Este Capítulo apresenta os temas: “Perspectivas Iniciais sobre Administração”; “Abordagem Clássica e Abordagem Científica”; “Abordagem Humanística e Abordagem Estruturalista” e por fim, “Abordagem Comportamental e Abordagem Contingencial”. Os assuntos dispostos neste capítulo possuem por objetivo fazer com que o leitor consiga compreender melhor sobre este tema e todas suas ramificações existentes.
Para Chiavenato (2016) a Administração é considerada uma ciência nova. Talvez, a mais nova de todas as ciências humanas, e ainda, com aproximadamente 100 anos já mostrou com soberania porque surgiu e qual seu objetivo, pois passou rapidamente a ocupar um lugar de destaque especial no panorama das ciências do conhecimento. A Administração é considerada atualmente a ciência que permite que todas as demais ciências consigam transformar suas descobertas, suas invenções e inovações em produtos e serviços disponíveis para a sociedade.
A Administração foi responsável direta e indiretamente pelo grandioso aumento da riqueza ocorrido no decorrer do século passado e pela fantástica melhoria de vida dos povos, mais especificamente, dos países mais avançados. Vislumbra-se atualmente que a medicina, a engenharia, a tecnologia em geral e fundamentalmente a tecnologia da informação e comunicação, bem como, tantas outras ciências do conhecimento necessitam da Administração para que seus resultados sejam transladados a fim de serem devidamente projetados, desenvolvidos, produzidos, comercializados e entregues como produtos ou serviços através das empresas.
Todo e qualquer tipo de empresa, organização requer a Administração para obter sucesso. Tudo é criado, produzido e entregue por empresas. Desta forma, todas elas necessitam ser administradas e gerenciadas para conseguirem alcançar sustentabilidade e uma forte competitividade (CHIAVENATO, 2016).
Destaca Fayol (1971) apud Chiavenato (2016) que, o ato de administrar pode ser conceituado como: prever; organizar; comandar; coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da Administração, isto é, as funções do administrador. Sob a ótica deste mesmo autor pode-se concluir que:
Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa;
Comandar: dirigir e orientar o pessoal;
Coordenar: ligar, unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
Controlar: certificar-se de que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens determinadas.
Esses são os elementos da Administração que constituem o denominado processo administrativo localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Desta forma, tanto o diretor, o gerente, o chefe, quanto o supervisor (cada qual em seu nível respectivo) desempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle como atividades administrativas essenciais.
As origens da Abordagem Clássica da Administração, mediante a percepção de Chiavenato (2014), remontam às consequências geradas pela Revolução Industrial e podem ser resumidas em dois fatos genéricos, a saber:
O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que ocasionou uma gradativa complexão em sua administração, fato que exigiu uma abordagem científica mais apurada que substituísse o empirismo e a improvisação até então dominantes. Também o aumento do tamanho das empresas levou a substituição das teorias de caráter totalizante e global por teorias micro industriais de alcance médio e parcial. Isto porque com o surgimento de grandes empresas, com dimensões mais amplas surgiram condições iniciais e ideais de planejamento da produção, reduzindo-se assim, o improviso;
A necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações, isto no sentido de se obter o melhor rendimento possível dos recursos e fazer frente à concorrência e à competição que cresciam cada vez mais entre as empresas. Com a substituição do capitalismo liberal pelos monopólios, instalou-se nos Estados Unidos, entre 1880 e 1890, a produção em massa, aumentando-se assim, o número de assalariados nas indústrias, tornando-se claro e necessário evitar ao máximo o desperdício e principalmente, economizar a mão de obra. Surgiu então a divisão de trabalho entre aqueles que pensam (gerentes) e os que executam (trabalhadores). Os primeiros fixam padrões de produção, descrevem os cargos, determinam funções, estudam métodos de Administração e determinam as normas de trabalho, criando dessa forma, as condições econômicas e técnicas para o surgimento do Taylorismo e do Fordismo nos Estados Unidos e do Fayolismo da Europa.
Figura 3: Abordagem Clássica da Administração
Chiavenato (2016) aponta que a abordagem básica da Escola da Administração Científica se baseia na ênfase aplicada nas tarefas. O nome “Administração Científica” é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração, a fim de aumentar a eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração.
A Escola de Administração Científica foi iniciada no começo do século passado pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna Teoria Geral da Administração (TGA). Taylor teve inúmeros seguidores (como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth e outros) e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. A preocupação original foi eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial (CHIAVENATO, 2016).
No que diz respeito aos Princípios gerais de Administração sob a ótica de Fayol, destaca-se que, como toda ciência, a Administração deve se basear em leis ou princípios. Fayol definiu os "princípios gerais" de Administração, sistematizando-os sem muita originalidade, porquanto os coletou de diversos autores da sua época. Fayol adotou a denominação princípio, afastando dela qualquer ideia de rigidez, pois nada existe de rígido ou absoluto em matéria administrativa. Tudo em Administração é questão de medida, ponderação e bom senso. Os princípios são universais e maleáveis e adaptam-se a qualquer tempo, lugar ou circunstância.
