lembrar dela e estavam perto dela com o também escrito quando, deixando sua terra natal, foi para as missões que tanto desejava. Ele sentiu o amor de Deus tangível e ficou muito emocionado. Como um pensamento de seus superiores, a atenção deles a fez se alegrar e ao mesmo tempo se mexer. Para eles, ela sempre foi uma filha mais fiel e obediente. Ela era grata pelo verdadeiro hábito; ele amava muito suas irmãs, os mais velhos, os menos refinados, ele os entretinha em companhia e se comprazia em poder ser útil em qualquer coisa que pudesse mantê-los felizes. Irmã Rina Fasola me fez amar a vocação salesiana e acho que lhe dei muita alegria ao entrar no Instituto Co-Servo em meu coração, ao lado de minha família, seu inesquecível testemunho de vida.
Irmã Rina, durante uma grave doença, fez o voto de partir para as missões se o Senhor lhe tivesse concedido a graça da cura. Em 19 de novembro de 1913 a encontramos no número das quatorze FMA que partem para a América, no navio "Cidade de Turim".
Durante a viagem, Irmã Rina escreveu a crônica descrevendo com vivacidade as vicissitudes da travessia transoceânica. o grupo continuou para outros países da América. Depois de alguns anos passados na casa "Santa Inês" em São Pau
Irmã Fasola, dominando bem a língua portuguesa e trabalhando na escola, iniciou seu serviço de animação e orientação em 1918. Foi diretora de Guaratinguetá por três anos, depois passou dois anos na casa em São Paulo Braz, seis anos em Batataes e mais seis anos na Scuola Normale em Ponte Nova.
De 1934 a 1939 foi secretária provincial e nos últimos dois anos foi ao mesmo tempo diretora da Casa "Exter nascido N. S. Auxiliadora em São Paulo. A provincial, Ir. Carolina Mioletti escreve sobre ela:" Diretora provincial e secretária, ela sempre trabalhou com interesse, reis a amavam, mas tentavam não irritá-la porque, sensível e temperamental como ela era, ela era fácil de atirar.
ele queria que eles tivessem um pouco de folga do trabalho, um pouco de criação no quintal e para que eles pudessem ouvir uma palavra,
A sucre que conviveu com ela neste primeiro período brasileiro foi a operacionalmente mais frutífera, lembra-se dela como uma retrice compreensiva, sempre pronta a participar da vida dos outros, atenta às necessidades da conserelle, mais fiel aos ensinamentos de Dom Bosco e Madre Mazzarello, de profunda piedade e grande bondade
Em 1940 abriu em Évora, em Portugal, a primeira obra delicada das fma na nação. As freiras ainda eram temporárias, e era necessária uma pessoa experiente e com domínio da língua portuguesa para chefiar o trabalho-assistência a órfãos, pensionistas, oratória e catequese. Pensou-se, portanto, em Mor Rina, que possuía esses requisitos e soube em pouco tempo transformar aquele orfanato de "assistência social em uma verdadeira casa de educação com rosto e espírito salesiano. E não foi empreendida recentemente.
De fato, ela tinha uma extraordinária capacidade de organização, um verdadeiro talento educativo, um amor apaixonado por Dom Bosco e sua pedagogia: soube incutir nas jovens irmãs o amor pela assistência salesiana, tendo Nice como ponto de referência e eles são colaboradores válidos na condução
do trabalho As autoridades que dirigiam a "Casa Pia" ficaram verdadeiramente cativadas pelo seu "gênio educativo" e lhe deram total confiança e plena liberdade de ação.
Irmã Rina, de alma refinada e senhora à sua maneira, soube exercer uma influência benéfica mesmo fora do estreito círculo educacional, no relacionamento com as pessoas que Deus colocou em seu caminho. O médico da casa, por exemplo, homem íntegro e honesto, estava longe da prática religiosa. A presença da Irmã Rina, que teve que ser tratada por ele para um início de paresia. mudou completamente. Essa transformação foi confirmada pela esposa do médico que, conversando com as freiras. ela confidenciou-lhes: A santidade da diretora acompanhada pela 'aneidade de seus modos trouxe meu marido de volta, sem nenhuma pressão, para a prática da vida cristã. Após seis anos de liderança, Irmã Rina retornou ao Brasil, agora a obra de Évora estava consolidada e poderia continuar bem, de facto durante três anos surgiu um paralelo a Lisboa
Assim se estabeleceu o carisma de Dom Bosco, aberto à gordura também na terra lusitana. O segundo período brasileiro da Irmã Rina, que já deve ultrapassar os setenta anos de idade, encontra-a noiva por seis anos (1949-1955) como diretora no noviciado de Belo Horizonte e depois, por alguns anos, em a "Casa do Ginásio" Pio XII na mesma cidade até que, em 1959, passou para o Externato N. S. Auxiliadora que anexou uma enfermaria para freiras necessitadas de cuidados particulares. Lá permanecerá até o fim de seus dias. dos anos e a forte sensibilidade de temperamento, para que cada acontecimento encontrasse ressonância no espírito de Irmã Rina, apressou o natural desgaste físico e mental.
Ela foi atingida pela paralisia e um véu de semi-inconsciência envolveu sua mente; mesmo nesse estado, porém, transparecia a riqueza de sua alma, a profundidade de sua doação a Deus e ao bem do próximo. Ela estava sempre serena, nunca parecia mal-humorada e a cada pequeno serviço ela respondia com o habitual "obrigada!" acompanhado de um belo sorriso, revelou-se de uma extraordinária modéstia e delicadeza.
