Palestrante: Cleia Oliveira Cunha - CRP 08/00477
Em sua origem e manifestações, a violência é um fenômeno sociohistórico e acompanha toda experiência da humanidade.
Portanto, ela não é, em si, uma questão de saúde pública.
Transforma-se em problema para área, porém, por que afeta a saúde individual e coletiva e exige, para sua prevenção e tratamento, formulações de políticas específicas e organização de proteção e serviços peculiares ao setor.
A Organização Mundial de Saúde em seu Relatório sobre o assunto conceitua a violência como o uso da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo, comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.
Violência e acidentes, ao lado de enfermidades crônicas e degenerativas configuram, na atualidade, um novo perfil no quadro dos problemas de saúde no País, em que se ressalta o peso do estilo de vida, das condições sociais e ambientais e de maior longevidade.
Estudos/ pesquisas tem se verificado o destaque a alguns temas relevantes de análise da violência, no sentido de contribuir para o estabelecimento de políticas públicas, dentre eles destacam-se:
A violência que envolve crianças no Brasil,
O adolescente fruto de uma sociedade desigual,
A de gênero especialmente a que envolve a mulher,
A violência contra idoso,
A violência interpessoal, nos casos de homicídios e agressões,
O suicídio como uma violência auto - infligida,
A violência no universo do trabalho e no trânsito.
Fundamental é a idéia de prevenção, enquanto conceito aplicado a políticas públicas, este, emergiu no campo da saúde.
Podemos citar três níveis de prevenção:
Prevenção primária - incorpora abordagens destinadas a evitar o crime e a violência antes que ocorram.
Prevenção secundária - a qual a abordagem se dirige para grupos de risco identificados como potenciais agressores ou vitimas, por seu grupo etário, local de moradia, estilo de vida, circunstancias socioeconômicas entre outros fatores.
Prevenção terciária - abordagens voltadas para cuidados de longo prazo como reabilitação e reintegração de vitimas e agressores.
O consumo de drogas (licitas e ilícitas) e o uso de armas de fogo possuem uma relação de mão dupla com a violência.
Importante parcela das mortes de jovens das grandes cidades do Brasil, hoje, deve-se aos conflitos oriundos da briga de quadrilhas pelo mercado varejistas de drogas, dos acertos de contas entre usuários e fornecedores e dos confrontos entre policiais e traficantes.
Em todas as situações, as armas de fogo encontram-se presentes.
Tudo isso é sintoma de uma sociedade que oferece poucas perspectivas saudáveis aos jovens pobres (são a maioria dos que morrem) que, por sua vez se afirmam socialmente pelo machismo que a violência promove pelas armas.
Na maioria dos casos, essas violências ressaltam o elevado estresse nas relações interpessoais.