Biodiversidade das Unidades de Conservaçao da Natureza do Recife
O Recife possui cerca de 38% do seu território legalmente reconhecidos como áreas de proteção da biodiversidade, as chamadas Unidades de Conservação da Natureza (UCNs), totalizando 8.422 hectares. Distribuídos em 25 áreas, as UCNs marcam presença em 39 bairros da capital pernambucana e apresentam variados tipos vegetacionais representativos do bioma Mata Atlântica e ecossistemas associados, como restingas, manguezais, áreas alagadas e praias. As UCNs do Recife abrigam, assim, expressiva riqueza de espécies, apresentando-se como importantes remanescentes de ambientes naturais intercalados com o tecido urbano.
As UCNs apresentam realidades ambientais e socioeconômicas diversas em seus territórios e entorno, considerando suas características geomorfológicas, condições de conservação, pressões sociais, situação fundiária, apropriação pelos atores sociais, tamanho territorial, entre outros. Ressalta-se que são consideradas áreas prioritárias para a conservação e são fundamentais para a possível conexão entre áreas verdes, por meio da formação de corredores ecológicos em nossa cidade, proporcionando melhores condições para a manutenção da biodiversidade, tendo em vista que algumas das áreas são contíguas ou muito próximas umas das outras.
Com áreas que variam de 5,69 a 3.940,23 hectares, as UCNs oferecem importantes serviços ambientais, contribuindo também para a melhoria das condições socioambientais da cidade, assim como a melhoria da qualidade do ar, a amenização do clima, a proteção dos recursos hídricos, o provimento de alimentos, as oportunidades de lazer, a educação ambiental e as vivências em ambientes naturais.
É importante salientar ainda o relevante papel das UCNs municipais em proteger remanescentes do bioma Mata Atlântica. A Mata Atlântica é considerada um hotspot de biodiversidade, ou seja, é uma das áreas naturais do planeta que possuem as maiores riquezas biológicas, ao mesmo tempo em que seus habitats e espécies nativas sofrem os maiores níveis de degradação/extinção. No Brasil este bioma foi reduzido a menos de 13% de sua cobertura vegetal original, ficando restrito a diversos fragmentos florestais, dos quais muitos encontram-se isolados em meio a edificações urbanas. Mesmo diante deste cenário, a Mata Atlântica ainda representa a maior reserva de biosfera em área de floresta do mundo, com 35 milhões de hectares, abrangendo 17 estados do Brasil.
Neste contexto, as UCNs do Recife cumprem seu papel como “locais especiais para a manutenção do meio ambiente, conservação da biodiversidade, manutenção do patrimônio genético e proteção de ecossistemas naturais, ou pelo menos amostras deles”1. Estas áreas, apesar de fragmentadas, representam “ilhas biológicas” em meio ao tecido urbano que se desenhou a seu redor.
1. HASSLER, M. L. A importância das Unidades de Conservação no Brasil. Sociedade & Natureza, v. 17, n. 33, p. 79–89, 2005.
Texto extraído do Livro:
BRAGA, M. B.; LEITE, M. S.; LUZ, S. C. S. Biodiversidade das Unidades de Conservação do Recife. Editora Itacaiúnas, 2021.