As formas de propagação são as formas em que o incêndio aumenta, ou seja, passa de princípios de incêndios para incêndios de grandes proporções. Existem três formas de propagação dos incêndios, que são: condução, convecção e irradiação.
Segundo Miranda Jr. et al. (2005), “o fogo pode se propagar pelo contato da chama com outros combustíveis ou por meio do deslocamento de partículas incandescentes ou pela ação do calor, transmitindo o calor de várias formas.”
O fogo se propaga por contato direto da chama com os materiais combustíveis, pelo deslocamento de partículas incandescentes, que se desprendem de outros materiais já em combustão, e pela ação do calor. O calor é uma forma de energia produzida pela combustão ou originada do atrito dos corpos. Ele se propaga por três processos de transmissão: condução, convecção e irradiação (CAMILLO JR., 2012, p. 28).
Muitos incêndios são caracterizados pelas três formas de propagação, pode-se iniciar a propagação com uma delas, mas na sequência as outras formas de propagação podem acontecer, visto que cada uma tem uma característica diferente de desencadeamento. Vamos entender as formas de propagação.
Conforme o Código dos Bombeiros de SP – IT02 (2015, p. 96), “a condução acontece através de um material sólido de uma região de temperatura elevada em direção a outra região de baixa temperatura.”
Condução é a transferência de calor de um ponto para outro de forma contínua. Esta transferência é feita de molécula a molécula sem que haja transporte da matéria de uma região para outra. É o processo pelo qual o calor se propagada chama para a mão, através da barra de ferro (RIO DE JANEIRO, 2008, p. 20).
Figura 1 - Formas de transferência de calor por condução
De acordo com as definições de condução, podemos entender que quando ocorre um curto circuito e o fogo corre pela fiação energizada, está acontecendo uma condução.
A transmissão por condução ou contato, é necessário que os copos estejam juntos. Ex.: se colocarmos a ponto de uma barra de ferro sobre o fogo, após algum tempo, podemos verificar que a outra ponta não exposta à ação do fogo estará aquecida. Nesse caso, o calor se transmitiu de molécula a molécula até atingir a outra extremidade da barra de ferro. Se colocarmos um fardo de algodão próximo a uma chapa de ferro e, na outra face da chapa, a chama de um maçarico, em breve notaremos que a parte do fardo de algodão encostada na chapa de ferro também estará aquecida. (CAMILLO JR., 2012, p. 29)
Dessa forma, podemos concluir que a condução sempre acontecerá quando os materiais estão encostados uns nos outros, ou seja, o calor passa de molécula a molécula sem carregar as moléculas; o que passa é o calor, que faz com que as moléculas vibrem também. A condução pode ocorrer em barracões em que a viga é de ferro e por algum motivo se incendeia, aos poucos passa para a viga toda e pode até ceder o teto do barracão.
Conforme o Código dos Bombeiros de SP – IT 02 (2015, p. 96), “a convecção acontece por meio de um fluido de líquido ou gás, entre 2 corpos submersos no fluido, ou entre um corpo e o fluido.”
A convecção é caracterizada pelo contato da massa de ar aquecida com o combustível que irá se incendiar, ou seja, o fogo começa em determinado material que gera massa de ar aquecida e que sobe carregando temperatura, até que essa massa de ar chegue a outros combustíveis, que aquecendo formem outro foco de fogo.
“Convecção é a transferência do calor de uma região para a outra, através do transporte de matéria (ar ou fumaça). O ar quente sempre subirá. É o processo pelo qual o calor se propaga nas galerias ou janelas dos edifícios em chamas” (RIO DE JANEIRO, 2008, p. 20).
A convecção acontece quando o calor é transmitido através de uma massa de ar aquecida, que se desloca do local em chamas, levando para outros locais quantidades de calor suficientes para que os materiais combustíveis aí existentes atinjam seu ponto de combustão, originando outro foco de fogo. Um exemplo de transmissão do calor por convecção é o ar quente projetado pelo secador de cabelo (CAMILLO JR., 2012, p. 30).