Muito devota da Virgem de Fátima, queria a sua estatueta na mesa e rezava sempre, adorava a música e quando, para agradá-la, tocavam alguns discos durante o recreio, o seu rosto transfigurava-se em alegria. «Ele viveu bem e morreu bem... escreve uma freira que teve a morte dos justos. Eu a ajudei na última hora e pude ver como a Auxiliadora ama suas filhas. Parece que a Irmã Rina viu alguém, sorriu como se quisesse abraçar um ser invisível. Como ela era linda! Parecia um anjo!
Há a confirmação de outra irmã, que se expressa mais ou menos nos mesmos termos: «Ela sofreu muito com a doença que a tornou totalmente dependente dos outros e aos poucos foi tirando suas faculdades mentais. Eu tive a sorte de estar perto dela no último momento. Se se pode dizer que a morte é bela, a morte de irmã Rina tinha algo extraordinário; Não consigo descrever seu sorriso angelical e os sensíveis sinais de que ela estava vendo algo sobrenatural”.
Lembrada pelo carinho de suas irmãs e entre o general lamentado, ela fechou os olhos para sempre para as coisas daqui de baixo para abri-los no reino da felicidade infinita.
★São Paulo (SP) 18/11/1876
† São Paulo (SP) 23/12/1953
Foi a primeira brasileira a entrar no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Aos 15 anos, já decidira consagrar-se inteiramente Deus na vida religiosa mas seu confessor, que era salesiano, aconselhou-a esperar a próxima vinda das Filhas de D. Bosco. Pareceu-lhe longo o ano de espera. Finalmente, no dia 25 de março de 1892 entrava, na qualidade de aspirante, no Colégio do Carmo, recentemente fundado por Monsenhor Filippo, o grande amigo e benfeitor dos salesianos.
As privações exigidas naqueles primeiros tempos heróicos não a desanimaram. Ao contrário, serviram para sedimentar sua vontade enérgica e profunda piedade.
No dia 16 de julho do mesmo ano, as 10 primeiras brasileiras vestiam o hábito religioso: entre elas, a jovem Oliva Facchini. Dois anos mais tarde, na noite de Natal, emitiam os Santos Votos. Tinha ela então 18 anos de idade.
O Colégio do Carmo se enchia de juventude. As Irmãs deviam naturalmente fazer um pouco de tudo: acordar cedinho para lavar roupa, ajudar na cozinha, dar aula, arrumar a casa, assistir as meninas. a Mas éramos tão unidas - contará ela mais tarde - irradiávamos tanta felicidade, que as vocações floresciam abundantes".
Em 1914, foi eleita Ecônoma Inspetorial, cargo que exerceu com prudência e zelo. Seus dotes de governo, sua firmeza aliada a uma grande indicaram-na para ocupar o cargo de Diretora, durante dezenove anos, respectivamente nas casas: Carmo, Santa Inês, Ponte Nova, Araras, Noviciado e Maria Auxiliadora.
Durante onze anos foi Secretária Inspetorial. Boa, justa, enérgica: três características de Ir. Oliva Facchini. Não conheceu o respeito humano, corrigindo como lhe competia, o que ao lhe parecia de acordo com o espírito salesiano e religioso, sempre foi por isto compreendida, mas o tempo deu-lhe razão.. Nem Na piedade profunda, encontrou o segredo de sofrer em silêncio as incompreensões e contrariedades, que não faltam a ninguém, muito menos a uma Superiora. Desejava e procurava que as funções religiosas fossem feitas com solenidade e decoro. Suas mãos não sabiam ficar inativas. Até o fim da vida, ocupou-se sempre em algum trabalhinho, especialmente se destinado à capela.
Particular atenção lhe mereceu o sufrágio pelas Irmãs falecidas. Colocava, ela mesma o anúncio de morte no lugar de quem costumava fazer a leitura no refeitório, e estava atenta para que não o esquecesse. Como Ir. Oliva gostava da limpeza e da ordem! Queria tudo bem limpinho e cada coisa no seu lugar.
O dia 16 de julho de 1952 marcou uma grande alegria na sua vida: festejou o 60º aniversário da Vestição Religiosa realizada no velho "Carmo", o número 1 de tantas outras que se seguiram no Brasil. Irradiava a felicidade de se ter conservado fiel à consagração feita na sua radiosa juventude.
Em dezembro de 1953, participou do Retiro Espiritual realizado na Casa Inspetorial de São Paulo. No dia do encerramento, precisamente 22 de dezembro, a Madre Inspetora convidou as Diretoras para uma visita ao Aspirantado de Araras. Foi uma espécie de peregrinação para Ir. Oliva, que ali trabalhara durante tantos anos. Quis ver todos os locais, as novas instalações, entusiasmou-se com os melhoramentos efetuados. Mostrou-se particularmente alegre e expansiva.
Entretanto, no decurso da viagem de volta para São Paulo, não se sentiu muito bem. Chegando, dirigiu-se imediatamente para seu quarto e recolheu-se ao leito. Não devia levantar-se mais. A noite foi má. Na manhã seguinte, recebeu serena a comunicação de que seu mal era inexorável. Acompanhou as orações do Sacramento dos Enfermos, fazendo o sinal da cruz e apertando ao peito o escapulário do Carmo.