Chiavenato (2016, p.16) salienta os 14 Princípios Gerais da Administração, na perspectiva de Fayol:
Divisão do Trabalho: consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência;
Autoridade e Responsabilidade: salienta-se que a autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si;
Disciplina: esta é dependente de obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;
Unidade de Comando: neste quesito cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o princípio da autoridade única;
Unidade de Direção: um raciocínio e um plano para cada conjunto de atividades que possuam o mesmo objetivo;
Subordinação dos Interesses Individuais Aos Gerais: Nesse caso os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas;
Remuneração do Pessoal: sempre deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição;
Centralização: este item refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização;
Cadeia Escalar: esta é composta pela linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando;
Ordem: pode ser definida como “um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar”. É a ordem material e humana;
Equidade: é concebida pela amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal;
Estabilidade do Pessoal: sabe-se que a rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Assim, quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, melhor para a empresa;
Iniciativa: é a capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente e solidamente o seu sucesso;
Espírito de Equipe: ressalta-se que a harmonia e a união entre as pessoas são grandes forças para a organização (CHIAVENATO, 2016, p.12).
A abordagem humanística ocorreu com o surgimento da Teoria das Relações Humanas, nos Estados Unidos, a partir da década de 1930. Esta teoria surgiu graças ao desenvolvimento das ciências sociais, notadamente a Psicologia e, em particular, a “Psicologia do Trabalho”, que passou por duas etapas em seu desenvolvimento. Chiavenato, (2014, p. 99) destaca estas duas etapas:
A análise do Trabalho e a Adaptação do Trabalhador ao Trabalho: nesta primeira etapa predomina o aspecto meramente produtivo. O objetivo da Psicologia do Trabalho ou Psicologia Industrial é a análise das características humanas que cada tarefa exige do seu executante e seleção científica dos empregados com base nessas características por meio de testes psicológicos. Os temas predominantes são a seleção de pessoal, a orientação profissional, o treinamento e os métodos de aprendizagem, a fisiologia do trabalho e o estudo dos acidentes e da fadiga.
A Adaptação do Trabalho ao Trabalhador: nesta segunda etapa a Psicologia do Trabalho ou Psicologia Industrial está voltada para os aspectos individuais e sociais do trabalho, especialmente quando estes predominam sobre os aspectos produtivos. Pelo menos em teoria. Os temas predominantes são o estudo da personalidade do trabalhador e do gerente; a motivação e os incentivos do trabalho; a liderança; as comunicações e; as relações interpessoais e sociais da organização.
A Psicologia Industrial contribuiu para demonstrar a parcialidade dos princípios de Administração adotados pela Teoria Clássica. Além do mais, as modificações ocorridas no panorama social, econômico, político e tecnológico vieram trazer novas variáveis para o estudo da Administração.
Com a grande depressão econômica que atormentou o mundo todo por volta de 1929, a busca da eficiência nas organizações passou a ser intensificada. Essa crise mundial provocou indiretamente uma recriação e uma reelaboração de conceitos e uma reavaliação dos princípios clássicos da Administração até então aceitos, apesar de seu caráter dogmático e prescritivo (CHIAVENATO, 2016).
A abordagem humanística da Administração começou no segundo período de Taylor, mas apenas a partir de 1930 é que recebeu enorme aceitação nos Estados Unidos, isto por conta de suas características democráticas. Sua divulgação fora dos Estados Unidos somente ocorreu bem depois do final da Segunda Guerra Mundial. (CHIAVENATO, 2016).
Ainda, segundo Chiavenato (2016), o primeiro teórico das organizações foi incontestavelmente Max Weber. Weber estudou as organizações sob um ponto de vista da abordagem estruturalista, preocupando-se com sua racionalidade, isto é, com a relação entre os meios e recursos utilizados e os objetivos a serem alcançados pelas organizações burocráticas. A organização por excelência, para Weber, é composta por burocracias.
Com o aparecimento, crescimento e proliferação das burocracias, a teoria administrativa, que até então era introspectiva e voltada apenas para os fenômenos internos das organizações, ganhou uma nova dimensão por meio da abordagem estruturalista, ou seja, além do enfoque intraorganizacional, surgiu o enfoque interorganizacional. A visão estreita e limitada aos aspectos internos da organização passou a ser ampliada e substituída por uma visão mais ampla, envolvendo a organização e suas relações com outras organizações dentro de uma sociedade maior.
A partir desse momento, a abordagem estruturalista se impõe definitivamente sobre uma abordagem clássica e a abordagem das relações humanas. Embora predominante a ênfase na estrutura, a visão teórica ganha novas dimensões e novas variáveis. (CHIAVENATO, 2016).
