PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS

Patologias na Construção Civil

Introdução ao assunto:

A Patologia é o estudo das doenças em geral sob aspectos determinados, tanto na medicina quanto em outras áreas do conhecimento como a das engenharias, onde é conhecida como "Patologia das Edificações" e estuda as manifestações patológicas que podem vir a ocorrer em uma construção. Na construção civil atribui-se o termo patologia aos estudos de danos ou anomalias presentes ou ocorridos em edificações.

Essas patologias podem se manifestar de diversos tipos, tais como: trincas, fissuras, infiltrações e danos por umidade excessiva na estrutura. Por ser encontrada em diversos aspectos, recebe o nome de manifestações patológicas.

Já a Patogenia, é a especialidade da Patologia que visa descobrir e analisar o processo de desenvolvimento das doenças, ou na construção civil, nosso caso, investigar processos do desenvolvimento dos danos existentes, ficando ainda, a cargo da Etiologia, às investigações da causa originária ou agente causal da “doença” (leia-se anomalia). Para a engenharia, essa investigação é de suma importância para que se possam estabelecer regras e métodos padronizados e normatizados de execução de serviços e produtos, para proativamente evitar as Patologias construtivas futuras. Esses conceitos abrangem todas as pesquisas que buscam as causas de determinados conhecimentos.

Nenhuma estrutura, seja de que material for constituída, não é eterna, pois se deteriora com o passar do tempo e não alcança sua vida útil se não for bem projetada, executada com esmero, utilizada com critério e submetida a uma periódica manutenção preventiva. Quando o projeto de engenharia for mal detalhado, a construção for realizada com insuficiente planejamento e controle, os técnicos e operários não forem dotados da qualificação adequada e os prazos de execução forem excessivamente curtos, a estrutura resultante será quase certamente de má qualidade e irá se deteriorar de modo prematuro, absorvendo gastos de recuperação e de reforço exagerados para ser mantida em condições de uso.

Como as edificações existentes estão envelhecendo, muitas já estando com dezenas de anos, os problemas de deterioração vão cada vez mais se acentuando, exigindo com frequência trabalhos de recuperação e de reforços estruturais e mesmo, em casos mais graves, sua demolição.

Portanto, patologias são todas as manifestações, que ao longo da vida útil de determinado edifício, prejudicam o seu desempenho.

A preocupação com as patologias das construções é tão antiga quanto os edifícios. Desde o início das civilizações já era possível se observar uma preocupação da sociedade com o desempenho das obras construídas. Há quatro mil anos, na Mesopotâmia, já havia uma preocupação com os defeitos nas construções, o que é corroborado pelo Código de Hamurábi em cujo teor sobressaiam cinco regras bastante rígidas, tendo como finalidade a prevenção de deformidades nas edificações. Essas regras eram:

1. Se um construtor faz uma casa para um homem e não a faz firme e seu colapso causar a morte do dono da casa, o construtor deverá morrer;

2. Se causar a morte do filho do dono da casa, o filho do construtor deverá morrer;

3. Se causar a morte de um escravo do proprietário da casa, o construtor deverá dar ao proprietário um escravo de igual valor;

4. Se a propriedade for destruída, ele deverá restaurar o que foi destruído por sua própria conta;

5. Se um construtor faz uma casa para um homem e não a faz de acordo com as especificações e uma parede desmorona, o construtor reconstruirá a parede por sua conta.

A rigidez das regras contidas no referido código dá uma noção da preocupação com que os governantes tinham com a qualidade das construções. Todavia, o modo disponível à época para fazer valer essa qualidade era através da intimidação dos construtores. Após um processo evolutivo da civilização, as regras já não são na base do “dente por dente, olho por olho”, como no Código de Hamurábi, normas de qualidade foram criadas, como, por exemplo, a PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat), cuja meta é organizar o setor da construção civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva.

Os problemas patológicos, salvo raras exceções, apresentam manifestação externa característica, a partir da qual se pode deduzir qual a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos, assim como se podem estimar suas prováveis consequências.

Conforme SOUZA e RIPPER (1998): "o surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades".

CÁNOVAS (1988) diz que: "a patologia na execução pode ser conseqüência da patologia de projeto, havendo uma estreita relação entre elas; isso não quer dizer que a patologia de projeto sendo nula, a de execução também o será. Nem sempre com projetos de qualidade desaparecerão os erros de execução. Estes sempre existirão, embora seja verdade que podem ser reduzidos ao mínimo caso a execução seja realizada seguindo um bom projeto e com uma fiscalização intensa".

Segundo HELENE (1986), os fenômenos patológicos geralmente apresentam manifestação externa característica, a partir da qual se pode deduzir a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos. Certas manifestações têm maior incidência, devido à necessidade de cuidados que frequentemente são ignorados, seja no projeto, na execução ou até mesmo na utilização.

Os problemas patológicos de maior gravidade localizam-se nas estruturas de concreto armado, notadamente pelo seu evidente risco à integridade da edificação e, nestas, são a corrosão da armadura do concreto, as flechas excessivas das peças estruturais, armações mal dimensionadas, posicionamento errado das armações e as fissuras, que mais se evidenciam como causas de sérias manifestações patológicas.

As principais causas ou agentes causadores de formações patológicas são: 

• Deslocamentos de fundações;

• Movimentação do terreno natural;

• Efeitos de condições climáticas;

• Alterações químicas dos materiais;

• Retração e expansão dos materiais;

• Defeitos de projeto;

• Defeitos de execução;

• Uso indevido da edificação;

• Falta de manutenção;

• Degradação dos materiais e seus componentes em função de seu envelhecimento natural.

​As manifestações patológicas ou anomalias mais comuns que se apresentam nas edificações são:

• Fissuração;

• Degradação dos materiais;

• Desagregações;

• Deslocamentos;

• Falhas de concretagem;

• Deformabilidade excessiva;

• Manchas de umidade;

• Bolor e/ou outros micro-organismos;

• Eflorescências;

• Mau funcionamento de esquadrias;

• Vibração excessiva;

• Problemas de ventilação;

• Mudanças de coloração.

As principais origens que conduzem ao aparecimento de anomalias construtivas são:

• Congênitas: aquelas que estão ligadas aos projetos, principalmente da inobservância de normas técnicas, ou de erros e omissões dos projetistas, que resultam em falta e/ou falhas de detalhamento e, concepção inadequada dos revestimentos. São responsáveis por grande parte das avarias registadas em edificações.

As edificações são realizadas por uma sequência de fases ou atividades, das quais a primeira é sempre a elaboração, revisão e aprovação dos projetos necessários para o tipo de obra. Muitas vezes um planejamento inicial é realizado conjuntamente com os projetos. Após liberação dos projetos e elaboração dos planejamentos dá-se início à obra. Essas etapas devem ser rigorosamente observadas, mas infelizmente o surgimento de patologias futuras muitas vezes nascem da não observância dessas fases iniciais, motivadas por ingerências internas adversas à engenharia. Iniciando-se a obra “a toque de caixa” sem revisões e aprovações finais projetos e planejamento ainda na fase preliminar, retrabalhos geralmente surgem e quase sempre aí se localizando a origem de muitas anomalias.

• Construtivas: quando a sua origem está relacionada com a fase de execução da obra, resultante do emprego de mão-de-obra desqualificada, produtos não certificados, ausência de metodologia construtiva, o que, segundo pesquisas mundiais, também são responsáveis por grande parte das anomalias em edificações.

Com a obra em andamento, olhos profissionais devem estar sempre atentos, pois falhas das mais diversas naturezas podem surgir motivadas por “n” situações como a mão-de-obra sem capacitação técnica, condições de trabalho perigosas e precárias, ausência de inspeção e controles de qualidade tanto no canteiro, durante a execução, como no recebimento e manipulação dos materiais, etc.

• Adquiridas: quando ocorrem durante a vida útil dos materiais, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou da ação humana, em função de manutenção inadequada ou realização de interferências incorretas principalmente em revestimentos, sejam eles cerâmicos, cimentícios, pinturas e nos revestimentos impermeabilizantes, danificando camadas e desencadeando processos patológicos.

As anomalias decorrentes de interferências incorretas e de manutenções inadequadas, ou falta de manutenção preventiva ou mesmo ausência total de manutenção, tem sua origem no despreparo e desconhecimento técnico, na incompetência, no desleixo e em problemas econômicos.

Casos em que a manutenção periódica pode evitar problemas patológicos sérios e, em alguns casos, a própria ruína da edificação, são a limpeza de drenos, calhas, condutores e a limpeza da impermeabilização das lajes de cobertura, marquises, piscinas elevadas e "playground", que, se não forem executadas, possibilitarão a infiltração prolongada de águas de chuva e o entupimento dos sistemas de escoamento de água, fatores que, além de implicarem a deterioração da estrutura, podem levá-la à ruína por excesso do acúmulo de água.