Pareceu melhorar um pouco e as Irmãs da comunidade desceram à capela para o ensaio dos cantos da noite de Natal. Foi questão de meia hora: enquanto entoavam o "Gloria in excelsis Deo", Ir. Oliva completava sua peregrinação terrena: entrou na GLÓRIA, tão valorosamente conquistada.
★ Pecetto - Turim (Itália) 30/05/1869
† Lorena (SP) 25/06/1959
Foi uma das superioras mais estimadas da Inspetoria no seu tempo, tendo ocupado o cargo de Diretora por mais de meio século.
Aos 19 anos, a possibilidade de ingressar num Instituto religioso estava longe de suas cogitações. Foi quando aconteceu o que ela própria registrou: "24 de maio de 1888: graça extraordinária de conversão".
Assistia em Turim às solenidades próprias daquele dia na basílica de N. S. Auxiliadora. Era tanta a afluência de peregrinos, que nem sequer conseguiu ver a veneranda imagem. Calaram-lhe, porém, no coração as palavras do Pe. Cagliero, o célebre ´missionário da Patagônia´.
Tarsila era alegre e amava a vida: não lhe foi fácil superar as reclamações da natureza e vencer a resistência da família, para atender ao convite que de improviso lhe era feito: “Se queres ser perfeito ... "
Mas estava tão fortemente decidida que, apenas quatro meses depois, iniciava o postulado em Nizza Monferrato e, impelida pelo ideal missionário, partia ainda noviça, para o Uruguai. Professou em Montevidéu em 1890 e com apenas 26 anos, trocava pela 4ª vez de país e pela 3ª de língua.
Enviada para o Brasil, assumiu o cargo de Vigária no recém-fundado colégio de N. S. do Carmo, em Guaratinguetá. Da sua breve permanência no Prata, ficou-lhe o carinhoso “Nena", que usava na intimidade.
À medida que as obras se estendiam, foi respectivamente diretora dos colégios de Araras, Batatais, Ipiranga, Ribeirão Preto e do Pensionato Auxilium, em São Paulo.
No exercício da autoridade, demonstrou sempre grande prudência evangélica nas palavras e nas decisões, que tomava apenas depois de maduro exame. Revelou raro tino administrativo e, graças à sua bondade compreensiva e trato delicado, cativava logo os corações. Sabia criar nas Casas um clima de ordem, harmonia e serenidade. Sabia ouvir porque sabia amar.
Ninguém jamais duvidou da generosidade do seu perdão. Todo o período de 1937 a 1950, passou-o no Noviciado, na qualidade de Diretora ou de Ecônoma. Para as noviças especialmente, foi um exemplo vivo das virtudes que se requerem de uma autêntica Filha de Maria Auxiliadora.
Por longos anos Vigária Inspetorial, seu campo de ação alargou-se, e um maior número de Irmãs pôde beneficiar-se de sua experiência e desvelada compreensão.
Aos 83 anos, Ir. Tarsila, sempre muito lúcida e ativa, passou a residir na Casa Inspetorial, onde permaneceu até 1958. Mas o bulício e movimento do Colégio de Santa Inês passou a pesar-lhe. Quase a contragosto, recolheu-se ao retiro da Casa Maria Auxiliadora, onde, por motivos só dela conhecidos, lhe inspirara antes grande repugnância. Entretanto deplorou não ter tomado há mais tempo tal decisão. Amou aquele ambiente recolhido e se libertou, aos poucos, do incompreensível temor que sempre lhe inspirara a morte.
Em maio desse mesmo ano celebrou seu 90º aniversário. "Depois, havia dito à enfermeira: “Jesus, Maria e José poderão vir buscar-me".
Faleceu 10 dias depois. O último ato consciente que realizou foi de aquiescência a uma pergunta da sua Madre Inspetora.
Deixou a terra tão suavemente quanto foi mansa e amável em vida.
★ Montevideu, Uruguai 05/03/1877
† Ponte Nova (MG) 28/06/1967
Os esposos Nicolás e Ildefonsa Jáuregui, bascos de origem e emigrados para o Uruguai, deram três filhos ao Senhor na família salesiana: Madalena e Francisca eram FMA e Miguel era sacerdote salesiano.
Enquanto Francisca sempre trabalhou em sua terra natal, Madalena ainda foi enviada como noviça ao Brasil para se juntar ao primeiro grupo de missionários que deixou o Uruguai poucos anos antes sob a orientação de Irmã Teresa Rinaldi, para as primeiras fundações no Brasil.
De fato, fez sua primeira profissão em Guaratinguetá (Brasil) em 9 de janeiro de 1896, quando ainda não tinha completado dezenove anos. A trajetória de sua vida apostólica foi longa e atingiu muitas casas da Província brasileira de São Paulo primeiro e depois de Belo Horizonte, ocupando vários cargos: assistente, vi caria, diretora, tesoureira, professora de música, assistente de postulantes, pensionistas, porteira e, depois de 1957, teve de aceitar o descanso que os anos e a saúde lhe impuseram. Grande parte de sua vida passou trabalhando em orfanatos ou internatos beneficentes e deixando um rastro luminoso de doação, sacrifício e bondade.
