A pintura de arte marítima é um subgénero particular da pintura de paisagem, que se iniciou no século XVII, na Idade de Ouro da pintura dos Países-Baixos. Encontramos a origem da palavra paisagem intrinsecamente ligada à história da pintura. O termo foi criado no século XVI, para intitular um género de pintura, que iniciava um longo e diversificado processo de autonomização, em que o cenário natural era tomado como um dos motivos principais. O nascimento do género da paisagem na arte foi decisivo na evolução, no contexto histórico do Renascimento, apesar do seu surgimento como género, no século XVI, a paisagem permanecia subordinada a outros géneros com maior peso simbólico na hierarquia da pintura, como, o retrato, a pintura religiosa e a pintura histórica. No século XVII assiste-se à alteração para a paisagem dos cânones clássicos, dos princípios de harmonia, ordem e equilíbrio consagrados no domínio da pintura académica, que trouxe ao género um prestígio até então desconhecido. É nesta época que se assistiu também nos Países-Baixos, ao desenvolvimento de uma nova concepção de paisagismo que valorizava o realismo e a simplicidade na representação da natureza. No sentido mais amplo, a pintura de marinha é aquela que se ocupa da representação de cenas, objectos e construções marítimas, mares, praias, tempestades, baías, enseadas, navios, portos e combates navais. Entre os pintores que se destacam dos Países-Baixos, que exploraram a pintura histórica de marinhas, encontramos: Hendricksz Cornelisz Vroom (1562-1640); Willem van de Velde (1611-1693) e Ludolf Backhuysen (1631-1708). Podemos considerar Vroom como o fundador da pintura de marinha europeia, pois foi o primeiro a especializar-se nesse ramo de pintura. Só no final do século XVIII, com o surgimento do Romantismo, a pintura de paisagem obteve, finalmente, o seu título de nobreza, circulando por toda a Europa. A natureza foi representada, com uma intensidade nunca vista até então, como expressão de sentimentos e emoções que, em última instância, lidam com o fascínio e o medo perante a morte. A pintura marítima é um género particularmente importante nos séculos XVII a XIX, dividindo-se em dois tempos: a "arte marítima" que inclui algum elemento da navegação humana; e a "arte marinha" que representa paisagens puras, sem nenhum elemento humano. Pela primeira vez na história da pintura, um subgénero que difere de outros temas de pintura, tendo por ênfase um motivo principal marítimo, tornou-se autónomo por si próprio.