estafoidemorte

Esta foi de morte

Com leucemia - Professora obrigada a dar aulas

Uma docente da Escola EB 2/3 de Cacia, em Aveiro, que se encontrava de baixa há cerca de dois anos, após lhe ter sido diagnosticada uma leucemia, foi obrigada pela Caixa Geral de Aposentações a regressar ao serviço para cumprir um período mínimo de 31 dias de trabalho.

Manuela Estanqueiro, de 63 anos, tinha pedido para ser aposentada por incapacidade, mas, após uma junta médica realizada em Novembro, não só viu a pretensão recusada como teve a baixa médica suspensa e ordem para voltar ao serviço, sob pena de perder o vencimento.

“Sinto-me muito injustiçada. Sei que há quem faça de conta que está doente, mas esse não é, infelizmente, o meu caso”, salientou a professora ao CM.

ATESTADO ATÉ NOVA JUNTA

O período mínimo exigido terminou anteontem e Manuela Estanqueiro está actualmente de atestado médico, até poder ir a nova junta médica. “Estes 31 dias foram de extrema agonia e cheguei a desmaiar em plena sala de aula, para além de ter de descansar nos intervalos. Só consegui ultrapassar este sofrimento porque tive sempre o apoio dos colegas, da escola e da Direcção Regional de Educação do Centro.”

A decisão da Caixa Geral de Aposentações deixou a docente de educação tecnológica “abalada psicologicamente”. “Depois de meses de quimioterapia, era o pior que me podia acontecer”, diz.

Manuela Estanqueiro diz que não a preocupa o facto de lhe recusarem a aposentação – da qual já apresentou recurso – só não entende como a podem considerar capaz para o serviço, quando tem uma doença grave diagnostica. Por causa de tudo isto, viu a baixa revogada, quando “a tinha até Outubro de 2008”.

O natural desfecho da história, que permitirá ao ME apresentar uma boa performance na sua forma de gerir os recursos humanos.

Essa professora, a minha colega Manuela Estanqueiro, foi hoje a enterrar às 15.30h no Cemitério de Cacia, em Aveiro.

Estou REVOLTADO. Nem sabem o que me apetece fazer.

Agora percebo porquê que às vezes lemos nos jornais casos de ajustes de contas a tiro.

Por muito menos o fazem, por muito menos.

Desculpem a crueldade mas, dizer menos que isto, era lutar contra um sentimento de justiça que me atormenta e é bem mais forte.

Estou ENOJADO.

ENOJADO!!!!!!!!!!!!!

Francisco (4 de Junho de 2007)

Eu até adivinho a reacção ministerial se, porventura, alguém a inquirisse sobre este tipo de situação. Fases da resposta:

Não conheço em concreto essa situação.

Como Ministra não me devo intrometer nas decisões funcionamento das Juntas Médicas.

O episódio é dramático do ponto de vista individual mas não é representativo do universo dos docentes, que não sofrem globalmente de leucemia e não morrem todos os dias (suspiro semiaudível)

E o que revolta mais é que este tipo de argumentação é aceite como válido pela opinião publicada mais douta deste país, para quem tudo isto não passa de um pormenor, um rodapé anedótico, tudo alegadamente em função de um bem maior.

Mas quando as pessoas, em concreto, deixam de ser o bem maior de uma sociedade, quer-me parecer que entramos numa esfera de pensamento proto-totalitária em que a vida individual é sacrificável em nome de razões de Estado. Ora quer-me também parecer que essa linha de pensamento é extremamente perigosa. A variadíssimos níveis.

12 de Junho de 2007 - Rita

É sem palavras que me encontro e com o desejo que todos os responsáveis pelo acto DESUMANO ardam no inferno!! Cada vez mais o nosso pais é um país de cauda da Europa, somos as hemorróidas e entende-se porquê, estranho seria não ser. Tenho vergonha em ser Portuguesa. Este caso é realmente revoltante e a justiça pelas próprias mãos é o que apetece fazer, só que não vale a pena pois é em vida e no tempo que a justiça se fará!

11de Junho de 2007 - Rosário Nunes

Eu até acho que a poderosa ministra nos quer ver a todos bater a bota! Ainda não perceberam? Os miúdos passam porque sim e se nos der na veneta provar que não merecem passar, ainda arranjam maneira de provar que não demos as aulas como deviamos e que não conseguimos compreender os miúdos. Nós já somos descartáveis! Já podem dar erros e tudo, não precisam de saber falar inglês!... só precisam de mexer nas teclas e isso eles já sabem. Nã fax mal xe nã xouberem leri xkrever... A nossa colega é mais uma vitória para a besta de ferro e trampa que nos governa: "Boa, menos uma!" , terá pensado a grandessíssima. Só desejo que a pobre colega se divirta agora a assombrar-lhe as noites. Força Manuela! (Bom, será que vou ser o próximo caso DREN?)

2007/JUN/13 (Copiado do SPGL)

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