Os testemunhos relatam episódios dignos dos "fioretti" de São Francisco, ao estilo salesiano. Coletamos alguns deles. Irmã Madalena, já velha e em repouso, apresenta-se pontualmente ao seu diretor para a "entrevista". E a diretora me disse: «A certa altura ela me disse: "Hoje me examinei seriamente na maneira como como assistente e diretora tratava os internos e as freiras e realmente acredito que sempre agi com justiça e caridade . Lembro-me de ter sido paciente apenas uma vez com uma aluna de piano. O nome dela era Emilia e ela morava conosco. Ela era boa e ajudava muito as freiras. Duas vezes seguidas ela não sabia a aula de música. Eu a peguei de volta e apontei sua falta de responsabilidade. Ela chorou... À noite, na igreja examinando sua consciência, lembrei-me do fato: - Hoje fiz uma menina sofrer. Saindo da capela cheguei ao dormitório, fui até a cama de Emília que ainda estava acordado perguntei-lhe: - Está triste por minha causa? Perdoe-me, fui injusto, você não teve tempo para estudar - E ela: - Vá dormir em paz, Irmã Madalena, você só cumpriu o seu dever. não triste".
Outro episódio revela sua genuína humildade. É novamente o gerente que o conta: «Ele passou para a casa onde eu era o novo gerente do escritório durante as minhas férias. No dia do exercício de uma morte feliz ela se apresentou a mim, como se fosse uma irmã da comunidade para a “entrevista”, cuidando para não esquecer nenhum ponto da regra. E para mim, que comparado a ela eu poderia me considerar uma criança inexperiente, ela contou suas quedas, vitórias, resoluções, etc... fiquei confusa e edificada”.
Uma irmã da Irmã Madalena recorda "a nobre iguaria". E outro dá este testemunho: «Um dia, sabendo dizer-lhe, disse-lhe 'olá'. E ela: "Diga sempre Viva Jesus, porque Ele deve estar sempre no coração e nos lábios"».
Foi vigária por alguns anos na casa de Guaratinguetá e as freiras lembram dela como o anjo das pequenas atenções, que tinha uma palavra boa para todos, de encorajamento, de compreensão.
Um diz: “Eu era um jovem professo e trabalhava no fundo de uma sala; aproveitando o fato de que estava mal iluminado, um dia eu estava chorando em silêncio para dar vazão à minha dor. Irmã Madalena percebeu isso e se aproximou de mim, colocando as mãos delicadamente em meus ombros: "Coragem, irmãzinha disse-me - vá até os pés do tabernáculo e repita com entusiasmo: Jesus, coloco todas as minhas dificuldades em tuas mãos divinas. "Nunca esqueci esse conselho e digo que já se passaram mais de trinta anos. o Senhor,
De 1921 a 1935, Irmã Madalena exerceu o serviço de autoridade como diretora em várias casas, mas depois pediu para ser exonerada por causa de duas doenças que a faziam sofrer e a impediam de ser sempre tão eficiente quanto desejaria: uma insistente cabeça de doença e vermelhidão intensa nos olhos. Foi-lhe então confiada tarefas de menor responsabilidade.
A serviço da autoridade, Irmã Madalena era uma diretora ideal, diz uma freira. Ela recomendou, dando um exemplo, a observância da Regra e sempre o fez com doçura, para que as irmãs aceitassem com prazer os avisos e conselhos. Como educadora, esteve sempre entre as meninas, formou-as na vida cristã e teve um cuidado especial com as vocações.
A diretora deu testemunho de uma freira e posso afirmar que ela foi maternal e firme; ela nunca assumiu tons de superioridade, pelo contrário, com Irmã Madalena vivíamos uma vida de verdadeira família. Era uma comunidade de oração e trabalho, onde reinava a paz, a união e a alegria entre os terna através da cooperação mútua.
Os testemunhos sobre a Irmã Madalena dizem respeito ao modo como com quem exerceu a função de tesoureira e, embora com vozes diferentes, eles elogiam sua bondade e bondade. Lembro-me dela - escreve uma freira - pela sua bondade e pela nobreza do seu grande coração. Quando apareci na janela do tesoureiro, ele me ofereceu tudo o que eu precisava. "Você quer isso? Você precisa disso? Veja o que você precisa." Naquela época, essa maneira de fazer as coisas era surpreendente. Eu pensei: "Com uma economia assim, ninguém vai sentir falta da pobreza. Ninguém vai pedir coisas de perflue, porque eles se sentem em casa e em casa." E guardo uma memória viva e grata daquela freira pequena, mas de grande coração, capaz de disponibilidade e doação».
Irmã Madalena era também porteira quando já era avançada em anos e também neste ofício era luz de bondade para muitas pessoas. Uma ex-aluna lembra o quanto ela, quando jovem, se sentia tirado de sua figura e como ela procurava todas as oportunidades para ir ao alojamento do porteiro e encontrar a Irmã Madalena. A palavra dela me fascinou - ela escreve como de fato tudo nela é a leveza, a delicadeza, o interesse por nossos entes queridos. Ele nunca ficou chateado, ele nunca ficou impaciente; ela era tão gentil e completa em seu jeito de ser que, espontaneamente, nos abriu à confiança e à necessidade de confiar nela nossos problemas. Ela ouviu, deu bons conselhos e prometeu orar. Para nós, saber que ele orou foi a maior recompensa. Até o último ano de sua vida ele se interessou por todos os meus entes queridos, que tiveram por ela uma grande veneração». Uma freira escreve: «A sua missão na vida era rezar sempre, rezar por todos. Tinha uma grande devoção ao Sagrado Coração, a Jesus Eucaristia, a Nossa Senhora, a São José Quando a dor de cabeça que quase sempre a acompanhou na vida se tornou mais forte e seus olhos sempre mais morrendo, Irmã Madalena teve que aceitar o descanso. Uma freira escreve: «Eu a conheci no asilo, no começo ela ainda podia ver um pouco, mas depois ela perdeu completamente a visão. Foi um verdadeiro martírio, mas a Irmã sempre viveu serena e abandonada em Deus: todos os dias rezava e oferecia uma casa na Província, de modo que seus sofrimentos tinham valor eclesial para o bem de muitas almas. Ele orou continuamente e terminou sua preciosa existência orando. Nem um lamento por seu sacrifício, longe de sua família. Ele disse: "No céu eu os verei todos..." e com esta certeza ele se abandonou inteiramente nas mãos de Deus ».