• Acidentais: caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum, como a ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal, intervenção de terceiros na edificação, tais como os danos causados por obra vizinha, choques de veículos em partes da edificação, e até mesmo incêndio. A sua ação provoca esforços de natureza imprevisível, especialmente na camada de base dos revestimentos e sobre juntas, quando não atinge até mesmo as estruturas, provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CÁNOVAS, M. F. Patologia e terapia do concreto armado. Tradução e adaptação de: Maria Celeste Marcondes et al., coordenação técnica L. A. Falcão Bauer. São Paulo: Editora PINI, 1988.

GOMIDE, T.L.F. A contribuição da Medicina na Engenharia Civil vai além das questões patológicas, pois há outras similaridades dessas ciências a favorecer a prevenção e o diagnóstico. Artigo em Construção Mercado, Edição 99, Outubro 2009.

HELENE, P. R. L. Corrosão em armaduras para concreto armado. São Paulo: Editora PINI: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1986.

HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção das estruturas de concreto. 2ª ed., 3ª reimpressão (jan. 96). São Paulo: Editora PINI, 1992.

MOREIRA DE SOUZA, V. C.; RIPPER, T., Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo, Editora PINI, 1998.

UMIDADES

A umidade é a medida da quantidade de vapor de água contida no ar. Os poros dos solos, que apesar de também serem chamados de volume de vazios, podem estar preenchidos com água (quando solo está saturado), com ar (quando o solo está totalmente seco) ou com ambos, que é a forma mais comum encontrada na natureza, sendo esta é a umidade natural do solo.

A ABNT NBR 9575 Impermeabilização – Seleção e Projeto define no item Seleção, o seguinte:

O tipo adequado de impermeabilização a ser empregado na construção civil deve ser determinado segundo a solicitação imposta pelo fluido nas partes construtivas que requeiram estanqueidade. A solicitação pode ocorrer de quatro formas distintas, conforme a seguir:

a) imposta pela água de percolação;

b) imposta pela água de condensação;

c) imposta pela umidade do solo;

d) imposta pelo fluido sob pressão unilateral ou bilateral.

Umidade na construção civil

As águas estão presentes e são necessárias para as atividades humanas e principalmente nos sistemas e procedimentos de manutenção e higiene da habitação, e, portanto em permanente contato com alguns dos seus elementos constitutivos.

A umidade pode estar presente nas edificações, de diversas formas, podendo ser separadas quanto a sua origem:

  • Umidade da obra, provenientes das etapas de construção;

  • Umidade de absorção e capilaridade, provenientes da absorção da água existente no solo, migrando por capilaridade para paredes, pisos, estrutura;

  • Umidade de infiltração, provenientes das águas das chuvas e demais fenômenos meteorológicos;

  • Umidade de condensação, provocada pela umidade do ar, pelo vapor da água, dependendo da época do ano,

  • Umidade provocada por vazamentos nas instalações hidráulicas.

"Os projetos de construção tradicional tipicamente tinham fraco isolamento de umidade e permitiam que a umidade do ar circulasse livremente entre o interior e o exterior. A eficiência energética e a arquitetura fortemente selada, introduzida no século XX, também isolaram a circulação de umidade, e isso resultou em um problema secundário de condensação, formada em torno das paredes, que incentiva o desenvolvimento de mofo e bolor. Além disso, os prédios com as fundações não devidamente seladas permitiram o fluxo de água através das paredes, devido à ação capilar, notoriamente cimento, que é um bom condutor de água. As soluções para os edifícios energeticamente eficientes, que evitem a condensação, é um tema atual da arquitetura". (Origem: Wikipédia)

"A umidade é a manifestação patológica mais frequentemente observada nas edificações e representa 60% dos problemas dos edifícios, durante sua vida útil".

As principais causas da manifestação de umidades nas edificações são:

a) umidade de construção ou de execução

A água é utilizada em quase todo o processo construtivo das edificações, desde a sua utilização para a compactação dos aterros, como componente da elaboração de concretos e argamassas, na cura e resfriamento do concreto e na limpeza das várias etapas da obra. Sua evaporação e secagem é função da quantidade utilizada, da característica de absorção do substrato e pelas condições atmosféricas.

Durante a confecção das alvenarias de elevação, principalmente quando são utilizados tijolos de barro, muitas juntas de argamassa são necessárias e parte da água contida na mesma é absorvida pelos tijolos, onde o seu interior permanece umedecido por longo período, somando-se a isso, quando logo a alvenaria é rebocada, mais água é absorvida pelo tijolo e dependendo das condições atmosféricas como tempo frio, chuvas ou baixa insolação, mais tempo ainda será preciso para a sua evaporação. Agravando-se mais a situação, muitas vezes o tempo para uma completa secagem do substrato não sendo respeitado, devido, sobretudo a cronogramas de obra apertados e que não levam em consideração os tempos necessários para as naturais reações químicas dos materiais, logo se inicia a pintura com aplicação de massas e tintas a base de PVA, onde se completam os motivos dos posteriores danos nos revestimentos.

A secagem do reboco, para posterior pintura, quando as condições atmosféricas são favoráveis como média umidade do ar e boa insolação, é de pelo menos 30 dias, sendo que o ideal seria de 45 a 60 dias, devido às necessárias reações químicas dos aglomerantes contidos na argamassa, principalmente a cal cuja recarbonatação se processa lentamente.

A cal possuindo naturalmente um endurecimento lento em presença do gás carbônico contido no ar, somente após pelo menos 30 dias ocorre a recarbonatação superficial do hidróxido de cálcio. A argamassa (formada com pasta de cal e areia) deve ter contato com o ar para que possa ocorrer a reação com o gás carbônico (teor de CO2 no ar é de apenas 0,04%, o que explica a lentidão do processo), portanto justificado o uso da areia para facilitar a penetração do ar no interior da argamassa.

Outra importante medida e, de fundamental importância, na hora da compra da cal é verificar se o fabricante atende a norma ABNT NBR 9205 (Cal hidratada para argamassa - determinação da estabilidade) que exige a verificação dos óxidos contidos na cal, pois a presença de óxidos não hidratados na cal já extinta provocará trincas e fissuramentos no revestimento das paredes já acabadas, pois desta reação (de hidratação) resulta um aumento acentuado de volume.

O traço e aditivos utilizados na confecção da argamassa de revestimento, também devem ser levados em consideração no tempo de secagem, pois se rica em cimento e quando ainda lhe é acrescentada aditivos impermeabilizantes se tornará mais impermeável ainda, podendo na secagem, surgir retrações do revestimento que são as causadoras das fissuras dos rebocos. Essas fissuras são o efeito dessas tensões internas provocadas pelo movimento de retração em consequência de uma diminuição de volume devido à perda de água para a base e pela rápida evaporação superficial, e ainda devido às reações de hidratação do cimento. Quando as tensões internas atuantes no revestimento superam a sua resistência à tração, surgem as fissuras. As fissuras podem ser prejudiciais ou não (microfissuras). As fissuras prejudiciais permitem a percolação da água pelo revestimento já no estado endurecido, comprometendo a sua estanqueidade à água e sua aderência, o acabamento superficial e a durabilidade do revestimento.

A capacidade de absorver deformações é a propriedade do revestimento quando estiver sobre tensão, mas sofrendo deformação sem ruptura ou através de fissuras não prejudiciais. As fissuras são decorrentes do alívio de tensões originadas pelas deformações da base. As deformações podem ser de grande ou de pequena amplitude. O revestimento só tem a responsabilidade de absorver as deformações de pequena amplitude que ocorrem em função da ação da umidade ou da temperatura e não as de grande amplitude, provenientes de outros fatores, como recalques estruturais, por exemplo.

A capacidade de absorver deformações depende:

• do módulo de deformação da argamassa - quanto menor for o módulo de deformação (menor teor de cimento), maior a capacidade de absorver deformações;

• da espessura das camadas - espessuras maiores contribuem para melhorar essa propriedade; entretanto, deve-se tomar cuidado para não se ter espessuras excessivas que poderão comprometer a aderência;

• das juntas de trabalho do revestimento - as juntas delimitam panos com dimensões menores, compatíveis com as deformações, contribuindo para a obtenção de um revestimento sem fissuras prejudiciais;

• da técnica de execução - a compressão após a aplicação da argamassa e, também, a compressão durante o acabamento superficial, iniciado no momento correto, vão contribuir para o não aparecimento de fissuras.

Fatores que influenciam a retração na secagem são: a espessura e o intervalo de aplicação das camadas, assim como também o respeito ao tempo de sarrafeamento e desempeno.

As argamassas com um alto teor de cimento, denominadas "fortes", são mais sujeitas às tensões que causarão o aparecimento de fissuras prejudiciais durante a secagem, além das trincas e possíveis descolamentos da argamassa já no estado endurecido. Já as argamassas mais "fracas", são menos sujeitas ao aparecimento das fissuras prejudiciais.

