Resumo
Staphylococcus aureus é responsável por um amplo espectro de doenças cutâneas e cutâneo-mucosas no homem e em outros animais. A medicina humana tem
falhado geralmente no tratamento de infecções em longo prazo causadas por S. aureus, e devido à sua grande versatilidade no desenvolvimento de resistência a
vários agentes antimicrobianos faz-se necessário pesquisar novas metodologias de tratamento, como o uso de produtos naturais. Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.
(Jurema-preta) é uma espécie de planta popularmente utilizada por tribos indígenas e para fins terapêuticos no Brasil e outros países. Objetivando determinar a atividade antimicrobiana in vitro do extrato de M. tenuiflora (Willd.) Poir. sobre amostras de S. aureus multirresistentes de origem hospitalar foi realizada a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) do extrato sobre 32 linhagens bacterianas, em difusão em meio sólido, e a cinética bacteriana de amostras representativas frente ao mesmo extrato. Os resultados demonstraram que todas as amostras hospitalares são sensíveis ao extrato até a diluição 1:8 apresentando halos de inibição de 11 a 24 mm e que a inibição do crescimento apresentou-se homogênea, de acordo com o grau de concentração do extrato da planta. O efeito bactericida foi demonstrado nas duas primeiras horas de contato sobre as amostras ensaiadas. A curva bactericida para as amostras ATCC 25923, 02H e 186C frente ao extrato a 10% demonstrou no tempo zero 2,18x10^6, 3,98x10^6 e 2,07x10^6 UFC/mL respectivamente, reduzindo drasticamente estes valores a zero em um período de 2 horas. O efeito bacteriostático foi demonstrado na curva de crescimento para as amostras ATCC 25923 e 186C frente à CIM correspondente a 0,62%, apresentou valores entre 4,2 e 9,5x10^5, e entre 0,6 e 9,3x10^5 respectivamente, durante as 24 horas de exposição ao extrato. Em relação à curva de crescimento para a amostra 02H frente à CIM correspondente a 0,31%, apresentou valores entre 1,28 e 3,15x10^6 durante as 24 horas de exposição ao extrato. Os resultados obtidos neste estudo confirmam a eficácia do extrato testado e indicam a importância clínica de se avaliar meios alternativos e economicamente viáveis para o controle de infecções na medicina clínica. Neste contexto, pode-se concluir que o extrato hidroalcoólico de M. tenuiflora (Willd.) Poir. apresenta potencial atividade antibacteriana in vitro sobre linhagens de S. aureus resistentes ou sensíveis à meticilina e suportam indícios para a possível utilização dessas substâncias em indicações terapêuticas, complementados a partir de ensaios clínicos e toxicológicos.
Palavras-chave: Staphylococcus aureus. Mimosa tenuiflora. Jurema-preta.