Então veio o drama da cegueira completa. A luta entre a natureza e a graça foi dura, mas o exercício vitalício de adesão à vontade de Deus a ajudou a vencer. Cega ela continuou a estar presente na oração da comunidade e seu testemunho valeu muito mais do que qualquer discurso.
Depois houve a fratura do fêmur e, portanto, os últimos três meses de vida tiveram que ser passados na cama, com a perna em tração. Foram meses de dor intensa, de oração, de silêncio, de purificação.
Com a esperança de poder tratá-la da melhor maneira possível, o inspetor a ofereceu para ser internada em nosso hospital de Ponte Nova.
Quando lhe comunicaram a proposta, ela respondeu: «A Madre Inspetora quer? Farei o meu sacrifício oferecendo-o pelo nosso querido Instituto, pelos amados superiores... Diga-lhe que irei com a tentação. Sempre pedi ao Senhor que me conceda a graça de fazer sempre a sua santíssima vontade».
Foi o sacrifício final. No hospital ela deu provas de virtude heroica e oração contínua e, após uma curta internação, Irmã Magdalena morreu suavemente. Tinha noventa anos e setenta e um de profissão religiosa.
★ Meano, Itália 25/12/1875
† São José dos Campos (SP) 07/07/1949
Tão sólida foi a vocação de Natalina, que tendo entrado como postulante em junho de 1896, em janeiro do ano seguinte vestia o hábito religioso, fazia profissão em outubro, partindo logo em seguida para o Brasil. Tinha 22 anos. Sua vida missionaria duraria mais de meio século.
Durante os primeiros anos de professa, foi professora de trabalho, mostrando-se exímia na arte de bordado a matiz. Exerceu o cargo de diretora por 34 anos em diversas casas da Inspetoria S. Catarina de Sena.
Profundamente piedosa, era singularmente devota de Nossa Senhora. Perdia a noção de tempo, quando se entretinha em assuntos relativos Mãe de Deus: os momentos livres passava-os na capela, em silencioso colóquio com Jesus Sacramentado. Ao riscar seus bordados, escrevia "Jesus, te amo! "- "Sou toda tua!", nos desenhos que depois cobria com a seda matizada.
Nem sempre foi compreendida mas nunca se deixou vencer pelo amargor nem perdeu a serena alegria que lhe brotava das profundezas da alma.
Nos últimos anos de existência, conheceu as longas noites insones, o que representou para ela um tempo mais prolongado para desafogar sua ardente piedade. Afirmava não temer a morte, porque tinha mãe: "MARIA! ".
Extinguiu-se serenamente depois que, a seu pedido, lhe fizeram a leitura de um trecho sobre o paraíso. Foi tranquila ao encontro d'Aquela que tantas vezes invocara como "PORTA DO CÉU".
★ Palmira (MG) 9/1/1905
† Guaratinguetá (SP) 15/11/1964
"Até hoje, o conceito que temos de nossos pais é eles foram santos, na ordem natural da Providência e da conformidade desígnios de Deus: dezessete filhos, a progressista passagem do conforto à pobreza, dentro do quadro de uma mulher com o marido totalmente inutiliza que do. Fui o último dos filhos de minha mãe. Quando meu pai morreu, tinha 60 anos. Eu ia fazer 15 anos, Quando nasci, ela devia estar nos 45..."
Essas reminiscências da própria Ir. Duarte nos pintam o ambiente austero em que passou a infância e a adolescência. A mãe foi a mulher que fica de pé entre as ruínas dos sonhos mais puros. Muitas vezes olhou com ternura aflita a última filha tão graciosa e inteligente, sensível e voluntariosa, tão vulnerável! Chamava-a a si, enrolava-lhe com secreta - complacência os cabelos negros em caracóis, que depois desfazia com gestos rápidos, aflitos... Morreu antes do marido.
Leontina, a filha mais velha do casal, ingressara no Instituto antes do nascimento de "Zezé". Nada mais natural do que internar no Colégio de Ponte Nova, onde se encontrava, a adolescente tão necessitada ainda da mãe que perdera.
Zezé foi uma aluna brilhante; nada escapava à sua argúcia. Chegou a pintar muito bem, tinha a sensibilidade de artista, tinha a alma de poeta. Extasiava-se diante da natureza, fazia versos e pequenas travessuras. Irradiava simpatia, era delicada, serviçal, cultivava belas amizades.
Ir. Leontina preocupava-se; nunca chegou a compreender a irmã mais nova. Pretendeu a todo custo domar o que ela chamava de "orgulho intelectual". Mas havia só uma força capaz de subjugar aquela jovem de olhar resoluto e boca voluntariosa: o Amor, na sua mais pura expressão.