Com relação à espessura, as camadas de argamassa que são aplicadas em espessuras maiores, superiores a 25 mm, estão mais sujeitas a sofrerem retração na secagem e apresentarem fissuras. No caso do intervalo de aplicação entre duas camadas do revestimento de argamassa, é recomendado que seja aguardado pelo menos 7 dias, no mínimo, pois nesse período a retração da argamassa já é grande, da ordem de 50% a 70% do valor total.

O tempo de sarrafeamento e desempeno significa o período de tempo necessário para a argamassa perder parte da água de amassamento e chegar a uma umidade adequada para iniciar essas operações de acabamento superficial da camada de argamassa. Caso essas operações sejam feitas com a argamassa muito úmida podem ser formadas fissuras e até mesmo ocorrer o descolamento da argamassa em regiões da superfície já revestida.

Quando for necessário rebocar paredes externas com faces ensolaradas em dias com alta temperatura e baixa umidade do ar, ou mesmo as internas em contato com estas, será preciso manter os tijolos sempre úmidos antes da aplicação do reboco, pois com isso evita-se que a água contida na argamassa seja rapidamente absorvida pelos tijolos e a argamassa seque lentamente e uniformemente.

Síntese:

Como visto, as retrações de secagem ocorrem em função da evaporação da água de amassamento da argamassa e, também, pelas reações de hidratação e carbonatação dos aglomerantes. As retrações podem acabar causando a formação de fissuras nos revestimentos.

A retração hidráulica é o fenômeno de contração volumétrica que se inicia após a aplicação do emboço. Também é influenciada pela perda de água para a base através de sucção. Em temperaturas muito altas e bases muito secas isto pode acontecer, por isso da recomendação do umedecimento da base.

b) Umidade proveniente do solo

De modo geral e dependentes da topografia, os solos se encontram não saturados de água, mas mesmo assim armazenam consideráveis quantidades de água mantendo certo teor de umidade, seja em decorrência de chuva, irrigação ou umidade proveniente da proximidade com lençóis freáticos. A estrutura do solo exerce forte influência sobre sua drenagem. As principais partículas que constituem os solos são as argilas, os siltes e as areias que se associando constituem os agregados. A estrutura do solo então é formada por partículas livres e agregados, sendo que entre esses últimos, estão localizados poros grandes, responsáveis pela permeabilidade e drenagem do solo. No interior dos agregados, devido à massa coesa das partículas e poros muito pequenos, possuem a propriedade de reter água.

Solos que apresentam a estrutura do tipo granular com grãos simples e alta porcentagem de partículas arenosas, por possuírem grande quantidade de poros, possuem drenagem classificada como alta. De maneira oposta, solos com estruturas do tipo maciças argilosas e/ou siltosas apresentam baixo espaço poroso entre os agregados e, portanto possuindo baixa drenagem são mais impermeáveis retendo muita água. Desse modo, tais solos geralmente apresentam problemas de excesso de água devido à drenagem ser muito lenta. Também solos altamente compactados, principalmente os argilosos, chegam a apresentar em sua superfície uma estrutura laminar impermeável, o que provoca a formação de poças na sua superfície, sendo assim, de dificílima drenagem.

Como podemos ver a permeabilidade do solo está diretamente relacionada à porosidade, pois diz respeito à condição da água de circular pelo solo. A porosidade do solo se refere à porção do espaço ocupado por líquidos e gases em relação à massa do solo, ou seja, diz respeito aos "vazios". Essa característica resulta em maior ou menor circulação de água no solo. Se há mais poros, a penetração da água é maior e alcança camadas mais profundas, o que diminui a umidade superficial do solo.

Quando chove, nem toda a água flui diretamente para córregos, riachos e rios, dependendo da permeabilidade boa parte da água infiltra-se, encharcando o solo indo aos poucos penetrando na terra até encontrar uma camada impermeável, constituído assim os lençóis freáticos. Sua profundidade varia muito em função de onde se encontra a camada impermeável, podendo em determinados locais e épocas do ano, em função da topografia do terreno, aflorar à superfície ou se localizar muito perto desta; o seu formato assim, é delineado de acordo com o relevo do terreno dessa camada impermeável, geralmente rochas e, sua vazão varia de acordo com a as características do terreno, a vazão de descarga e a quantidade de chuvas.

Como citado o solo argiloso é menos permeável e, por isso, armazena mais água. Os solos siltosos, por possuírem estruturação instável, com facilidade, tornam-se compactos e impermeáveis. O solo arenoso possuindo boa porosidade é bastante permeável e a facilidade de penetração da água até camadas mais profundas faz com que ele seja superficialmente mais seco. O solo pedregulhoso, por sua vez, por ser formado por partículas de rochas é, por isso, altamente compacto e impermeável.

Por essas características em relação aos solos faz-se necessário investigá-los antes da implantação das edificações e estudar-se o sistema ideal de impermeabilização para o tipo do solo existente, evitando-se que ocorram manifestações de umidade proveniente do terreno, pois as paredes poderão entrar em contato com a água do solo nas seguintes situações:

a) fundações de paredes situadas abaixo do nível freático;

b) fundações de paredes situadas acima do nível freático, mas em terreno que possuindo elevada capilaridade, facilite a ascensão da água existente em cota não muito profunda;

c) paredes erigidas em terrenos pouco permeáveis ou com declividades em direção às paredes, dando origem a que as águas, principalmente das chuvas, entrem em contato diretamente ou mesmo de forma indireta com as mesmas através de infiltrações no solo;

d) a edificação será erigida em um nível onde será necessário corte interno ou corte na divisa vizinha do terreno em que parte lateral da edificação ficará em contato direto com o solo.

Para cada situação de contato da água com as paredes, diferentes anomalias poderão ocorrer, sendo assim, distintas soluções deverão ser adotadas. (Obs. Quando aqui se fala na umidade em contato com a parede quer se dizer também, com as estruturas de concreto armado que constituem as fundações da edificação).

No caso da situação “a” onde as fundações de paredes estão situadas abaixo do nível freático, caso este, que pode ocorrer em duas situações:

a¹) Em se tratando de construção residencial que foi edificada em período de extrema seca e lençol freático (mina d'água) que aflorava no terreno em estação de muitas chuvas e que não tenha sido investigado adequadamente pelo construtor, pois ela sempre deixa vestígios, quando este voltar a aflorar poderá causar grandes estragos e as soluções para tal geralmente são custosas, necessitando da intervenção de engenheiros especialistas e/ou até geólogos. Esses casos costumam acontecer nos baixios dos vales. A solução adotada, em alguns casos mais simples, se dá através de furações com perfuratriz nos corredores, jardins ou quintais da residência que atingindo o lençol freático existente, desviarão as águas que poderão assim, ser canalizadas para fora da residência;

a²) Em se tratando de lençol freático perfeitamente identificado e avaliado por especialistas, e no caso de grandes edificações localizadas em terreno de alto valor devido a localização, as fundações serão apropriadas para tal e geralmente o lençol freático é drenado através de bombeamento hidráulico ou rebaixados, sendo que ambas soluções são de execução trabalhosa, dispendiosas. Algumas vezes a drenagem por meio de bombeamento, mesmo após a conclusão da obra, passa a fazer parte integrante da manutenção da segurança estrutural das fundações da edificação.

No caso “b” onde as fundações da edificação, apesar de situadas acima do nível freático, encontrem-se em terreno possuidor de elevada capilaridade que facilita a ascensão da água existente em cota não muito profunda, isto é solos drenantes e relativamente rasos, a solução adotada será de se executar, conforme o volume de água, principalmente durante a estação chuvosa, drenos de proteção das fundações no contorno da edificação para se garantir que excessos de água, tanto vindas da chuva como advindas do subsolo não sobrecarreguem o sistema de impermeabilização que nesse caso será de corte hídrico e com o isolamento impermeável de todo alicerce, sendo recomendado que o concreto das fundações seja também impermeável.

No caso “c” onde a edificação será erigida em terreno pouco permeável ou com declividades em direção às paredes da edificação, dando origem a que as águas, principalmente das chuvas, entrem em contato diretamente ou mesmo de forma indireta com as paredes através de infiltrações no solo. Esse tipo de problema costuma ocorrer quando a edificação é erigida em terrenos em declive (c¹) ou aclive (c²) em relação à(s) rua(s) de acesso e a obra é executada sem que a topografia total do terreno seja corrigida através de aterro ou desaterro.

c¹) no caso de terrenos em declive, seja este acentuado ou não, medidas deverão ser adotadas no intuito de serem evitadas infiltrações de águas de chuva, na própria edificação e/ou transferir parte do problema para edificações vizinhas. No caso em questão, além de uma boa impermeabilização através da mesma solução adotada em "b", recomenda-se que no entorno da edificação (frente e laterais) sejam construídos drenos de proteção, assim como no muro de divisa com terreno vizinho ou edificação vizinha existente no fundo. Essas águas captadas pelos drenos e águas depositadas no próprio terreno durante chuvas intensas deverão ser encaminhadas a reservatório subterrâneo construído com esta finalidade que quando cheio, através de bomba de recalque comandada por boia de nível com automático, bombeará para a rua no nível superior, a água captada. Essa solução necessariamente deverá ser executada quando houver edificações vizinhas existentes no fundo do lote que impossibilitem uma servidão de saída de água pluvial através do mesmo.

c²) no terreno em aclive o caminho natural para as águas de chuva é em direção à rua, mas em casos que o terreno no fundo da edificação principal estiver acima desta e com declividade em direção a ela, mesmo que possuindo calçadas laterais, teremos que adotar medidas de segurança extras quanto a proteção de suas fundações. No caso em questão deve-se, também conforme solução em "c¹", além da impermeabilização tipo corte hídrico nos alicerces, serem executados drenos de proteção das fundações, só que neste caso nos fundos da edificação principal e se necessário nas laterais ou em parte delas. As águas recolhidas por esses drenos deverão ser encaminhadas para a rua.