Um exemplo muito comum de propagação com convecção é quando ocorrem incêndios em edifícios (um apartamento ou um andar) e algum combustível se inflama e a massa de ar aquecida (fumaça) que os materiais que se incendiaram geraram carrega temperatura necessária para gerar outro foco de fogo.
Figura 2 - Forma de transferência de calor por convecção
Antigamente, como os elevadores e escadas não tinham isolamento, a propagação dos edifícios por convecção era maior, atualmente com os isolamentos está reduzindo a velocidade de propagação e isso é muito importante, pois assim os incêndios conseguem atingir uma menor área, possibilitando a sua extinção mais rápida. A única forma que ainda não se conseguiu reduzir a forma de propagação é pelas janelas, sendo essa uma das únicas formas de propagação por convecção em edifícios.
Toda abertura vertical (como os poços de elevador, dutos de ar-condicionado, lixeiras, poços de escada) funciona como verdadeira chaminé. As chamas, a fumaça (gases e vapores) e a fuligem sobem por convecção e levam o incêndio para o alto, internamente. O mesmo acontece com um incêndio localizado nos andares baixos (ou porão) de um prédio: os gases aquecidos sobem pelas aberturas verticais e, atingindo combustíveis dos locais eleva- dos do prédio, provocam outros focos de incêndio (CAMILLO JR., 2012, p. 31).
Você consegue visualizar, na figura a seguir (Figura 3), de qual forma a condução e convecção ocorrem nesse incêndio?
Figura 3 - Formas de transferência de calor por condução e convecção
Na Figura 3, pode-se perceber um incêndio em que é possível visualizar duas formas de propagação, a condução e a convecção. A condução é observada, principalmente, no corrimão da escada, tanto na madeira como nas barras de ferro, e a convecção acontecerá na massa de ar aquecida que irá carregar esse calor e gerar novos focos de fogo.
A irradiação, por sua vez, é um método diferente de propagação do calor, visto que não precisa de contato com a condução e também não possui a massa de ar aquecida da convecção. Na irradiação, é necessário haver ondas de caloríficas que quando incidirem em combustíveis de fácil combustão geram a faísca necessária para incendiar o combustível.
A irradiação acontece por meio de um gás ou do vácuo, na forma de energia irradiante. Já segundo a EPOQS (2008, p. 20) é a transferência do calor através de ondas eletromagnéticas, denominadas ondas caloríficas ou calor radiante. Neste processo não há necessidade de suporte material nem transporte de matéria. A irradiação passa por corpos transparentes como o vidro e fica bloqueada em corpos opacos como a parede. Ex.: O calor propagado de um prédio para o outro sem ligação física (CÓDIGO DOS BOMBEIROS DE SP – IT 02, 2015, p. 96).
Figura 4 - Forma de transferência de calor por irradiação
Os exemplos mais comuns de irradiação são os aquecedores elétricos, que ao ficarem muito próximos de combustíveis irradiam as ondas de calor, aquecendo até que esses combustíveis cheguem à temperatura de fulgor e se inicie uma combustão na presença de oxigênio.
Os exemplos típicos de transmissão de calor por irradiação é o calor solar ir- radiado para o nosso planeta, a transmissão do calor por meio de raios ou ondas e também o calor que sentimos no rosto quando nos aproximamos do fogo. Num grande incêndio de um prédio, por exemplo, vários outros prédios ao seu redor ficam queimados em virtude da irradiação do calor. São chamados incêndios secundários, em que, apesar de as chamas não aflora- rem, as consequências são semelhantes às dos incêndios primários. (CAMILLO JR., 2012, p. 32)
Outra forma de propagação por irradiação são os incêndios em florestas ou campos, em que a irradiação do sol na pastagem seca aquece, chegando até a temperatura de ignição, iniciando dessa forma o incêndio.
A Cartilha de Orientações Básicas do CBPMESP (2011, p. 16) diz: “a maioria dos incêndios começa com um pequeno foco, fácil de debelar. Conheça os métodos de extinção do fogo e as formas de evitar que um incêndio se transforme numa catástrofe em sua atividade econômica, trazendo danos e perdas irreparáveis”.