Postulante, foi também professora muito bem sucedida, e como era de esperar, encontrou muitos obstáculos que se opunham à sua perseverança, mas seguiu intrépida porque sabia o que queria.
Sua vida de professa abrange dois períodos: os anos de 1928 a 1950 passou-os na Escola Normal de Ponte Nova e depois no Colégio de Santa Inês. e 1951 a 1964 (data de sua morte) foi diretora respectivamente em Barretos, Lorena e Guaratinguetá.
Professora e assistente, revelou-se com sempre maior evidência, a educadora plasmada nos moldes de D. Bosco, que ela estudava e soube compreender. Sob sua direção, a Escola Normal do Colégio de Santa Inês viveu o período áureo de sua existência. Cursou nesse tempo a Faculdade Sedes Sapientiae, o que muito irá ajudá-la para tarefas futuras.
Entretanto, como boa salesiana, sonhava com uma doação mais efetiva num Oratório Festivo. Foi por isso que sua nomeação para dirigir o Colégio de Barretos quase a decepcionou. Escrevia pouco depois: "Este negocio de Diretora não é uma cruz: a cruz é essencialmente purificadora. É dilema diante do apelo à santificação. É como um dom oferecido, um dom cheio de contradições: por todos os lados se pode errar, por algum se pode acertar".
Entretanto eram evidentes seus dotes de governo. O colégio prosperou, o Oratório Festivo teve o lugar de honra que lhe competia. Deu portanto uma luminosa prova de submissão quando, interrompendo seu trabalho em Barretos, (tudo o que fazia era muito bem planejado); foi assumir direção da secção feminina da Faculdade de Pedagogia dos Salesianos, em Lorena.
Aqueles inícios, em local exíguo cedido de empréstimo, merecem bem o nome de "tempos heróicos". Entretanto, embora carecendo de todos os recursos materiais, a Comunidade gostava de chamar-se "A família feliz". É que Ir. Duarte sabia exercer a verdadeira "maternidade salesiana". Tanto ali como depois no belo prédio construído na avenida Peixoto de Castro, cada coisa ocupava harmoniosamente o próprio lugar.
Muitos se iludiram sobre o espírito de pobreza de Ir. Duarte. O que certas apreciações apressadas e superficiais taxavam de luxo, era simplesmente a arte que poucos possuem de tirar proveito das coisas mais simples e sem valor comercial. Com seus gestos pacientes, ela punha beleza em tudo que tocava.
Todos apreciavam aquela Diretora de maneiras finas e educadas, inteligente e dinâmica, com "um quê de diplomata", diziam-lhe na intimidade. As pessoas externas: pais de alunas, autoridades locais, os salesianos da Faculdade, admiravam-lhe a sagacidade com que resolvia qualquer problema, sem melindrar ninguém, mas também sem falsear a verdade.
Inteligência lúcida e profunda, não admitia superficialidades: queria que se adquirisse o hábito de aprofundar as coisas e as causas. De tudo se devia saber o porquê ou repetir as ideias, colher os erros ou fazer a crítica construtiva.
Era incansável na busca da verdade, o que sempre foi bem interpretado, mesmo por quem devia lealmente apoiá-la. O hábito de refletir, a intuição do gênio e do amor faziam-lhe pressentir, com notável acuidade, o que a inquietação do após guerra trazia no bojo. Intrépida e sincera, considerava-se na obrigação de alertar, de expor suas ideias... Calar seria, aliás, trair o espírito de família, tão sutilmente ameaçado; seria, afinal, trair o próprio Instituto.
Tudo isso, que hoje nos parece tão claro, e natural, voltou-se contra ela como uma acusação ; eram inovações que refletiam apenas falta de espírito religioso. Ir. Duarte, que chorou a morte de João XXIII, não viveu bastante para ver o Vaticano II dar-lhe razão.
Sofreu como tantos outros que se antecipam aos tempos. Numa hora de perplexidade, escreveu: "Nesses quatro anos inclinei-me para Jesus com um amor muito, muito mais compreensivo Também conheci a força impetuosa da minha alma em determinadas circunstâncias: a sua reação humana... Não fosse por outro motivo, já haveria nisso o suficiente para agradecer. Ainda mais: reduziu-se a simplicidade o conceito da nossa Congregação: reconciliei-me com a Mãe que vai, como a igreja, "a Mulher que vai arrastando a túnica". Certas atitudes inexplicáveis compreendo-as agora: alguns súditos ou filhos com de súditos, exercem pressão sobre a Mãe. A grandeza dela dilata as próprias capacidades: mais ou menos como o mar que mantém em equilíbrio no profundo aquilo que não aguenta flutuar na superfície, transportando os homens para o porto".
Na linha dos acontecimentos que não se explicam, sua nomeação para o Colégio Nossa Senhora do Carmo, em 1962. Mas, sob o físico franzino, a estatura moral de Ir. Duarte desafiava qualquer situação. Elaborou um plano de ação e lançou-se corajosamente à obra, com a incrível disposição que tinha para o trabalho e a prontidão para enfrentar qualquer tarefa. Graças àquela arte toda sua, o velho casarão enfeitou-se, subiu o nível dos estudos e reanimou-se o espírito de família.
