1975-2015
sobre as fotos do livro
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40 anos de família em mais de 40 fotografias, 1975-2015
Para ver o album de fotografias, com as legendas associadas, clicar aqui Escolha 40 finais
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Organizar uma coleção de fotografias sobre a nossa vida familiar entre o inicio dos anos 70 e a atualidade não foi nada fácil e seguramente ficou muito por recordar - só em filme (negativos ou slides) serão mais de 10 mil imagens! E outros tantos, ou mais, da época digital. Do esforço feito resultou uma coleção de cerca de 50 fotografias relativas aos quarenta anos de 1975 a 2015.
Cada fotografia conta sempre uma história, cada fotografia é sempre mais do que uma imagem - tem um contexto, uma temporalidade, uma localização, um significado pessoal. Por isso, seguem-se algumas notas sobre cada imagem da coleção publicada no livro comemorativo. As imagens originais da maioria das fotografias são a cores, salvo as fotografias da década de 70. Mas optamos antes pelo preto e branco, até por respeito à cultura visual dos anos 70.
EB
Década de 70
1. A Leonor em Taizé, no concílio dos jovens, 1975. A "Place des Cloches" era a praça central do evento e também o ponto de reunião das atividades e dos almoços - montes de pêras e muitas abelhas. Foi aí que descobri um prazer gastronómico para o resto da vida: o queijo francês tártaro, com ervas aromáticas. Comia o meu, o da Leonor e o da Graça, e o de todos os outros que eram incapazes de apreciar o belo paladar "esquisito" da iguaria. Na foto, à esquerda, é possível reconhecer o Zé Azevedo e a Zé.
2. Eu, Eduardo, que aspirava a ser fotógrafo, um dia mais tarde (ainda hoje tenho essa esperança!). A câmara que aparece na imagem era uma Zenite russa, com lente Zeiss e um duplicador de distância focal (na altura, era a opção "low cost" para uma teleobjetiva). Comprada em Andorra, no regresso da viagem a Taizé, a Zenite era uma máquina completamente manual, sem automatismo de velocidade ou abertura do diafragma. As lentes eram feitas numa fábrica da Zeiss que os russos levaram da Alemanha no final da segunda guerra, e o diafragma era de cortina. Ainda hoje trabalha - vantagens dos mecanismos não eletrónicos nem digitais. Como é óbvio, a fotografia foi tirada pela Leonor.
3. Na anta de Zedes, em Carrazeda de Ansiães, na primeira viagem a Areias, poucos meses antes do casamento, no fim do verão (escaldante) de 1975. Foi a primeira viagem a Trás os Montes - ainda no Simca, demorou cerca de 5 horas, eu, a Leonor e o pai dela. Esta anta é uma das mais importantes em Portugal, e aparece num selo dos CTT emitido nos anos 50. A máquina fotográfica na mão era, uma vez mais, a tal Zenite russa. A foto terá sido tirada pela Leonor. Podia também contar uma história sobre a blusa, feita pela minha mãe com restos da fábrica de confecções da Coats & Clark, arrebanhados em expedições mais ou menos clandestinas do meu irmão.
4. Um dos poucos passeios a cavalo (ou égua, mais propriamente) da minha vida. Em Areias, nessa tal primeira viagem. O caminho de terra batida é agora a estrada alcatroada do principal acesso à aldeia. A máquina do lado direita era uma magnífica Kowa japonesa, 35 mm, com automatismo (fixava-se a abertura, calculava a velocidade), mas com lente não intermutável. Foi a primeira reflex que tive - custou na altura 2 contos, em segunda mão. A égua (creio que do senhor Manuel Luís) não parecia lá muito entusiasmada ...
5. A Leonor, grávida do Nuno, no cabo Espichel, com a irmã. Foto tirada no verão de 1976. Nesse ano passamos o mês de agosto em casa da Maria Alice, na Parede, na marginal de Lisboa. Lembro-me que frequentava então um curso avançado no Instituto da Ciência, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Oeiras, sobre "enzimas imobilizadas". Foi num desses fins de semana que a fotografia foi tirada.
6. Imagem do batizado do Nuno, na antiga capela de Santo Ovídio. A foto foi feita pelo fotógrafo "oficial" da cerimónia. Os irmãos (Graça e Zé) foram os padrinhos.
7. O Nuno numa antiga cadeira de repouso, no Candal, no espaço por trás da casa.
8. Nas Areias, com o motocultivador, na saída para um passeio pela estrada até Zedes. Em frente ao portão da casa da mãe da Leonor, provavelmente em 1979. Nessa altura faltava água em casa (era preciso ir encher os depósitos à fonte, quando corria água), a luz era mortiça e faltava com frequência, ia-se tomar banho ao rio Tua em S Lourenço (os homens a pé, as mulheres e crianças de carro, à volta, por Carrazeda e Parambos, pela estrada antiga para Pombal, demorava quase uma hora de carro).