No caso “d” onde a edificação será erigida em um nível inferior ao do terreno natural, necessitando por isso de corte na divisa vizinha, corre-se o risco do surgimento de futuros problemas de infiltrações originados pelas águas, principalmente das chuvas, que poderão entrar e permanecer em contato diretamente ou mesmo de forma indireta com as paredes através de infiltrações no solo causando problemas de patologias construtivas, caso em parte semelhante também, ao encontrado quando a edificação necessita ser implantada em corte interno do terreno devido a desnível do terreno. Em qualquer um dos dois casos, pelo fato da lateral da edificação ficar em contato com o solo será necessário à execução de um sistema de drenagem com a função de aliviar pressões e empuxos hidrostáticos (solo +água), além disso, com essa medida, a impermeabilização a ser realizada nas paredes que ficarão expostas à ação direta da umidade terão mais eficiência e maior durabilidade. Os procedimentos executivos mínimos a serem adotadas serão:

d¹) caso em que a edificação ou parte dela será construída em corte na divisa¹ do lote, “não havendo construção vizinha existente” :

• se a edificação for construída na divisa¹, em corte com o terreno vizinho não edificado, teremos condições de deixarmos um espaço de pelo menos 60 cm para trabalharmos na execução das fundações, erguermos as paredes impermeabilizando-as e executarmos um eficiente sistema drenante e, após sua conclusão faremos o reaterro. Como se trata de construção na divisa vizinha, não poderemos executar um dreno convencional com britas, pois quando o vizinho for construir inutilizaria o sistema. Sendo assim, os procedimentos serão, a título de exemplo, os seguintes:

Nas escavações em encostas, devem ser tomadas precauções especiais para evitar escorregamentos ou movimentos de grandes proporções no maciço adjacente, devendo merecer cuidados a remoção de blocos e pedras soltas. Deverão ser observadas as NBR 6122:2010 / NBR 9061:1985 /NBR 11682:1999.

1) observados os devidos cuidados na execução do corte e, se necessário escoramento do terreno, realiza-se as fundações das paredes e executam-se as impermeabilizações apropriadas, geralmente com argamassa composta por aditivo hidrofugante ou cristalizante e posterior pintura com tinta asfáltica dispersa em água ou manta asfáltica;

2) as paredes, que por estarem localizadas na divisa do lote necessitarão ser estruturadas (funcionando como muro de arrimo), sejam elas de tijolos maciços de barro ou em blocos de concreto, sendo totalmente assentados com argamassa composta por cimento, areia e um aditivo impermeabilizante hidrofugante ou cristalizante;

3) com a mesma argamassa impermeabilizante utilizada no assentamento da alvenaria, após chapisco contendo adesivo á base de polímeros estirenados e acetato de vinila, emboçar e desempenar a parede pelo lado vizinho com desempenadeira de madeira para que fique mais áspera e, após sua completa secagem, adotaremos pelo menos um dos indicados processos impermeabilizantes complementares mais o necessário sistema drenante:

3.1) pintura com impermeabilizante asfáltico + manta asfáltica semirrígida + geocomposto drenante (manta drenante de geotêxtil sintético) com espessura de 16 mm assentada na parede e envolvendo um tubo drenante de PVC rígido, corrugado, abaixo do nível do piso inferior do muro;

3.2) pintura com impermeabilizante asfáltico + manta asfáltica semirrígida + placa de EPS (Isopor) com pelo menos 50 mm de espessura assentadas na parede, sendo que as placas deverão ser apoiadas sobre caixa de brita envolta por manta de geotêxtil (35 x 35 cm x comprimento necessário para o escoamento de tubo drenante de PVC rígido, corrugado embutido na caixa de captação de águas de infiltração) localizada no nível do piso inferior do muro;

d²) no caso em que a edificação principal (edificação residencial) ou parte dela necessitar ser construída em corte dentro do próprio terreno (segundo caso), geralmente não se tratará de desnível muito grande, devendo tratar-se de solução adotada pelo projeto arquitetônico aos problemas de diferença de nível do terreno. Com a adoção dessa medida, dentro da edificação deverá haver uma parte da mesma construída em um determinado nível e outra parte em um nível diferente, interligadas através de escadaria para vencer o desnível do corte. A preocupação quanto a possível infiltração de umidade deverá estar localizada exatamente nas paredes da divisa do desnível, devendo ai, pelo lado interno do corte, isto é, onde as paredes estarão em contato com o solo, adotar também os processos de impermeabilização acima indicados.

Ainda tratando-se de “d¹” em que foi citado que as soluções a serem adotadas seriam para o caso de “não haver construção vizinha existente”, agora abordaremos o caso de construção a ser edificada junto à “edificação vizinha que está em um nível superior” construída na divisa.

Para este caso podemos ter casos distintos:

1º. Construção vizinha foi edificada num nível acima do terreno natural (houve aterro) e acima do projeto que iremos implantar. Nesse caso as fundações de divisa do vizinho deverão logicamente, ser protegidas;

2º. A implantação de nosso projeto implica em cortarmos o terreno junto a edificação de nosso vizinho até um nível abaixo deste. Nesse caso as fundações vizinhas ficarão expostas, necessitando de estudos por parte de engenheiro calculista, não sendo, portanto, aqui tratado;

Para o 1º caso, poderemos ter duas situações, ou seja:

1) “a edificação principal vizinha está construída junto a divisa”. Neste caso não haverá muito risco de infiltrações de umidade vindas do vizinho para a nossa edificação, mesmo quando a nossa, for construída com seu corpo principal também junto à divisa, isto é, ambas as construções principais encostadas. Mesmo assim, os procedimentos de impermeabilização de nossa obra, deverão seguir alguns critérios:

1.1) as fundações deverão ser impermeabilizadas com argamassa composta por aditivo hidrofugante ou cristalizante e posterior pintura com tinta asfáltica dispersa em água ou manta asfáltica;

1.2) as paredes, por estarem localizadas na divisa do lote e abaixo de uma construção vizinha, necessitarão ser estruturadas, com o objetivo de se prevenir quanto a possível empuxo ou acomodação que possam acontecer na construção vizinha nos atingindo ou causando algum dano à nossa, devendo ser totalmente levantada com argamassa de assentamento composta por cimento, areia e um aditivo hidrofugante ou cristalizante para a impermeabilização;

1.3) como as paredes serão construídas junto a construção vizinha, não poderemos rebocá-las, nem impermeabilizá-las e sendo assim, deveremos já quando formos abrir as valas das fundações junto à divisa,proceder a pintura impermeabilizante do próprio terreno (solo), com pelo menos duas demãos de tinta composta por hidroasfalto, sendo que com a segunda demão iremos colar placas de EPS (isopor) de pelo menos com 25 mm nas paredes vizinhas, em toda a área onde nossa edificação será encostada, da fundação até ao respaldo superior da alvenaria, junto a laje de cobertura.

2) “a divisa da construção vizinha, acima de onde edificaremos, é constituída por muro, e junto a esse muro, existe jardineira ao rés-do-chão”. Se o vizinho puder garantir que esse muro de divisa foi corretamente impermeabilizado por dentro e que por conter jardineira foi construído dreno do escoamento de águas de chuva ou irrigação que percolam para o subsolo, melhor para nós, que adotando apenas os procedimentos construtivos nos itens acima descritos(1.1...1.3) estaremos mais tranquilos. Agora, se na construção do muro vizinho, contendo a jardineira, não foi executada impermeabilização e nem sistema de drenagem, a solução para que possamos nos garantir que futuramente não seremos prejudicados por infiltrações indesejadas e nocivas poderão ser:

2.1) por motivos de não ter impermeabilizado o seu muro de divisa (que na verdade é um muro de arrimo), e ainda possuir jardineira ao rés-do-chão, deveremos estudar conjuntamente com o vizinho, em termos de adequação dos custos, de retirando a terra da jardineira até a fundação do muro, procedermos a correta impermeabilização e execução de dreno de escoamento das águas, isso no caso do vizinho ainda querer permanecer com a jardineira (trata-se de caso que deve ser adequadamente analisado, muitas vezes até juridicamente, não podendo nos esquecer que poderemos ter o vizinho pelo resto de nossas vidas e uma boa solução politicamente adequada deve ser adotada). A posterior, edificaremos nossa obra conforme procedimentos acima já sugeridos.