Era sempre a educadora nata que aprofundava com aguda intuição o método educativo de D. Bosco, forte e suave como ele. Batia-se pela prática da religião na base da razão e da amabilidade. Antes de mais nada queria criar convicções e que os ensinamentos recebidos se convertessem em vida. Sua piedade era simples e profunda, seu amor vigilante: assim queria formar suas dependentes. Voltava sempre à necessidade de raciocinar para criar convicções: com seu modo de falar manso e firme, sem levantar a voz, ia incansavelmente insistindo sobre o mesmo ponto essencial. Compreensiva com as meninas de hoje, sabia muito bem intuir seus problemas, tomar cada uma como era feita. Nada a espantava ou escandalizava, embora nunca deixasse de denunciar o erro. Enfim, tinha o dom de encorajar porque ela mesma soube se sobrepor com elegância aos contratempos que não faltam na vida: suportava, por exemplo, com desenvoltura a surdez que bem cedo a acometera; usava o aparelho como se usam óculos...
É difícil em poucas linhas definir uma natureza tão rica, que tanto se avantajou ao seu tempo, ao meio em que viveu. Houve quem afirmasse ser ela o "João Batista” da renovação que o Concílio deveria impor à Inspetoria. Quanto desejou vê-la atuada !
Conselheira Inspetorial, Diretora do Colégio Nossa Senhora do Carmo, Ir. Duarte tinha assumido tarefas difíceis e de longo prazo. Estava de pé, com seus 58 anos ricos de experiência, e muito trabalho pela frente, quando um tumor maligno veio dar-lhe o prazo de 8 meses para completar a empreitada, no mistério da Fé.
Operada, reclusa num quarto da Santa Casa na cidade, continuou a dirigir o Colégio. Fez-se transportar várias vezes para ver, ouvir, acomodar. Fazia conferências às Irmãs; numa cadeira de rodas percorria os pátios, os corredores, rodeada por aquela juventude que tanto amava. No dia 24 de maio, foi ali especialmente para a Inauguração do "recanto" cheio de sombra e verdura que fizera preparar para entronização de Nossa Senhora, no pátio interno. Poucos meses antes, ela mesma tinha ido buscar as peças rústicas de granito, que serviram de pedestal.
Guardou ciosamente o pudor do seu sofrimento: no quarto de doente havia flores e notas de canto. Longe de dobrar-se sobre si mesma, escancarou o coração para receber a todos. Deixou-se literalmente "devorar" pelos que buscavam a luz do seu olhar profundo, de sua palavra daquele sorriso com que ocultava as próprias mágoas para dar alegria. Dar… dar continuidade. "Melhorar sempre era seu lema, mesmo quando as coisas iam mal.
Com a encantadora simplicidade de uma criança, a grande Ir. Duarte entregou-se ao Amor que crucifica. Tentava explicar: " não vou morrer, eu vou ficar diferente"...
Três meses antes, a pedido de uma amiga, escreveu este tocante poema, no verso de uma estampa de Nossa Senhora:
"Maria, minha Mãe do Céu...
não sei para onde vou;
Não sei cousa alguma de positivo
(não vejo o caminho diante de mim;
não posso saber onde terminará...)
Apenas, com simplicidade,
à sombra do teu amor de Mãe,
quero fazer a vontade do Pai.
Espero que jamais farei algo
contrário a este desejo humilde,
mas, constante.
Sei que se o fizer, Tu,
Tu, minha doce Mãe,
Me has de conduzir ao caminho certo,
embora eu mesma nada saiba a respeito.
Portanto,
sempre hei de confiar em Ti,
ainda quando me sinta imersa
no nevoeiro,
ou me pareça
estar perdida nas sombras da morte.
Ó Virgem sem igual,
a mais doce Mãe de todas as mães,
tu estarás, sempre,
comigo!"
★ Loge do Maruce (ES) 19/6/1906
† São Paulo (SP) 29/5/1969
Ir. Hilda foi uma dessas criaturas cuja morte nos parece ter empobrecido o mundo. Para o seu desaparecimento só encontramos resposta no mistério do plano salvífico de Deus.
Recebeu no lar esmerada educação. Herdou dos pais a inteireza de caráter; especialmente da mãe, a bondade que nada pode desarmar, que envolvia a gente ao mesmo tempo que o seu olhar, Revelou a desar Recebeu no lar esmerada educação. Herdou dos pais vontade enérgica e tenaz, quando se tratou de vencer os muitos obstáculos que se opunham à sua vocação religiosa. Em 1932 iniciava o postulado ou ininterrupta ascensão de trinta e seis anos a fio.
A alegria e naturalidade com que realizou seu lema; "Fazer os outros felizes", só tem explicação no fervor da piedade que tanto impressionou quantos a conheceram. O período de seus votos temporâneos foi marcado por contínuas trocas de casa; esteve nos colégios de Ribeirão outros Preto, do Belém, na Capital, Santo André e São José dos Campos, onde demorou mais tempo. Foi uma dura escola de desprendimento, uma de tirocínio: armazenou experiência, amadureceu para poder com sabedoria. dirigir espécie
Diretora, deixou em Araras, Batatais, e Cambé indeléveis recordações. Encarnou o ideal da "maternidade salesiana" que, sob seu aspecto suave, encobre exigências de austeridade e absoluto desprendimento. Para isso concorreram não pouco seus dotes humanos de simpatia; lealdade, a distinção inata, a extraordinária bondade de coração.
