resumos ms102a2s2018

resumos (da MS102A do segundo semestre de 2018)

Alexandre:


As diferenças de percepção na recepção de performance ao vivo e gravada.


Musica e linguagem

Musica e palavra tem relação registrada desde Platão e os epicuristas: o Papiro de Hibeh (séc. IV a.C.), de autoria anônima, e o De Música, de Filodemo de Gadara, filósofo epicurista (séc. I a.C.), no renascimento, com a retomada da obra de Quintiliano e Cícero e no iluminismo o debate sobre a musica como arte imitativa e sua derivação da linguagem ganha destaque (se é que alguma vez deixou de ter).

Com equipamentos de medição e técnicas de pesquisa mais desenvolvidos, o debate de outrora ganha fundamentação cientifica e podemos observar os acertos e equívocos de Bernstein (1973), no que diz respeito à música como linguagem, pelos esforços de Patel, jordain e outros.


A música pode afetar o ente humano através de sua estrutura e/ou evocando associações?

O mimetismo instrumental consegue imitar as paixões, ou pode suscita-las a sua maneira?

O cérebro, estruturalmente busca padrões em tudo, sendo assim, é natural que encaixemos a musica como uma forma de linguagem (elementos que interagem) mesmo não tendo mensagens definidas (peirce).

A dupla possibilidade de percepção da musica, movendo os afetos ou como estrutura em si (do belo musical), podem ser vistas como faces da mesma moeda, já que o cérebro vai interpretar a estrutura mesmo nos non musos (tagg) em nível inconsciente (damasio).



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Mateus Caixeta:


Caminhos para Entender a Apreciação da Música Eletrônica


A música eletrônica, assim como qualquer outra música, é composta por melodia, harmonia e ritmo. Este último componente da estrutural é criado a partir dos instrumentos de bateria: bumbo, caixa, chimbal e do instrumento baixo, que juntos formam sua base. A partir da modificação dessa base que nascem os variados estilos de música eletrônica, como, por exemplo, o house, que possui entre 120 e 130 e o trance que possui entre 140 e 150 batidas do bumbo por minuto.

         Os elementos rítmicos na música eletrônica são mantidos em uma repetição periódica constante durante seu tempo de execução, mas essa estrutura sofre algumas modificações entre as frases da música, no sentido de aumentar a tensão e ou expectativa do ouvinte para a próxima etapa da música.

         Com a ajuda de moduladores eletrônicos de som que fazem a mixagem da música, é possível intensificar ainda mais esses momentos de “expectativa” gerados pelos elementos rítmicos.

         Mas por quê manter o ritmo da música eletrônica constante e enaltecer as transições de frases dentro de sua estrutura musical? Por quê essa atenção maior com o ritmo na música eletrônica?

         Pareles (1998) em seu artigo publicado no jornal The New York Times fala do quão é primal o ritmo. Dentre os três elementos que formam a música, o ritmo é o mais visceral, o mais orgânico, nesse sentido, todos os seres humanos possuem essa característica primal de repetir uma sequência de sons organizados, que podem ser reproduzidos a partir de palmas, batidas com a mão em diversas superfícies, sons com a boca, etc.

         Essa característica orgânica que os seres humanos possuem de criar um ritmo através de sons, vem de uma forma de comunicação primal em uma época que não se tinha a comunicação por linguagem falada. Pois, a linguagem falada foi criada e desenvolvida ao longo dos tempos através de um extenso contato intersubjetivo dos seres humanos, já a reprodução de sons em ritmos para expressarem suas emoções, caracteriza-se uma ação intrínseca e instintiva dos mesmos (PANKSEPP; BERNATZKY, 2002). Nesse sentido, a criação e/ou apreciação de ritmos para o seres humanos, naturalmente causam-lhes prazer e bem-estar.