3) no caso inverso ao acima (2), existir edificação vizinha construída abaixo de nosso terreno e formos construir nosso muro de divisa possuindo junto ao mesmo jardineira ao rés-do-chão, deveremos proceder de como citado em termos de sistema de impermeabilização (verificar a título de exemplo o sistema de impermeabilização descrito no caso “d¹”, dispensando-se os itens ou parte deles que não procederem no atual nosso caso).

c) Umidade por precipitação

A chuva é um dos agentes mais comuns para gerar umidade, tendo como fatores importantes à direção e a velocidade do vento, sua intensidade, a umidade do ar e fatores da própria construção (impermeabilização, porosidade e estado de conservação dos elementos de revestimento, sistemas mal dimensionados ou precários de escoamento de águas pluviais, dentre outros). Este tipo de umidade pode ocorrer ou não com as chuvas. O simples fato de chover, não implica em patologias de umidades por esta causa.

Umidade de água da chuva sobre telhados

A umidade originada por infiltrações nos telhados das edificações tem como fonte geradora direta a água da chuva. Isto não quer dizer que o responsável seja sempre o tipo de telha ou problemas com elas, pois a cobertura deve ser encarada como um sistema composto por uma estrutura, que poderá ser de madeira ou metálica, telhas e seus complementos de captação e escoamento que precisam ser bem dimensionados, executados e mantidos em perfeitas condições.

A estrutura do telhado, devido à extinção da grande maioria das madeiras de lei que eram específicas para o caso, está sendo hoje, confeccionada com madeira de reflorestamento tratada e pela estrutura metálica, mas independente do material utilizado necessita ser bem projetada, bem executada, com material de primeira qualidade e principalmente, com as inclinações corretas que são dependentes do tipo de telha a ser utilizado.

Quando não for corretamente executada, a estrutura do telhado pode ser causa de infiltrações de água da cobertura, principalmente quando não respeitados os distanciamentos entre as peças que compõem a estrutura de acordo com as telhas que estarão sendo utilizadas. Assim, quando no caso de ser utilizadas telhas de cerâmica, tanto o distanciamento como o dimensionamento dos caibros e das ripas são funções diretas do peso e dimensões das telhas. Telhas pesadas podem empenar as ripas e para que isso não aconteça deve-se reduzir o distanciamento dos caibros ou aumentar suas dimensões, assim como, se as galgas do ripamento não estiverem corretas, as telhas escorregarão por falta de encaixe no ripamento.

Quanto às telhas, seja de que tipo for, (cerâmica, concreto, fibrocimento, metálica, plástica) temos que nos preocupar primeiramente com sua qualidade e para tal devemos verificar se em sua fabricação são cumpridas as normas técnicas pertinentes e para tal o Inmetro, no Brasil, é o órgão brasileiro responsável pelo estabelecimento de programas de avaliação da conformidade dos produtos. Avaliação de Conformidade é o procedimento que objetiva prover adequado grau de confiança em um determinado produto, mediante o atendimento de requisitos definidos em normas ou regulamentos técnicos. Portanto, é importante quando da compra das telhas que se observe se possuem o Selo de Conformidade ou a impressão no produto do símbolo do Inmetro que significa que em sua produção foram observados os requisitos técnicos especificados em Normas pertinentes.

Outra preocupação com as telhas é relativa ao telhamento, que deve ser executado perfeitamente no esquadro e as telhas, quando de cerâmica ou de concreto, bem encaixadas umas às outras e bem apoiadas no ripamento. Quando de fibrocimento, metálicas ou plásticas, as sobreposições devem obedecer rigorosamente às recomendações dos fabricantes, assim como, utilizarem os complementos e assessórios de fixação conforme suas indicações.

Quanto aos outros componentes do telhado como condutores, calhas, águas-furtadas e rufos que, geralmente são confeccionados em chapa galvanizada (mínimo nº 22 – 0,80 mm, ideal nº 20 – 0,95 mm), devendo ser dimensionados por profissional competente, ser confeccionados por empresas idôneas, com material de primeira qualidade e instalados corretamente e, ao longo de sua vida útil deverão passar por inspeções periódicas de verificação de seu estado geral de conservação e manutenção preventiva, principalmente no tocante a limpeza e necessárias resoldagens devido às constantes dilatações e retrações próprias do material por estarem expostos às grandes variações diárias de temperatura. A vida útil aproximada de uma chapa de aço galvanizada, que é muito dependente da agressividade atmosférica e da espessura da camada de zinco aplicada, gira em torno de 15 a 30 anos, após essas idades o material exposto às intempéries começam a enferrujar e logo podem furar causando vazamentos. Em decorrência desse fato, devemos pelo menos a cada 3 anos, após inspeção das emendas, fazermos uma boa pintura com tinta apropriada para galvanizados (Galvite) o que prolongará a vida das chapas de sobremaneira. Outro revestimento para as chapas de aço, que está sendo muito utilizado para a confecção desses componentes é a liga de alumínio + zinco (Galvalume, Zincalume ou Aluzinc) aplicada pelo processo de imersão a quente, o qual, sua vida útil é estimada em quatro vezes maior se comparada com a vida útil da chapa galvanizada.

Umidade de água de chuva em lajes de cobertura e marquises

Lajes de cobertura sem telhado e marquises necessitam, por ficarem diretamente expostos às intempéries, ser bem impermeabilizadas. Mas seja qual for o tipo de impermeabilização, ela terá uma vida útil maior ou menor dependente que é de seu projeto original, dos materiais utilizados, da correta execução, das intempéries, da maior ou menor agressividade do meio ambiente, do estado geral de manutenção de todo sistema da cobertura que é composto não só pela laje, mas também pelo sistema de captação e escoamento das águas, das platibandas, etc. De maneira geral, um sistema de impermeabilização de lajes de cobertura deverá durar, se nenhum acidente ocorrer que o venha a danificar, pelo menos 5 anos, podendo chegar a uma vida útil de até 20 anos, isso dependente dos itens intervenientes acima citados.

Os sistemas de impermeabilização para lajes de cobertura e marquises sem telhado devem ser flexíveis, podendo ser realizados por mantas asfálticas ou mantas poliméricas ou então por pinturas com emulsões impermeabilizantes. Se as lajes tiverem qualquer tipo de transito haverá a necessidade de uma proteção mecânica por sobre a impermeabilização, podendo ser um plaqueado de argamassa. Se não houver transito sobre a laje deveremos utilizar, quando se tratar de impermeabilização com manta asfáltica, uma com capa protetora aluminizada que por refletir os raios solares, possui características térmicas aumentando sua vida útil. Uma manta asfáltica aplicada a uma laje de cobertura sem nenhuma proteção contra a incidência dos raios solares não dura mais que 5 anos. Da mesma maneira, quando sem movimentação sobre a laje, optarmos por pintura impermeabilizante (manta líquida) devemos utilizar como pintura impermeabilizante final, uma tinta na cor branca que refletindo os raios solares também proporciona certa proteção térmica.

O grande problema com lajes expostas às intempéries, mesmo com proteção impermeabilizante é que as mantas ou pinturas asfálticas depois de certo tempo, perdem a sua flexibilidade e elasticidade tornando-se rígidas, secas e quebradiças, defeitos esses motivados pela volatilização dos componentes responsáveis pela flexibilidade dos asfaltos, perdendo assim naturalmente suas características fundamentais e necessárias. Nestas condições elas trincando, quebram permitindo a passagem da água, não havendo assim a necessidade de que agentes externos provoquem a sua deterioração.

Em lajes sem cobertura sobre o efeito dos raios solares podem chegar em determinados horários a uma temperatura de até 70ºC no verão. Por esse motivo é necessário uma proteção térmica que para aumentar a vida útil da impermeabilização. O isolante térmico tem a importante função de não permitir que a temperatura da laje se eleve em demasia causando a evaporação acelerada de componentes das mantas que lhe dão a flexibilidade e elasticidade.

• Umidade de água da chuva em paredes

No Brasil, as argamassas nos seus diversos tipos, são aplicadas como revestimento em paredes com acabamento em pintura e correspondem à opção construtiva mais empregada na construção das edificações, principalmente nas fachadas externas. Outros tipos de revestimento muito utilizados no país são os revestimentos cerâmicos em forma de pastilhas ou placas cerâmicas e, também os revestimentos em pedras, mas que mesmo assim se utilizam de argamassas de emboco como base de aplicação.

Os revestimentos externos de argamassa de parede devem cumprir determinadas funções para permitir um desempenho satisfatório das edificações durante o seu tempo de vida util. As principais funções desse tipo de revestimento são: proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação do intemperismo, integrar o sistema de vedação dos edifícios conferindo isolamento térmico, isolamento acústico, estanqueidade a água, segurança ao fogo, resistência ao desgaste e a abalos superficiais, além de regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo como base para acabamentos decorativos e contribuindo para a estética da edificação.