Foi a Diretora solícita que no inverno providência o agasalho certo que não voltava de viagem sem um presentinho para cada uma de suas irmãs; que preparava surpresas, que adivinhava desejos. Durante os recreios era aquela alegria! Livre cada uma para procurar o divertimento que mais lhe agradava. Era também a Diretora que corrige porque ama. Era a vigilante guarda do espírito religioso salesiano. Muitos recordam as atenções que ela sabia usar com os parentes das Irmãs; a largueza de vistas, a solicitude amável. Deu as maiores provas de interesse e carinho com Escola Doméstica; tratou os pobres com espírito verdadeiramente evangélico. Aliás, demonstrou sempre grande respeito para com a pessoa humana: fosse ela uma criança, um intelectual, um mendigo.
No Instituto de Menores que dirigiu em Batatais, teve oportunidade de extravasar a ternura de seu coração para com os infelizes. Seu equilíbrio, sua perspicácia, a bondade, operaram uma impressionante transformação naquelas pobres crianças. "Amar, costumava ela repetir, arriscar-se continuamente".
Esse risco ela o viveu desde que deixou a casa paterna, dando o grande salto no desconhecido. Viveu-o na alegria de um amor nunca desmentido, num total abandono à vontade de Deus, que ela soube descobrir nas pessoas, nas coisas e nos acontecimentos.
Soube amá-la também sob a forma da enfermidade que não perdoa e a arrancou cedo demais - pensamos na estreiteza da nossa visão - ao campo de apostolado que tanto amava.
Seus últimos anos de vida se passaram sob a de alarmantes hemorragias internas. Em 1967 trocava a ridente Cambé pela exigüidade de um quarto no Colégio de Santa Inês, Aceitou a imolação forçada, sofreu-a. Mas prometia tanto ainda de si mesma, que lhe foi confiada a direção do Colégio do Carmo. A tarefa revelou-se superior às forças, minadas pela doença.
Ir. Hilda sofreu duramente sem que nada lhe roubasse a serenidade e o sadio otimismo. Removida para a casa de repouso Santa Teresinha, não seu deu por vencida, não se dobrou sobre si mesma, na constatação do irremediável: deu ainda muito de si mesma, alegre sempre em acolher, ouvir. Uma crise violenta aconselhou seu internamento na Casa de Saúde São Camilo, última etapa de uma existência voltada "ao amor do próximo, que se vê", para encontrar o Deus invisível. Na véspera de morrer, perguntava ainda, com um de voz, à Irmã que a visitava: "Como... vai seu pai" à outra indagou pelos irmãos.
A morte tão sentida de Irmã Hilda deixou um grande espaço vazio. Mas, se repararmos bem, esse espaço está totalmente preenchido pelos mais belos exemplos, a desafiar nossa generosidade.
Em outubro de 1972, foi inaugurado em Cambé o “Grupo Escolar Ir. Hilda Soares", obra promocional situada na periferia da cidade.
A família cambeense, as numerosas ex-alunas compareceram à cerimônia, eloquente testemunho da gratidão da cidade a quem be consagrar-lhe o melhor de si mesma.
★ Natividade da Serra (SP) 25/11/1965
No início da adolescência, em 1979, vai estudar em Lorena, junto com sua irmã Marilza, na chamada Escola Doméstica, com as Irmãs Salesianas, que residiam e trabalhavam na Casa de repouso das FMA São José. Aí recebe os cuidados humanos e espirituais das Irmãs, participa diariamente da Celebração Eucarística, dos ensaios de canto, duas vezes por semana, das atividades domésticas e, no domingo, participa do Oratório São Luís, espaço onde as crianças brincavam, praticavam esportes, lanchavam e participavam da catequese organizada pelas FMA e pelos Salesianos de Dom Bosco.
Entre 1979 e 1981, uma vez ao mês, participava dos encontros vocacionais no Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Guaratinguetá, onde em 1982 vive o tempo do discernimento vocacional.
Em 1981 inicia a formação como aspirante no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora em São Paulo.
Em 1985 inicia a etapa do Noviciado e em 24 de janeiro de 1987 faz a Profissão Religiosa e é enviada à Comunidade Santa Inês em São Paulo.
Durante o Juniorato, de 1987 a 1993, ano em que emite os votos perpétuos, vive em três comunidades, segue um curso de pedagogia e exerce diversas funções na escola, no oratório e na pastoral juvenil estudantil.
Em 1994 vai morar na Casa de Formação – Aspirantes/Postulantes no bairro Perdizes de São Paulo como membro da Equipe de Formação e trabalha no Instituto Nossa Senhora Auxiliadora em Belenzinho.
A partir de 1998, ainda residente no Aspirantado, trabalha no Colégio Santa Inês até o primeiro semestre de 2000. No segundo semestre vai a Roma para fazer o Curso de Catequese na Faculdade de Ciências da Educação “Auxilium” e aí permanece por um período de três anos e meio.
No Natal de 2004 volta ao Brasil e trabalha em diversas comunidades como professora de Ensino Religioso, Coordenadora da Pastoral Juvenil, Diretora de Comunidade e Escola, Formadora de Aspirantes e Postulantes. Ensina liturgia e catequese.
De 2008 a 2013 é Conselheira Inspetorial, de 2014 a 2020 é Vigária Inspetorial e em 2021 é nomeada Inspetora da Inspetoria Brasileira Nossa Senhora Aparecida (BAP).
No dia 7 de outubro de 2021, na memória da Bem-Aventurada Virgem Maria do Rosário, durante o Capítulo Geral XXIV, é eleita Conselheira da Formação.
★ Guaratinguetá (SP) 09/02/1962