         Uma das influências sobre a organização da música em uma estrutura rítmica repetitiva e pela inserção de uma batida marcando o seu pulso, vêm do movimento do Minimalismo, ocorrido entre o final da década de 60 e início da década de 70 (NEILL, 2002). 


REFERÊNCIAS

 

NEILL, Ben. Pleasure Beats: Rhythm and the Aesthetics of Current Electronic Music. Leonardo Musical Journal. New York, vol. 12, p. 3-6, 2002.

 

PANKSEPP, Jaak; BERNATZKY, Günther. Emotional sounds and the brain: the neuro-affective foundations of musical appreciation. Behavioural Processes. Bowling Green, vol. 60, p. 133-155, 2002.

 

PARELES, Jon. POP/JAZZ; The Rhythm Century: The Unstoppable Beat. 1998. Disponível em: <https://www.nytimes.com/1998/05/03/arts/pop-jazz-the-rhythm-century-the-unstoppable-beat.html>. Acesso em: 26 set. 2018.



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Mateus Hayasaka: 


O ser humano é o único animal com uma intencionalidade em seu fazer que é chamada de produção cultural ( DEFINIR CULTURA SEGUNDO COLI) . Até a segunda metade do século XIX, devido a movimentos de expansão marítima tanto por razões territoriais quanto políticas, a cultura mais perpetuada e valorizada foi a européia, gerando o conhecido eurocentrismo.


No entanto, com o advento das pesquisas em areas como a Antropologia (e em nosso caso a Etnomusicologia), foi-se aos poucos descentralizando o domínio cultural da Europa e abrindo olhares para o Outro, fazendo com que passemos a notar o valor de algo que foge totalmente de nossa tradição que é resultado natural de nossos hábitos e costumes.


As exposições universais de Paris que ocorreram em 1889 e 1900 possibilitaram o contato direto com diversos paises da Asia, que devido as suas diferenças culturais, fascinaram o homem europeu. 



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Marcos


Como a assimilação de uma expressão musical como as baixarias no violão foi feita mesma sem suportes específicos como partitura ou gravação?


Partindo do princípio defendido pelo pesquisador David Hiron, de que a música pode e deve ser olhada por diversos ângulos e campos de pesquisa, estabeleceremos alguns campos de atuação em nosso artigo que deverão ser examinados e aprofundados para o entendimento do tema proposto.


São eles:


1)      Campo Social - Análise da organização social do período estabelecido e as implicações no campo da música produzida. Instrumentação, formação musical e repertório, eventos e espaços musicais (correlacionados aos vários tipos de ouvintes), influências musicais feito por músicos que circulavam em diversos meios e relação de trabalho do músico profissional. Como primeiro exemplo, podemos citar Manuel José Gomes, pai de Carlos Gomes, que foi mestre de capela, compositor de Missas, e dono de banda marcial (que viajava pelo interior de São Paulo), que participava do carnaval.


 


2)      Campo Geográfico - Imigração de pessoas de fora do Brasil e de brasileiros que viviam em outros estados. O fluxo migratório afetou a construção de uma sonoridade tipicamente brasileira? Ou somente o repertório e as instrumentações agiram de uma maneira mais sólida na construção dessa sonoridade? A localização geográfica do Rio de Janeiro e seu clima possibilitam uma investigação na formação dessa sonoridade?


 


3)      Campo Cognitivo – Entender como a dicotomia entre a transmissão oral e escrita não pode ser sustentada, visto que a linguagem musical popular transmitida de forma oral no mundo dos músicos populares profissionais e dos músicos amadores se apropriou dos contrapontos escritos das bandas de sopro (marciais) e dos teatros de revista.



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Rafael


Conduzindo a reflexão sobre APM (Ansiedade da Performance Musical) para um caráter de comparação entre os meios tradicionalmente reconhecidos como erudito e popular, pretende-se expor um estudo inicial sobre a compreensão de como ambos podem ser complementares no que se refere às abordagens adotadas por músicos das duas especializações.