Caro(a) aluno(a), você já se envolveu em um princípio de incêndio no qual não sabia a forma mais adequada de proceder para a sua extinção?
Fonte: a autora.
Neste estudo, iremos iniciar explicando o tetraedro do fogo, que são os elementos necessários para que este se inicie; a partir desses conceitos, conseguiremos entender os métodos de extinção do fogo.
Partindo do princípio de que para haver fogo são necessários o combustível, o comburente e o calor, formando o triângulo do fogo ou, mais moderna- mente, o quadrado ou tetraedro do fogo, quando já se admite a ocorrência de uma reação em cadeia, para extinguirmos o fogo, basta retirar um desses componentes. (CAMILLO JR., 2012, p. 22)
Figura 5 - Tetraedros do Fogo / Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2011, p. 16, on-line)¹.
Como citado anteriormente, existem quatro elementos para que se tenha um incêndio e o objetivo dos métodos de extinção é que se ataque os elementos para que ela possa ocorrer. Para entendermos melhor como ocorre a extinção, vamos entender como os métodos funcionam para cada elemento: retirada do material (isolamento – retirada do combustível), abafamento (retirada do oxigênio ou comburente), resfriamento (retirada do calor) e a extinção química (retirada da reação em cadeia).
De acordo com Miranda Jr. et al. (2005), “o método que consiste na extinção por retirada do material ou isolamento possui duas técnicas: a retirada do material que está queimando e a retirada do material que está próximo ao fogo. Acabando o combustível, o incêndio se extingue mais rapidamente.”
Conforme a Cartilha de Orientações Básicas do CBPMESP (2011, p.17), “o isolamento trata-se de retirar do local o material (combustível) que está pegando fogo e, também, outros materiais que estejam próximos às chamas.”
Figura 6 - Incêndio no Parque Doñana na Espanha e Retirada do material combustível
Fonte: Green Me (2017, on-line)²; Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2011, p.17, on-line)¹
O acero mostrado na figura anterior é realizado quando se tem incêndios em grandes áreas e precisa-se confiná-los para tentar diminuir a velocidade de propagação. Na figura do tetraedro do fogo o combustível está cortado, ou seja, este método de extinção é para a retirada do combustível.
A atuação no combustível consiste na retirada do material ainda não atingi- do pelo fogo. Muitas vezes, no caso de incêndios de penetração, como em silos e em pilhas de materiais combustíveis sólidos, ou de incêndios em florestas, tanques de armazenamento de fluidos inflamáveis e outros, o único método de extinção disponível é a remoção do combustível não queimado da área do incêndio. (MATTOS; MÁSCULO, 2011, p. 161).
Em alguns casos, é necessária a retirada do material que possui a possibilidade de queimar, digamos que possuímos vários tanques de líquidos inflamáveis e um deles se incendiou, faz-se a retirada dos combustíveis dos tanques próximos para que diminua a quantidade de combustível a ser queimado, pois quando se termina o combustível disponível os incêndios se apagam, mesmo que para isso demore dias.
De acordo com Miranda Jr. et al. (2005), “o método que consiste na extinção por retirada do calor ou resfriamento se dá pela diminuição da temperatura e eliminação do calor, até que o combustível não gere mais gases ou vapores e se apague, ou que gere poucos gases que não sejam suficientes para manter a combustão.”
Conforme a Cartilha de Orientações Básicas do CBPMESP (2011, p. 17), “trata-se de diminuir a temperatura (calor) do material em chamas.” Segundo Camillo Jr. (2012, p. 23), “quando retiramos o calor do fogo, até que o combustível não gere mais gases nem vapores e se apague, dizemos que extinguimos o fogo pelo método de resfriamento.”
De acordo com Saliba (2010) e com Mattos e Másculo (2011), o método mais empregado no caso de incêndios em materiais combustíveis comuns, como papel, plástico, madeira, palha, é extinguir o fogo mediante a remoção do calor do combustível, diminuindo, assim, a taxa de evaporação, até o fogo cessar. O agente usado comumente para combater incêndios por resfriamento é a água.