9. Na neve, na serra da Estrela. Os skis eram propriedade comunitária de um grupo de amigos dos meus pais, comprados "a meias" e em segunda mão.
10. Fotografia tirada na Serra do Pilar, princípio dos anos 80.
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Década de 80
11. João e Nuno nas Areias, à saída da cozinha da casa da mãe da Leonor, no patamar no cima das escadas. À direita, um clássico pote transmontano de três pés, ao lado de uma vetusta chaleira de ferro fundido. Por trás, lenhas para acender a fogueira da cozinha, que na altura era ainda de telha vã.
12. O João no pátio da casa da mãe da Leonor, nas Areias. Uma posição muito típica dele: a "chuchar" no dedo do pé.
13. No jardim da casa dos meus pais, ainda na Quinta de Cravel. A Flandria foi a segunda motorizada que tive, comprada depois da Sachs Minor, alguns (poucos) anos depois de casarmos. Lembro-me que esta foto foi tirada por altura do Natal.
14. O Nuno e o João em frente a um dos primeiros PCs (computadores pessoais) que veio para Portugal: um SuperBrain, ainda antes do lançamento do IBM PC, programável em Basic e com duas unidades de disquettes de 5 polegadas e meia. Por trás, a "pilha" das minhas publicações académicas até então, talvez por 1982. Foto tirada na casa do Candal.
15. Em Fiais da Telha, junto à anta (ou Lapa, como localmente é conhecida) da Orca, que em tempos terá sido comprada pelo meu avô para evitar que fosse desmantelada para pedra para construção. Esta anta é uma das maiores e mais completas conhecidas em Portugal. O tandem foi o primeiro que tivemos, e que ainda continua a existir na casa dos Fiais. As rodas finas tornavam a coisa algo instável, mas mesmo assim fez muitos e bons passeios. O João costumava adormecer na cesta à frente e por isso várias vezes caiu ao chão.
16. No início dos anos 80, a descoberta da albufeira da Aguieira na Senhora da Ribeira, então local quase desconhecido e de acessos complicados, por picadas. A estrada atual de acesso ainda não tinha sido aberta. A malta e a tralha: os homens de bicicleta, o resto de carro. No futuro seriam mais e muito mais tralha.
17. A Leonor a corrigir "testes" nas escadas da casa da mãe, nas Areias. O FLS gravado no banco era o identificador do tio da Leonor: Francisco Lopes Seixas. Não podia faltar a bola de futebol, utensílio indispensável dos jogos do Nuno e do João com os miúdos das Areias.
18. No quartel de Tavira, no dia de juramento de bandeira do cadete Beira, convocado para o curso especial de oficiais milicianos. No PREC de 1974 tinha pedido adiamento para fins académicos, que terá ficado em aberto. Passada uma década, fui chamado - fui o único do meu curso a ser chamado para prestar serviço militar, já com mais de trinta anos! Um precalço na carreira profissional: cerca de dois anos em Lisboa, na Escola Prática do Serviço de Material, em Sacavém.
19. Foi por essa altura que compramos o jeep Land Rover (série IIA, reconstruído, tinha sido da velha frota da EDP) e começamos a fazer os raids todo terreno, tempos de emoções memoráveis nos fins de semana de raids do Clube Todo o Terreno. Esta foto terá sido num dos raids de Tomar a Viseu. A Leonor era a pendura, a ler o percurso pelo "road book".
20. A família em frente da casa no Candal, no regresso de um raid ao Algarve, com o Angelo César (que terá tirado a fotografia). Nessa altura, o Angelo mandou vir um Land Rover usado de Itália e foi com esse carro e nesses raids que começou a saga de um dos principais e mais duradouros patrocinadores da competição todo em terreno em Portugal: a Segafredo.
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Década de 90
21. O Nuno com o indispensável "radio transistor", do tamanho de uma caixa de sapatos, nas Areias, na parte de trás da casa da mãe da Leonor. O corrimão de madeira já na altura estava decrépito e frágil - mas ainda assim aguentou quase até aos dias de hoje. O rádio tinha sido comprado pela Leonor na tal viagem a Taizé e tinha cassetes.
22. No jardim da casa do Candal, a Leonor e o Nuno com o Feeling, um pastor alemão comprado quando fui para a tropa, com a finalidade de guardar a casa, o primeiro canídeo a fazer parte da família.
23. Nos Fiais da Telha, perto da entrada da Quinta da Fonte do Sapo, na estrada (então recentemente alcatroada) para o Vale da Espinheira e para o Mondego. A bicicleta do Nuno seria a bicicleta do meu pai ...
