Vanessa Silva Rocha – Engenheira Biomédica – Analista da Garantia da Qualidade
Analista da Garantia da Qualidade. Cursando MBA em Gestão da Qualidade pela Universidade Estácio de Sá. Graduação em Engenharia Biomédica pela Universidade Federal de Uberlândia. Experiência em desenvolvimento e execução de planos de gestão da qualidade e análise de normativas. Responsável pela elaboração e revisão de POPs, PGs, protocolos de validação, calendário de manutenções preventivas e calibrações de equipamentos. Vivência em tratamento e investigação de não-conformidades e execução de auditorias internas e externas. Experiência em gestão de parque tecnológico. Conhecimento em normas ISO 17025, Boas Práticas de Fabricação, normativas para regularização e manutenção de Biotério, entre outras normativas voltadas para a área de saúde e gestão hospitalar.
O século XXI exige cada vez mais dos profissionais. Eles precisam ir além do conhecimento adquirido nos cursos de graduação - base essencial para as etapas seguintes - aliando criatividade, inovação, empreendedorismo e lidando com os avanços tecnológicos que alteram de forma veloz a configuração dos saberes/conhecimentos e dos campos profissionais. Nessa edição do Boletim da SBEB trouxemos uma entrevista com a engenheira biomédica Vanessa Silva Rocha no intuito de apresentar a trajetória de um profissional da área de Engenharia Biomédica desde a graduação até sua entrada no mercado de trabalho em um setor não muito comum para quem se forma na área. As escolhas, os desafios, os obstáculos e o exemplo de quem se dedica a atuar nesse campo do conhecimento, você acompanha na entrevista a seguir.
Boletim da SBEB - Conte-nos o que a incentivou a cursar Engenharia Biomédica e como se deu essa escolha.
Vanessa Rocha - Conheci o curso por meio de um primo que estava cursando Engenharia Biomédica na época em que eu terminava o colegial. Lembro-me que fiquei encantada em poder unir duas coisas que me fascinavam: a área biológica com a matemática. Escolhi, de fato, a Engenharia Biomédica em uma das pesquisas que fiz para conhecer melhor o mercado de trabalho e vi, entre as várias possibilidades de atuação, a possibilidade de se trabalhar com desenvolvimento de tecnologias que auxiliam na manutenção da vida, recuperam funções e autoestima e ajudam no diagnóstico e tratamento de doenças.
Boletim da SBEB - Ao ingressar no curso, quais as primeiras impressões? Relembrando o período em que se graduou, o que você elenca como positivo no curso e o que pode ser melhorado?
Vanessa Rocha - Cursei Engenharia Biomédica na Universidade Federal de Uberlândia – UFU. No primeiro semestre da faculdade pude chegar à conclusão que nada daquilo seria fácil, mas que tudo contribuiria para me tornar a profissional que tanto almejava. Enfrentei matérias difíceis com a certeza de que elas me preparavam e me acrescentavam para matérias futuras. O curso é bem dividido quando pensamos nos vários campos de atuação de um Engenheiro Biomédico e isso é uma vantagem da UFU, porque saímos com uma excelente base de conhecimento para qualquer possibilidade da área. E pensando nos campos de atuação, as matérias que envolvem a gestão em si merecem um foco melhor, pois hoje vejo que as vagas para este campo vêm crescendo e tomando um grande espaço no mercado de trabalho.
Boletim da SBEB - Você considera a grade curricular do curso adequada para o exercício da profissão? A teoria e a prática caminham juntas no curso?
Vanessa Rocha - Com toda certeza a grade curricular é adequada para o exercício da profissão. Mas é bom que os graduandos tenham em mente que o conhecimento não é proveniente apenas da sala de aula, é preciso ter curiosidade para aprender sempre além do que se tem na ementa, e os professores estão ali para ajudar-nos nisso. A teoria e a prática caminham tão juntas que ao fim do curso, nos projetos de conclusão das últimas matérias, é possível perceber que toda a grade curricular foi essencial. Tive excelentes professores que faziam questão de aproximar a teoria da prática, do mercado de trabalho. Isso me ajudou muito a escolher o campo em que queria atuar quando me formasse.
Boletim da SBEB – Conte-nos sobre o que você achou sobre os laboratórios, aulas teóricas e práticas, estímulo à pesquisa durante seu curso e o que teve como experiências positivas que favorecessem a sua colocação no mercado?
Vanessa Rocha - O corpo docente do curso de Engenharia Biomédica da UFU luta sempre para que os laboratórios da universidade sejam melhorados cada vez mais, fazendo com que mais pesquisas sejam desenvolvidas e contribuam para a sociedade. Isso reflete nas aulas teóricas e práticas, que contam com o apoio de teses desenvolvidas, professores extremamente preparados e estudantes da graduação e pós-graduação que sempre estão dispostos a compartilhar conhecimento, incentivando também a pesquisa durante o curso.
