A Flauta no Jazz Por Josué dos Santos

Por Josué dos Santos

Em 1927, enquanto Philippe Gaubert era o responsável pela formação dos alunos de flauta no Conservatório Nacional de Paris, nos Estados Unidos registrava-se a primeira gravação de Flauta neste gênero que ainda vivia a sua infância; o Jazz. O responsável por esse feito era o também clarinetista, cubano, residente em Nova Iorque, Alberto Socarras, que fazia parte da banda do pianista Clarence Williams e que registrou o solo na música 'Shootin' The Pistol’. Wayman Carver anos depois fez um uso mais extensivo no instrumento, desenvolvendo uma linguagem muito original durante o período conhecido como Era do Swng (1933-1947). São dele as gravações mais expressivas desta época. Embora desde os primórdios do jazz a flauta já estivesse presente nos grupos de Ragtime, foi só na década de 1950 que seu uso tomou novas proporções, principalmente pelas possibilidades de amplificação, antes escassas, e que inviabilizavam a projeção do instrumento dentro de formações com instrumentações pesadas com trompetes, trombones e bateria. Neste período a utilização da flauta também passou a ser presente nas orquestrações das big bands, ajudando os arranjadores a expandir as possibilidades sonoras.

Os nomes mais expressivos deste período são: Jerome Richardson que também era um importante líder de naipe de saxofones; Frank Wess com toda a sua sutileza nos solos clássicos com a banda de Count Basie; Sam Most, a quem é atribuída a faceta de ser um dos primeiros jazzistas a emitir sons vocais ao tocar a flauta; o universo musical multi-cultural de Herbie Mann; a agilidade do Belga radicado em Nova Iorque Bobby Jaspar; Bud Shank e seu som cool jazz, muito associado com músicos da bossa nova; o som meditativo e new age de Paul Horn e Buddy Collete que em suas gravações utilizou toda a família das flautas.

À partir dos anos 60 o jazz viveu a efervescência de novas buscas estéticas e sonoras e a flauta participou ativamente desse período com as improvisações impressionistas de Eric Dolphy, o sopro de inspiração oriental de Yusef Lateef, Rahsaan Roland Kirk com seus gritos e falas perfazendo a sonoridade do instrumento e a inventividade de James Moody, Charles Lloyd, Leo Wright, Lew Tabackin e Joe Farrell. Todos os nomes citados até aqui são de músicos chamados “doublers”, ou seja, tocavam também no universo da improvisação nos demais gêneros brasileiros podemos citar os músicos Eduardo Neves, Vinicius Dorin, Teco Cardoso, Léa Freire, Carlos Malta, Mauro Senise, o mago dos sons universais Hermeto Pascoal e uma longa lista de novos talentos muito influenciados por essa escola. Uma escuta mais criteriosa nessa pequena linha do tempo deixará claro a mútua influência entre o clássico, o contemporâneo e o jazz e poderá ajudar a ampliar o leque de possibilidades de expressão nesse instrumento que tanto nos encanta.

O mais expressivo desse período é Hubert Laws, que inclusive registrou versões jazzísticas de Bach, Mozart e Stravinsky e realizou apresentações ao lado de Jean-Pierre Rampal. James Newton foi outro instrumentista muito relevante, responsável por levar a flauta para o contexto livre do Free Jazz, enquanto Robert Dick fez uso de técnicas expandidas e alterações no instrumento para expressar seu universo musical que transitava entre a música contemporânea e a improvisação livre. Jim Walker que por muitos anos foi primeira flauta da Filarmônica de Los Angeles também fez explorações jazzísticas com o seu grupo “Free Flight”, além de outras formações. Apesar do jazz ser um ambiente musical que sempre privilegiou o universo masculino, muitas mulheres conseguiram romper essa barreira e apresentar trabalhos muito relevantes e muitas vezes ligados a uma estética de vanguarda. São elas: Bobbi Humphrey, Ali Ryerson, Holly Hofmann, Andrea Brachfeld, Jane Bunnett, Jamie Baum, Nicole Mitchell e Elena Pinderhughes.

O jazz, além da sua fronteira de gênero, pode ser visto também como um jeito de se fazer música, muito calcado na livre expressão e espontaneidade e na busca por uma identidade própria de cada músico. O padrão não existe, mas sim a busca pela originalidade. Em várias partes do globo podemos conferir a genialidade de grandes artistas que encontram na flauta uma maneira de expressar sua cultura dessa maneira. No Brasil, temos uma importantíssima escola de flauta que começou a se desenvolver já na segunda metade do século 19, dentro do universo do Choro, e que gerou músicos e compositores que contribuíram muito para um desenvolvimento da linguagem do instrumento e da própria música brasileira, mas esse é assunto para outro artigo devido sua profundidade e especificidades.

Segue seleção de algumas gravações de alguns dos Mestres dos Jazz citados:

Hubert Laws Quintet - Land of Passion

George Freire Produções Artísticas - Diamond - Solo trumpete e flautista Jazz Josué Santos

Autor: Josué dos Santos

O saxofonista e flautista Josué dos Santos é atuante na cena instrumental paulistana e integra alguns dos mais importantes grupos no segmento da música instrumental no Brasil. Começou seus estudos ainda na adolescência, aos 14 anos, e ingressou na antiga ULM (Universidade Livre de Música). Lá, integrou a Orquestra Jovem Tom Jobim, onde de fato iniciou sua carreira profissional tocando com importantes nomes da musica brasileira, tais como Dominguinhos, Alaíde

Costa, Heraldo do Monte, Zimbo Trio, Arismar do Espirito Santo, entre outros. Também participou de importantes workshops: Charlie Haden; Joe Lovano, Moacir Santos, George Garzone; Joshua Redman e Dave Holland e Chris Potter. Participou de festivais nacionais em várias cidades brasileiras e no exterior tocou no Festival Jazz entre amigos e Jazz A la Calle no Uruguai; Festival San Vicente Jazz em Mendoza e Festival de Jazz de Buenos Aires, na Argentina; Festival

Internacional de Cartagena, Colombia e o Brazilian Festival em Amsterdan, Holanda. Em 2007 junto a Brazilian Scandinavian Big Band participou de festivais na Dinamarca, Suécia e Noruega. Já realizou concertos junto a grandes músicos, tais como: César Camargo Mariano, Gonzalo Rubalcaba, Paulinho da Viola, Hamilton de Holanda, Ohad Talmor e Paquito D’Rivera. Em 2010 e 2012 foi músico integrante da Big Band arregimentada para ser regida por Maria Schneider em São Paulo. Durante a sua carreira atuou junto a importantes orquestras como a Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo, Orquestra de Câmara da USP, Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, Tom Jobim onde leciona os cursos de

Improvisação, Prática de Conjunto, Prática de Big Band e Saxofone Popular. Atualmente, integra a Banda Mantiqueira, Soundscape Big Band, Banda Savana, Grupo Quebra Cuia, Sizão Machado Quarteto, César Camargo Mariano Sexteto, além de ser convidado para realizar trabalhos junto a músicos e bandas de todo Brasil.

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