Minhas áreas de interesse são: filosofia da linguagem, filosofia da lógica e da matemática, filosofia da mente, epistemologia, metafísica, Frege e Wittgenstein. Participei dos seguintes projetos:
GRUPOS DE PESQUISA
Filosofias da Experiência (UFPR)
Coordenador: Luiz Antonio Alves Eva
Grupo de Estudos em Metafísica, Epistemologia, Linguagem e Lógica` (UFSM)
Coordenadores: Rogério Fabianne Saucedo Corrêa, Rogério Passos Severo
Mente, Realidade e Conhecimento (UFBA)
Coordenador: Waldomiro José da Silva Filho
Semântica e Filosofia da Lógica (UFGO)
Coordenador: André da Silva Porto
Wittgenstein, Dummett e o debate contemporâneo sobre o realismo
Projeto financiado pelo Edital Ciências Humanas, do CNPq.
A pesquisa apresentada no presente projeto visa dar continuidade a uma pesquisa que desenvolvi junto à UFRGS com o apoio do CNPq, através de uma bolsa de Recém-Doutor, entre 2004 e 2005 (ver Currículo Lattes). A pesquisa de Recém-Doutor tinha como objetivo principal analisar criticamente as reflexões de Wittgenstein sobre a natureza de uma prova matemática. Esse objetivo exigia um extenso tratamento de questões semânticas e metafísicas que giram em torno do conceito de verdade e de suas relações com o conceito de conhecimento e realidade ou mundo. Essas questões são geralmente referidas como as questões do debate sobre o realismo, isto é, o debate entre os defensores e críticos do realismo filosófico. Dado que se pode fazer uma distinção entre realismo metafísico, uma tese sobre a natureza da realidade ou mundo, e o realismo semântico, uma tese sobre a natureza das propriedades semânticas ― tal como a verdade ― da linguagem que usamos para descrever a realidade ou mundo, uma pergunta se impôs logo de início: qual é a relação lógica entre esses dois tipos de realismo? O realismo metafísico diz que a realidade é independente de nós, tanto ontologicamente, ou seja, no que se refere à existência, quanto epistemicamente, isto é, no que se refere ao conhecimento. O realismo semântico, no que respeita a verdade, diz que a verdade é essencialmente não-epistêmica, ou seja, independente do nosso conhecimento. A questão central que nos interessa é, portanto, se o caráter não epistêmico da verdade implica a independência ontológica e epistêmica da realidade e vice-versa. Em outras palavras, a questão é saber se o realismo metafísico é ou não equivalente ao realismo sobre a verdade. A motivação fundamental para essa questão é avaliar um princípio metodológico que orientou um movimento filosófico do séc. XX algumas vezes denominado “virada lingüística” ou “giro lingüístico”. Trata-se do princípio, algumas vezes atribuído a Wittgenstein, segundo o qual os problemas filosóficos, em especial os problemas metafísicos, podem ser interpretados como problemas sobre a linguagem. Nos últimos trinta anos, esse princípio metodológico foi duramente criticado por vários filósofos (Michael Devitt, Richard Kirkham, e Paul Horwich, p.ex.). Essas críticas geralmente se dirigem à obra de Michael Dummett, que defendeu explicitamente uma versão da virada lingüística em muitos escritos e influenciou a formulação e, portanto, o tratamento de vários problemas semânticos e metafísicos, em especial aqueles referentes ao debate sobre o realismo (cf. Wright, 1993). A avaliação das críticas a Dummett é importante para compreender a posição de Wittgenstein porque há reflexões nos seus escritos que parecem muito semelhantes aos assim chamados desafios semântico para o realismo, lançados por Dummett. Trata-se das reflexões de Wittgenstein sobre a relação entre a normatividade do significado e a verdade. Dada essa aparência ― que de resto Dummett não procura esconder, pois cita Wittgenstein como uma influência ― talvez as críticas a Dummett atinjam Wittgenstein também. Impõe-se, portanto, uma investigação para avaliar o grau de veracidade dessa aparência e, portanto, para determinar se Wittgenstein teria que responder a essas objeções. No projeto de Recém-Doutor supracitado, um primeiro passo no tratamento dessas questões foi dado. Examinei a posição de Dummett e as críticas a ela dirigidas por Horwich e Michael Devitt, tendo apresentado alguns resultados em eventos de filosofia. A pesquisa proposta nesse projeto destina-se a continuar essa investigação, examinando, primeiramente, as reflexões de Wittgenstein sobre a relação entre a normatividade do significado ― concentradas principalmente nas suas assim chamadas considerações sobre seguir uma regra ― e a verdade, entendida como o objetivo primitivo do ato de asserir, e comparando essas reflexões com os desafios semânticos para o realismo formulados por Dummett. Por fim, a pesquisa visa determinar se Wittgenstein é ou não alvo das críticas dirigidas aos pressupostos de Dummett e, em caso afirmativo, se Wittgenstein teria uma resposta satisfatória a essas críticas.