Qualquer parede externa seja uma empena ou com aberturas de janelas ou portas, nas edificações sem varandas ou outros meio de proteção ficam expostas às chuvas e é natural assim que elas sejam preparadas para isso e que sua proteção seja bem planejada para resistir à ação das intempéries que provocam o surgimento patologias.

O desempenho dos materiais está sempre relacionado com a influência do ambiente em que a edificação está inserida, como os fatores de ordem biológica (fungos, algas, bactérias, insetos) e com a presença de agentes de degradação presentes na atmosfera, como os poluentes atmosféricos, chuvas ácidas, etc. Devido a esses fatores, a falta de manutenção superficial, repinturas ou recalafetações de juntas de cerâmicas de revestimento, contribuem para potencializar a incidência de manifestações patológicas.

Por esses motivos, quando da escolha de materiais para revestimento, principalmente os externos, a função protetora do material deve ter grau de importância muito maior do que a função decorativa, pois após certo período de tempo todo material exposto às intempéries sofrerá um processo de deterioração podendo primeiramente alterar o seu aspecto visual não devendo, entretanto haver repercussão, pelo menos de maneira significativa e imediata, nas suas propriedades de proteção estrutural.

A exposição direta das fachadas ao intemperismo ao longo do tempo, pelos motivos vistos, interfere em todos os componentes de revestimento das fachadas, mas primeiramente nas propriedades dos materiais de revestimento superficial, alterando sua cor e brilho, notadamente das tintas, aumentando sua permeabilidade e reduzindo a flexibilidade de sua película que logo começa a trincar e se soltar do substrato, deixando-o exposto e, se os danos não são corrigidos há tempo, os rebocos também sofrerão substanciais degenerações. Em ambientes urbanos e industriais o efeito das chuvas é sensivelmente agravado, pois as gotículas chocam-se com os poluentes atmosféricos, principalmente o anidro sulfuroso agredindo assim, todo tipo de revestimento. Portanto, o ambiente exerce uma influência muito grande não só durabilidade dos revestimentos superficiais, como também em todos os componentes dos revestimentos externos das fachadas.

• Infiltrações através de esquadrias e/ou de seus vãos.

As esquadrias além da finalidade de acesso têm as finalidades de proporcionar a ventilação dos ambientes internos, de iluminação natural dos interiores da edificação, além de constituir-se num componente estético dos edifícios. Localizadas nas fachadas das edificações assumem também o papel de estanqueidade à água de chuva e/ou de lavagem. O desempenho da esquadria depende do perfeito chumbamento de seu sistema de fixação à alvenaria para proporcionar estanqueidade à água e segurança estrutural, onde a interface entre paredes e esquadrias, particularmente nas janelas, se localizam as regiões mais vulneráveis, podendo apresentar frestas e destacamentos.

A conexão ou ligação da esquadria com a estrutura (parede) quando não bem projetada e executada será motivo de patologia pela penetração de água proveniente de chuva ou de água de limpeza. Por serem de materiais com diferentes propriedades e que possuindo distintas solicitações de trabalho devem ter suas conexões bem executas para que haja perfeito funcionamento. A esquadria ao se movimentar quando de sua utilização normal para abertura, transfere forças para a estrutura através de seus pontos de ligação que se não forem bem estudados e não estiverem perfeitamente consolidados haverá rompimentos do sistema de fixação causando trincamentos e danos na estrutura e possíveis deformações na esquadria. Se a avaria não for muito grande, a esquadria mesmo com funcionamento defeituoso, motivado principalmente por deslocamento do prumo, continuará funcionando, mas os seus pontos de ligação por estarem desligados, passam a serem portas de entrada para infiltrações de água que causarão danos internos e externos nos revestimentos superficiais, nos rebocos e enferrujamento pelo lado interno dos batentes ou montantes das esquadrias, quando de aço, ou apodrecimento, quando de madeira.

Além da necessária rigidez da instalação da esquadria com na estrutura outro foco de infiltração de danosa umidade ou mesmo infiltração diretamente de água são as frestas entre alvenaria e esquadria que quando maiores do que o projetado e/ou não preenchidas com materiais apropriados de calafetação e na quantidade correta pode causar degeneração de ambos os sistemas, esquadria e estrutura.

Outros pontos de infiltrações que são motivos de patologias e que ocorrem com certa frequência estão localizados nos outros elementos do entorno dos vãos, mais especificamente nas vergas (componente com função estrutural de sustentação do vão), contravergas (componente com função estrutural de absorver as tensões de tração na parte inferior do vão), nos peitoris das janelas e nas soleiras das portas.

Vergas e contravergas

Os vãos na alvenaria que recebem janelas e portas são considerados regiões de concentração de tensões. Para reduzir o risco de surgirem fissuras nas paredes, é preciso, portanto melhorar a distribuição das cargas sobre os vãos. Isso é obtido com o uso das chamadas vergas (na parte de cima) e contravergas (na parte de baixo), que podem ser executadas com canaletas de blocos de concreto ou cerâmico preenchidos com ferragens específicas e concreto ou então, de concreto armado. Esses elementos se prolongam para ambos os lados do vão. Os prolongamentos são motivados pela concentração das tensões localizadas nos cantos superiores e inferiores dos vãos. Essas extensões de verga e contraverga buscam distribuir de forma mais uniforme as forças atuantes nos vértices das aberturas, reduzindo o acúmulo de tensões e evitando o surgimento de patologias nessas áreas (fissuras na alvenaria).

As fissuras que ocorrem no sistema convencional de construção e na instalação de esquadrias normalmente acontecem devido a esforços de tração que ocorrem no centro dos vãos (fissuras nas bordas) e/ou à concentração de tensões nos cantos dos vãos de alvenaria (fissuras à 45º). Estas fissuras, muito frequentes, causam infiltração de água e depreciam a edificação pelo mau aspecto visual causado.

Peitoris de janelas e soleiras de portas

O peitoril é o detalhe construtivo localizado na parte de baixo do vão da janela, dependendo do detalhamento do projetista, poderá estar localizado totalmente sob a esquadria, isto é, a esquadria sobre ele fixada, ou poderá se localizar, como é o mais comum, no encontro inferior externo do batente da esquadria. Sua função é conduzir águas incidentes nas esquadrias para longe da fachada, pois a lavando e removendo sua sujidade escorreriam pela parede abaixo da esquadria. Poderá ser confeccionado em granito, mármore, ardósia ou mesmo em concreto pré-moldado. Recomenda-se que adentre em ambas as laterais da alvenaria e ultrapasse o pano da fachada pelo menos 25 mm em cada lado; seu caimento deve ser de no mínimo 7% e sua face inferior deve ser provida de um canal (pingadeira) para o descolamento da água. Uma observação importante é que peitoril não é contraverga e localiza-se sobre ela.

A soleira outro elemento construtivo, é necessariamente utilizado nos desníveis entre os ambientes. De material resistente por causa da quina de desnível, geralmente de granito ou mármore, colocado nas portas de passagem para o arremate do piso interno. Quando localizados nas portas de acesso principal ou salas/varandas devem ser executados desníveis de pelo menos 2 cm em relação ao piso externo para ser evitada a entrada de água.

Tanto soleiras quanto peitoris são importantes elementos construtivos pré-moldados localizados em locais com propensão natural de sofrerem patologias. Assim, no caso dos peitoris que estão expostos às águas e pela radiação solar incidente nas fachadas, estão sempre, por serem pré-moldados, trabalhando de maneira independente com os outros elementos adjacentes correndo o risco de se soltarem ou se tornarem fonte de infiltrações de umidade nas alvenarias. De maneira semelhante, quando não abrigadas, as soleiras das portas possuem o mesmo problema. Mas quando abrigadas outros problemas podem surgir, pois estando praticamente ao rés do chão, estão em constante convívio com águas e para agravar esta situação por possuírem uma pequena pingadeira para o lado do desnível, esta peça pré-fabricada sofre com a passagem de pessoas ou veículos uma determinada ação de forças denominada “braço de alavanca”, ou seja, de um lado ela é comprimida (lado externo em balanço, pingadeira do desnível) e do outro (lado interno) ela é tracionada, podendo provocar seu arrancamento ou abalado seu sistema de fixação provocando assim, infiltrações de umidade para o piso interno.

Recomendações para serem minimizados os problemas com a fixação de soleiras e peitoris.

  • As bases (substratos) de apoio desses elementos devem ser mecanicamente resistentes, íntegras, sem protuberâncias, planas e não deve apresentar desvios maiores que os previstos na NBR 13749, ou maiores que 3 mm em relação em relação a uma régua reta com 2,00 m de comprimento, perfeitamente desempenadas mas ásperas (não queimadas), limpas sem vestígios de óleo, graxa ou matéria argilosa e a argamassa do substrato de ser compostas por areia média, cimento e inclusão de impermeabilizante a base silicato de sódio;

  • A argamassa de assentamento preferencialmente deve ser cimentícia AC-III (flexível) e a argamassa deve ser aplicada tanto no substrato como na peça;

  • Todas as juntas de contato com os distintos elementos adjacentes devem ser calafetadas com selante elastomérico a base de poliuretano.