De acordo com Weber (1947) apud Chiavenato (2016) no conceito popular uma empresa burocrática é compreendida como uma organização onde o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo soluções rápidas ou eficientes. O termo também é empregado com o sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e aos defeitos dos sistemas (disfunções) e não ao sistema em si mesmo.
O conceito de burocracia para Max Weber é exatamente o contrário. Para ele, a burocracia é uma organização eficiente por excelência. Para conseguir tal eficiência, a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser realizadas.
Segundo Max Weber apud Chiavenato (2016), a burocracia possui algumas características que se destacam, tais como:
Caráter legal das normas e regulamentos;
Caráter formal das comunicações;
Caráter racional e divisão do trabalho;
Impessoalidade nas relações;
Hierarquia de autoridade;
Rotinas e procedimentos padronizados;
Competência técnica e meritocracia;
Especialização da administração;
Profissionalização dos participantes;
Completa previsibilidade do funcionamento.
Chiavenato (2016) salienta que a oposição entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou um impasse na Administração, na qual a Teoria da Burocracia não teve condições de ultrapassar. A Teoria Estruturalista significa um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas, ou seja, representa uma visão crítica da organização formal.
O estruturalismo está voltado para o todo e para o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são as características básicas do estruturalismo. (CHIAVENATO, 2016).
A abordagem comportamental, também chamada behaviorista (em função do behaviorismo na psicologia) determina a mais forte influência das ciências do comportamento na teoria administrativa e a busca de novas soluções democráticas, humanas e flexíveis para os problemas organizacionais. Enquanto o estruturalismo foi influenciado pela sociologia, mais especificamente pela sociologia organizacional, a abordagem comportamental recebeu forte influência das ciências comportamentais, e, mais especificamente da psicologia social. As ciências comportamentais trouxeram à teoria administrativa uma variedade de conclusões a respeito da natureza e características do ser humano (CHIAVENATO, 2016).
Destacam-se alguns aspectos, segundo Chiavenato (2014) da abordagem comportamental, aos quais seguem;
O homem é um animal social dotado de necessidades. Entre as necessidades humanas sobressaem às necessidades gregárias, isto é, o homem desenvolve relacionamentos cooperativos e interdependentes que levam a viver em grupos ou em organizações sociais e conviver com outras pessoas;
O homem é um animal dotado de um sistema psíquico. O ser humano tem capacidade de organizar suas percepções em um todo cognitivo integrado. O seu sistema psíquico permite uma organização perceptiva e cognitiva particular no seu conteúdo, mas comum a todas as pessoas quanto à sua estrutura;
O homem tem capacidade de articular a linguagem com o raciocínio abstrato, ou seja, o homem tem capacidade de abstração da realidade e de comunicação com as outras pessoas;
O comportamento humano é orientado para objetivos. Os objetivos individuais são complexos e mutáveis. Daí a importância dos objetivos humanos básicos a fim de compreender claramente o comportamento das pessoas.
Com a abordagem comportamental, onde predomina a ênfase nas pessoas, é concebida a Teoria das Relações Humanas, tudo dentro de um contexto organizacional que lhe serve de meio ambiente mais próximo.
A Teoria Comportamental da Administração teve seu inicio com Herbert Alexander Simon; Chester Barnard; Douglas McGregor; Renis Likert e; Chris Argyris, que são autores importantíssimos e fundamentais desta teoria. Dentro do campo da motivação humana salientam-se Abraham Maslow; Frederick Herzberg e; David McClelland. (CHIAVENATO, 2016).
Já a abordagem contingencial salienta que não se alcança a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma única e melhor para organizar no sentido de se alcançar os objetivos variados das organizações dentro de um ambiente variado (CHIAVENATO, 2016).
A visão contingencial da organização e da administração sugere e aponta que a organização é um sistema composto de subsistemas e definido por limites que o identificam em relação ao supras sistema ambiental. A visão contingencial procura analisar as relações dentro e entre os subsistemas, bem como entre a organização e seu ambiente, além de definir padrões de relações ou configuração de variáveis. A visão contingencial está dirigida acima de tudo para desenhos organizacionais e sistemas gerenciais adequados para cada situação específica (KAST e ROSENZWEIG, 1972 apud CHIAVENATO, 2016).
A partir da Teoria da Contingência, a variável tecnologia passou a assumir um importante papel na teoria administrativa. Alguns autores chegam a falar em imperativo tecnológico sobre a estrutura organizacional. A Teoria da Contingência também parte para novos modelos organizacionais mais flexíveis e orgânicos, como por exemplo, a estrutura matricial, a estrutura em redes e a estrutura em equipes.
Também a Teoria da Contingência enfatiza o modelo do homem complexo e as abordagens contingenciais sobre motivação e liderança. Em uma apreciação crítica, verifica-se que a Teoria da Contingência é eclética e interativa, mas ao mesmo tempo relativista e situacional. Em alguns aspectos, parece que a Teoria da Contingência é muito mais uma maneira relativa de encarar o mundo do que propriamente uma teoria administrativa. (CHIAVENATO, 2016).
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