Figura 7 - Utilização de água para o resfriamento e retirada do calor / Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2011, p.18, on-line)
No caso de materiais sólidos deve-se tomar muito cuidado, pois os sólidos queimam na superfície e na profundidade, nesses casos o incêndio pode ter sido extinto aparentemente, mas na profundidade pode estar com foco ainda. A Figura 7 mostra o tetraedro do fogo com o calor sendo retirado, pois quando jogamos água abaixamos a temperatura do combustível que está queimando, que fica inferior ao ponto de fulgor e assim se extingue.
De acordo com Miranda Jr. et al. (2005), o método que consiste na extinção por retirada do comburente ou abafamento ocorre na diminuição ou impedimento do contato de oxigênio com o combustível. Quando a quantidade de combustível estiver muito baixa, não ocorre a combustão.
Segundo Camillo Jr. (2012, p. 23) “consiste na retirada do comburente, evitando-se que o oxigênio contido no ar se misture com os gases gerados pelo combustível e forme uma mistura inflamável.”
Figura 8 - Abafadores e retirada do oxigênio / Fonte: Bombeiros DF (2014, on-line)³; Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2011, p.17, on-line)¹.
O abafamento é, entre os métodos de extinção, o mais difícil. Uma cobertura de gás carbônico, espuma, tetracloreto de carbono, ou outro líquido vaporizante, exatamente em cima da superfície do material inflamado, evitará que o oxigênio alcance o fogo, extinguindo-o. Não haverá reignição se a cobertura for mantida durante um período suficiente para que o material combustível se resfrie abaixo de sua temperatura de combustão. Portanto, esses agentes extintores são de valor limitado em incêndios de madeiras e outros materiais combustíveis comuns, porque a cobertura não costuma ser conservada por um período bastante longo. (MATTOS; MÁSCULO, 2011, p. 160)
De acordo com Saliba (2010), somente pequenos incêndios podem ser abafados com tampas de vasilhas, panos, cobertores, etc., enquanto que para outros de maiores proporções são necessários produtos específicos para se conseguir o abafamento.
Um dos exemplos comuns de abafamento é quando ocorre um incêndio em uma panela e a partir disso, para a extinção é necessário o abafamento com um pano úmido sobre a panela e o desligamento o fogo, esse é um tipo de abafamento para pequenos incêndios. Pode-se utilizar os extintores de pó químico seco e o gás carbônico, além das espumas quando forem incêndios maiores.
A extinção química ocorre quando, de acordo com Miranda Jr. et al. (2005), interrompemos a reação em cadeia. A quebra da reação em cadeia extingue, também, o incêndio. Este método consiste no seguinte: o combustível, sob ação do calor, gera gases ou vapores que, ao se combinarem com o comburente, formam uma mistura inflamável. Quando lançamos determinados agentes extintores ao fogo, suas moléculas se dissociam pela ação do calor e se combinam com a mistura inflamável (gás ou vapor mais comburente), formando outra mistura não inflamável.
A reação em cadeia torna a queima autossustentável. O calor irradiado das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante (CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2011, p. 18).
Tetaedro do Fogo
Figura 9 - Quebra da reação em cadeia
Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2011, p. 18, on-line)¹.
Segundo Camillo Jr. (2012, p. 24) “quando determinados agentes extintores são lançados ao fogo, suas moléculas se dissociam pela ação do calor e se combinam com a mistura inflamável, formando outra mistura não inflamável.”
De acordo com Saliba (2012) e Mattos e Másculo (2011), a teoria da extinção química atribui a eficiente extinção dos hidrocarbonetos halogenados e dos sais inorgânicos a uma reação química, já que interfere na cadeia de reações que se realiza durante a combustão.
