O ministério terreno de Jesus. O propósito da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo foi a redenção de todos os pecadores. 29 O seu ministério terreno é dividido pela trilogia: ensinar, pregar e curar.30 Sua mensagem era exposta com simplicidade, clareza, originalidade e autoridade: “porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas” (Mt 7.29); seu método ainda hoje impressiona, pois Ele ensinava de modo que nunca houve nem antes e nem depois dEle alguém que fizesse igual: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo 7.46). Quanto aos milagres, Jesus preocupava-se com a integralidade das pessoas, não só salvando-lhes a alma, mas também curando suas enfermidades: “Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz” (Lc 8.48). Os milagres operados por Cristo registrados no Novo Testamento revelam que Ele é o Messias de Israel, como também a extensão do domínio do seu poder, mostrando sua autoridade sobre a natureza, 31 sobre o pecado,32 autoridade para perdoar pecados, 33 sobre a morte, 34 sobre o Diabo com seus agentes e o Inferno, 35 sobre as enfermidades, 36 e nada é impossível para Ele, o qual, a respeito de si mesmo, declarou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). 5. O significado de “Filho”. O epíteto “Filho de Deus”, em relação ao Senhor Jesus Cristo, significa que Ele é Deus igual ao Pai;37 trata-se de uma questão de substância ou essência.38 Isso fica ainda mais claro na expressão “Filho Unigênito”. O significado do termo na língua original revela a divindade de Cristo. O termo usado para “unigênito” no Novo Testamento grego é monogenés, composto por dois vocábulos, monós, “único, só, solitário”, e genós, “raça, cepo, tipo”, e não geneá, “geração”. Entendemos que a palavra reflete a ideia de natureza, caráter, tipo. “Unigênito”, pois, significa o “único da espécie”, “único do tipo”. Jesus é singular, o único Filho de Deus que tem a essência do Pai. O adjetivo “unigênito” transmite a ideia de consubstancialidade; Jesus é tudo quanto Deus é. Disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). A expressão “filho de Deus” com relação ao crente em Jesus designa uma filiação por adoção, 39 individual, algo íntimo, e por isso clamamos: “Aba, Pai”, ou seja, “papai”: “mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15); “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.6); trata-se da relação espiritual de Deus com os seres humanos mediante a fé em Jesus Cristo: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26); “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). 6. Os ofícios de Cristo. O Senhor Jesus Cristo exerceu o chamado munus triplex, “o tríplice ofício”, de profeta, sacerdote e rei. Eram os ofícios mais importantes em Israel nos tempos do Antigo Testamento. Tudo isso diz respeito às funções que falam sobre revelação, reconciliação e domínio. a) Profeta. Os profetas existem desde o princípio do mundo, 40 mas o ministério profético em Israel é instituído com Moisés e Arão. 41A função do profeta era falar em nome de Deus.42 O Novo Testamento revela que o próprio Jesus considerava-se profeta, pois Ele mesmo disse: “Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém” (Lc 13.33); e, como tal, Ele foi aclamado diversas vezes pelo povo: “E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa” (Mt 13.57); “E a multidão dizia: Este é Jesus, o Profeta de Nazaré da Galileia” (Mt 21.11). Todas as atividades registradas nos evangelhos revelam que Ele era verdadeiramente o Profeta. 43 Era o Deus-Homem que quis assumir o ofício de profeta no exercício de seu ministério terreno. Visto que o profeta é a boca de Deus,44 seu porta-voz que fala em seu nome e prega com autoridade do céu, Jesus, de forma singular, como ninguém, apresentou todos esses requisitos. Ele disse: “A palavra que ouviste não é minha, mas do Pai que me enviou” (Jo 14.24). 30 b) Sacerdote. O sacerdócio araônico, com todo o sistema de sacrifício, tinha a função de promover uma mediação entre Deus e os filhos de Israel. 