O correio nos postos fiscais, por Luís Infante|

Nos velhos tempos da Guarda Fiscal ( anos 70 ) face às escassas verbas que eram atribuídas para expediente ( consumos de secretaria ), muitos comandantes de Posto quando recebiam o correio da Secção abriam os envelopes com cuidado, viravam-nos religiosamente descolando as suas partes ao vapor de água quente para depois, com novo endereço, serem reenviados para o Comando da Secção com correio evitando assim o consumo de envelopes novos. Para os colar usavam a seiva das cerejeiras e de outras árvores diluida em água outras vezes farinha de centeio e lá conseguiam deste modo ultrapassar dificuldades graças a tanta imaginação...

Na maioria dos Postos não havia o luxo de ter " em carga " uma máquina de escrever daí que todo o expediente a enviar era escriturado à mão com uma caneta de pau feita artesanalmente com um aparo atado na sua ponta. Recordo um comandante de Posto cuja letra era um autêntico rendilhado, verdadeira escrita de arte. A " Nota Diária " ( quem não se lembra ? ) tinha que ser enviada obrigatóriamente todos os dias e na maioria das vezes com a verba : Negativa. Mesmo assim lá ia o sacrificado do guardinha levar " a dita cuja " ao posto de Correios mais perto mas convenhamos que alguns deles a 4 ou 5 km de distância, caso dos Alares - Secção da Zebreira - e Fraldona- Secção de Castelo Branco.

Luis Infante