A reação em cadeia acontece na maioria dos incêndios, tornando a queima autossustentável, e para a extinção desses incêndios seria o caso de aplicar a extinção química, mas há muitos anos esse tipo de método não está mais sendo utilizado, fazendo com seja necessária a aplicação dos três métodos anteriores de extinção para que a extinção da reação em cadeia ocorra, ou seja, é necessário que se faça o isolamento, o resfriamento e o abafamento.
Neste estudo, veremos que a classificação de risco das edificações pode ser dividida conforme Fernandes (2010), quanto ao tipo de construção, quanto ao material com que a edificação foi construída e quanto ao risco de incêndios das edificações, que pode ocorrer em áreas isoladas, compartimentadas ou incorporadas.
De acordo com Fernandes (2010), as edificações podem ser classificadas quanto à construção em combustíveis, incombustíveis e resistentes ao fogo.
Combustíveis
Conforme Fernandes (2010), são edificações construídas total ou parcialmente em madeira.
Figura 10 - Edificações em madeira
Incombustíveis
De acordo com Fernandes (2010), são edificações construídas totalmente em concreto.
Figura 11 - Edificações construídas em concreto
Segundo Fernandes (2010) são as edificações construídas com materiais que opõem resistência ao fogo, tais como ferro e alvenaria de tijolos.
Figura 12 - Edificações construídas em alvenaria
Figura 13 - Edificações classificadas em risco leve
Quanto ao Risco de Incêndio
Segundo Fernandes (2010), a classificação do tipo da gradação de risco de incêndios é dada dependo do material da construção e do tipo de material que será armazenado dentro da construção, com esses dados calcula-se a carga de incêndio. Para facilitar, o corpo de bombeiros de cada estado possui uma tabela na qual determina qual a graduação de risco daquela edificação. Elas são classificadas em risco leve, moderado e elevado.
Risco Leve (RL)
Conforme Fernandes (2010), são ocupações de potencial calorífico sutil. Ex.: Residências.
Risco Moderado (RM)
Segundo Fernandes (2010), são ocupações de potencial calorífico limitado. Ex.: Hotéis.
Figura 14 - Edificações classificadas em risco moderado
Figura 15 - Edificações classificadas em risco elevado
Risco Elevado (RE)
De acordo com Fernandes (2010), são ocupações de potencial calorífico intenso.
A classificação quanto ao risco pode ser obtida nos códigos dos bombeiros de cada estado. Utilizaremos o código dos bombeiros do estado do Paraná para exemplificar, no caso, essa tabela é similar à tabela do código dos bombeiros de São Paulo. Na tabela a seguir vamos entender que a descrição é o tipo de atividade à qual a edificação pertence e os exemplos são dessas descrições. Os Grupos são subdivididos de A até M, e esses grupos são novamente subdivididos. O objetivo da apresentação dessa tabela é que encontremos o tipo de edificação que se quer saber o grau de risco e verifiquemo-nos ao lado.
Tabela 1 - Atividade e grau de risco da edificação
Fonte: Código dos Bombeiros do Estado do Paraná – NPT 017 (p. 13, 2016).
A importância de saber o grau de risco da edificação é que a partir deste, dimensio- na-se a distância dos extintores, quantidade de membros da brigada de incêndio e assim por diante.
Para o dimensionamento da área de risco de uma edificação, considera-se como área de risco todo local coberto ou não, onde possa ocorrer incêndio, sendo que serão computadas como área de risco as áreas cobertas, ainda que edificadas em material incombustível ou resistente ao fogo, e as áreas descobertas são computadas como áreas de risco quando utilizadas como depósito de materiais combustíveis.
Fonte: Fernandes (2010, p. 16).
As áreas de risco das edificações podem ser classificadas em: isoladas, compartimentadas e incorporadas. Na determinação do tipo de área de risco, sempre utilizaremos o parâmetro de que as edificações estão no mesmo terreno, pois para terrenos diferentes deve-se atender à legislação municipal. Ressaltando que as áreas de risco correspondem a toda a área que possa se incendiar, sendo coberta ou não.