Com toda essa “equipe” durante a minha jornada na UFU pude adquirir conhecimento de várias áreas e entender que o meu sucesso seria uma questão do quanto eu me dedico àquilo que faço. Quando entrei no mercado de trabalho levei, além do conhecimento, os exemplos de profissionais que tive e isso me colocou em um bom lugar no mercado de trabalho.
Boletim SBEB – Fale um pouco do corpo docente e como ele influenciou sua busca de conhecimento, suas escolhas profissionais.
Vanessa Rocha - Quando penso nos exemplos que tive no corpo docente do curso não penso em outra palavra que não seja gratidão. Tive excelentes mestres que, mesmo sem saber, contribuíram para a minha escolha profissional com suas paixões ao atuarem no meu curso de graduação. Deixaram-me conhecer tão de perto suas áreas sendo muito solícitos quando as dúvidas surgiam. Não poderia deixar de agradecer à professora Ana Cláudia Patrocínio, ao grande Adriano de Oliveira Andrade, e ao Alcimar Barbosa que me mostraram que todo e qualquer conhecimento é pouco, que é necessário ir sempre além. Atualmente, não trabalho na área em que eles lecionam, mas a oportunidade do conhecimento me fez buscar e chegar onde hoje me sinto realizada.
Boletim SBEB – Conte-nos sobre seu ingresso no mercado, a escolha da área, o que a motivou na escolha.
Vanessa Rocha - Minha atuação no mercado de trabalho começou em um estágio durante a graduação no setor de gerência de processos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, onde pude ter certeza de que viveria feliz se pudesse trabalhar com essa área. Com o tempo e com os conhecimentos da matéria de Engenharia Clínica fui amadurecendo a ideia de seguir firme na Gestão Estratégica da Qualidade voltada para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Quatro meses antecedentes à minha formatura, recebi a proposta de emprego na empresa Laudo Laboratório Avícola de Uberlândia, onde há 30 anos possuem um laboratório de diagnóstico de aves, a fábrica de produtos biológicos e um biotério. Não tive dúvidas de que era aquele desafio que queria: atuar em um mercado totalmente novo para a minha área, com base nas noções de qualidade que já tinha e adquirir novos conhecimentos. A possibilidade do novo conhecimento, de abertura de mais uma porta para o mercado de trabalho do Engenheiro Biomédico me motivou e me motivam até hoje, já que há 10 meses eu não deixo de aprender algo novo todos os dias.
Boletim SBEB – Quais são os desafios para quem ingressa no curso?
Vanessa Rocha - O desafio maior para quem ingressa no curso é saber manter-se motivado para chegar ao final dele. O caminho não é fácil e muitas vezes parece bobagem as matérias do ciclo básico. O segredo é manter-se focado no propósito final tendo em mente que todo o aprendizado é essencial para ser um bom profissional, mas que apenas esse conhecimento não é garantia de sucesso no mercado de trabalho. É preciso ir além daquilo que a ementa do curso lhe oferece.
Boletim SBEB – Quais são os desafios para quem ingressa no mercado? E na área em específico?
Vanessa Rocha - O maior desafio para quem ingressa no mercado é descobrir e investir na área de atuação que você gosta. Só é bem sucedido quem faz aquilo que ama, pois a busca constante por conhecimento se torna natural e o esforço para dar o seu melhor em tudo que faz deixa de ser um peso e se torna uma motivação diária. Já para a área de qualidade é necessário entender as necessidades do campo, seja ele um estabelecimento assistencial de saúde ou qualquer outro. O hábito da leitura ajuda nesse quesito mas é bom sempre ter em mente que o conhecimento técnico facilita a atuação de gestores da qualidade. Tenha em mente que qualidade e área técnica precisam caminhar juntas e se ajudando, e não em guerra como se vê em algumas empresas. Invista na gestão de pessoas, afinal toda boa equipe traz resultados ímpares.
Boletim SBEB – Com sua experiência, hoje, quais as dicas ou orientações você deixa para quem aspira se tornar Engenheiro Biomédico?
Vanessa Rocha - Minha dica para quem já tem a certeza de querer ser um Engenheiro Biomédico é: respire fundo, se jogue e viva o curso com muita sabedoria. A faculdade é uma mina de conhecimento e oportunidades. Se entregue, decida aonde quer chegar e não pare até lá! O seu sucesso depende do quanto você investe nos seus sonhos, e na área profissional o começo de tudo é a graduação.