Infiltrações através dos revestimentos das fachadas

Juntas em painéis de revestimento

Os detalhes e elementos construtivos nas fachadas também possuem a função de promover a dissipação das tensões do revestimento, originadas pelas expansões e retrações térmicas e movimentações estruturais (juntas estruturais), sua localização estratégica permite determinar e alinhar nelas mesmas a grande parte do potencial de fissuração provocada pelas mudanças de volume e movimentação de fissuração. Devem, preferencialmente, ser localizadas nas regiões onde ocorre acúmulo de tensões sobre o revestimento, geralmente e com maior intensidade nos encontros da alvenaria com a estrutura, no encontro de dois tipos de revestimento, nos peitoris ou topos das janelas, acompanhando as juntas de trabalho do substrato, acompanhando juntas estruturais e é aconselhável também a execução dos revestimentos em partes distintas, isto é, divisões em painéis menores e simétricos permitindo o trabalho de dilatações independente destes painéis.

As juntas nos revestimentos das fachadas apesar de necessárias são, porém interrupções na continuidade física do revestimento, e consequentemente, potenciais interruptoras da sua principal função que é a de proteção das fachadas contra o intemperismo. O projetista deve, portanto considerar suas localizações e a estrita quantidade das mesmas, reduzindo-se ao máximo sua necessidade, pois se tratam de faixas vulneráveis às infiltrações motivadoras de patologias dos revestimentos.

Principais tipos de juntas, sendo que todas são juntas de movimentação, mas com características distintas:

Juntas de assentamento

Existente entre os componentes ou peças de um revestimento modular, servem para acomodar deformações dos painéis e possuem funções construtivas e estéticas;

Juntas estruturais

Sua principal função é absorver as movimentações do edifício como um todo. As juntas dos revestimentos sempre devem acompanhar estas juntas;

Juntas de trabalho

Utilizadas para dividir painéis de revestimentos, devendo normalmente, se prolongar até a camada de regularização da base, cuja função é subdividir o revestimento para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento.

Juntas de movimentação

São projetadas para absorver tensões geradas por movimentações do revestimento e/ou de sua base de suporte;

Juntas de controle

São projetadas para absorver tensões provocadas por movimentações do próprio revestimento e/ou de sua base suporte;

Juntas de transição

Juntas que servem para separar as interfaces entre o revestimento e outros componentes da vedação.

O espaçamento entre as juntas deve ser considerado, sobretudo em função:

  • das condições de exposição às intempéries;

  • das características de deformabilidade do substrato;

  • das decisões gerais do partido arquitetônico adotadas, como a altura dos pavimentos, a relação de painéis cegos e aberturas e tamanho dos quatros.

As juntas horizontais normalmente devem ser localizadas na divisão de cada pavimento e as verticais a cada 6,00 m, para painéis superiores a 24,00 m². No caso das juntas do revestimento de argamassa, o projeto do revestimento deve levar em conta o seu posicionamento, largura e principalmente o material de seu preenchimento.

As movimentações estruturais normais e previstas assim como as acidentais não significativas, assim como a dos revestimentos, podem ser acomodadas pela existência de juntas no sistema de vedação vertical e horizontal, pela aplicação correta de selantes, conforme explicado a seguir:

  • Movimentação de expansão ou contração – o selante deve estar aderido às faces laterais paralelas da junta, durante a expansão ou a contração dos substratos;

  • Movimentação devido a cisalhamento/torção – o selante não deve estar aderido à face inferior da junta, de modo a acompanhar as movimentações das faces laterais do substrato;

  • Os dois movimentos anteriores podem ocorrer simultaneamente.

Limitadores de profundidade para aplicação de selantes (corpo de apoio) são usados como corpo de apoio e têm as seguintes funções:

  • nivelamento da junta;

  • controle da espessura do selante;

  • impedir a aderência do selante na base da junta;

  • criação de uma superfície não plana.

O corpo de apoio deve garantir a relação entre largura e profundidade, fundamental para o bom desempenho do selante. A espessura do corpo de apoio deve ser 25% maior do que a largura da junta. São considerados dois tipos de corpos de apoio: os cordões de polietileno, material compressível, no qual o selante não tem aderência (Tarucel) e as fitas isoladoras utilizadas em juntas de baixa profundidade, quando não há condição de uso dos cordões (a fita é autoadesiva, sensível à pressão, geralmente à base de polietileno de célula fechada, na qual não existe estabelecimento de ligação adesiva com o selante). Nos produtos à base de poliuretano, pode ser utilizada fita-crepe. Ambos os corpos de apoio possuem a função de evitar a adesão do selante no fundo da junta. Os selantes não devem ter aderência nas faces inferiores das juntas, para poderem desempenhar suas funções de acomodação durante movimentações da edificação. A ausência do limitador de profundidade ou da fita isoladora permite a adesão do selante em uma terceira face da junta, prejudicando o desempenho da junta selada.

Para que as juntas cumpram suas funções, a selagem deve manter-se íntegra e ter boa capacidade de absorver deformações ao longo de sua vida útil, portanto periodicamente, recomenda-se fazer a manutenção preventiva das juntas, que sofrem desgaste natural pelo uso.

Os principais tipos de selantes do mercado adequados para juntas de fachadas são:

  • Poliuretanos: produtos à base de polímeros sintéticos, produzidos pela reação de poliol e isocianato.

  • Silicones: produtos à base de silício e os de cura neutra são os adequados.

  • Silicones híbridos (MS polímeros): produtos à base de poliéster com terminações de silano.

d) Umidade de condensação

A condensação pode ser descrita como a doença moderna das edificações.

As umidades transformaram-se em patologias cada vez mais frequentes nos nossos dias e a condensação de vapor de água no interior das habitações, uma delas, é talvez a patologia mais típica das edificações sendo importante não só pelas condensações superficiais, mas também pelas condensações no interior das paredes.

Muitas vezes por desconhecimento técnico, mas, sobretudo por medidas econômicas, descura-se frequentemente da correta ventilação dos espaços. As normas existentes nas quais se baseiam nossos códigos de obras municipais, geralmente estrangeiras, são genéricas e estabelecem áreas de ventilação e renovação de ar muitas vezes não condizentes com a diversidade geoclimática de nosso país. Estes fatores tendem a aumentar a quantidade de umidade prejudicial presente no interior dos edifícios.

As áreas de ventilação dos espaços projetados se limitando hoje no máximo ao atendimento legal de dimensionamento das esquadrias de ventilação e iluminação ambiental presente em algumas normas dos códigos de obras municipais que tratam insuficientemente o assunto, necessitando cada vez mais, após a entrega da obra de ventilação e refrigeração mecânica nos ambientes, o que não é ecologicamente correto e nem econômico para o ocupante. Outro problema que podemos apontar sobre o assunto é que, por motivo de constante elevação do preço do metro quadrado construído, a tendência é reduzir cada vez mais as áreas e os pés-direitos dos compartimentos que possuem grande influência sobre a condensação, pois a quantidade de vapor de água gerada em uma noite, por um casal, a título de exemplo, num quarto de 9,50 m² e 25,60 m³ de volume, é a mesma que produziria num quarto de 12,80 m² e 38,40 m³ de volume de ar, no mesmo período de tempo e este fato associado à falta de ventilação (hoje em dia quase uma constante) agrava significativamente a possibilidade de ocorrência de condensação e as consequentes patologias.

O ar é constituído por uma mistura de gases e por vapor de água. O limite de saturação do ar é entendido como sendo a quantidade máxima de vapor de água que este pode conter (umidade absoluta). A umidade relativa de uma massa de ar varia consoante a temperatura a que esta se encontra, diminuindo quando a temperatura aumenta (devido ao aumento do limite de saturação) e aumentando quando a temperatura desce (devido ao decréscimo do limite de saturação), mantendo-se constante o valor da umidade absoluta. Sempre que a umidade relativa atinge o valor do limite de saturação, todo o vapor de água além desse valor condensará. A condensação é a passagem ao estado líquido do vapor de água existente no ar em excesso relativamente ao limite de saturação. Quando a umidade relativa se eleva a mais de 75%, os microrganismos proliferam e dão origem à formação de manchas de bolor.

O mofo ou bolor viaja através do ar na forma de minúsculos esporos. O bolor, (fungos), causado pela presença de esporos (micro organismos assexuados) em lugares úmidos pode agravar a asma e a sinusite além de transmitir bactérias que podem causar infecções. Esse risco é maior em pessoas vulneráveis, como idosos, bebês, crianças e mulheres grávidas. Algumas pessoas não se apercebem que o crescimento do mofo, principalmente o mofo preto, é frequentemente causado pela condensação resultante das atividades normais, pensando erradamente que este é sinal de umidade provocada por problemas da própria habitação.