Área de Risco Isolada
Conforme Fernandes (2010, p. 17), “área de risco isolada é a separada de qualquer outra área de risco por espaços desocupados, com a distância igual ou superior” às calcula- das pelo corpo de bombeiros de cada estado. Fernandes (2010, p. 17) complementa com: “as construções em lotes de terrenos distintos, independentes estruturalmente e sem aberturas comuns, serão computadas como áreas de risco isoladas”, ou seja, significa que se existir uma edificação ou mais no mesmo terreno e uma delas se incendiar, as demais não correm risco de se incendiarem também.
A figura abaixo demostra a distância de isolamento, quando as edificações possuem risco isolado.
Figura 16 - Exemplo de área de risco isolado / Fonte: Fernandes (2010, p.17).
De acordo com Fernandes (2010, p. 17), a área de risco compartimentada é “aquela que possui compartimentação horizontal e/ou vertical por meio de elementos cons- truturais (paredes corta-fogo, portas corta-fogo etc.) os quais oferecem resistência à propagação do fogo a outras partes do risco ou a outros riscos.”
O material que está sendo utilizado atualmente para construir as paredes e muros corta fogo externamente é o bloco de concreto celular autoclavado, oferecendo re- sistência ao fogo; de acordo com os fabricantes do bloco, o tempo de confinamento do fogo dependerá da espessura do bloco. As figuras a seguir mostram exemplos da construção desses blocos. Existe uma solução interna que são os acartonados, que possuem resistência ao fogo. A resistência dos acartonados é muito menor do que a do concreto autoclavado, mas é melhor do que não colocar nenhum material re- sistente ao fogo.
Figura 17 - Exemplo de área de risco compartimentada com porta, parede ou muro corta-fogo / Fonte: Fernandes (2010, p.18).
Segundo Fernandes (2010, p. 17), a área de risco incorporada é“aquela que não possui isolamento, tornando possível a propagação do fogo a outras áreas de risco, ou seja, estão no mesmo terreno.” As áreas de risco incorporadas são áreas onde as distâncias entre as edificações são menores que as recomendadas pelo corpo de bombeiros e não existe nenhum retardante de propagação das chamas como porta, muro, ou parede.
Prezado(a) aluno(a), neste estudo iremos abordar a norma regulamentadora que contempla o assunto de proteção contra incêndios que é a NR 23, as normas regulamentadoras podem ser acessadas pelo site do Ministério do Trabalho, sendo que desta forma você as encontra atualizadas.
Em maio de 2011 a norma regulamentadora – NR 23 sofreu uma modificação que a alterou de forma substancial, trazendo em um de seus itens a obrigação de cada estado em constituir seu próprio código de bombeiros. Desta forma, alguns estados elaboraram seus códigos, subdivididos em assuntos (extintores, hidrantes, chuveiros automáticos, brigada de incêndios, plano de emergência, sinalização de emergência, entre outros assuntos). Nem todos os estados elaboraram um código completo; dessa forma, alguns deles elaboraram uma cartilha de informação abordando os assuntos de combate aos incêndios.
A norma regulamentadora – NR 23 não contempla mais assuntos como: quantos equipamentos de combate ao incêndio (tanto os fixos como os móveis) devem ser utilizados, ou as sinalizações de emergência (onde devem ser dispostos), chuveiros automáticos (quantos e como devem ser utilizados), planos de emergência (como devem ser elaborados), detectores de fumaça (quantos e como devem ser utilizados), alarmes contra incêndios (quantos e como devem ser utilizados); por isso, essas informações devem ser procuradas no código dos bombeiros de cada estado.
A norma regulamentadora – NR 23 indica alguns itens que o empregador deve estar ciente da existência e como deve proceder nos casos de incêndios. Essa norma é simples e de fácil entendimento, pois acaba por deixar a regulamentação, as distâncias e a forma de proceder em caso de emergência para o código dos bombeiros. De acordo com ela, “Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis” Brasil (BRASIL, 2017, p. 517). Neste item, quando a norma se refere à legis- lação estadual, significa que cada estado deve elaborar e fazer cumprir os códigos dos bombeiros. Além disso, ela menciona as normas técnicas aplicáveis, que são por exemplo as NBR (formas de procedimentos que devem ser seguidos para que a legislação seja satisfeita), algumas dessas normas abordam: a forma correta de recarga de extintores, teste hidrostático das mangueiras de hidrantes, pressão necessária que as mangueiras, dependendo do modelo, podem suportar, e formas corretas de armazenamento das mangueiras de hidrantes.
