O doutor Faustroll (se nos é consentido falar da sua experiência particular) se tornou um dia menor que ele mesmo, decidiu assim explorar um dos elementos naturais, para examinar quais perturbações tal diferença de grandeza poderia provocar na sua relação com este.
Escolheu aquele corpo comumente líquido, incolor, incompressível e horizontal em pequenas quantidades, de superfície curva, de profundidade azul e com as bordas animadas por um movimento de vai e vem quando está esticada; que Aristóteles considera, como a terra, de natureza grave, inimiga do fogo e dele renasce, quando vem decomposto com explosão; que evapora a cem graus, é o que se determina, e ainda solidificado, flutua sobre si mesmo, enfim, a Água! E reduzindo-se, dentro do paradigma de pequeneza, à medida clássica de um pulgão, viajou ao longo de uma folha de repolho, sem se importar com seus colegas afídeos e com a aparência engrandecida de tudo, a fim de encontrar a Água.
Era uma bolha, alta com o dobro de sua altura, através de sua transparência as paredes do universo lhe pareciam gigantescas e com a sua própria imagem, obscuramente refletida no prateado da folha do repolho, elevada à estatura que havia deixado. Ele atingiu a esfera com um leve golpe, como quem bate à porta: o olho desorbitado de vidro maleável se acomodou como um olho vivo