45 Na Nova Aliança, no entanto, Deus constituiu o Senhor Jesus o Mediador de toda a humanidade: “por isso, é Mediador de um novo testamento” (Hb 9.15); “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5). O sacerdócio de Cristo é superior ao de Arão: “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto” (Hb 8.6). A santidade de Jesus como homem é única e real, absoluta e perfeita; não se trata, pois, de uma santidade cerimonial, imposta pela lei aos sacerdotes levitas: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26). O próprio Senhor Jesus Cristo apresentou-se46 como sacrifício pelos pecados de toda a humanidade,47 e, além disso, esse sacrifício foi único, perfeito e com validade eterna, resolvendo, assim, para sempre, o problema do pecador: “mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus” (Hb 10.12). O sacrifício de Cristo soluciona objetivamente os efeitos do pecado na vida daquele que crê no sacrifício vicário do Calvário e responde afirmativamente à oferta da graça de Deus, Cristo, recebendo-o como seu único e suficiente Salvador. c) Rei. O Senhor Jesus Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores: “E na veste e na sua coxa tem escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” (Ap 19.16). Os grandes reis e impérios da história vieram e já se foram, mas o reinado de Cristo é para sempre, pois o seu Reino não terá fim.48 O título messiânico, “Filho de Davi”, foi-lhe conferido por Deus49 e anunciado pelos profetas do Antigo Testamento como resultado da promessa divina feita ao rei Davi, 50 de estabelecer seu trono para sempre.51 “[...] que nasceu da descendência de Davi, segundo a carne” (Rm 1.3). A promessa de Deus sobre o Messias ser da linhagem de Davi era muito popular em Israel. 52 Nesse contexto, Ele foi aclamado pelo povo quando entrou em Jerusalém, montado num jumento: “Hosana ao Filho de Davi!” (Mt 21.9). O Senhor Jesus tinha consciência da sua filiação davídica e, em mais de uma ocasião, Ele aceitou esse título53, o qual lhe confere o direito ao trono de Davi como seu herdeiro legítimo: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim” (Lc 1.32,33)
Abba. Palavra aramaica que significa "o pai" ou "ó Pai!"
Adocianismo. Doutrina falsa do século VIII. Ensinava que Jesus foi adotado (possivelmente no seu batismo) pelo Pai e (por isso) foi incorporado à Deidade, sendo, portanto, negada a existência eterna de Cristo e sua encarnação.
Albigenses. Seita francesa que alegava receber o batismo no Espírito Santo mediante a imposição das mãos. Viviam segundo regras severas e queriam ver aprofundada a vida espiritual do povo comum. A seita foi suprimida pela Igreja Romana.
Alegoria. Forma de interpretar as Escrituras por meio de um sentido mais profundo ou "espiritual" existente por detrás do significado literal.
Alta crítica. Análise literária e histórica dos livros da Bíblia.
Amilenismo. Conceito segundo o qual não haverá nenhum reino futuro de Cristo na Terra. Alguns espiritualizam o Milênio e dizem que ele representa o reino atual de Cristo no Céu durante a totalidade da era da Igreja. Negam que Apocalipse 20 refira-se a um período literal de mil anos.
Animismo. Crença pagã de que as árvores, pedras e outros objetos naturais são habitados por espíritos.
Antropologia. Em teologia, representa o conceito bíblico dos seres humanos, inclusive nossa criação, o pecado e nosso relacionamento com Deus.
Apologética. A defesa da fé cristã, usualmente segundo princípios intelectuais.
Apóstolo. Um "mensageiro". Dois grupos deles são mencionados no Novo Testamento. Os Doze, especialmente treinados e comissionados por Jesus para serem testemunhas primárias de sua ressurreição e de seus ensinos e para disseminar o Evangelho. Julgarão (governarão) as 12 tribos de Israel no reino milenar (Lc 22.30). A palavra também é aplicada a outros diretamente comissionados por Cristo, inclusive Paulo, Barnabé, Andrônico, Júnia e Tiago, irmão do Senhor.
Arianismo. Ário, em 319 d.C, aproximadamente, começou a ensinar que Jesus Cristo é um espírito criado por Deus antes de Ele criar o Universo e que Cristo não compartilha a essência, ou substância, de Deus, mas possui uma essência semelhante.
Arminianismo. Jacobus Armínio (1560-1609) ensinou, na "Remonstrância", que todos quantos crêem em Cristo são eternamente eleitos por Deus; que Cristo morreu por todos; que todo crente é regenerado pelo Espírito Santo; e que é possível cair da graça e perder-se para sempre.
Arrependimento. Do grego metanoia ("mudança de mente"). Mudança das atitudes básicas para com Deus e Cristo, que envolve voltar-se do pecado e buscar o Reino de Deus e sua justiça.
Ateísmo. A negação da existência de Deus ou de algum deus.
Autógrafos. Os manuscritos (escritos a mão) originais produzidos pelos autores humanos das Escrituras. Provavelmente, tanto circularam e tantas vezes foram copiados que se desfizeram. Não se tem notícia da existência de nenhum deles hoje em dia. Existem, porém, algumas cópias muito antigas.