Nossas Pesquisas

Caminhar na Trave de Equilíbrio

Controle, Aprendizagem e Avaliação do Risco de Quedas

Caminhar em uma trave de equilíbrio é uma tarefa desafiadora, em especial para pessoas mais velhas. Essa tarefa pode ser usada com diferentes propósitos em pesquisas sobre locomoção em idosos. Nós temos investigado como caminhar sobre uma base de suporte reduzida e elevada afeta o controle da marcha de pessoas idosas usando ferramentas que permitem identificar sinergias musculares e a relação entre atividade cortical e muscular. Essa mesma tarefa tem sido usada em nossos experimentos para o treinamento da marcha, já que estudos sobre intervenção para redução do risco de quedas em idosos mostram que as melhores intervenções são aquelas que desafiam o equilíbrio postural das pessoas. Além disso, a tarefa de caminhar na trave pode ser usada para avaliar o risco de quedas, já que ela permite identificar o momento que as pessoas se desequilibram ao caminhar na trave e a distância caminhada até esse desequilíbrio é um bom indicativo do risco de quedas futuras.

Treinamento do Equilíbrio Baseado em Perturbação

O treinamento de equilíbrio baseado em perturbação (TEBP) é uma modalidade de treinamento em que os idosos experimentam perdas repetidas de equilíbrio para praticar o controle reativo do equilíbrio e assim evitar quedas no dia a dia. O TEBP é realizado em uma esteira rolante onde manipulamos a velocidade da esteira de forma brusca (aumento ou diminuição) para gerar as perturbações. Estamos investigando a influência da distribuição da prática, ou seja, sessões de TEBP distribuídas ao longo de uma semana (prática maciça) ou duas semanas (prática distribuída) na redução do risco de quedas em idosos com histórico de quedas nos últimos seis meses. Estudos na área de aprendizagem motora têm mostrado que o aprendizado motor é melhor sob uma organização mais distribuída da prática. Os resultados desse estudo são importantes para determinar a organização da prática que é mais efetiva para reduzir o risco de quedas.

Controle de Movimentos Combinados: Caminhar e Alcançar Objetos

Ao caminharmos, muitas vezes realizamos ações com os membros superiores como alcançar e pegar um objeto. Isso ocorre, por exemplo, quando fazemos compras no supermercado. Caminhamos em direção ao item que queremos e durante essa caminhada começamos o movimento com o membro superior com o intuito de pegar esse item. Embora pareça algo trivial, essa ação combinada de caminhada e alcance de um objeto implica em alterações importantes no padrão típico do caminhar. Nós temos investigado os ajustes antecipatórios para implementar essa ação combinada em idosos saudáveis e idosos com histórico de quedas. É interessante observar que a combinação dessas duas ações não afeta somente o caminhar, mas afeta também a forma como eles alcançam e pegam um objeto. Em outras palavras, o conhecimento adquirido em estudos sobre preensão de objetos feitos na postura sentada ou em pé não necessariamente se transfere para o controle da preensão feita durante o caminhar. 

Controle do Caminhar ao Carregar uma Carga

Caminhar carregando uma carga assimétrica gera um desequilíbrio corporal que precisa ser compensado pela geração de torques articulares adequados para manter a orientação e estabilidade postural. Nós temos investigado como o transporte assimétrico de uma carga afeta o controle postural dos idosos durante a caminhada. Ao carregar uma sacola com uma das mãos, idosos saudáveis compensaram perfeitamente o efeito da carga sobre o controle da estabilidade postural. Assim, eles foram capazes de prever as consequências de carregar uma carga sobre a estabilidade postural. Estamos agora investigando o efeito do transporte assimétrico de cargas em idosos com problemas de equilíbrio para saber se eles também conseguem compensar adequadamente a perturbação gerada pelo transporte assimétrico de uma carga.

Controle do Caminhar em Superfícies Desniveladas

A manutenção da mobilidade, especialmente em idosos, depende da capacidade que eles têm em adaptar o caminhar às diferentes demandas ambientais. Superfícies desniveladas como buracos, obstáculos, degraus, entre outros implicam na necessidade de realizar adaptações apropriadas para garantir uma locomoção bem-sucedida. Nós temos investigado as estratégias antecipatórias usadas por pessoas idosas para entender como a idade afeta o controle da locomoção adaptativa. Uma tarefa que temos usado em nossos estudos é a de caminhar e pisar com um dos pés dentro de um buraco. Calçadas esburacadas são, infelizmente, bastante comuns no Brasil e podem levar a ocorrência de quedas, especialmente em idosos. Recentemente usamos essa tarefa para estudar como a obstrução do campo visual inferior por meio de uso de máscaras cirúrgicas (bastante usadas durante a pandemia de COVID-19) afetam o controle da locomoção adaptativa em idosos saudáveis. Nossos resultados mostraram que os idosos saudáveis são capazes de compensar a perda visual fazendo um movimento da cabeça para baixo sem afetar a estabilidade postural e o posicionamento do pé ao pisar no buraco.

Coordenação Olho-Mão

O interesse em estudar coordenação olho-mão surgiu a partir dos estudos sobre o controle de movimentos combinados entre caminhar e preensão de objetos. Tarefas que envolvem coordenação visomotora são realizadas diariamente e, muitas delas, demandam um grande grau de acurácia. Assim, entender as alterações que ocorrem com o avanço da idade no controle de tarefas manuais visualmente guiadas pode contribuir para auxiliar no planejamento de exercícios para idosos para garantir a capacidade de realização dessas tarefas que são componente importante na manutenção da independência funcional.