24. No cimo do Malhão, na Serra da Estrela, depois de um dos habituais acampamentos "selvagens" no meio de centenas de cabras e ovelhas dos rebanhos em regime de pastorícia comunitária no período estival. A tenda tinha sido comprada em Andorra, na tal viagem a Taizé, quando todas essas coisas ainda eram caras e raras em Portugal (incluindo os anoraques, os óculos Rayban, as máquinas fotográficas e de fazer iogurts, os queijos "Vache qui rit" ...).
25. No Candal, no então escritório. Provavelmente a preparar aulas de Estatística ou de Álgebra Linear, cadeiras que ensinava então na ESB da Universidade Católica, em regime de tempo parcial: aulas logo no início do dia (das 8 às 10 horas) ou depois das 18 horas, e muitas vezes à noite, quando ensinava cursos pós laborais de estatística para experimentadores.
26. Em Macau, na nossa primeira viagem à Ásia. Aterramos de manhã cedo no aeroporto de Hong Kong, precisamente no dia em que a soberania foi transferida para a China: teremos sido dos primeiros a ver o poder chinês já a funcionar em Hong Kong. Fotografia tirada no alto da fortaleza da Guia.
27. Na muralha do forte de Goa, em plena monção. Ao fundo, o hotel (Forte Aguada). Foi a primeira descoberta da Índia, depois de uma passagem "heróica" por Bombaim, ainda no antigo aeroporto e numa Índia apenas a começar a despertar para a abertura económica.
28. Nas margem do rio Mandovi, em Pangim (Goa). O colete africano havia de fazer ainda muitas viagens e viver muitas aventuras. Tinha sido comprado pouco antes em Joanesburgo (África do Sul).
29. Nas férias na Beira Alta, a prancha de windsurf foi sempre uma constante na barragem da Aguieira. Poucos anos depois o Nuno levou-a para uma viagem aos países de Leste e por lá foi roubada.
30. Outra constante desses anos e dessas férias, o Land Rover, e especialmente requisitado pelos mais novos (Sara sempre em primeiro lugar), mesmo quando carregado de material (pranchas, canoas, bicicletas, cadeiras, toldes, bóias de pneus, ...). Servia também de sombra e encosto para as senhoras, durante o dia de praia na Aguieira.
31. Na Senhora da Ribeira, Beira Alta, provavelmente ao fim do dia - o barco de borracha ainda andava na água, ao fundo. Paras além do colete e do chapéu africano, as socas de madeira que ainda hoje existem e funcionam.
32. Em Bubaque, uma ilha do magnifico arquipélago dos Bijagós, na Guiné Bissau.
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Depois de 2000
33. Pouco depois do nascimento da Ema, na cozinha da casa no Candal.
34. Primeiros ensaios da nova condição de avô, nas Areias.
35. Nuno e Ema
36. A Ema, no Candal, no segunda aniversário, com a prenda oferecida pela avó Mena
37. A Ema, na casa nas Areias, a brincar com o Patudo - um dos três magníficos Serras da Estrela que fizeram parte da família durante parte dos anos 90 e da década seguinte.
38. Nas Areias, as duas avós com a Ema e as bonecas.
39. Ema e os pais, no andar em Matosinhos, no seu quarto aniversário.
40. Filha de peixe sabe nadar: Ema, no Candal, com a roupa do avô.
41. Ema, nas Areias
42. Em Paris, junto à conhecida piramide de vidro na entrada do Louvre, numa viagem com os avós, que incluiu também a Disneylandia (Paris) e o Futuroscope (em Poitiers).
43. A Ema e os pais, no fim de mais um almoço debaixo do alpendre da casa nas Areias.
44. O João e o Tua, o novo canídeo da família, residente nas Areias, companheiro da Indra.
45. Ainda o eterno Land Rover, nas Areias, agora com um sofá adicional para comodidade dos passageiros: Leonor e João.
46. No rio Douro, perto da foz do Sabor, com um chapéu comprado em tempos na Austrália (em Melbourne). Mais novo, mais magro e mais bonito!
47. Em Austin, Texas, com o João. A rede é uma obra de arte moderna (seria preciso ver-se melhor o pormenor da malha ...).
48. No presépio da igreja dos jesuítas em Austin (USA), depois da missa de Natal de 2014, missa dita em espanhol e acompanhada por uma banda de música tradicional mexicana (mariachi).
49. Na nova casa do João & Cª, em Austin (USA), já em outubro de 2015 - para onde o João passou depois de anos numa coop (república) de estudantes.
50. Nas ruas de Austin, no Mustang vermelho descapotável alugado no aeroporto - claro, alugado com os protestos da Leonor.
51. A Leonor a conduzir o tal Mustang descapotável, algures entre Albuquerque (Novo México) e Austin (Texas), por entre pradarias infindáveis, vacarias imensas de cheiro nauseabundo e comboios quase infinitos de mercadorias a circularem ao lado das estradas, tudo com 37 graus centigrados de temperatura (em meados de Outubro!), ao longo de centenas de quilómetros: o "far west" americano dos dias de hoje. Claro, apesar dos tais protestos.