Acadêmico(a), vamos pensar: será que algum dia você já obstruiu um extintor ou hidrante nem que seja por poucos minutos? Já parou para pensar se sua vida dependesse daquele extintor ou hidrante que está obstruído por sua causa?
Fonte: a autora.
Agora no estudo iremos abordar o item 23.1.1 da NR 23 (BRASIL, 2017, p. 517): “o empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre:
a. utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b. procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c. dispositivos de alarme existentes.”
O entendimento desses itens é de suma importância, quando a norma se refere à utilização dos equipamentos de combate ao incêndio, está se referindo às informações relevantes sobre os extintores, hidrantes e chuveiros automáticos; podemos inferir que são todas as informações desde treinamentos utilizando estes equipamentos, localização, inspeções primárias, secundárias e terciarias nos casos de extintores e inspeções no geral nos casos de hidrantes e chuveiros.
A norma também aborda a parte de procedimentos para evacuação a dos locais com segurança. Nesse item, inferimos que devemos procurar no código informações sobre plano de emergência e brigadas de incêndios, dentre esses itens definições de rotas de fuga e pontos de encontro, assim como a definição dos profissionais que devem executar cada parte do plano de emergência em caso de incêndios. Deve-se consultar no código como dimensionar e treinar uma brigada de incêndio e, além disso, quais profissionais podem realizar esse treinamento.
Para finalizar esse item, a norma aborda os dispositivos de alarmes existentes, in- ferimos que deve-se verificar quais tipos e como os alarmes de incêndios devem ser colocados, pode-se incluir também não somente os alarmes de incêndio mas os detectores de fumaça, visto que a utilização deste equipamento identifica rapidamente um princípio de incêndio.
Na sequência, iremos abordar os itens que a NR 23 menciona sobre as saídas de emergência:
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em caso de emergência.
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a jornada de trabalho.
23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de travamento que permitam fácil abertura do interior do estabelecimento. (BRASIL, 2017, p. 517)
Nesses itens a norma discutirá sobre as saídas de emergência, que são um dos itens mais importantes nos planos de emergência de uma edificação, visto que se as saídas estiverem mal identificadas ou fechada a chave, nada adiantará que todos os outros itens estejam corretos, pois as pessoas não conseguirão sair em segurança do local sinistrado, entende-se que a porta precisa estar aberta, mas pode haver mecanismos para serem abertas apenas do lado de dentro da porta para trazer segurança aos trabalhadores. As saídas de emergência não devem diminuir a abertura em toda a extensão para dentro da edificação e não podem conter degraus nem nada que impeça a saída das pessoas do interior do recinto em caso de emergência.
Finalizando a NR 23, o item 23.3 (BRASIL, 2017, p. 517), aborda que “as aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.”
Este item remete à parte do Código dos bombeiros que irá explicar sobre as sinalizações de emergência e iluminações de emergência, dentre esses temas deve-se abordar os tipos de sinalização, tipos de placas, altura que devem ser colocadas, além da sua finalidade. Devemos lembrar que a sequência das placas tem por objetivo mostrar a rota de fuga das edificações, a identificação de hidrantes e extintores, além de iluminar a rota de fuga nos casos de falta de energia elétrica; seja por motivos de incêndios ou não, a iluminação possui poucos Lux, mas é suficiente para que as pessoas possam se deslocar com segurança até a saída.
A Norma Regulamentadora – NR 23 aborda apenas esses itens, mas como ela cita que devemos cumprir a legislação estadual, aborda todo o Código dos bombeiros; então, desta forma, todos os itens que forem importantes podem ser incorporados ao código e as edificações deverão segui-las.