Os fatores que condicionam a possibilidade de ocorrência de condensações são a ventilação, a temperatura ambiente e o isolamento térmico. Por tal motivo os projetos de edifícios deverão contemplar, não só o conforto térmico e a redução da necessidade de arrefecimento, mas também medidas adequadas para evitar a saturação do ar no interior dos compartimentos. Na fase conceptual é mais fácil prever uma boa ventilação dos espaços, eventualmente forçada, do que após a construção do imóvel.

A condensação ocorre na sua maioria quando o ar quente e úmido encontra uma superfície fria como a dos vidros e azulejos, onde a mudança de temperatura faz com que a umidade se condense nas superfícies em forma de gotículas de água. As temperaturas mais frias durante os meses de Inverno juntamente com as temperaturas aquecidas no interior dão origem a maiores quantidades de condensação.

Nós produzimos, apenas através da respiração, um litro de água por dia pela condensação. Somando mais um litro do banheiro, mais três litros da cozinha e cinco litros das lavagens, a casa se transforma num lugar muito úmido. Se a umidade não tiver por onde sair, penetrará nas superfícies frias e criará manchas de umidade, principalmente atrás do guarda-roupa no quarto, nos cantos e tetos do banheiro e atrás dos armários da cozinha. Se for permitido que esta umidade se acumule em quantidades significativas, haja constância e por longo período de tempo, provocar-se-á áreas permanentemente úmidas o que por sua vez causarão o crescimento de fungos nas paredes, rejuntes diversos, tetos, mobílias, vestuários, etc.

Na prática, os vestígios da condensação aparecem principalmente nos seguintes locais:

  • cozinhas e banheiros onde é gerado muito vapor pela água aquecida;

  • cômodos mal ventilados, subsolos e por trás de armários onde o ar circula deficientemente

  • caixões perdidos, por baixo de jardineiras e caixas d’água.

O excesso de vapor de água no interior das habitações é transportado para o exterior, ou através da renovação do ar interior, ou atravessando as paredes exteriores por dissipação podendo, no entanto, originar condensações no interior dessas paredes. Geralmente quando não acontece a dissipação natural, a condensação se dá nas superfícies do interior, inicialmente nas superfícies envidraçadas e nos revestimentos lisos, posteriormente nas superfícies menos lisas como molduras de gesso, pinturas opacas e mobílias. As condensações de vapor de água no interior das paredes não provocam, em geral, distúrbios visíveis. No entanto, pode originar a degradação dos materiais orgânicos como os papéis de parede, a escamação de pinturas, empolamento das madeiras dos móveis, etc. Por outro lado, o acréscimo do teor de água dos materiais constituintes das paredes, resultante da eventual absorção da água condensada, faz diminuir a resistência térmica desses materiais e, consequentemente, das paredes em que estão inseridos. Este fato pode, eventualmente, contribuir na geração de mais condensações superficiais.

Como visto e de maneira sintética, a condensação é a principal causa de umidade e a umidade está sempre presente no ar mesmo sem ser vista. Também quando a umidade presente no ar quente se choca contra uma superfície fria, ela se converte em água novamente. Se a umidade não tiver por onde sair, se depositará nas superfícies frias e com o tempo criará manchas de umidade em lugares visíveis e até invisíveis aos nossos olhos, o que é mais grave ainda e a principal forma de impedir que a umidade se acumule é através de uma boa e correta ventilação e renovação constante do ar de todos os locais.

e) Umidade provocada por vazamentos nas instalações hidráulicas.

As umidades manifestadas em paredes e pisos, tanto internos como externos, algumas vezes são originadas pela ruptura de tubulações de águas que podem ser da rede de esgoto, tubulações embutidas de águas pluviais e de canalização de água fria ou mesmo quente.

As rupturas de tubulações de esgoto, geralmente são as mais graves, tanto em edificações verticais como nas térreas.

Os pavimentos dos edifícios residenciais são padronizados e tem seus cômodos exatamente um sobre o outro. Sala sobre sala, banheiro sobre banheiro e assim sucessivamente com os outros cômodos. As instalações hidráulicas são independentes e tanto as tubulações de esgoto quanto de água sobem por prumadas comuns a toda uma faixa de apartamentos. Quando ocorre algum entupimento de esgoto em alguma prumada logo é detectado o problema, pois com a obstrução da vazão o apartamento mais próximo e acima do local obstruído geralmente é o primeiro a sentir seus efeitos com o retorno de seus próprios efluentes. Quando, pelo projeto do sistema de esgoto há a possibilidade de se chegar ao local obstruído por meio de ferramental próprio para a desobstrução não há necessidade de se quebrar a prumada no apartamento mais próximo ao local, caso contrário é necessário o transtorno para solução do caso.

Outra ocorrência em apartamentos de edifícios, agora mais frequente, se dá em vazamentos nas junções ou falhas de impermeabilização, tanto em pisos como junto às canalizações de esgoto das águas dos boxe dos banheiros e nas canalizações de vasos sanitários entupidos.

Quando ocorre o entupimento do vaso e não há vazamento em nenhuma conexão o reparo se resume no desentupimento, mas caso haja vazamento em algum local da rede, ele afetará o forro do banheiro do apartamento abaixo, sendo necessário reparos no forro. Mesmo caso das infiltrações de ralos dos boxes ou outros ralos presentes no apartamento, quando apresentam problemas, muitas vezes o problema tem que ser solucionado pelo forro do apartamento de baixo.

Nas instalações de esgoto em edificações térreas os vazamentos costumam ter certa gravidade, principalmente quando “silenciosos”, isto é não apresentam de imediato sinal de rompimento, o que se dá com os pequenos vazamentos que às vezes ficando anos vazando sem se notar o problema. Esses são os mais graves, porque o estrago costuma ser de grandes proporções, pois as águas dos vazamentos sem pressão, como é o caso das tubulações de esgoto, enterradas no chão são naturalmente drenadas pela porosidade do terreno, que durante a construção foram escavados e revolvidos para a execução das fundações e não recebendo a devida recompactação se tornam menos densos, mais soltos, portanto mais drenantes ainda, carreando assim os finos da constituição do solo para regiões mais profundas que com o passar do tempo provoca um oco no lugar do vazamento que poderá chegar a grandes proporções podendo até abalar a estrutura da edificação.

Essa ocorrência, que poderá ocorrer internamente ou externamente à edificação não é incomum, principalmente nas edificações mais antigas nas quais, a tubulação de esgoto que era feita com manilhas cerâmicas e embolsadas com asfalto, que com o tempo ressecam, causando até hoje os danosos vazamentos.

Já no caso das tubulações de esgoto serem executadas com tubos de PVC, o que acontece geralmente é o esmagamento e trincamento da tubulação no seu sentido longitudinal, causada pela falta de preparo do berço de alojamento e proteção, agravado pela falta de compactação acima relatada, pois o solo onde ela foi colocada cede com o peso de contrapiso, piso e cargas atuantes sobre os mesmos, causando o dano na tubulação e provocando o vazamento. Quando este tipo de ocorrência não chega a esmagar totalmente a tubulação fechando a seção da tubulação ela se torna uma patologia “silenciosa” semelhante a das manilhas cerâmicas; quando o esmagamento é total, o fluxo do esgoto sendo bloqueado volta para dentro do imóvel, sendo necessária a sondagem da tubulação para se localizar o ponto da obstrução.

No caso do vazamento silencioso, o perigo está quando o contrapiso ficando sem sustentação causado pelo oco do piso cede, podendo provocar graves acidentes e danos nas fundações da edificação e trincamentos na parede do imóvel.

O rompimento de tubulações de águas pluviais embutidas nos pisos, geralmente possuem semelhantes falhas e causas que as tubulações de esgoto, pois podem ter sido executadas com manilhas de barro ou de tubulação de PVC.

As rupturas de canalizações de água fria embutidas nos pisos ou paredes podem ocorrer tanto por terem sido executadas, quando antigas, por tubulações de ferro galvanizado ou quando mais novas, por tubos de PVC. Quando executada por tubulação de ferro galvanizado com o passar do tempo surge a inevitável ferrugem causadora do vazamento. Essa ferrugem geralmente surge de dentro para fora quando a galvanização externa da tubulação é boa e não foi danificada durante a instalação, caso contrário, quando externamente foi danificada, o surgimento da ferrugem se dá no local do dano à galvanização e é mais rápida sua ação causando prematuro vazamento. Quando a tubulação é de PVC vazamentos acontecem por falhas de soldagem tubo/conexão ou trincas na tubulação ocorridas no momento da instalação. Esses vazamentos devido à pressão presente nas tubulações são logo percebidos e necessitam serem reparados com urgência.

O que muda no surgimento de vazamentos nas tubulações de água quente, quanto aos da água fria, é apenas os materiais de confecção da tubulação que são diferentes, sendo utilizados o cobre e o CPVC, ambos são soldados, o primeiro material por solda de estanho e o outro por solda química, estando ai concentrada a maioria das falhas de instalação e consequentes vazamentos.

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