Somos produtores de uvas, olivas, nozes e tantas outras culturas que brotam da terra fértil deste nosso amado Rio Grande do Sul. Um estado onde, por tradição, tudo que se planta cresce, ou melhor, crescia.
Somos homens e mulheres do campo, de norte a sul do estado, que hoje testemunham, com tristeza, o lento declínio de seus pomares.
Afetados pela deriva invisível dos herbicidas hormonais, convivemos há mais de doze anos com um problema que ninguém parece querer ver, mas que transforma nossas plantas, nossos sonhos e nosso trabalho em silêncio e esterilidade.
A deriva é tão difusa quanto devastadora.
Não sabemos ao certo quantos somos — estamos dispersos, muitas vezes isolados, mas unidos pela experiência comum e pela urgência de resistir.
Somos pequenos, médios e grandes.
Lutamos, acima de tudo, pelo direito de escolher o que plantar em nossas terras, de cultivar aquilo que melhor se adapta ao nosso solo, ao nosso clima e à nossa história.
Não somos contra a soja. Não somos contra ninguém.
Mas não podemos aceitar que uma forma de produzir inviabilize todas as outras.
Por isso, nos reunimos. Criamos esta aliança.
Para defender o que ainda pode ser salvo.
Para que nossas pomares deixem de adoecer em silêncio.
E para que a agricultura sensível não desapareça levada pelo vento de decisões que não consideram a fragilidade de outras culturas.